Meia Hora de Notícias é um jornal do Rio de Janeiro, ligado ao grupo O Dia. Trata-se de um tabloide popular com preço de R$ 1,00. Tem de 32 a 44 páginas, é matutino e tem como objetivo ser de fácil compreensão. Em virtude das notícias locais e da linguagem popular empregada, é destinado às classes C e D, um segmento, identificado em pesquisa, que não tem recursos e/ou tempo disponível para ler jornal. Apresentou-se inicialmente como opção mais barata e prática ao Extra mas acabou criando um novo público, a que se seguiram concorrentes como o Expresso, ligado ao Grupo Globo. Grande parte do noticiário é retirado do O Dia.
Meia-Hora, versão SP. |
O tabloide colocou no trem vendedores autônomos que, com o colete da empresa, anunciam a venda do produto.
Tem tiragem média nos dias de semana de 114.036 mil exemplares,o que o torna o terceiro, jornal mais lido do estado - atrás, respectivamente, do O Globo e do Extra — e o 10º do país. O Meia Hora chegou a ter uma versão exclusiva para São Paulo entre os anos de 2010 e 2011 mas não repetiu o mesmo sucesso da versão original carioca e foi retirado de circulação.
Mas esse post não vai falar dos Jornais sensacionalista atual e sim seu antepassado, em uma época aonde a Internet não tinha a força de hoje e que para saber tais noticias, você tinha quer ir na banca na esquina na praça para se manter informado ao mundo, e um dos Jornais que tinha esse trabalho de traduzir a linguagem rebuscada da Impressa, naquela época era o Notícias Populares.
Notícias Populares, também conhecido simplesmente como NP, foi um jornal que circulou em São Paulo entre 15 de outubro de 1963 e 20 de janeiro de 2001 e era conhecido por suas manchetes violentas e sexuais. É considerado até hoje "sinônimo de crime, sexo e violência. Seu slogan era "Nada mais que a verdade".
A edição de apresentação do jornal assim o definia: “São Paulo tem a partir de hoje mais um jornal... Não procure nestas páginas intenções políticas. Isto o cansaria sem resultado. Outro intuito não há, senão o de dar a V. a visão cotidiana de São Paulo, do Brasil, do mundo em que vivemos.” O jornal foi fundado pela família de Herbert Levy, presidente da União Democrática Nacional (UDN), figura ligada basicamente ao capital financeiro. Mais que isso, Levy à época foi um dos líderes da ofensiva empreendida contra o governo João Goulart. Formalmente, foi Luís Fernando Levy, seu filho, quem mais se vinculou à criação de Notícias Populares.
Notícias Populares surgiu em contraposição direta a outro jornal, a Última Hora. Segundo as palavras de Luís Fernando Levy, “na verdade a ideia de fazer Notícias Populares nasceu quando, neste trabalho assim de contra-ofensiva, nós verificamos que um dos instrumentos de ação perigosos, porque pegavam uma população completamente desprevenida e desorientada no sentido de formação de opinião, era a Última Hora,... que ao lado da alimentação... que dava ao povo — que era sexo, crime, sindicatos... —, dirigia a opinião da população e dos trabalhadores”.
O aparecimento de Notícias Populares, porém, não se resume a uma questão de concorrência. Embora não seja e nem tenha se identificado como um jornal da UDN, o periódico foi sim um jornal montado por significativos militantes daquele partido. Esses militantes eram representantes da classe empresarial, que se encontrava em vias de acesso às classes populares, numa conjuntura de crescente efervescência política: “Nós, em contrapartida, não tínhamos acesso ao populismo, não só porque na verdade o sistema de comunicação com o povo do pessoal empresarial é sempre mais complicado e mais difícil, como também porque nós não tínhamos aquilo que eles queriam beber, que era um jornal popular.”
Daí o esforço na busca de um tom popular. Para garantir tal característica, foi dada a Jean Mellé, imigrante Romeno, colunista da Última Hora, a tarefa de montar o jornal. O capital inicial da empresa vinha basicamente da família Levy, contando com pequena participação de outros empresários. A partir da constituição da Editora Notícias Populares S.A., publicada no Diário Oficial do estado de São Paulo em 20 de julho de 1963, a questão mais premente que a edição se colocou foi a da conquista do público: o lançamento do jornal foi feito com grande promoção, o horário de circulação foi bem estudado (quando os trabalhadores saíam para o trabalho já encontravam o jornal à venda), a vendagem também era feita por jornaleiros ambulantes (forma de fazer frente ao boicote promovido por proprietários de outros jornais), e, finalmente, o preço era cerca de metade do preço de outros jornais. Foram, pois, empreendidos todos os esforços para que o jornal se impusesse ao público de baixa renda.
Jornal que se caracteriza pelo exagero das manchetes e por um conteúdo de cunho policial cada vez mais explícito, Notícias Populares nasceu como um periódico antijanguista e foi situacionista durante o governo do marechal Humberto Castelo Branco, para nos anos subsequentes perder gradativamente qualquer nuance política e assumir de vez as características de um jornal “sensacionalista”.
Na trajetória da linha editorial de Notícias Populares os acontecimentos de 1964 constituíram um marco: com eles, deixaram de existir as razões que levaram à sua criação, empreendimento deficitário. Em 1965 a empresa foi comprada pelo grupo Frias-Caldeira, que controlava à época cerca de 50% do mercado jornalístico de São Paulo.
A partir de então, Notícias Populares passou a ser um jornal sem editorial, sem comentarista político ou de qualquer outra especialidade. Passou a apresentar e noticiar somente fatos e eventos pertinentes ao cotidiano das classes populares, como mortes, crimes, roubos, eleições sindicais, aumentos salariais, concursos públicos, problemas e dificuldades previdenciárias etc. E apesar da linguagem escandalosa e contundente, sublinhada por manchetes, o jornal se exime de aprofundar e analisar a matéria noticiada, ou mesmo de tomar partido sobre ela.
Na década de 1980, o jornal Notícias Populares passou por uma reestruturação gráfica e editorial. Manteve-se o apelo sensacionalista, porém a valorização das ocorrências policiais e tragédias cedeu espaço às manchetes apelativas, em que notícias irrelevantes do cotidiano urbano eram supervalorizadas por chamadas garrafais, com certa dose de humor, como na famosa “Cachorro fez mal a moça”.
Como um dos jornais do grupo Folha da Manhã, que passou por uma fase recente de grande expansão, Notícias Populares manteve a especificidade de uma linha editorial voltada para o público leitor de origem popular, apresentando-se como “o jornal do trabalhador”. Quanto às temáticas abordadas, a banalização da violência foi substituída pela valorização das questões da “economia popular”. Segundo o editor-chefe do jornal, Ebrahim Ramadam, em declaração de 1988 à revista Imprensa: “a violência não provoca mais aquele impacto, virou coisa cotidiana. Ela foi substituída pela violência econômica, a questão do salário, do Fundo de Garantia. A economia popular é o que interessa mais ao nosso leitor hoje em dia.”
Após a abertura política, o jornal passou a ser um pouco mais abrangente, aumentando a cobertura sindical e contratou uma série de colunistas importantes como Luís Inácio Lula da Silva, dom Paulo Evaristo Arns, Franco Montoro, entre outros. A partir de 1983, o jornal passou a dar espaço para as minorias, fossem elas religiosas ou étnicas. Foi então criada uma seção para o público de orientação homossexual. Os jornalistas também fizeram questão de destinar um espaço para a "Coluna do Machão". Na mesma página, ficava a também pioneira coluna "Tudo sobre sexo".
A reestruturação da década de 1980 foi de tal forma bem-sucedida que o jornal passou a vender, em média, cem mil exemplares em banca, de terça a domingo, chegando inclusive a lançar um sistema de assinaturas, fato raro para um veículo dirigido ao leitor popular. Com o crescimento da vendagem, o jornal que foi na origem deficitário passou a gerar, nesses anos, uma receita superavitária.
No início da década de 1990, contava com uma diretoria composta por Renato Castanhari, Pedro P. Júnior, Otávio Frias de Oliveira Filho e Luís Frias de Oliveira. Nesse período houve uma reestruturação em seu parque gráfico e o jornal passou a ser impresso em cores.
Durante sua história, o Notícias Populares foi alvo de processos judiciais polêmicos, como o de um grupo de promotores que pretendiam obrigá-lo a circular lacrado. Em maio de 1991, três promotores da Infância e da Juventude promoveram uma ação para envelopar o "NP". Alegavam que a exposição do jornal seria danosa a crianças e adolescentes. Em agosto de 1991, o juiz Daniel Peçanha de Moraes Jr. determinou que o jornal fosse envelopado, independentemente do conteúdo. O "NP" só não circulou com lacre porque o próprio juiz Daniel Peçanha suspendeu sua sentença até decisão de instância superior, no caso, o Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo. Em novembro de 1993, a Câmara Especial do TJ alterou em parte a primeira sentença e determinou que a iniciativa de envelopar deveria ser dos próprios editores, não do Judiciário.
O jornal Notícias Populares circulou pela última vez no dia 20 de janeiro de 2001. Ele tinha uma circulação de 110 mil exemplares no início da década anterior, e quando do seu fechamento, vendia apenas cerca de 20 mil. A decisão de extinguir o jornal foi tomada com o sucesso de programas de televisão como Aqui Agora, que usavam o mesmo estilo do jornal e reduziram o interesse do público pelo mesmo, e a ideia do Grupo Folha decidiu concentrar seu jornalismo popular no Agora São Paulo, que tinha uma tiragem média de 118 mil exemplares. Segundo Adriano de Araújo, diretor-geral do Agora e do Notícias Populares no momento do fechamento, “houve um esgotamento do modelo do ‘NP’, simultaneamente ao acerto da fórmula do ‘Agora”.*
Controvérsias
O "NP", como também era chamado, revolucionou nossa imprensa escrita popular com suas fotos grandes, seus textos curtos e fáceis de ler, suas manchetes de duplo sentido, maliciosas e sensacionalistas e profusão de matérias sobre sexo e violência (quem não se lembra da frase "se espremer sai sangue"?).
O jornal Notícias Populares atraiu muitos desafetos dentro do meio jornalístico, que acusavam o veículo de exagerar nos noticiários e até inventar notícias. Foi um dos responsáveis por divulgar é espalhar diversas lendas Urbanas. Uma delas é o famoso Bebê Diabo.O Notícias Populares esteve envolvido foi a série de reportagens sobre o "Bebê Diabo". Na ocasião, jornalistas do NP aproveitaram-se da notícia de que um bebê havia nascido com deformações para inventar uma série de reportagens que iam se desenrolando ao decorrer das edições.
Entre outras Lendas Urbanas que foi noticiada, está a Gangue dos Palhaços e o Ladrão de Órgãos.
Desaparecimento de Roberto Carlos.
Em 1968, o Notícias Populares noticiou o desaparecimento do cantor Roberto Carlos. O jornal havia recebido a informação de que um repórter da Rede Record não conseguia entrar em contato com o cantor, que estava em Nova York, fato que a redação do NP usou como pretexto para lançar, em letras garrafais, a manchete "Desapareceu Roberto Carlos". A manchete fez o jornal vender cerca de 20 mil exemplares a mais. No dia seguinte, o NP voltou a aproveitar-se do mesmo tema ao lançar a manchete "Acharam Roberto Carlos".
Fontes.
Meia Hora (Brasil),
Notícias Populares.
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/noticias-populares
https://noticias.bol.uol.com.br/fotos/entretenimento/2013/08/21/relembre-os-casos-mais-polemicos-do-jornal-noticias-populares.htm
http://meiahora.ig.com.br/
*FONTES: Anuário brasileiro de mídia (1991-1992); GOLDENSTEIN, G. Jornalismo; Imprensa (1988); ABREU, M. A curiosa história do jornal Notícias Populares. Jornal da Rede Alfredo de Carvalho, Ano 2, Nº 17 - 2 de maio de 2002 (Disponível: http://www.redealcar.jornalismo.ufsc.br/boletins/jornal17.htm#13/ acessado 21/11/2009)
DIAS, A. R. F. O discurso da violência – as marcas da oralidade no jornalismo popular. São Paulo: EDUC/Cortez, 1996.
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