sexta-feira, 24 de março de 2017

Operação Carne Fraca.

Considerada a maior operação da história da Polícia Federal, a Carne Fraca, deflagrada na sexta-feira, 17 de Março de 2017 (Á uma semana), desmantelou um esquema de pagamento de propina envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura e empresários do ramo alimentício para relaxar a fiscalização e conseguir a liberação de licenças. A operação teve como alvos frigoríficos de pequeno porte e as gigantes BRF e JBS, que sentiram reflexos em seu valor de mercado — suas ações tiveram uma forte desvalorização na Bolsa de Valores ao longo do dia.

Diante destas denúncias centenas de memes nasceram na Internet Brasileira.

A operação da Polícia Federal pôs em xeque a estratégia de comunicação dos principais fabricantes de carne do país. Se nos últimos anos os frigoríficos fortaleceram as marcas de seus produtos e contrataram uma legião de famosos para falar com os consumidores, agora as denúncias de que vendiam itens estragados vão afetar em cheio a sua credibilidade, dizem publicitários. Isso porque, segundo eles, o pilar principal das campanhas era justamente a qualidade.

Embora as principais empresas envolvidas na Operação Carne Fraca tenha marcas bem conhecidas do consumidor, ainda não se sabe a extensão do problema. Alguns dos frigoríficos envolvidos forneciam carnes para outras marcas e não se sabe ao certo até onde a carne adulterada chegou. Mas a PF não divulgou nem marcas, nem lotes específicos que teriam sofrido adulteração. Esses detalhes, inclusive, devem ser passados em breve para as autoridades sanitárias.

De acordo com a Polícia Federal, ao menos 30 empresas produtoras de carne no Brasil adulteravam a data de validade dos produtos comercializados. Para mascarar a aparência e o cheiro ruim da carne vencida, eram usados produtos químicos – o ácido ascórbico e o ácido sórbico. As empresas também injetavam água nas peças, para aumentar o peso dos produtos, e acrescentavam papelão no preparo de embutidos. As carnes chegavam aos supermercados  graças ao pagamento de propina a fiscais do Ministério da Agricultura, que afrouxavam a vigilância. Nem sempre a propina envolvia dinheiro – até mesmo caixas de carnes, frangos e botas foram dadas como forma de pagamento pela vista grossa das autoridades.

Ainda na noite de sexta-feira (17), o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, e os delegados responsáveis pela operação disseram a alguns jornais que a população brasileira “pode ficar tranquila”, já que os casos encontrados são pontuais e não colocam em risco a saúde da população.

(Tranquilo eu posso dizer que não estão, pois devida a tamanha desconfiança que o povo brasileiro tem com a classe politica, ou algo relacionado a mesma, desde o fim de outubro de 2014 [Ou podemos dizer bem antes] qualquer informação dada por órgãos ou pessoas ligadas ao governo serão vistos com desconfianças, um pé atrás, não culpo a gente ter esse tipo de reação, afinal, são tantas mentiras que nos são contadas que até sabemos o que eles contam ou querem contar.)

Para Fabio Astolpho, diretor de Criação da agência de publicidade F.biz, a credibilidade é afetada de “forma estrondosa”. O caminho para recuperar a imagem torna-se longo e muito difícil, diz ele.

“Uma denúncia desse porte afeta anos de trabalho de construção de marca. Afeta no ambiente on-line, onde as pessoas tendem a ser mais críticas. Esse é o tipo de problema que não se dribla. Muda-se o comportamento da empresa, e a comunicação vai refletir isso.”

Armando Strozenberg, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), também acredita que a imagem da marca é afetada. “A extensão do dano vai depender do tamanho do suposto erro, que ainda não está dimensionado em relação a cada empresa ou marca. E a maneira de enfrentar o problema vai determinar se ele será agravado ou minimizado.”

Nos últimos anos, a JBS investiu na comunicação da marca Friboi. A estratégia da campanha foi incentivar o consumidor a pedir a carne pela marca, criando pela primeira vez esse conceito na categoria. Do outro lado, a BR Foods apostou no reposicionamento da Perdigão.

Marcelo Boschi, coordenador do MBA de Marketing da ESPM, compara o problema do setor de carne com a crise no segmento de leite, quando empresas adulteravam seus produtos com soda cáustica, água oxigenada e formol. O problema afetou diversas marcas como a Parmalat, uma das primeiras da categoria a fazer investimento em marca.

“O caso da Friboi é muito semelhante com o da Parmalat. Foram marcas que impulsionaram a construção de marca nas categorias. Porém, nesse caso específico, os frigoríficos investem em marcas corporativas, o que minimiza os impactos em suas marcas de consumo.”

José Luiz Meinberg, professor dos MBAs da Fundação Getulio Vargas, acredita que a ação da PF afeta as empresas de forma diferente. Ele diz que a marca Friboi sai mais arranhada por estar muito presente na cabeça do consumidor.

“O impacto vai depender de como essa crise vai afetar o dia a dia do consumidor.”

Bruno Dreux, sócio da agência Amo, diz que a categoria não conta com muitos concorrentes, o que ajuda a minimizar os impactos nas vendas. “O consumidor não tem muito para onde migrar. Mas, sem dúvida, as marcas têm um problema para resolver.”

Quais são as marcas das empresas diretamente envolvidas na Operação Carne Fraca?





Ao todo são mais de 30 marcas envolvidas, mas a investigação pegou em cheio duas Marcas gigantes, conhecidas internacionalmente, a BRF e o JBS. Os dois concentram inúmeras marcas que lideram no mercado brasileiro como favoritas a mesa de casa de muitos lares. Além das duas gigantes, o Grupo Peccin e o Frigorífico Souza Ramos também citados diretamente nos despachos da ação.


BRF

Marcas: Sadia, Perdigão e Chester.

Receita em 2016: R$ 33,7 bilhões.

Prejuízo em 2016: R$ 372,3 milhões.

Funcionários: 105 mil.

JBS.

Marcas: Friboi, Seara, Big Frango, Swift e Maturatta.

Receita em 2016: R$ 170,3 bilhões.

Lucro Líquido em 2016: R$ 376 milhões.

Funcionários:125 mil.

Havia envolvimento de políticos?

Segundo a Polícia Federal, a propina paga aos fiscais acabava alimentando os cofres de PP e PMDB. A polícia, no entanto, ainda não conseguiu estabelecer por que essa divisão acontecia. Um dos envolvidos no caso é o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB- PR). Ele aparece em grampos interceptados pela PF, conversando com Daniel Gonçalves Filho, fiscal agropecuário e líder do esquema criminoso. Na época, Serraglio ainda não era ministro e a PF, apesar dos telefonemas, não encontrou indícios de crime em sua conduta. Nas interceptações, também foram citados outros parlamentares do PMDB do Paraná, como o deputado federal Sérgio Souza, da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Quem comer a carne vencida vai ficar doente? É a Carne com papelão? Vitamina C cancerígena na salsicha?

Desde que a Operação "Carne Fraca" da Polícia Federal foi deflagrada na última sexta-feira, as informações se espalharam pela internet e causaram pânico em muitos consumidores. A BBC Brasil conversou com engenheiros de alimentos e especialistas em carnes para esclarecer o que pode e o que não pode ser adicionado no processamento de carnes e quais as preocupações que a investigação da PF deve despertar no consumidor.

Para alguns deles, a maneira como a operação foi divulgada acabou gerando uma desconfiança "exagerada" sobre a carne brasileira.

"A polícia agiu mal com a maneira como divulgaram tudo. Acho que houve um certo exagero, para precipitar a loucura que foi na imprensa ontem", disse à BBC Brasil o médico veterinário e especialista em carnes Pedro Eduardo de Felício, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp.

A engenheira de alimentos Carmen Castillo, da ESALQ - USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), pontua que alguns ingredientes citados nas acusações, como o ácido ascórbico, são necessários para o processamento dos alimentos e é preciso tomar cuidado para não "demonizá-los".

"Não é problema usar esses ingredientes (em alimentos processados e embutidos), o problema é não respeitar os níveis permitidos na lei", disse à BBC Brasil.

De acordo com a Polícia Federal, esse seria um dos delitos cometidos pelas empresas, que utilizavam ingredientes no processamento de carnes em quantidades acima do que determina a regulamentação.

"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superiores à permitida por lei pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mau cheiro", explicou o delegado da PF responsável pela investigação, Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva na sexta-feira.

A operação deflagrada pela PF foi a maior de sua história e revelou que empresas do setor, incluindo as as gigantes JBS e a BRF, adulteravam a carne que vendiam no mercado interno e externo.

A investigação também revelou um esquema de propinas e presentes dados pelos frigoríficos a fiscais do Ministério da Agricultura, que supostamente recebiam para afrouxar a fiscalização e liberar a comercialização de carne vencida e adulterada.

Sobre as acusações, a JBS se manifestou dizendo que "é a maior interessada no fortalecimento da inspeção sanitária no Brasil", ressaltando que "no despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas."

A BRF disse que "apóia a fiscalização do setor e o direito de informação da sociedade com base em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme desnecessário na população."

Exagero?

O delegado Grillo explicou os problemas encontrados na carne das empresas investigadas pela operação - que iam desde mudar a data de vencimento e a embalagem de carnes estragadas, que eram usadas como matéria-prima para embutidos, até injetar água em frangos para alterar seu peso e mascarar a deterioração de carnes com o uso de ácido ascórbico.

"São dois anos de análise de fatos, desde utilização de papelão por essas empresas - até essas que já citei de grande porte (JBS e BRF) - para colocar esse tipo de situação em comidas, pra fazer enlatados, e outras coisas que podem prejudicar a saúde humana. (...) Tudo isso mostra que o que interessa para esse grupo é o capitalismo, é o mercado, independente da saúde pública", disse.

"Determinados produtos, cancerígenos até, em alguns casos, eram usados pra poder maquiar as características de um produto estragado ou com cheiro."

Mas alguns especialistas ouvidos pela BBC Brasil avaliam o modo como as informações foram divulgadas como "sensacionalista".

"A divulgação da operação foi muito sensacionalista. Essa é uma questão pontual. Estou nesse mercado, estudando e trabalhando, há 30 anos. Uma das empresas que dirijo importava carne do Uruguai e da Argentinos até 2012. Hoje, 100% da carne que usamos é produzida no Brasil porque melhorou muito a qualidade", afirma Sylvio Lazzarini, dono do restaurante Varanda Grill, em São Paulo.

Já Felício ressaltou a importância da investigação e disse que a operação revela um problema no setor, que "precisa de uma renovação no sistema de fiscalização". Ele destaca, porém, que é preciso esclarecer melhor as informações divulgadas sobre ingredientes comuns na indústria de carnes, como o ácido ascórbico, "que é utilizado no mundo todo".

Tanto Felício quanto Lazzarini apontaram o fato de que, ao anunciar a operação, a PF não explicitou quais infrações foram cometidas por quais empresas, o que facilitaria uma "generalização" do problema.


Papelão.

Ao anunciar a operação, a PF mencionou que empresas envolvidas no esquema de corrupção "usavam papelão para fazer enlatados (embutidos)".

Em uma das ligações telefônicas citadas no relatório da Polícia, funcionários da BRF falam sobre o uso de papelão na área onde produzem CMS (carne mecanicamente separada, comumente usada na produção de salsichas).

No áudio, é possível ouvir:

Funcionário: Oproblema é colocar papelão lá dentro do CMS também né. Tem mais essa ainda. Eu vou ver se eu consigo colocar em papelão. Agora se eu não consegui em papelão, daí infelizmente eu vou ter que condenar.

Luiz Fossati (gerente de produção da BRF): Ai tu pesa tudo que nós vamos dar perda. Não vamos pagar rendimentos isso.

Pedro Felício acredita que a referência ao papelão não foi feita como ingrediente para o processamento da carne. "Acho muito difícil isso ter acontecido. O que acontece é que tem áreas dentro das indústrias que são chamadas de áreas limpas, onde não podem entrar embalagens secundárias, como caixas de papelão", diz.

(OBS:Foi a partir desta conversa que nasceu os famosos memes de carne de Papelão na Internet Brasileira)

"Na gravação que ouvi, duas pessoas falavam em entrar com uma embalagem de papelão na área limpa. Evitar papelão nessas áreas faz parte das boas práticas de manufatura, mas não fazer isso não é o mesmo que usar papelão dentro da salsicha."

Em nota, a empresa BRF afirmou que "houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal".

A empresa afirma que um de seus funcionários falava que tentaria embalar a carne em papelão. O produto é embalado normalmente em plásticos.

"Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem, terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo", afirma a empresa.

BRF diz que Polícia Federal interpretou de maneira incorreta conversa entre funcionários sobre papelão em carne processada



Ácido Ascórbico.

O ácido ascórbico - a popular vitamina C - também foi citado pelo delegado da PF como algo utilizado para "maquiar" o aspecto da carne.

"Eles usam ácido ascórbico e outras substâncias na carne pra maquiar essa imagem ruim que ficaria se ela fosse expostas dessa forma. Inclusive cancerígenas. Então se usa esses produtos multiplicados cinco, seis vezes pela quantia permitida pela lei para que não dê cheiro, e o aspecto de cor fique bom também", disse Grillo.

A partir daí, muitas pessoas entenderam que o ácido ascórbico é uma substância potencialmente cancerígena.

De acordo com a OMS, ela pode contribuir com distúrbios gastrointestinais, cálculos renais e outros problemas de saúde se for consumida em excesso e por longos períodos de tempo, mas não há evidências de relação direta com o câncer.

Falta saber que substâncias cancerígenas estariam sendo usadas e por quais empresas, de acordo com a investigação da Polícia Federal.

Os especialistas alertam que o uso de ácido ascórbico na carne não é problema.

"O uso dele tem benefícios e não é para mascarar carne adulterada. Ele tem uma função nas carnes processadas como antioxidante, ajuda a melhorar a estabilidade do sabor e reduzir o teor de nitrito residual. O nitrito é um aditivo para realizar a cura, que é uma etapa importante no processamento da maior parte dos produtos processados. Todo ingrediente não cárneo tem função a cumprir no processamento de alimentos", afirmou Carmen Castillo.

Pedro Eduardo de Felício pontua que o ácido ascórbico "evita que a carne fique com uma coloração marrom" e que "isso é feito no mundo todo".

A substância, segundo Felício, conseguiria mascarar a deterioração da carne no princípio, quando ela só tem algumas manchas, mas não quando o estado é mais avançado.

De qualquer forma, ela só deve ser usada somente em produtos embutidos como parte de seu processamento, e não nas carnes que são vendidas como matéria-prima para estes produtos - nem nas carnes compradas no supermercado.

"A carne usada como matéria-prima não deve ter qualquer aditivo, nem o ácido ascórbico. Se a Polícia achou isso, não deveria acontecer", diz.

Brasil exporta carne para mais de 150 países em todo o mundo, em mercado que movimenta milhões de dólares

Salsicha de peru sem peru.

A descoberta de que, no Paraná, alunos da rede pública estadual consumiram salsicha de peru sem carne de peru - preenchida com proteína de soja, fécula de mandioca e carne de frango - deu início à investigação de dois anos.

"Muitas vezes verificou-se a falta de proteína, por exemplo, numa merenda escolar, trocada por fécula de mandioca ou então a proteína da soja, que é muito mais barata do que a carne, então substituía. Muitas vezes até tinha a quantidade de proteína suficiente, mas não era a proteína da carne, era proteína de outro alimento, que não traz as mesmas substâncias pro corpo humano como a carne", afirmou o delegado.

O uso de soja e de fécula de mandioca são comuns na produção de embutidos em todo o mundo, segundo os especialistas, porém é preciso respeitar as quantidades determinadas pela lei.

"É preciso observar as quantidades usadas, porque elas só podem ser usadas dentro dos limites da lei. Senão, você tem um produto de carne que tem predominância de matérias-primas não cárneas", diz Felício.

Injeção de água no frango.

Segundo a PF, fiscais teriam descoberto que frangos da empresa BRF, a maior exportadora de frango do mundo, teriam "absorção de água superior ao índice permitido".

"Injetar água no frango é um problemão com o qual o Brasil vive e luta contra há muito tempo. Há oito anos que o Ministério da Agricultura é cobrado pelo Ministério Público que o frango não pode ter mais de 8% de água", afirma Felício.

"É uma luta difícil. Eu não duvido que isso aconteça muito por aí, mas existe um esforço para combater."

A prática não chega a ser prejudicial à saúde, mas altera o peso da carne. "É uma fraude econômica", diz o engenheiro.

Cabeça de porco.

O uso da carne de cabeça de porco ou de boi em linguiças é discutido em uma das ligações interceptadas entre os sócios do frigorífico Peccin.

A utilização de cabeça de porco é admitida em outros países, segundo Felício. "Não será a melhor linguiça do mundo, mas não é prejudicial à saúde. Será um produto comestível, mas de categoria inferior."

"No Brasil, essa carne é considerada como matéria-prima nas formulações de embutidos cozidos, como mortadela."

O consumidor deve se preocupar?

Segundo Sylvio Lazzarini, as irregularidades encontradas pela Polícia Federal devem ser punidas, mas não representam a totalidade dos produtos feitos no Brasil e vendidos em supermercados e restaurantes.

"A carne brasileira evoluiu muito nos últimos anos e é muito segura. Senão o Brasil não exportaria para os países asiáticos, e muito menos para os EUA, que tem um dos maiores controles fitossanitários do planeta", diz Lazzarini.

Para o empresário, "irregularidades desse nível existem em todo o mundo porque bandidos existem em todo lugar".

O Ministério da Agricultura divulgou nota também para acalmar os ânimos dos consumidores.

"O Serviço de Inspeção Federal é considerado um dos mais eficientes e rigorosos do mundo. Tem um quadro de 2.300 servidores e inspeciona 4.837 unidades produtoras habilitadas para exportação para 160 países. Foi com este Serviço que construímos uma reputação de excelência na agropecuária e conseguimos atender às exigências rigorosas de diferentes nações", afirma a pasta.

O delegado da PF chegou a ser questionado na coletiva de imprensa se seria correto afirmar que "quase nenhum produto no mercado hoje está 100% livre dessas possíveis fraudes". Ele respondeu com cautela, mas não escondeu sua preocupação.

"É possível que a gente tenha consumido alimentos de baixa qualidade, no mínimo, com qualidade inferior do que deveria ser fornecido."

"Hoje é realmente complicado. Tenho ido ao mercado e passeio um bom tempo até escolher um produto, mudou esse aspecto na minha vida. É difícil porque a confiança que a gente tem nas empresas, pelo menos da minha parte, mudou muito. São empresas que a gente considerava corretas, então assusta. Obviamente deve ter empresas sérias, corretas, mas na investigação foi assim, foi aparecendo uma, depois outra. Acho que a gente pode dizer que todas as empresas que a gente teve o azar ou a sorte de investigar tiveram problemas sérios. Foram quase 40."

Para evitar problemas, Pedro Eduardo de Felício afirma que os consumidores devem conferir se os estabelecimentos de onde compram carne vendem produtos com certificação de origem e de inspeção, mesmo após as acusações de corrupção de inspetores federais.

"Este escândalo é de desvio de conduta de 33 funcionários, que foram afastados, entre mais de quatro mil inspetores. E o Ministério da Agricultura estar tomando atitudes para corrigir o problema. A partir de agora, todo mundo vai ficar alerta."

"Os erros que foram cometidos devem ser comprovados e punidos, com certeza. Mas eu não acredito que essas acusações possam ser generalizadas, acho que esse foi problema localizado e o governo terá que resolver", diz.* (Créditos BBC Brasil)

E o Mercado Externo? Como reagiu?

Na sexta-feira, quando foi deflagrada a operação, as ações da JBS caíram 10,6% e as da BRF 7,3%. Em parte, pesou contra elas a má repercussão internacional do caso. O jornal americano The New York Times chegou a dizer que o caso abala um dos poucos pilares ainda seguros da instável economia brasileira, o agronegócio.

Haverá punições?

Por ora, a Justiça Federal do Paraná já decretou o bloqueio de R$ 1 bilhão em bens das investigadas. A Polícia Federal também cumpriu 38 mandados de prisão – 34 deles para funcionários públicos. Foram detidos, também, quatro executivos das empresas envolvidas. Entre eles, o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da BRF Brasil, Roney Nogueira dos Santos, e o diretor da BRF André Luiz Baldissera

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