sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Dossiê Viajantes do Tempo III: Rudolph Fentz, de 1876.

Já falamos de Titor e Carlssin, "viajantes" que vieram do futuro para o passado, seja para alertar a humanidade, ou para enriquecer. Agora iremos falar de outro viajante do tempo. O mais comum dos viajantes do tempo e viajar do futuro para o passado, mas esse viajante, se é que podemos chamar de viajante, vamos dizer "um viajante involuntário" se tornou conhecido de como ele viajou no tempo, viajando do Passado para o Futuro. Não foi com o artificio de uma máquina, da qual programou o dia e a hora, sua viagem foi inesperada, até para ele. Rudolph Fentz, um homem comum que em uma noite ao sair para passear. Ele desapareceu naquela noite, REAPARECENDO, 74 anos no futuro em plena Times Square.


Um Estranho Homem na Times Square.


A misteriosa história de Rudolph Fentz começa no início de junho de 1950. O relógio marcava aproximadamente às 23:15, quando um homem, andando de forma estranha, vestido em roupas muito antiquadas para a época, foi visto por populares em plena Times Square, na cidade de Nova York – EUA.

Ele parecia atordoado.

O homem vagou a esmo, não respeitando as faixas nem os sinais de trânsito. Seu jeito de andar pelo meio da rua movimentadíssima (era a hora de saída de muitos espetáculos e cinemas) de Nova York rapidamente atraiu a atenção das pessoas para ele.

O sujeito parecia muito assustado com a movimentação intensa dos automóveis que passavam tirando fino dele. O brilho intenso dos faróis dos carros o cegavam e as pessoas que testemunharam a cena, relataram que ele parecia estar em pânico.

Atordoado e desnorteado com as luzes, a intensa movimentação, os carros que passavam se cruzando pela Times Square,  o homem subitamente acabou atropelado por um dos carros, vindo a falecer rapidamente em meio a uma poça de sangue no asfalto.

Algum tempo depois, na ocasião em que a Polícia examinou seu corpo nas dependências do Instituto Médico Legal de Nova York, encontrou junto a ele alguns itens curiosos:
  • Uma moeda antiga. Posteriormente, um numismata informou que se tratava de uma moeda do Século XIX,  já fora de circulação.
  • Uma carta com carimbo postal datada de Junho de 1876
  • Algumas antigas cédulas de dinheiro datadas do mesmo ano, totalizando U$ 70,00
  • Havia também um vale para compra de cerveja no valor de 5 centavos, com o nome de um bar, o qual era desconhecido, mesmo para os moradores mais antigos da área;
  • Um projeto de lei para o atendimento de um cavalo e da lavagem de uma carruagem, com endereço de um estábulo situado na Avenida Lexington. A tal avenida não estava listada em qualquer livro de endereços da época;
  • Cartões de visita com o nome de Rudolph Fentz e um endereço na Quinta Avenida;
  • Uma carta para este mesmo endereço, remetida da Filadélfia, com data de Junho de 1876.

O curioso é que nenhum desses objetos mostrava quaisquer sinais de envelhecimento. Inicialmente, as suspeitas eram de que o homem estava vestido com a roupa de alguma peça de época, mas os ítens pareciam tão integrados ao conjunto, que os homens da polícia ficaram sem entender. Especularam que talvez fosse um colecionador de antiguidades ou curador de museu. Mas isso não explicava as roupas usadas por ele. Onde até a roupa de baixo era antiga.

Ao verificarem o nome do cartão de visitas (que indicava Rudolph Fentz), não encontraram nos arquivos oficiais nenhum registro com aquele nome, nem quaisquer informações que citassem o nome de Rudolph Fentz. A polícia colheu as digitais do corpo, que não foram localizadas na base de dados da corporação.

O homem parecia ter surgido do nada. Nenhuma informação sobre aquele misterioso homem foi encontrada. Aquilo começava a tomar um aspecto sinistro, Rudolph Fentz era o falecido? De onde havia saído? Quem era esse personagem? A polícia tentou localizar os seus familiares procurando em todos os seus registros o nome que aparecia nos cartões de visita.

Ninguém com esse nome vivia na cidade, não apareceu nem sinal no endereço indicado pela carta, nem na lista telefônica ou tampouco nos registros dos seguros de saúde. Literalmente podia se dizer que aquele homem não existia, nenhum rastro foi encontrado para saber algo mais dele em Nova York de modo que, sem mais o que fazer, os investigadores pediram ajuda à imigração. O nome soava um tanto germânico, assim que ele poderia ter vindo da Alemanha.

Depois da Segunda Guerra Mundial muitos alemães emigraram ao Novo Mundo, seria Rudolph Fentz um daqueles recém chegados? Depois de revirar muitos arquivos e gastar bastante dinheiro em chamadas telefônicas a consulados e a servidores públicos da Alemanha, Suécia e Áustria, não foi obtido absolutamente nada. 

Milagrosamente, poucas semanas após o acidente, descobriram o nome de Rudolph Fentz Jr. em uma velha lista telefônica de 1939. Seria essa uma boa pista? Após incursões diversas, e entrevistas com antigos moradores de Nova York, as autoridades chegaram até uma mulher, que supostamente seria a viúva do Rudolph Fentz. 

O servidor público Hubert V. Rihn, do Departamento de Pessoas Desaparecidas, foi quem localizou à viúva de Rudolph Fentz Jr. Os policiais rapidamente se dirigiram para a residência da Senhora Fentz para informar a morte do marido dela. De fato sabiam que era o misterioso homem atropelado naquela noite na Times Square, mas lamentavelmente, ao ir ao endereço marcado na lista, informaram-lhes que ele havia falecido há bastante tempo, Rudolph Fentz Jr havia morrido nos anos de 1945, com mais de setenta anos de idade.

Isso deu um nó na cabeça dos policiais. Depois de tanto investigar chegar a um Rudolph Fentz Jr, da qual não era o homem da Times Square. Mas a viúva quando interrogada sobre o misterioso homem que fora atropelado, disse que não poderia ser ele, afinal ela era viúva de outro Rudolph Fentz. Um homem chamado Rudolph Fentz Júnior. Ela declarou que o pai do seu marido, um homem chamado Rudolph Fentz, desaparecera sem deixar qualquer traço exatamente no ano de 1876, quando saiu para passear e fumar um cigarro ao anoitecer, como costumava fazer habitualmente. Atônitos os detetives contemplaram com surpresa que poderiam estar diante do pai desaparecido de Rudolph Fentz Júnior.

A declaração desta terminou por virar o caso de ponta-cabeça! 

A "foto "de Rudolph Fentz
Rihn revisou os arquivos policiais do ano de 1876 para confirmar essa pista e o que descobriu lhe deixou muito nervoso. Em um velho relatório apareciam os dados do desaparecimento, tal e como a mulher havia relatado, mas havia algo mais. Uma pequena fotografia mostrava a figura do desaparecido, alguém idêntico ao homem atropelado na Times Square. O homem que  desapareceu em 1876 surgiu misteriosamente 74 anos depois, na Time Square, no ano de 1950.

A partir daqui, a história de Rudolph Fentz se converteu no caso de "viajante no tempo" mais (repetidamente) "documentado", a incrível odisseia de alguém que saltou mais de setenta anos no futuro para aparecer no meio de Nova York e morrer atropelado por um automóvel, uma máquina estranha para alguém do século XIX. Impressionante não é mesmo?

O caso deixou uma série de perguntas no ar e vem intrigando cientistas, físicos e filósofos. O que teria ocorrido com Rudolph Fentz? Teria ele entrado em um Portal Interdimensional, o que o fez ser transportado no tempo e no espaço até Time Square no ano de 1950? Qual outra explicação fantástica haveria para esse bizarro desaparecimento e surpreendentemente trágico reencontro?

A Busca da Fonte Original do Caso Rudolph Fentz.


Um caso extraordinário da qual provaria de uma vez por todas que é possivel viajar no tempo, mesmo não tendo um DeLorean ou uma T.A.R.D.I.S para vencer as barreiras do tempo espaço. Mas quando mais buscamos pela fonte original da história, ela se torna mais e mais ficção. O Caso Rudolph Fentz é um fantástico conto de ficção cientifica dos anos 50. Mais como um conto do século passado se tornou uma lenda urbana da qual alguns creem em sua veracidade? Com um pouco de curiosidade, podemos descobrir o que está por detrás desta fanstastica história, assim Chris Aubeck fez.

Chris Aubeck, interessado no fantástico caso, se dedicou vários meses a reunir toda a informação disponível sobre o mesmo. Conseguiu encontrar, principalmente na Internet, até dez versões diferentes entre si, mas que conservavam o "esqueleto" fundamental da história. Em papel impresso a busca não foi tão frutífera.

Resultou que fora do território da internet, o caso era quase desconhecido, quando por lógica deveria ser nos Estados Unidos onde mais informação poderia ser localizada.

Com um atropelamento, relatório policial, fotografia do desaparecido de 1876, autópsia e outros mil detalhes, como era possível que o caso fosse quase desconhecido em terras norte-americanas?

Aubeck foi alfinetado pela intuição: possivelmente tudo se tratava de uma montagem. Ele só conseguiu encontrar um artigo impresso em inglês, as demais referências nesse idioma sobre o caso Fentz provinham da Internet. A partir daqui começou a odisseia de Chris para localizar a fonte original, coisa que não foi nada fácil.

De uma fonte francesa, um livro de Jacques Bergier e Georges H. Gallet publicado em 1975, o autor espanhol Joaquín Gómez Burón publicou em 1979 o livro "Los Enigmas Pendientes", onde figura o caso como indiscutivelmente real, com um monte de provas. Embora fossem "provas" que ninguém jamais havia visto.

Pouco a pouco, puxando o fio da meada, Chris Aubeck foi desenredando o emaranhado de informações. Livro após livro, artigo após artigo, onde uns copiavam de outros e nadando contra essa correnteza, tentar chegar à fonte original.

Como bom rumor que era, quanto mais atrás no tempo era pesquisado, mais enrarecia a questão. Em alguns casos, os sobrenomes mudavam, de Fentz a Fenz, de Rihn a Rihm. Isto poderia ser atribuído às traduções.

Mas acontece que para mais desgraça, cada um acrescentava pequenas "pitadas" ao seu gosto, como a hora do aparecimento de Fentz no meio da rua, testemunhas que falavam do atropelamento e que diziam que o homem havia aparecido do nada ou ainda, mais dados sobre o investigador Rihn com seu anseio por pistas esquivas do "viajante do tempo".

Da França à Espanha, daí para à Itália, para continuar na Noruega. A coisa começava a ficar interessante, as fontes pulavam de um país a outro como se fossem espiões internacionais.

Após intensa pesquisa, finalmente a fonte original parecia se encontrar em um artigo publicado nos Estados Unidos no "The Journal of Borderland Research", na edição de maio/junho de 1972. Seu autor, Vincent H. Gaddis quem relatava o caso em primeira pessoa e além disso, se atrevia a comentar o significado oculto do episódio, anotando que sua fonte inicial havia sido o póstumo Ralph M. Holland, da revista Collier's.



Para os redatores da Borderland, o salto no tempo protagonizado por Fentz havia sido coisa da "quarta dimensão" e segundo informou-lhes uma médium, para variar, extraterrestres estavam envolvidos na trama fictícia.

Aubeck se propôs a descobrir quem era Ralph M. Holland. Este norte-americano nasceu em 1899, estudou jornalismo e escreveu muitas histórias de ficção científica que foram publicadas em várias revistas, incluindo uma fundada por ele mesmo, a "The Science-Fiction Review".

Era também um fictício "contatado" que sob o pseudônimo de Rolf Telano publicou vários livros em que afirmava se relacionar com um extraterrestre chamado Borealis. Suas tramas são delirantes, misturando mitologia-pseudo-ufológica com relatos da Atlântica ou Lemúria. Com o caso Fentz, Ralph Holland e a Borderland tentaram atrair o público para suas fantasias sobre a quarta dimensão, gerando uma lenda perdurável.

O verdadeiro autor foi o escritor de ficção científica de renome Jack Finney (1911-1995), e o episódio que Fentz fazia parte do conto I'm Scared, que foi publicado na revista Collier's. A história descreve um personagem chamado Rudolph Fentz se comportando como descrito na lenda urbana, com o narrador Capitão Hubert V. Rihm dando suas opiniões do caso.

A imaginária história de Rudolph Fentz, com quase todos os seus detalhes, surgiu da fantasiosa mente de Jack Finney e nunca foi real. Este escritor, falecido em 1995, não é um desconhecido no mundo da ficção científica. Foi muito prolífico e seu tema favorito não poderia ser outro: viagem no tempo. O famoso filme Invasores de Corpos de 1955, foi baseado em um de seus contos publicado na Collier's em dezembro de 1954.



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