terça-feira, 4 de agosto de 2015

Dossiê Jack, o Estripador. Introdução.

Um dia os homens olharão para trás e dirão que eu fiz nascer o século XX. 
From Hell/Jack, O Estripador

Introdução.

(Asteriscos significam datas atemporais)

Este ano de (*), faz (*) anos que Jack o Estripador fez sua primeira vítima. Até hoje não se sabe a identidade do assassino em questão nem tão pouco sua primeira vítima, mas a lista de suspeitos e grande, desde mendigos a príncipes, médicos a açougueiros, até mesmo uma mulher foi tida como suspeita. Jack gera um fascínio macabro em todos aqueles que ouviram suas histórias com o passar do tempo, se tornado uma figura que transita facilmente entre a ficção e a realidade. Não é de hoje que seu nome e sussurrado pela história, desde seu primeiro crime até seu batizado, num grande trabalho de pesquisa, montei um Dossiê completo sobre o caso, pesquisando suas nuances e métodos utilizados, todos os arquivos e informações, suspeitos, teorias, até mesmo as fantasiosas que mesmo sem fundamento complementam o caso.

Jack, o Estripador (em inglês: Jack the Ripper) foi o pseudônimo dado a um assassino em série não-identificado que agiu no distrito de Whitechapel em Londres na segunda metade de 1888. O nome foi tirado de uma carta, enviada à Agência Central de Notícias de Londres por alguém que se dizia o criminoso.

Suas vítimas eram mulheres que ganhavam a vida como prostitutas. Duas delas tiveram a garganta cortada e o corpo mutilado. Teorias sugerem que, para não provocar barulho, as vítimas eram primeiro estranguladas, o que talvez explique a falta de sangue nos locais dos crimes. A remoção de órgãos internos de três vítimas levou oficiais da época a acreditarem que o assassino possuía conhecimentos anatômicos ou cirúrgicos.

Os jornais, cuja circulação crescia consideravelmente durante aquela época, deram ampla cobertura ao caso, devido à natureza selvagem dos crimes e ao fracasso da polícia em efetuar a captura do criminoso — que tornou-se notório justamente por conseguir escapar impune.

Devido ao mistério em torno do assassino nunca ter sido desvendado, as lendas envolvendo seus crimes tornaram-se um emaranhado complexo de pesquisas históricas genuínas, teorias conspiratórias e folclores duvidosos. Diversos autores, historiadores e detetives amadores apresentaram hipóteses acerca da identidade do assassino e de suas vítimas.

Noticia de um Jornal da época sobre a procura do assassino. Créditos: Wikipédia.

Londres era praticamente dividida em duas: A região do West End concentrava as regiões residências e comerciais da capital. Suas ruas eram percorridas por homens de negócios com trajes elegantes e usando as famosas cartolas que imortalizaram o estilo burguês do século XIX. Na outra margem do Tamisa a realidade era bem diferente. Em meados do século XIX, a Inglaterra experimentou um rápido influxo de imigrantes irlandeses, que incharam a população de desfavorecidos tanto no interior quanto nas principais cidades inglesas. A partir de 1882, refugiados judeus, escapando dos pogroms da Rússia czarista e do leste europeu, aumentaram ainda mais os índices de superpopulação, desemprego e falta de moradia. Londres, particularmente nas regiões do East End e Whitechapel, estavam abarrotada de indústrias têxteis, navais, curtumes de peles e matadouros. Centenas de cortiços em péssimas condições estavam espalhadas pela região que abrigava uma população de 900 mil pessoas se tornou-se cada vez mais sobrecarregada, resultando no desenvolvimento de uma imensa sub-classe econômica. Esta situação de pobreza endêmica levou várias mulheres à prostituição, para complementar a renda de suas famílias. Era um lugar desolador, deprimente e, muitas vezes, ameaçador para se viver.

Em 1888, o East End de Londres era um local assombroso. Casas de ópio e bordéis dividiam o espaço apertado dos quarteirões com residências. Em outubro de 1888, a Polícia Metropolitana de Londres estimou a existência de 1.200 prostitutas de "classe muito baixa" vivendo em Whitechapel e em aproximadamente 62 bordéis. Os problemas econômicos vieram acompanhados por uma elevação contínua das tensões sociais. Entre 1886 e 1889, manifestações de famintos e desempregados eram uma constante rotina nas ruas londrinas.

Moradores bêbados saíam dos bares direto para as rua­s onde crianças brincavam. A violência era comum e os pedidos de ajuda normalmente não eram atendidos. As condições de vida no East End refletiam a pobreza de seus habitantes. Havia pouco acesso à água tratada e doenças como a tuberculose e a difteria se espalhavam facilmente.

A Revolução Industrial dotou a Inglaterra do mais desenvolvido capitalismo do século XIX. A burguesia floresceu sob o impulso da mecanização produtiva, pautada na maximização da produção em massa e da exploração do trabalho assalariado. Grandes cidades industriais como Manchester e Liverpool emergiram debaixo da densa névoa negra das chaminés das fabricas. O êxodo rural motivado pela miséria no campo, em função da perda de equilíbrio entre a relação agricultura e meio urbano, aumentou a miséria das grandes cidades abarrotadas por desempregados que sonhavam melhorar de vida. Londres era a maior metrópole da Europa e o retrato vivo da miséria urbana.

Cerca de 55% das crianças nascidas no East End morriam antes de completar cinco anos de idade. A região era habitada por indigentes, mendigos, prostitutas e imigrantes. As ruas eram estreitas, pouco iluminadas, cobertas de imundice e carentes de qualquer serviço sanitário. Os prédios possuíam uma coloração escura, devido a poluição das fabricas, e o chão das ruas era coberto por uma camada negra pegajosa que lembrava a graxa de sapato.

Isso tudo só torna mais significante que no outono daquele ano tenha sido cometida uma série de assassinatos tão brutais que se destacaram nitidamente mesmo naquele cenário sombrio, a ponto de chamarem a atenção do mundo inteiro. No distrito de Whitechapel, no East End, várias prostitutas foram assassinadas. As cenas dos crimes constituíam um palco assustador; os cadáveres brutalizados mostravam alto grau de perversão. Foi neste contexto histórico, tendo uma Londres multicultural, sob o manto de vossa Majestade Rainha Vitória, a Era Vitoriana testemunhou o nascimento de um homem que em pouco tempo entrou para a história com seu feito macabro.

O assassino era um colecionador que pegava órgãos das vítimas como troféus. A assinatura de uma carta recebida durante a onda de assassinatos deu um nome a esse monstro: Jack, o Estripador. A cidade foi invadida pela desconfiança e pelo medo. Embora dezenas de suspeitos tenham sido pegos, a polícia não foi capaz de capturar o assassino. Comitês de justiceiros foram formados e as multidões tomaram como hábito caçar pessoas pelas ruas. E então, subitamente, os assassinatos pararam.

Apesar de mais três anos de investigação, a polícia nunca descobriu a verdadeira identidade de Jack, o Estripador. O caso não resolvido foi oficialmente encerrado em 1892, mas o interesse pelos assassinatos nunca diminuiu.

Um dos motivos pelos quais o mistério de Jack, o Estripador persiste é a incerteza que envolve os crimes. A crença mais comumente sustentada é a de que ele assassinou cinco mulheres de 31 de agosto até 9 de novembro de 1888. Esses são os chamados assassinatos do Estripador (também chamados de assassinatos canônicos) e estão entre 11 assassinatos que ocorreram por volta da mesma época, chamados de assassinatos de Whitechapel. Incluindo o método de assassinato e a desfiguração pós-morte, as vítimas canônicas possuíam alguns aspectos em comum: eram prostitutas (ou eram conhecidas por casualmente aceitarem propostas), tinham meia-idade (a maioria), estavam bêbadas ou eram notórias alcoólatras. Os relatos de seus assassinatos podem ser lidos como capítulos de um romance perturbador.

Alguns acreditam que o apelido do assassino foi inventado por jornaleiros, na esperança de que uma história mais interessante aumentasse suas vendas. A prática tornar-se-ia um costume ao redor do mundo, com inúmeros criminosos apelidados e tornados famosos pela imprensa.

Mas os assassinatos do Estripador marcaram uma etapa importante na vida moderna britânica.

Embora não tenha sido o primeiro assassino em série, Jack o Estripador foi o primeiro a criar um frenesi mundial da mídia em torno de seus crimes. O surgimento em massa de jornais baratos na Inglaterra a partir de 1855 fez do Estripador o beneficiário de uma publicidade até então sem precedentes. Isto, combinado ao fato de ninguém ter sido acusado formalmente pelos assassinatos, criou uma mitologia investigativa que eclipsaria completamente outros criminosos do tipo que surgiram mais tarde.

Os miseráveis do East End eram há muito ignorados pela influente sociedade, mas a natureza dos crimes e de suas vítimas forçosamente chamou atenção para as condições em que viviam. Esta atenção significou que os reformistas sociais da época finalmente puderam ser ouvidos pelas classes altas, convencendo-as de que algo deveria ser feito para ajudar os pobres. Uma carta de George Bernard Shaw para o Star trazia comentários sarcásticos sobre o interesse repentino da imprensa pelo assunto:

"Enquanto nós Democratas Sociais perdemos nosso tempo com educação, agitação e organização, algum gênio independente tomou a questão em suas próprias mãos, e simplesmente por matar e esquartejar quatro mulheres, converteu a imprensa capitalista numa espécime inepta de comunista.
Trecho da Carta BLOOD MONEY TO WHITECHAPEL. de 24 de Setembro de 1888"

John Tenniel - Punch, ou The London Charivai. 29 de Setembro de 1888.

"There floats a phantom on the slum's foul air,
Shaping, to eyes which have the gift of seeing, 
Into the Spectre of that loathly lair.
Face it--for vain is fleeing!
Red-handed, ruthless, furtive, unerect,
Tis murderous Crime.
                                   
                                     The Nêmesis of Neglect! 
Há um fantasma flutuando sobre  o ar viciado das favelas,
Dando forma, para os olhos que têm o dom de ver
Para o Espectro desse covil repugnante.
Enfrentá-lo - pois vai está fugindo!
Erguendo a mão vermelha, cruel, furtivo
Este Criminoso Assassino. 
                                     O Nêmesis da Negligência!

Centenas de Pubs – os típicos bares londrinos - se estendia pela região, mas a prostituição era a ocupação mais comum. Segundo registros oficiais da época havia cerca de 1200 prostitutas espalhadas pelos 62 bordeis da região do East End. Grande parte da população feminina era obrigada a se prostituir para sobreviver em meio a miséria. O sexo era praticado de pé no meio da rua, em quintais ou becos pouco iluminados, pois dessa forma as mulheres ganhavam mais tempo para novos clientes e não precisavam gastar com o aluguel de quartos. A maioria não tinha endereço fixo e recorria ao típicos albergues imundos da região. O aluguel de um quarto por uma única noite custava cinco pennies, cada prostituta costumava cobrar 3 pennies (o preço de um pão) por um programa, que em geral não durava mais que alguns minutos. Boa parte das mulheres recorria ao álcool como meio de fuga da realidade deplorável. O gim era consumido com generosidade pelas prostitutas e também por seus clientes, que não maioria dos casos estavam tão bêbados que não conseguiam consumar o “ato”.

As pessoas do Lado Leste eram desprezadas e insultadas pela Londres Vitoriana. O Lado Leste tornava se um distrito Industrial desgastado. Agora na época da depressão econômica do final dos anos 1880, era a área super populada, pobre e desamparada, aonde qualquer hora qualquer mulher poderia ser prostituir como único meio de alimentar seus filhos Até hoje muitas pessoas que moram na parte leste de Londres consideram uma avó ou bisavó que precisou sair nas ruas quando as coisas não estavam boas. É nem por isso pensam mal delas.

Entre os anos de 1888 e 1891, 11 prostitutas foram assassinadas em Whitechapel. 5 ou 6 destes assassinatos apresentam similaridades terríveis: todas as vítimas tiveram a garganta cortada e sofreram mutilações severas no corpo com remoção de algum órgão interno.

Porém para os jornais sensacionalistas na época, isso pouco importava, os jornais radicais como Star e The Pall Mall Gazete começaram a escrever artigos detalhados sobre as mortes causando terror a população, suas descrições detalhadas, associados com a imagem criou perfeitamente a imagem do cruel assassino famigerado.

Uma das intenções dos jornais eram chamar a atenção para as péssimas condições sociais do lado leste de Londres, já que os primeiras eleições do conselho de Londres estavam sendo feitas. Graças a publicidade gratuita e horripilante de como foram tratados os crimes e as condições, eles venderam jornais como nunca.

Até aonde diz respeito a opinião publica, pode ser dizer que os jornais foram responsáveis por parte do terror, jornais com ilustrações detalhadas na primeira página atraiam a atenção dos curiosos sobre os crimes, davam tratamento tenebroso ao caso, até mesmo o conceituado Times foi contagiado pela febre do Estripador...

Continua em Dossiê Jack, o Estripador, 1° Parte: As Prováveis Vítimas.

(ATUALIZADO EM 31 DE AGOSTO DE 2018)

Fontes.

http://www.casebook.org/press_reports/gbs1.html

http://blogfamigerados.blogspot.com.br/2012/02/jack-o-estripador.html#more

http://cafe-musain.blogspot.com.br/2013/08/londres-30-de-agosto-de-1888-por-volta.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jack,_o_Estripador

http://pessoas.hsw.uol.com.br/como-funcionou-jack-o-estripador.htm

http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_fantasma_de_jack_o_estripador.html


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