Vítimas.
As vítimas eram meninos pobres, com idade entre 8 e 14 anos que habitavam o município de Altamira. Foram encontrados despidos, castrados e com sinal de violência sexual. Alguns apresentavam queimaduras e tiveram os olhos arrancados.
- Mortos.
- Ailton Fonseca, 10 anos; No dia 5 de maio de 1991 foi registrado boletim de ocorrência relatando seu desaparecimento. Restos mortais foram encontrada 46 dias após este registro. Este material foi encaminhado ao IML de Belém porém sumiu antes que fosse analisado.
- Jurdiley da Cunha, 13 anos; Em 1 de janeiro de 1992 o menino participava de uma confraternização de fim ano em um sítio e em seguida desapareceu. Seu corpo foi encontrado dias depois despido, castrado, com sinais de violência sexual, perfurações e queimaduras.
- Ednaldo de Souza Teixeira, 12 anos; Assassinado em 11 de abril de 1992. Seu corpo foi encontrado dentro de um poço artesiano, martirizado e com sinais de espancamento.
- Jaenes da SIlva Pessoa, 13 anos; Assassinado em 1 de outubro de 1992 quando cuidava do gado da família. Seu corpo foi encontrado dias depois, castrado, com sinais de violência sexual e tortura. Teve também os olhos arrancados e os punhos dilacerados.
- Klebson Ferreira Caldas, 13 anos; Encontrado morto em 17 de novembro de 1992. Estava despido e castrado. Também apresentava sinais de tortura.
- Flávio Lopes da Silva, 10 anos; Desaparecido em 27 de março de 1993. Seu corpo foi encontrado dias depois com sinais de tortura e ferimentos nos órgãos genitais. Apresentava marcas de mordidas humanas, teve a glande decepada e a bolsa escrotal arrancada.
- Feridos.
- José, 8 anos; Vitimado em 2 de agosto de 1989, após sair de sua residência e ser aliciado por um homem. O menino foi encontrado horas depois, com ferimentos e sinais de violência sexual.
- Otoniel, 10 anos; No dia 16 de novembro de 1989, o menino foi abordado por um homem que o convidou para comer mangas. Depois de andar bastante, o criminoso colocou sobre seu rosto um pano com cheiro forte o fazendo desmaiar. Quando despertou, percebeu que sangrava por entre as pernas. Atualmente Otoniel mora em Altamira com a mãe e faz tratamento psicológico. Passou por dezenas de cirurgias para implante e reconstrução genital.
- Waldicley, 9 anos; Em 23 de julho de 1990, um desconhecido o convidou para tirar uma pipa do alto de uma árvore. Na mata, o homem pôs um pano em seu rosto e o fez desmaiar. O menino foi castrado e abusado sexualmente. Quando acordou caminhou até encontrar socorro. Assim como Otoniel, Waldicley precisou ser submetido a diversas cirurgias reparadoras e tratamento psicológico.
- Desaparecidos.
- Tito Mendes, 13 anos; Em 20 de janeiro de 1991 o menino saiu para nadar no igarapé Tres Pontes. Mais tarde foi comprar mangas. Antes de desaparecer, foi visto por uma testemunha em companhia de um homem desconhecido.
- J.C.B., 8 anos; Desaparecido em 21 de agosto de 1991. O caso a época foi arquivado por falta de pistas.
- Maurício Farias de Souza, 12 anos; Em 27 de dezembro de 1992 o menino saiu para pegar um pagamento com a mulher com quem trabalhava. Foi visto pela última vez em companhia de um homem em uma bicicleta vermelha.
- Renan Santos de Souza, 9 anos No dia 24 de janeiro de 1993 o menino saiu para brincar as margens do rio Chingu. Foi visto pela última vez na companhia de dois homens
- R.F.S, 11 anos No dia 9 de julho de 1993 o menino, que era engraxate, deixou seus instrumentos de trabalho em um supermercado, como tinha o costume de fazer. Desde então, não foi mais visto. Meses antes, o irmão do menino havia escapado de uma tentativa de rapto.
Devido ao elevado nível de violência, os crimes alcançaram grande repercussão. A investigação ficou a cargo do delegado da polícia civil Éder Mauro. Inicialmente, os investigadores não haviam associado as ocorrências entre si, o que levou muitos processos ao arquivamento por falta de provas.
- A Prisão De Um Morador de Rua.
- Suposta Quadrilha de Tráfico de Órgãos.
- A Seita Lineamento Universal Superior.
Devido a sua filosofia religiosa excêntrica, a organização havia sido investigada no Paraná por um suposto envolvimento no Caso Evandro. Naquela ocasião, buscas foram realizadas em imóveis de Valentina, onde foram encontrados capuzes e vídeos em que, de acordo com a polícia, ela em transe dizia: "matem criancinhas...". No entanto, peritos constataram que a expressão utilizada era "...é...mas tem criancinhas que são mais experientes..." Diante disto, o material foi desconsiderado e o nome de Valentina foi retirado do inquérito. A religiosa, que afirmava não atuar com a organização no Brasil, já havia visitado Altamira algumas vezes. A última vez, em 1987.
Indiciamento
Éder Mauro foi o responsável pelas investigações. Créditos: Wikipédia. |
- Anísio Ferreira de Sousa; Médico. Espírita. Acusado de realizar as castrações. Testemunhas o teriam visto realizando orações ao "deus das trevas". De acordo com a polícia, para não levantar suspeitas, o médico atendia moradores da região a preços populares. Também atendia gratuitamente albergados e presidiários, além de fazer campanhas para arrecadação de donativos para ajudar famílias carentes.
- Césio Brandão; Médico. Indiciado com base no depoimento de testemunhas. Também seria quem realizava as castrações. Teve prisão temporária decretada em 9 de julho de 1993, convertida posteriormente em preventiva. Permaneceu dois anos preso em Belém até conseguir um habeas corpus para aguardar o julgamento em liberdade.
- Amaílton Madeira Gomes; Herdeiro de fazendas e postos de combustível. Homossexual. De acordo com as investigações, era quem atraia e violentava os meninos. Testemunhas o teriam visto com a camisa suja de sangue após o desaparecimento de uma das vítimas.
- Carlos Alberto Santos Lima; Policial militar. Trabalhava como vigilante em um posto de combustíveis pertencente a Amaílton Madeira Gomes. De acordo com os investigadores, teria confessado fazer parte do suposto grupo criminoso.
- Aldenor Ferreira Cardoso; Policial militar. Acusado de fazer a segurança do grupo criminoso.
- José Amadeus Gomes; Pai de Amaílton Madeira Gomes. Acusado de ser o mandante dos assassinatos supostamente praticados pelos médicos. De acordo com a polícia, praticava os rituais para obter ganhos financeiros.
- Valentina de Andrade; Indiciada como líder da seita e mentora intelectual dos homicídios.
O Processo Judicial.
Devido a natureza da denúncia, o processo judicial contra os sete réus foi encaminhado ao tribunal do júri popular. A constituição brasileira estabelece que compete a este tribunal o julgamento de processos que envolvam crimes dolosos contra vida. Porém, para alcançar a fase de julgamento, a legislação define que a denúncia precisa ser aprovada na chamada fase de instrução, onde o alvo de julgamento não é a parte acusada e sim a estrutura probatória da acusação.
- Fase de Instrução.
- A Instrução Conduzida Pelo Juiz Orlando Arrifano.
- Audiências de Instrução.
No início de 1994, ao tomar conhecimento dos autos, o então promotor do caso Roberto Pinho impronunciou os réus por falta de provas. O assistente de acusação Antônio Cesar Brito Ferreira rebateu os argumentos do promotor e convocou o depoimento de Edmilson da Silva Frazão, testemunha chave no inquérito. Então, em 17 de maio de 1994, Edimilson, em depoimento, reiterou as afirmações prestadas anteriormente no inquérito policial. Porém, entrou em contradição quando não soube dizer quando os supostos fatos ocorreram. Quando questionado, citava os anos de 1989 e 1990. Em seu primeiro depoimento, afirmou que os fatos teriam ocorrido em 1991. Ainda assim, o juiz Orlando Arrifano considerou o depoimento satisfatório e em 20 de junho, contrariando o promotor, pronunciou os réus.
A decisão do juiz foi contestada pela defesa que entrou com um recurso no tribunal de justiça estadual. Em 21 de novembro de 1994, um procurador chamado Castelo Branco acolheu o recurso da defesa, a falta de provas detectada pelo promotor. Quando a decisão foi publicada, diversos grupos sociais seguiram a Belém e promoveram grandes mobilizações. Houve também o enterro simbólico do promotor de Altamira que, temendo por sua segurança, teve que deixar a cidade. Pressionados, em 22 de dezembro daquele ano, os três desembargadores votaram pela manutenção da prisão dos suspeitos e continuidade do processo. O trâmite judicial estava em fase avançada, aguardando apenas uma data para o julgamento dos réus em júri popular.
- Supremo Tribunal Anula Partes do Processo.
Fontes. 109 de 186
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_dos_meninos_emasculados_em_Altamira
https://direito.unifesspa.edu.br/images/TCCFADIR/TCCUFPA/2010TCCALEXANDREROSADEMACEDORODRIGUES.pdf
http://murderpedia.org/male.F/images/ferreira_de_sousa/meninos.pdf
https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u108472.shtml
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832016000200478
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