quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Death Note X Death Note.

Desde o dia 25 quando a Netflix lançou o filme o Death Note, três coisas eram esperadas. 1° Os comentários pós filmes; 2° Às comparações com o mesmo com o anime/mangá da qual foi baseado, é 3° Às críticas dos fãs com o filme.

Antes de assistir o filme fiz uma maratona de quase 4 dias para reassistir os 37 episódios, para depois encarar tal filme.

Minha conclusão disto tudo....

Era melhor ter ido ver o filme do Pelé?! Sim Talvez. Mas depois de todas as críticas que vi em relação a Death Note, primeiramente achei que não seria um bom filme, mas acha não é a mesma coisa que ter certeza, pois bem, vi o filme que está polemizado com os fãs mais conservadores do Anime.

A principal "barreira" que impede a aceitação da versão ocidental do mangá é justamente esta: a ocidentalização de Death Note. A Netflix moveu a história do Japão para os E.U.A.

O próprio diretor Adam Wingard alertou e os fãs de Death Note devem estar preparados: a história do filme está BASTANTE diferente da original. Por isso, se você não quiser ficar de mal-humor após os 100 minutos do longa, então é melhor encarar o Death Note da Netflix como uma releitura do mangá e não como uma adaptação.

Não sou um grande fã, gostei do Anime, logo encarei como uma Releitura. Para mim o filme foi razoável (Nem bom nem ruim), gostei da história que contou, (mesmo ela sendo muito corrida e cheia de furos, da qual falarei mais abaixo), mesmo se baseado no mangá e anime, ela seguiu uma história própria, faremos um exercício de imaginação, pense neste filme como se fosse O Que Aconteceria Se...

O Que Aconteceria Se...Light Yagami não tivesse encontrado o Death Note?

Ou:

O Que Aconteceria Se...Um outro estudante no outro lado do globo encontrasse o Death Note?

Parece um enredo de Fanfic, não é mesmo. (Falando em Fanfic, me lembrei das dezenas de FANFICS de Death Note que li no Nyah, em especial me lembrei de uma que enquanto assistia o filme, (não sei por que mais me lembrei dela), na época que li essa fanfic, da qual tinha um Light idiota é uma Misa inteligente. Atualmente ela não está postada no Nyah, e sim no Spirit Fanfics com o nome de Defi Nouti, agradeço a Sagami Riku por te-la encontrado para mim, afinal não consegui lembar de seu nome)

Ao meu ver o que a Netflix fez foi criar uma fanfic de Death Note, é conseguiu. Se os próprios fãs fazem isso, por que a Netflix não faria?

Pois Bem vamos a algumas modificações das quais me surpreendeu, (seja boa ou ruim)



Para começar, a trama se passa em Seattle, nos EUA, e mostra um Light Turner devastado pela perda de sua mãe num trágico acidente. Assim, a família do jovem, que no anime consistia em pai (Soichiro Yagami), mãe (Sachiko Yagami) e irmã (Sayu Yagami), se resume apenas ao pai (James Turner, na versão ocidental).

Mas esta apenas é a ponta do iceberg de diferenças entre o filme da Netflix e a história original de Ohba e Obata. Além das características físicas dos personagens, o que realmente choca o fã de Death Note é a total deturpação da personalidade dos mesmos.

O comportamento de Ryuk, Light e Mia (Misa) no filme chega a ser oposta ao que foi apresentado na série original, seja nos diálogos ou nas atitudes. dá para contar nos dedos da mão as características que nos remetem a trama vista no mangá/anime.

Light Turner definitivamente não é o Yagami (Não Mesmo!)


Algo que me deixou surpreso foi um Light, um Ligh medroso, emocionalmente instável e apaixonado. Bem Diferente do Light (Ou Raito) Yagami que vimos no original. Umas das características mais marcantes de Light Yagami na história original, o aluno n° 1 do Japão é a sua inabalável confiança, seu egocentrismo exacerbado, sua frieza e psicopatia,  sua aparente tranquilidade perante os momentos de tensão e, principalmente, sua determinação. Na história original no começo ele se questione sobre ser certo ou não matar pessoas, mas logo muda de ideia, e abraça aquela missão. Kira nunca põe em dúvida o seu objetivo de se tornar o "deus do novo mundo", seguindo impassível com o seu plano.

O primeiro contato de Light com o shinigami Ryuk se resume em duas palavras: vergonha alheia. Muita gente viu isso nos trailers, portanto não é spoiler, O rapaz começa a gritar desesperadamente, soltou a franga de um jeito, ficou mais fácil de criarem fanfics com temáticas Yaois com esse Light (Acredito que já devem ter criado).

Light Turner é um Adolescente que faz o dever de casa para os outros em troco de dinheiro, um tipico nerd Americano, e como um típico nerd ele é apaixonado por Mia Sutton não me surpreendi em saber que seu par romântico no filme seria uma Cheerleader, algo clássico em filmes adolescentes americanos: O Nerd apaixonado pela garota popular do colégio. Quando vi o trailer na 1° vez imaginei algo assim.

Para quem é fã de Death Note e acompanhou seja o anime ou o mangá sabe muito bem que Light nunca nutriu sentimentos afetivos por nenhum ser humano, muito menos por Misa Amane.

Diferente da história original, a ideia de se tornar o "deus do novo mundo" também é superficialmente mencionada. Light diz que o mundo precisa de um "deus", mas nunca afirma ser ele a ocupar este cargo. Isso mostra como falta uma boa dose de egocentrismo no personagem do filme para se equiparar com o brilhante Yagami dos mangás.

Eles podem ter (quase) o mesmo nome, mas definitivamente Light Turner e Light Yagami NÃO SÃO a mesma pessoa. O personagem do filme ocidental pertence a uma realidade alternativa. (O que Aconteceria Se...)

Mia Sutton não é Misa Amane.


Mia Sutton, a Misa Amane da Netflix, Se Light Turner é muito medroso, Mia é um Light (do Anime) de Saias (Da qual alguns mencionou se essa Mia fosse par com o Light do Anime as coisas seriam diferentes). É visível enxergar  muito mais da frieza e do egocentrismo típico do Kira na personagem de Mia Sutton do que no dono do Death Note.

Mia Sutton ganhou um destaque extra na trama do filme. Não aquele destaque que alguns esperavam (Outro Shinigami e os olhos de Shinigamis) De popstar a líder de torcida do Ensino Médio (exatamente, ela é uma cheerleader no filme!). Mia Sutton é a personificação da típica estudante popular do high school americano, com aquele característico ar blasé das cool kids das séries adolescentes hollywoodianas.

Esqueça a inocência e efusividade de Misa Amane do anime, pois Mia não tem nada de inocente
( ͡° ͜ʖ ͡°). A submissão insana da jovem por seu querido Light também passa longe no filme. Aliás, em determinada parte do longa fica a impressão de que o diretor trocou as personalidades de Light e Misa do anime e implantou nos personagens de Nat Wolff e Margaret Qualley.

Mia é controladora e não lembra em nada a submissa Misa Amane. Por outro lado, o apaixonado Light se vê nas mãos da sua namorada em alguns momentos. (Uma das cenas que demonstra isso, foi ela perguntar para Light se mataria um cara que transasse com ela. Ele prontamente respondeu que sim, isso depois de discutirem se matariam os nomes que apareciam em um site criado para matar criminosos, o que faz Light Turner se indagar se eles eram culpados). Ela sim pode ser dizer que é um Light Yagami de saias, pois se assemelha bastante com o original.

Para este Kira o seu propósito de ser o "deus do novo mundo" pode ser facilmente abdicado em nome do "amor". E não agradou em nada os fãs da franquia, como era de se esperar.

Ryuk não é Ryuk (Tá mais para Duende Verde)


No mangá/anime Light não precisou da ajuda do shinigami para decidir o que fazer com o caderno, sendo que o deus da morte apenas surgiu para explicar os detalhes sobre o artefato para o jovem. A ideia de se tornar o "deus do novo mundo" partiu do famigerado Kira, sem qualquer tipo de influência de Ryuk. Ryuk nada mais é do que um observador, mesmo tendo ajudado Light em algumas ocasiões (Ou ter escrito o nome dele no final do anime) No Anime Ryuk era um alívio cômico, as cenas dele com abstinência por falta de maças, ou ver revistas pornos com o Light enquanto L os filmavam.

Quem não se lembrar desta cena? Um dos poucos momentos
de descontração de Light e Ryuk.
No Filme da Netflix, parece que estamos vendo uma fusão do Ryuk (Aparência) com Duende Verde, que foi interpretado pelo mesmo Willem Dafoe que da voz ao Ryuk. Um Ryuk Manipulado, da qual incita o jovem Turner a escreve nomes no caderno para ver no que vai dar, algo que mudou bastante a essência da história

No filme isso é tudo muito diferente. Ryuk praticamente obriga Light a usar o Death Note e, caso não o fizesse, procuraria outra pessoa que executasse os assassinatos com o caderno. A primeira morte foi praticamente feita pelo shinigami, sendo este quem implantou (descaradamente, por sinal) a ideia na cabeça de Light.

Mesmo se intrometendo bastante nas decisões do Kira, a presença de Ryuk no filme não é marcante. Mas não sejamos injustos, a risada de Willem Dafoe (que emprestou a voz para dar vida ao Shinigami) é muito parecida com a original.

Em nenhum momento é citada a existência de outros deuses da morte ou do Reino dos Shinigami. Ryuk se apresenta como um ser único e dotado da responsabilidade de manter o "circo pegando fogo" entre os humanos.

Também não há qualquer referência aos poderosos Olhos de Shinigami ou explicações sobre a natureza dos deuses da morte. Mas levando em consideração a confusão que foi feita na essência da história, acaba por ser previsível a falta dessas informações no enredo do longa.

Novas regras no Death Note.

O diretor do filme havia declarado que algumas regras seriam acrescentadas ao Death Note, com o propósito de justificar o enredo... E infelizmente ficou ruim! É tanta regra que até mesmo o Light reclamada delas, imagina os fãs acostumados com as regras habituais.

A nova regra é a número 95: "Qualquer um pode escrever nomes no caderno, mas só o portador pode possuí-lo por mais de 7 dias". Ou seja, caso Light fique uma semana sem usar o Death Note, o artefato deixa de ser sua propriedade.

Outras mudanças muito toscas estão no filme, como o fato de apenas o dono do Caderno da Morte ser capaz de ver o shinigami. Mia Sutton não é capaz de enxergar, falar ou ouvir Ryuk, mesmo após tocar no Death Note.

L ou Mello.



Umas das Críticas principais a esse filme foi o mesmo que houve com Ghost In The Shell, a polêmica do Whitewashing, que neste caso foi o Blackwashing. Eu achei estranho no primeiro momento, afinal esse L e o L do Anime/Mangá não tem nada de parecido. Mas revendo o anime, lembrei que o L poderia ser qualquer um, até mesmo no Anime/Mangá, os policiais que se unem a eles se espantam com a aparência do mesmo.

Aliás, não é tão preocupante ver atores esteticamente diferentes da descrição física apresentada no cânone. Afinal de contas, consiste numa adaptação ocidental e podemos tolerar isso, até certo ponto. Mas, o que não pode ser mesmo perdoado é a total mudança na personalidade dos personagens.

O L, por exemplo, interpretado por Keith Stanfield, foi um dos poucos a manter a natureza da sua identidade... Pelo menos parte dela.

L rodeado por doces, a sua postura peculiar ao se sentar e o modo estranho de segurar os objetos, tudo isso aparece no filme. No entanto, o que põe tudo a perder: a impaciência e a instabilidade emocional do personagem.

Para quem ainda não conhece a história original, L tem um comportamento extremamente calmo e nunca deixa as suas emoções se sobreporem ao raciocínio lógico. O L de Keith chega a ser bastante "barraqueiro", gritando, se jogando no chão, correndo e tomando atitudes precipitadas por causa do seu lado emotivo. Quando o Watari desaparece, definitivamente vemos tudo ali, menos o L. Até o ponto do mesmo enlouquecer! (Quem diria que teríamos um L surtado)

Aliás, para quem já acompanhou o anime/mangá, em determinados momentos parecia que estávamos vendo o Mello.

Jogo de Inteligência? Nem tanto.

Algo que me deixou um tanto puto foi como essa parte se desenvolveu o jogo de inteligência de ambos. Pelo menos eles podiam ter adaptado melhor essa parte da qual e aclamada pelos fãs do anime. A batalha intelectual entre L e Kira.

Light e L se encontram algumas vezes durante o filme e o que vemos é um show de interpretações exageradas, esquisitas e diálogos nada inteligentes. As conversas entre os dois personagens representa um dos pontos altos da série, pois tanto Light como L são extremamente espertos.

No Filme parece que foi feitos as coxas,

O jogo de gato e rato no Death Note da Netflix fica apenas na ação. Vemos literalmente L correndo e pulando obstáculos para capturar o Kira.

Eu sabia que seria difícil, para não dizer impossível, transferir o rico conteúdo de todos os episódios da série (que totalizam algo em torno de 15 horas e 45 minutos de animação) para 1 hora e 40 minutos de longa, mas convenhamos, mesmo para aqueles que tenham gostado do filme, que o melhor do entrave entre L e Kira não está na ação, mas sim na batalha intelectual firmada entre ambos.

Ok, as deduções tiradas por L fizeram sentido no filme, mas poderiam ser muito mais desenvolvidas (e inteligentes). Algo que não me agradou foi a dedução. Toda a lógica do detetive para desconfiar de Light é bastante forçada. Nesta parte faltou o que não teve no anime

Light também não ficou bem na fita. Aliás, o "super-dotado" Light Yagami dos mangás é um rapaz totalmente comum no filme. Sim, podemos dizer que Light Turner é inteligente e um "bom aluno", mas passa longe de ser um gênio como é visto no mangá/anime.

Não vimos grandes planos mirabolantes feitos por Light para livrar a sua pele, (eu particularmente queria ver aquela parte que ele engenha a gaveta incendiária, ou os planos de renunciar o caderno, mas devidos as novas regras seria bastante complicado) com exceção do final. Vamos concordar que foi uma estratégia bastante engenhosa. Pontos para o Kira!

Para mim o filme foi razoável, não fiquei naquela esperança de que fossem adaptar o anime, ou ser fiel a ele, Uma releitura da história. Pelo menos nos mostrou outra perspectiva, um novo ponto de vista. Um Light Medroso, uma Mi(s)a com complexo de Deus, um Ryuk mais macabro, e um L mais emotivo em nada vai destruir a obra original como muitos fãs alegam. Mas também não será algo que será aclamado.

Se queria ser diferente da obra que se baseou, de fato conseguiu. Alguns gostaram, outros desgostaram, e alguns acharam razoável

Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, os criadores originais de Death Note, elogiaram o filme; com Ohba afirmando: "Pelo lado bom, ambos seguiram e divergiram do trabalho original para que o filme possa ser apreciado, claro que não somente pelos fãs, mas também por uma audiência muito maior e mais ampla"

Para quem não viu o filme, veja com a mente aberta, sem comparar com o Anime, não pense numa adaptação, e sim como uma releitura (O Que Aconteceria Se...) Mas é inegável que faltou coisa chaves nesta releitura.

Pelas pontas soltas, um Death Note 2 pode surgir na Netflix, isso é se o filme receber boas críticas e visualizações, mas até agora as críticas sobre o filme estão no meio a meio.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_que_Aconteceria_Se...

https://www.aficionados.com.br/critica-death-note-netflix/ (Da onde li algumas críticas que eram semelhantes a algumas que eu tinha.)

http://www.playreplay.com.br/death-note-2-acontecer-netflix-quiser/

Videos complementares.

Ei Nerd: DEATH NOTE: VALEU A PENA? PRINCIPAIS DIFERENÇAS DO ANIME

Vídeo Quest: O Death Note da Netflix é tão ruim quanto a gente esperava (review) | Video Quest

Canal NERD SIDE: EU ADOREI O DEATH NOTE!


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