terça-feira, 24 de outubro de 2017

O Caso Goyases.

Semana passada, ocorreu o que ficou conhecido (Noticiado) como o Massacre do Colégio Goyases.  Tiroteio em colégios são incomuns, raros de acontecer por aqui, mesmo o Brasil tendo um histórico endêmico de criminalidade, casos como que ocorreu em Goiânia no dia 20 de outubro chamam bastante a atenção. O último caso semelhante nesta proporção foi Massacre de Realengo, ocorrido no Rio de Janeiro.


Ocorrência.

Na manhã do dia 20 de outubro de 2017, uma sexta-feira, um adolescente de 14 anos matou dois colegas de sala e deixou outros quatro feridos no Colégio Goyases, na região leste de Goiânia. O motivo, segundo seu depoimento depois do crime, teria sido bullying, que vinha sofrendo pelos colegas.


Meses antes de tirar a pistola .40 da mãe do móvel em que ficava escondida em casa, sair para a escola com a arma na mochila e abrir fogo contra seus colegas na sala de aula, o adolescente X., fez pesquisas na internet sobre os massacres de Columbine, nos EUA, e de Realengo, no Rio de Janeiro.
“Estava esperando acabar a aula para buscar meus três filhos, mas levei para casa apenas dois vivos.”
Em vez das imediações do Colégio Goyazes em Goiânia, onde deixou todos na manhã desta sexta-feira, Leonardo Marcatti Calembo falava diante do Instituto Médico Legal (IML) da cidade. O publicitário é o pai de João Pedro Calembo, 13 anos, morto com um tiro no pescoço disparado à queima roupa por um colega de turma. O menino foi o primeiro alvo do adolescente de 14 anos que usou a pistola .40 da mãe, uma policial militar do Estado de Goiás, para atirar 11 vezes e em várias direções na sala de aula que frequentava. Acertou seis alunos, dois dos quais morreram.

Calembo lembrou o último beijo que o filho lhe enviou, de longe, quando ouviu um “te amo" ao descer do carro ao lado dos irmãos Gustavo, de 8 anos, e Davi, de 6. “Acordei, fiz um carinho nele, orei antes de deixá-lo na porta e disse que o amava”, contou, segurando o atestado de óbito do filho. “Ele se foi tendo certeza de que o pai o amava.”

Horas antes, João Pedro havia sido um dos protagonistas da tragédia que se abateu na escola privada, que fica no Conjunto Riviera, um bairro de classe média da capital goiana. Às 11:40, na troca de professores entre as aula de Ciência e Gramática no oitavo ano, ouviu-se um estampido no terceiro andar. A professora tirava dúvidas com alunos sobre a Feira Científica que ocorreria no dia seguinte. Uma das alunas apostou que era um balão dos experimentos da feira, mas logo vieram mais disparos.

Um estudante do nono ano contou que, certa de que levaria uma suspensão por mau comportamento, esperava a coordenadora quando viu Hyago Marques ensanguentado, sem camisa, descendo as escadas. Marques, de 13 anos, foi atingido no peito, mas conseguiu sobreviver ao ataque e está fora de perigo. “Eu ia levar uma suspensão, mas a coordenadora, quando ouviu os tiros, sumiu”, disse o aluno.

A coordenadora, Simone Maulaz Elteto, foi até a cena do tiroteio. Segundo o delegado que acompanha o caso na Delegacia Estadual de Apuração de Atos Infracionais (Depai), Luiz Gonzaga, a funcionária teve papel central para que o desfecho não fosse ainda pior: ela conseguiu convencer o atirador, que levava um novo cartucho de munição, a não recarregar a arma. “Ela teve um ato heroico”, declarou o delegado no auditório do hospital para onde foram levadas a maioria das vítimas. Foi a coordenadora que isolou o adolescente na biblioteca até a chegada dos policiais.

Bullying Na Escola.

Alunos colegas de X. contaram à imprensa local que o jovem costumava sofrer bullying e era chamado de fedido por não usar, segundo corria na turma, desodorante.

O segundo jovem morto, de acordo com o delegado, era um amigo próximo do atirador, de quem ele "gostava muito", como teria dito no depoimento.

Dentre os feridos, dois estão em estado grave, internados na UTI de dois hospitais em Goiânia. Uma das jovens, internada em situação estável, faz 14 anos na próxima terça-feira.

O jovem falou à polícia acompanhado de seu pai, "completamente consternado", segundo o delegado. Ambos os pais do adolescente são policiais militares, e a arma era ferramenta de trabalho de sua mãe, propriedade da Polícia Militar do Estado de Goiás.

"Ele se apoderou da arma da mãe com a intenção de matar esse desafeto. Mas é claro que agiu com total desequilíbrio emocional, causando essa chacina", diz Gonzaga Junior.

O policial diz que o depoimento indicou que o jovem já teve problemas psicológicos e chegou a iniciar um acompanhamento - que depois foi abandonado.

Intervenção Cessou Tiros.

De acordo com o delegado, o número de vítimas poderia ter sido maior. A intervenção da coordenadora parece ter sido decisivo para conter X. Depois de fazer suas primeiras vítimas na sala de aula, o cartucho da pistola esvaziou e todos conseguiram fugir. X., entretanto, levara um segundo cartucho. Recarregou a arma e foi até o corredor "para matar mais".

Mas a coordenadora se interpôs e começou a dialogar com ele.

"Ele confessou que pensou em matar a coordenadora. Pensou em se matar também", conta o delegado.

"Ela conseguiu serenar seu ânimo e talvez propiciar um despertar de lucidez", considera. "Pode ter evitado um número ainda maior de vítimas."

X. teria concordado então em acionar a trava da arma e ir para a biblioteca com a coordenadora, que então acionou a Polícia Militar e aguardou a chegada dos agentes ao lado do atirador. Ele entregou sua arma e se rendeu.

O jovem foi autuado em flagrante por dois homicídios consumados e quatro tentativas de homicídio, e foi apresentado ao Ministério Público da Infância e da Juventude. Um juiz da infância decidirá por quanto tempo X. ficará detido, mas o período máximo de detenção será de três anos, conforme determinado pelo Estatuto da Criança e Adolescente.

Após o ataque, moradores de Goiânia colocaram símbolos e manifestações de luto em suas páginas nas redes sociais. O choque se espalhou pelo país todo, diante de uma modalidade de crime rara no Brasil.

"Nos EUA esses ataques são difundidos e armas de fogo têm acesso muito livre", aponta Gonzaga Júnior. "Aqui em Goiânia, nunca vimos um caso desses. Afora o caso de Realengo não conseguimos nos lembrar de outro no Brasil", diz o delegado.

Créditos: G1.


Columbine e Depressão.

Já na delegacia, o adolescente contou que vinha sofrendo bullying, relatou o delegado Luiz Gonzaga. “Nas palavras dele", um colega o estava "amolando". Ainda segundo Gonzaga, o atirador disse ter se inspirado em outras matanças em colégios, como o caso de Columbine, no Colorado (EUA), em 1999, quando uma dupla de estudantes matou 13 pessoas, e o de Realengo, no Rio, no qual 12 foram mortos por um ex-aluno. "Inspirado em outros casos, segundo ele como os de Columbine e o de Realengo, ele decidiu cometer esse crime. Ele ficou dois meses planejando a ação", contou a autoridade.

O caso gerou um duplo choque - com o massacre em si, e com a importação de um crime visto com uma frequência desconcertante nos EUA, mas não no Brasil.

Como no caso de Realengo, o ataque em Goiânia despertou uma nova onda de debate sobre o acesso a armas - mas, sobretudo, sobre o grave problema do bullying nas escolas.

Na página da escola no Facebook, muitos deixaram mensagens de apoio, destacando a qualidade do ensino e desejando força para os alunos, suas famílias e o corpo docente. Mas outros deixaram comentários duros, criticando uma suposta falta ação contra casos de bullying.

(Além e claro de acirrar um debate [político] já acalorado entre os que defendem o desarmamento e os contrário ao mesmo. Até mesmo tragédias como essa se transforam em um Fla-Flu Político.) 

João Pedro Calembo, que se sentava atrás do atirador, foi o primeiro a ser alvejado. “Ele se virou para trás. O João Pedro estava sentado, discutindo o trabalho que a gente ia apresentar amanhã (este sábado). Ele atirou. Eu corri”, lembra um dos sobreviventes, em frente ao colégio, reclamando de que não sabe quando terá o celular, que ficou na sala, de volta. “Quero muito falar com a minha mãe.”

Segundo colegas ouvidos pela reportagem, João Pedro teria sido um dos pivô do ataque. O menino era, segundo os relatos, um dos que costumava dizer com que o adolescente que se converteria em atirador  “não gostava de tomar banho”. O pai Leonardo Calembo, no entanto, contesta. “Meu filho lia a Bíblia, amava hinos, muito ativo na escola. Não faria nada que ele não quisesse que fizessem com ele. Meu filho era alegre, bem cuidado, nunca teve inimizade”, conta no IML.

Amparado por amigos da igreja Batista Renascer, o publicitário diz que não pode deixar passar a tragédia a que sua família foi acometida sem pedir que “os pais deem atenção aos filhos”. “Eu perdoo o menino que fez isso, mas preciso dizer que hoje as crianças são órfãs de pais vivos. É preciso que os pais sejam presentes, cuidem das crianças. O sistema penitenciário está lotado de filhos que não tiveram pais, educação. A base hoje da sociedade é a educação”, ressalta e diz que ainda não sabe se manterá seus outros filhos na escola.

De acordo com Gonzaga Junior, informações preliminares indicam que X. não levava os relatos de bullying de volta para casa nem para a direção da escola. "Os pais, aparentemente, nunca haviam tomado conhecimento disso", diz. De acordo com o delegado, as investigações agora serão aprofundadas para atestar a real motivação do crime.

O Ministério Público do Estado de Goiás recomendou na tarde do sábado 21 de outubro a internação provisória por 45 dias do autor dos disparos, e horas depois, a juíza plantonista Mônica Cézar Moreno Senhorello acatou o pedido.

Fontes.

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41702797

https://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_do_Goyases

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiroteio_contra_escola

http://veja.abril.com.br/brasil/um-dos-alunos-mortos-em-escola-de-goiania-era-amigo-do-atirador/

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/10/20/criancas-sao-baleadas-em-escola-de-goiania.htm

https://www.opopular.com.br/editorias/cidade/ele-me-amolava-muito-diz-autor-dos-disparos-sobre-uma-das-v%C3%ADtimas-de-atentado-em-escola-1.1374631

https://istoe.com.br/crime-em-escola-de-goiania-foi-inspirado-em-columbine-e-realengo-diz-delegado/

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/20/politica/1508514051_919340.html

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/21/politica/1508544592_421762.html

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/10/21/atirador-de-go-passou-de-vitima-de-bullying-a-agressor-e-remete-caso-columbine-diz-psicologa.htm

http://www.cmjornal.pt/mundo/detalhe/aluno-de-14-anos-que-matou-colegas-queria-cometer-um-massacre

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