segunda-feira, 29 de julho de 2019

Aquecimento Global. 3° Parte.

Aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra causado por massivas emissões de gases que intensificam o efeito estufa, originados de uma série de atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra, como o desmatamento, bem como de várias outras fontes secundárias. Essas causas são um produto direto da explosão populacional, do crescimento econômico, do uso de tecnologias e fontes de energia poluidoras e de um estilo de vida insustentável, em que a natureza é vista como matéria-prima para exploração. Os principais gases do efeito estufa emitidos pelo homem são o dióxido de carbono (ou gás carbônico, CO2) e o metano (CH4). Esses e outros gases atuam obstruindo a dissipação do calor terrestre para o espaço. O aumento de temperatura vem ocorrendo desde meados do século XIX e deverá continuar enquanto as emissões continuarem elevadas.

O consenso Científico e a Controvérsia Popular.

Os principais aspectos do aquecimento global estão bem estabelecidos na ciência, como a propriedade dos gases estufa de reterem radiação infravermelha, o aumento de temperatura decorrente da maior concentração destes gases, a causa humana em sua acumulação, e a importância deste aquecimento no clima. De fato, o consenso do meio científico a este respeito é virtualmente unânime. Vários estudos atestam este consenso, analisando milhares de trabalhos publicados nos últimos anos. O levantamento mais recente, que em 2015 analisou mais de 24 mil trabalhos sobre o tema, indicou que 99,99% dos climatologistas concordam que o aquecimento é real e produzido pelo homem. De acordo com The National Academies, uma reunião de academias científicas nacionais dos Estados Unidos, as principais dúvidas ainda existentes dizem respeito apenas à velocidade deste aquecimento, a que níveis vai chegar, e como afetará localmente as diversas regiões do mundo. Segundo Boykoff & Boykoff, "com crescente certeza, o IPCC vem afirmando que o aquecimento global é um problema sério que sofre influência humana, e deve ser enfrentado imediatamente". Para a maioria dos cientistas, o aquecimento é um dos maiores desafios do nosso tempo, se não for o maior de todos.

Em contraste, a mídia não-científica, numa enganosa busca por equilíbrio e imparcialidade, com frequência procura apresentar "os dois lados" da questão, dando o mesmo espaço e a mesma importância a quem afirma a realidade do problema e a aqueles que a negam. Isso é um erro, pois de um lado há argumentos muito fortes, sustentados por uma maioria esmagadora de especialistas científicos, e do outro, muito fracos, apoiados em geral por amadores, empresas, políticos e grupos de interesse. Como o grande público obtém suas informações principalmente da mídia, esse equilíbrio artificioso tem sido apontado como um importante fator para a pouca importância que o público dá ao problema, o que se reflete na presente dificuldade de se adotar em larga escala medidas preventivas e mitigadoras do aquecimento. Uma pesquisa feita com alguns grandes e influentes jornais dos Estados Unidos, analisando 3.543 artigos que trataram do aquecimento no período de 1988 a 2002, encontrou que 52,65% dos artigos dava peso igual a quem negava e a quem afirmava que a atividade humana tem impacto sobre o clima. Discutindo o que deveria ser feito, apenas 10,6% acatavam o consenso científico e enfatizavam a necessidade de ação internacional urgente e compulsória, enquanto 78,2% apresentavam um texto "equilibrado", induzindo a opinião pública a tirar conclusões equivocadas. Analisando cronologicamente o impacto do problema entre o público, a mesma pesquisa mostrou que entre 1988 e 1989, quando o aquecimento começou a chamar grande atenção internacional, os jornais diziam praticamente o mesmo que os cientistas, mas que desde então vêm sendo impostas ao público dúvidas artificiais e a distância entre a opinião científica e a popular vem se alargando.

Também há muitas evidências de que grandes corporações comerciais, cujos interesses podem ser prejudicados por medidas contra o aquecimento, exercem pressão sobre instituições, grupos, governos e políticos, e financiam campanhas e pesquisas fraudulentas, com o intuito de confundir propositalmente a opinião pública e induzi-la a acreditar que os problemas não são reais ou importantes, dificultando a implementação de leis e ações contra o aquecimento. Várias denúncias já foram feitas na imprensa e mesmo por academias científicas. Em 2015 a Union of Concerned Scientists publicou um dossiê analisando 85 documentos oficiais vazados das diretorias das principais companhias petrolíferas do mundo, chegando à conclusão de que essas companhias não somente orquestram até hoje uma grande campanha de desinformação do público, como sabiam desde a década de 1980 que o aquecimento global é uma realidade e que a combustão do petróleo é uma de suas principais origens. Assim, ao mesmo tempo em que reconheciam a autoridade da ciência, ficava-lhes claro o perigo que as evidências científicas representavam para os negócios, reunindo esforços para desacreditá-las deslocando-as da sua categoria de fatos para colocá-las no incerto e confuso domínio da teoria, no que têm sido muito bem sucedidos.

Nos Estados Unidos, um dos poucos países que não ratificaram o Protocolo de Quioto, cientistas ligados a sete organizações científicas governamentais relataram pressões para eliminar as palavras "mudanças climáticas", "aquecimento global" ou similares de suas comunicações para não enfraquecer a política de ceticismo do governo Bush. Um relatório apresentado ao Congresso dos Estados Unidos referiu que metade dos climatologistas entrevistados disseram ter percebido ou pessoalmente sofrido essa pressão, e dois quintos deles afirmaram que já tiveram relatórios seus modificados, alterando suas conclusões. Os Estados Unidos ainda é um dos países com mais alto índice de negacionismo climático. Uma ampla pesquisa de opinião de 2015 mostrou que embora 99% da população reconheça que o aquecimento está acontecendo, quase 80% dos entrevistados não acreditam que a origem do problema se deve às atividades humanas, 97% acreditam que o consenso esmagador entre os cientistas não existe, mais de 60% não se preocupam, e 99% não acreditam que o aquecimento lhes causará dificuldades pessoais, ainda que aceitem a ideia de que as futuras gerações podem estar em risco. Este contexto se torna relevante em termos globais pela posição de liderança mundial dos Estados Unidos, que é também um dos maiores emissores de gases estufa, e explica também o paradoxo de o Senado aceitar em maciça maioria a realidade do aquecimento e ao mesmo tempo obstaculizar as mudanças para combatê-lo propostas pelo governo de Barack Obama, que se mostrou fortemente sintonizado com as conclusões da ciência. Dada a enorme influência dos Estados Unidos no cenário político mundial, a mudança na posição oficial do governo norte-americano em relação aos governos anteriores deu esperanças para muitos ambientalistas, mas os progressos sofreram muitos impedimentos e as perspectivas para o próximo governo são incertas. Donald Trump mostrou-se em declarações bastante cético sobre a gravidade do problema e mesmo sobre sua realidade, e disse que suas prioridades são outras. Ao mesmo tempo, os que negam o aquecimento continuam suas bem organizadas campanhas de desinformação do público. Uma pesquisa de 2013 descobriu que 140 fundações gastaram um total de 558 milhões de dólares entre 2003 e 2010 financiando campanhas e organizações negacionistas.

Cartaz do movimento LaRouche, que nega o aquecimento, dizendo: "A verdade nua. O aquecimento global é uma fraude científica". O cartaz ironiza Al Gore (mostrado nu em uma caricatura), que se notabilizou pelo trabalho ambientalista e escreveu o popular e também polêmico documentário educativo Uma verdade inconveniente, tratando dos problemas derivados do aquecimento. Créditos: Wikipédia
Na lista abaixo, com dados do projeto Skeptical Science, que se dedica a refutar as crendices populares sobre o aquecimento, esclarecer os mal entendidos e divulgar a ciência de ponta em uma linguagem acessível, vão citados os dez mais frequentes argumentos (A) correntes entre o povo para negar a realidade ou a gravidade do fenômeno atual, usados também por políticos e empresas, junto com a resposta dos cientistas (R) em forma sintética:
  1. A: O clima já mudou no passado. — R: O clima é um sistema sensível à influência de vários fatores. No passado houve fatores naturais que provocaram mudanças. Hoje, o fator determinante é a atividade humana.
  2. A: O sol é a causa. — R: Desde a década de 1980 as tendências da atividade solar e da temperatura terrestre vão em direções opostas, ou seja, o sol está esfriando e a Terra está esquentando.
  3. A: Não vai fazer mal. — R: Efeitos positivos sobre o meio ambiente, a produção de alimentos e a saúde humana são duvidosos, efeitos negativos importantes já estão sendo documentados por múltiplos estudos e provavelmente devem se agravar se o aquecimento continuar em sua progressão atual, ultrapassando largamente os alegados benefícios.
  4. A: Não há consenso entre os cientistas. — R: O consenso existe e é esmagador: 99,99% dos climatologistas concordam que o aquecimento é real e sua causa é humana.
  5. A: Está na verdade esfriando. — R: A última década foi a mais quente na história dos registros.
  6. A: Os modelos teóricos não são dignos de confiança. — R: Os modelos usados têm limitações e margens de erro, e como em geral são modelos globais, são imprecisos no que diz respeito a detalhamentos regionais, mas reproduzem com grande aproximação as mudanças em escala global do clima observadas historicamente, e por isso suas projeções para o futuro são plausíveis e confiáveis. Não obstante, os modelos vêm sendo constantemente aperfeiçoados.
  7. A: Os registros não são dignos de confiança. — R: Muitas estações meteorológicas não são instaladas como deveriam para colher os dados adequadamente, podendo estar próximas de fontes de calor ou de estruturas que criam microclimas diferenciados, como os centros urbanos e suas ilhas de calor, mas os cientistas sabem disso e fazem as compensações necessárias para corrigir os dados e torná-los confiáveis. Além disso, os dados colhidos em estações terrestres são checados com outros obtidos por métodos diferentes, como por exemplo a sondagem por satélite e a análise de registros contidos no gelo e em sedimentos oceânicos. Essa checagem cruzada minimiza em muito a possibilidade de erro grave, e revela em todas as formas de análise resultados comparáveis.
  8. A: Plantas e animais podem se adaptar a mudanças no clima. — R: É verdade, mas a adaptação das espécies selvagens a mudanças ambientais só acontece em largos períodos de tempo. A rapidez da mudança atual é demasiada para que os processos naturais de adaptação se completem a tempo para a vasta maioria das espécies, inevitavelmente levando à extinção ou a significativo declínio populacional muitos tipos de seres vivos. De fato, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) prevê que se a elevação da temperatura chegar a 3,5 °C, até 70% de todas as espécies existentes hoje serão provavelmente extintas.
  9. A: Desde 1998 não esquenta. — R: Em termos globais, 2005 e 2010 foram os anos mais quentes na história dos registros.[428] As três últimas décadas foram as mais quentes desde 1850.
  10. A: A Antártida está ganhando gelo. — R: Embora a área coberta por gelo possa estar se expandindo em alguns locais, o volume total do gelo está em declínio. Medições de satélite apontam que a Antártida perde mais de 100 quilômetros cúbicos de gelo a cada ano desde 2002.
Em suma, os argumentos verdadeiros, o primeiro e o oitavo, são inaplicáveis ao caso contemporâneo, e os outros são falsos segundo os dados objetivos, já detalhados nas seções anteriores.

A pesquisadora Caren Cooper, da Universidade de Cornell, analisando os problemas gerados pelas dúvidas e incertezas que ainda circulam popularmente sobre a realidade ou a gravidade do aquecimento global, advertiu que se o grande público não adquirir uma sólida confiança na ciência e acatar suas recomendações, os governos democráticos não conseguirão enfrentar com sucesso o problema, porque sua base de apoio popular está dividida e insegura ou não se importa com a questão. Além disso, como antes foi mencionado, a força das mídias e dos grupos de pressão política e econômica é imensa, distorcendo os debates públicos e influenciando a criação de leis muitas vezes de acordo com seus interesses exclusivos. Ainda segundo Cooper, esses agentes que negam as mudanças climáticas têm sido formadores de opinião muito mais eficientes do que os cientistas e professores, porque suas mensagens criam nas pessoas a impressão de que o que a imprensa divulga é o bastante para capacitá-las a participar legitimamente do debate científico de alto nível e criticar suas conclusões, uma impressão que, ela enfatiza, é profundamente equivocada. Naomi Oreskes resumiu a questão da seguinte maneira:
"Os políticos e a mídia, especialmente nos Estados Unidos, frequentemente afirmam que a ciência do clima é altamente incerta. Alguns têm usado este argumento contra a adoção de medidas fortes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. [...] Algumas corporações, cujos lucros poderiam ser afetados negativamente pelo controle das emissões de gás carbônico, também têm alegado que a ciência padece de graves incertezas. Tais declarações sugerem que poderia persistir uma controvérsia significativa dentro da comunidade científica sobre a realidade da mudança climática causada pelo homem. Mas isso não é verdade. O consenso científico é claramente expresso nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. [...] O Painel não está sozinho em suas conclusões. Nos anos recentes, todos os principais corpos científicos nos Estados Unidos cujos membros são peritos no assunto têm publicado declarações semelhantes. [...] Certamente, os autores que avaliaram os impactos, desenvolveram métodos ou estudaram as mudanças paleoclimáticas poderiam acreditar que a mudança é natural. Contudo, nenhum deles considerou essa hipótese. [...] Muitos detalhes sobre as interações do clima não são bem entendidos, e há muito espaço para mais pesquisas que forneçam uma base mais sólida para nosso entendimento da dinâmica do clima. Mas há um consenso sobre a realidade da causa humana na mudança climática. Os cientistas têm repetidamente tentado deixar isso claro. É hora de o resto de nós ouvir o que eles dizem".
Mitigação e Adaptação.
  • Políticas.
Por "mitigação" entende-se as medidas que visam diminuir as emissões de gases estufa e absorver os já emitidos, combatendo diretamente as causas do problema, e por "adaptação" as que objetivam administrar as suas consequências, preparando e adequando a sociedade para os efeitos já desencadeados e os que devem surgir no futuro. O amplo consenso entre os cientistas do clima de que as temperaturas globais continuarão a aumentar tem levado nações, estados, empresas e cidadãos a implementar ações para tentar reduzir o aquecimento global ou ajustar-se a ele. O principal acordo mundial para combater o aquecimento global é o Protocolo de Quioto, uma emenda à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, negociado em 1997, onde foram definidas metas concretas de mitigação por cada país signatário, com a exceção dos países em desenvolvimento, que não foram obrigados a estabelecer metas. O protocolo abrange mais de 160 países e mais de 55% das emissões de gases do efeito estufa. Apenas os Estados Unidos, historicamente o maior emissor de gases estufa do mundo, e o Cazaquistão, recusaram-se a ratificar o tratado.

Os países menos desenvolvidos e mais pobres em geral são pequenos emissores de gases estufa, mas devem sofrer suas consequências mais pesadamente do que os ricos — que são grandes emissores e os maiores responsáveis pela origem do problema — justamente porque têm menor capacidade de se adaptar aos impactos. Essa desproporção entre a responsabilidade causal e o sofrimento das consequências tem dado margem a uma grande polêmica sobre as políticas internacionais de redução de emissões, e em parte devido a isso os avanços têm sido lentos e modestos. O debate passa também pela questão de saber em que medida é que países recém-industrializados, como China e Índia, deverão ter o privilégio de poder aumentar suas emissões a fim de que seu crescimento não seja prejudicado, especialmente a China, uma vez que ela é atualmente o maior emissor individual do mundo, mas o líder chinês Li Keqiang em 2015 reafirmou o compromisso de iniciar uma redução progressiva das emissões até 2030, e se possível antes.

A fim de auxiliar os países menos favorecidos, o Protocolo de Quioto introduziu três instrumentos principais para a flexibilização das exigências: o Comércio de Emissões, a Implementação Conjunta e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. O Comércio de Emissões instituiu os chamados créditos de carbono, através dos quais empresas, em conjunto com os governos, concordam em limitar suas emissões ou comprar créditos daqueles que emitiram menos do que as suas quotas. Convencionou-se que uma tonelada de gás carbônico corresponde a um crédito de carbono, que pode ser negociado no mercado internacional. Em 2015, 15 países já haviam instituído impostos sobre a emissão de CO2, e em 17 regiões do mundo o carbono já se tornou uma commodity. Porém, os progressos neste sentido são lentos, os valores de mercado ainda são baixos, o que não incentiva sua adoção, e sua eficiência global, bem como suas bases científicas, são questionadas. Muitos ambientalistas já têm denunciado este sistema como um incentivo indireto à destruição do ambiente e ao incremento de desigualdades e injustiças entre as nações e sociedades. A Implementação Conjunta prevê que países desenvolvidos, os chamados países do Anexo I, possam desenvolver projetos de mitigação em outros países do Anexo I, e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo incentiva projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento que não estabeleceram metas no âmbito do Protocolo de Quioto, e estimula a transferência de tecnologia entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Também nestes campos os resultados são menores do que o esperado, e as isenções de países em desenvolvimento de algumas cláusulas do Protocolo de Quioto têm sido criticadas pelos Estados Unidos e estão sendo usadas como sua justificativa para não ratificar o protocolo.

Outros sistemas de mitigação adotados recentemente como consequência do Protocolo de Quioto são o Bioenergia-CCS para captura de CO2 e produção de biomassa como fonte de energia; o Fundo Verde para o Clima, uma espécie de banco mundial para captação de recursos destináveis à mitigação e adaptação; o Mercado Voluntário de Carbono, destinado a empresas, ONGs, instituições, governos e mesmo cidadãos que assumem a responsabilidade de reduzir as emissões voluntariamente. Uma série de outros projetos e políticas estão sendo desenvolvidos em escala nacional e regional, mas também nestes casos no geral os avanços ainda são tímidos e despertam grandes controvérsias sobre a relação custos-benefícios, eficiência e viabilidade prática.

No ocidente, a ideia da influência humana no clima e os esforços para combatê-lo ganharam maior aceitação na Europa que nos Estados Unidos. A União Europeia pretende, até 2050, reduzir entre 60% e 80% as emissões de gases estufa, aumentar em 30% a eficiência energética, e aumentar para 60% a percentagem de energias renováveis, face ao consumo energético total da UE.

O Protocolo de Quioto expirou em 2012, e há muitos anos se prolongam os debates internacionais sobre um novo tratado para sucedê-lo. A Conferência do Clima de 2013 das Nações Unidas (COP 19), realizada com grande tumulto em Varsóvia, conseguiu chegar a um acordo formal sobre o programa Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação de Florestas (REED+), depois de muitos anos de discussão. O programa prevê incentivos econômicos e outras medidas para a redução de emissões. O documento produzido deu ênfase às medidas de prevenção do aquecimento e aos países pobres, e contemplou também, entre outras, ações nas áreas de financiamento, envolvimento institucional, monitoramento de florestas, agilização administrativa, padronização de procedimentos técnicos e manejo de impactos. A definição dos parâmetros do REED+ foi considerada positiva, mas no geral foi um acordo fraco e deu margem a retrocessos ao revogar a obrigatoriedade no cumprimento das metas, que passam a ser contribuições voluntárias, além de criar para as políticas de mitigação uma indesejável dependência do sistema de financiamento, o Fundo Verde, cujas verbas ainda são muito pequenas.

Em 2015 foi realizada em Paris outra Conferência (COP 21), onde foi conseguido um consenso de que deve-se evitar que a temperatura suba acima de 1,5º C. A aprovação do Acordo de Paris foi louvada internacionalmente como um marco nas negociações climáticas, principalmente pelo reconhecimento de que o aquecimento global é um problema de extrema gravidade, por dar um sinal claro aos mercados de que a transição para a economia verde é inevitável, e pela criação de um vultoso fundo de apoio aos países emergentes. Porém, o acordo foi criticado por não estabelecer um cronograma preciso de ações definidas e por não ter força legal, dependendo de reduções voluntárias, o que pode levar ao descumprimento dos objetivos traçados ou a um excessivo atraso no seu atingimento. Ao mesmo tempo, em conjunto, as metas voluntárias que os países ofereceram não parecem suficientes para a redução global de emissões considerada necessária, e em muitas nações os objetivos acordados podem ser bloqueados pelos legisladores locais em virtude de pressões econômicas e políticas. Uma revisão da literatura produzida pelo IPCC em 2018 enfatizou que as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris são insuficientes para manter o aquecimento abaixo de 1,5ºC.

O IPCC, no seu 5º Relatório, enfatizou que as metas de redução das emissões também não vão ser atingidas se cada região ou país pensar em resolver o seu problema isoladamente e o esforço global for descoordenado. O fenômeno tem implicações globais e suas causas produzem efeitos além das fronteiras políticas dentro das quais elas se originaram. Ao mesmo tempo, o relatório apontou que as medidas de mitigação e adaptação têm se revelado ineficientes em comunidades e nações com problemas crônicos de governança. Políticas climáticas mal informadas, descoordenadas ou realizadas com dados maquiados e atenuados artificialmente podem produzir efeitos colaterais imprevistos tão indesejáveis quanto os que a inação produziria.
  • Ações e Recomendações.
Muitos grupos ambientais encorajam ações individuais contra o aquecimento global, frequentemente por parte dos consumidores, mas também através de organizações comunitárias e regionais. Outros têm proposto o estabelecimento de um limite máximo para a produção de combustíveis fósseis. Também têm sido feito esforços para um melhor manejo de resíduos, o combate ao desmatamento e o mau uso da terra, o aumento da eficiência energética e o uso de fontes alternativas de energia. O IPCC oferece em seus relatórios uma multiplicidade de maneiras para a mitigação e adaptação, sumarizadas abaixo:
  1. Desencorajar o consumo e a lucratividade dos combustíveis fósseis como o carvão mineral e o petróleo.
  2. Melhorar o rendimento dos sistemas de captação, distribuição e consumo de água, incluindo uso agropecuário, industrial e doméstico.
  3. Melhorar as técnicas de manejo da terra, incluindo a pecuária, a agricultura, a silvicultura e o extrativismo, protegendo o solo contra a erosão, degradação e poluição.
  4. Definir planos de contenção da subida do mar como fixação de dunas, reflorestamento costeiro, construção de represas e outras estruturas.
  5. Modificar hábitos de produção e consumo de bens e serviços e de descarte de resíduos para um modelo sustentável. Aumentar os incentivos financeiros para projetos de crescimento sustentável.
  6. Dar educação qualificada para a população, incluindo, decisivamente, a educação ambiental, fomentando a formação de lideranças multiplicadoras do conhecimento.
  7. Redesenhar as políticas públicas com maior atenção aos fatos científicos e às necessidades reais, prevendo ações integradas em perspectivas de longo prazo. Incrementar a cooperação internacional, a pesquisa e a divulgação livre do conhecimento. Criar uma política transnacional efetiva sobre o aquecimento. Aproveitar conhecimentos de comunidades indígenas e tradicionais.
  8. Organizar o manejo do provável crescimento de doenças infecciosas e epidemias; melhorar o atendimento médico e as infraestruturas sanitárias urbanas. Organizar planos de assistência social e defesa civil em emergências coletivas e desastres ambientais.
  9. Diversificar o turismo.
  10. Adaptar os sistemas de transporte a temperaturas mais elevadas e à possibilidade de inundações mais frequentes.
  11. Reforçar as infraestruturas de produção e distribuição de energia e de telecomunicações, usar preferencialmente energias renováveis e diversificadas.
  12. A geoengenharia foi desencorajada devido aos seus altos riscos e incertezas.
Entre as várias alternativas energéticas que estão sendo buscadas, o último relatório desencorajou o uso da energia nuclear, devido aos seus altos riscos e a efeitos negativos potencialmente catastróficos em casos de acidentes. Os biocombustíveis, em geral considerados melhores opções para os fósseis, devem ser avaliados com mais cuidado, pois podem ter efeitos colaterais indesejáveis, podendo provocar, por exemplo, a elevação nos preços dos alimentos por induzir a uma redução nos investimentos e na área de produção agrícola alimentar. As evidências disponíveis indicam que os biocombustíveis são opções fracas e incertas na melhoria da qualidade de vida das populações, embora alguns sejam muito econômicos no que diz respeito a emissões de gases. O etanol, que dá uma redução de 8 para 1, é a melhor opção até agora em termos de emissões, mas, por exemplo, se todo o combustível brasileiro em 2007 fosse etanol, metade da área agricultável do país teria de ser convertida ao cultivo da cana, de onde se extrai o etanol. O IPCC indica que no Brasil o etanol gerou muita renda e emprego, mas não corrigiu as desigualdades estruturais no setor. O biodiesel, por sua vez, é pouco vantajoso para a redução das emissões, com uma redução máxima de 3 para 1. Globalmente, os biocombustíveis têm gerado crescente incerteza para o setor da segurança alimentar num cenário de população em crescimento rápido, e têm mostrado significativa capacidade de induzir conflitos sociais e produzir danos diretos e indiretos à biodiversidade e outros recursos naturais como a água, e podem trazer grandes impactos negativos para povos indígenas. Usinas hidrelétricas frequentemente são classificadas como fontes limpas de energia, mas múltiplos estudos recentes vêm mostrando que essa imagem é enganosa. A formação das bacias muitas vezes exige um grande desmatamento, por si um fator de emissão de gases estufa, além de produzir severos impactos ambientais e sociais paralelos: interfere nos ciclos naturais de cheia e vazante dos rios e nos ciclos reprodutivos de peixes migrantes, modifica ecossistemas, pode prejudicar a oferta de alimentos para outras espécies aquáticas, afetar negativamente povos ribeirinhos que dependem da pesca e povos indígenas, dificultar o acesso à água a jusante, pode exigir remoção forçada de populações e muitas vezes gera importantes conflitos sociais. Hidrelétricas também podem ser altas emissoras de gases estufa, especialmente se localizadas em zonas tropicais e se a área inundada é vasta, devido à decomposição de matéria orgânica residual (troncos, folhas e material no solo) após a inundação. Bacias que não são limpas adequadamente antes da inundação emitem mais gases por longos períodos do que plantas produtoras de energia equivalente baseadas em combustíveis fósseis.

As opções mais promissoras atualmente no setor energético são os projetos de aproveitamento da energia do sol e do vento e algumas formas de energia hidráulica que não exijam criação de reservatórios, como o aproveitamento da energia das ondas do mar e moinhos de água. Essas tecnologias de produção de energia limpa já se encontram maduras, seus custos de implantação têm se reduzido sensivelmente nos últimos anos e seus benefícios são altos, e deveriam ser adotadas em larga escala. Também pode ser uma boa opção, em algumas regiões, a energia geotérmica. Projetos de captura e estocagem artificial do carbono atmosférico podem ser uma alternativa no futuro, mas ainda estão em uma fase inicial de desenvolvimento e sua efetividade ainda é incerta.

Muitas ilhas e arquipélagos de baixa altitude, como Tuvalu e
Kiribati, microestados do Oceano Pacífico, são habitados
por expressiva população e estão ameaçados pela elevação
dos mares. Na imagem, foto de satélite do atol de Tarawa, em
Kiribati, habitado por mais de 50 mil pessoas.
Créditos: Wikipédia
A atenção principal das nações tem sido dada ao setor energético, mas a mitigação e a adaptação abrangem a totalidade da sociedade, especialmente setores que são grandes emissores de gases, como o mau uso da terra, a indústria, a agricultura, o desperdício de alimentos, os transportes, a construção civil e a urbanização das cidades, além dos hábitos culturais e modos de vida em si que produzem ou perpetuam um modelo insustentável de desenvolvimento. Esses aspectos devem ser igualmente valorizados, pois geram causas de aquecimento igualmente influentes. A migração compulsória da economia para um modelo sustentável, se pode trazer alguns problemas imediatos de adaptação, abre muitos outros campos para investimento que tendem a gerar lucro, emprego e melhor qualidade de vida.

O fenômeno da urbanização acelerada da população humana deve receber grande atenção, pois as cidades usam de 67 a 76% da energia disponível e nelas são gerados de 71 a 76% das emissões de CO2 relacionadas à energia. Em torno de 2050 de 64 a 69% da população mundial deve viver em cidades, zonas especialmente vulneráveis aos efeitos do aquecimento global. Muitos dos sistemas mais vitais das cidades, como o abastecimento de energia, alimentos e água, as redes de esgoto e transporte, assistência médica, segurança pública e comunicações, facilmente podem entrar em colapso diante de catástrofes naturais como os tufões e inundações, deixando imensas populações ao desamparo em um único evento. Estudos recentes têm enfatizado uma elevação desproporcional na vulnerabilidade das populações urbanas diante de eventos climáticos intensificados pelo aquecimento, pois se aumentando a população (exposição) aumenta o risco mesmo em eventos normais, o aumento da exposição combinado ao aumento na intensidade multiplica os efeitos. Além disso, o colapso de sistemas urbanos durante catástrofes climáticas gera falhas sistêmicas em cadeia que afetam toda uma grande região suburbana e rural em torno, podendo afetar ainda regiões muito distantes. Assim como as cidades são grandes receptoras e consumidoras de bens e serviços, são grandes produtoras e distribuidoras. Os modelos de urbanismo e de construção civil em geral adotados nas cidades não foram previstos para enfrentar as mudanças climáticas com sucesso e devem ser adaptados rapidamente. Como uma grande parte da população mundial vive em cidades e comunidades litorâneas, ali as medidas de adaptação devem levar em conta com grande cuidado e realismo a questão da elevação do nível dos oceanos. Em muitas regiões as populações litorâneas devem considerar prioritariamente a retirada, e não o combate ao avanço das águas, por ser a opção mais efetiva no longo prazo, especialmente levando em conta a grande incerteza que cerca a previsão exata do nível que o mar vai atingir, podendo chegar a vários metros nos próximos séculos, ultrapassando em muito a capacidade protetora dos projetos atuais de muralhamento costeiro.

Também já se torna cada vez mais claro que a humanidade terá de encontrar formas efetivas de controlar seu crescimento populacional. Os recursos do mundo são limitados, e um aumento infinito da população é obviamente impossível. O aquecimento e todos os outros problemas ambientais de hoje em última análise se devem, de fato, à explosão demográfica e ao acelerado consumo de recursos naturais que ela desencadeou, cujos efeitos de longo alcance modificaram todo o equilíbrio da biosfera. O controle populacional apenas recentemente começou a ser debatido em relação ao aquecimento global, e ainda permanece largamente ausente das políticas oficiais de adaptação e mitigação. Não se prevê solução fácil para este tema espinhoso, cercado como é de controvérsias éticas e científicas, e entretecido a tradições culturais, sociais e religiosas arraigadas. Porém, o controle teria um grande impacto na redução de emissões de gases estufa. Um estudo britânico de 2009 indicou que a cada 4 libras gastas em planejamento familiar uma tonelada de carbono deixaria de ser emitida. Uma redução da mesma magnitude através das tecnologias convencionais exigiria um investimento de 8 libras em reflorestamento, 15 libras em energia eólica, 31 libras em energia solar ou 56 libras em veículos híbridos. Reforçando esse cenário, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento publicou em 2013 seu Relatório de Desenvolvimento Humano prevendo cerca de 3 bilhões de pessoas vivendo na pobreza extrema em 2050 em função do aquecimento global não mitigado e outros problemas ambientais, um terço da população mundial estimada para aquela data.

Embora a polêmica ainda seja grande sobre os mais variados aspectos, os estudos recentes mais qualificados já deixaram cristalinamente claro que a mudança para um modelo sustentável não é mais uma questão de escolha, é questão de sobrevivência. Além disso, é mais lucrativa no longo prazo do que a persistência no modelo atual, coisa que também não parece ter sido ainda bem compreendida pelos legisladores, políticos e grandes empresários. Hoje o consumo de recursos naturais do planeta já é maior do que sua capacidade suporte. Além da população mundial estar em crescimento rápido, o consumo de recursos per capita também está aumentando. O IPCC prevê que se não houver modificações nas tendências atuais, até 2100 o consumo mundial aumentará de 300 a 900%. Percebe-se assim o enorme impacto que a humanidade impõe aos recursos naturais e a urgência de medidas que limitem o consumo à capacidade suporte do planeta. Manter o atual curso de ação significará impor um pesado fardo às gerações futuras, pois espera-se que importantes desafios sociais, hoje já difíceis de enfrentar, se agravem ainda mais, como a fome, a pobreza e a violência.

Além disso, existe uma questão ética ligada a uma modificação ambiental em tão ampla escala e tão desenfreada como a que hoje está em curso, que tem desencadeado tão nefastos efeitos para o homem e para a biodiversidade, que põe em xeque o futuro de todas as nações e da riqueza natural hoje existente. Em resumo, questiona-se o direito do homem de agir com tamanha imprudência, prepotência e descaso em relação a tudo o que vive e que sustenta sua própria vida. A Declaração de Estocolmo, adotada pela ONU, por exemplo, afirma que o homem tem "a responsabilidade especial de salvaguardar e manejar sabiamente o patrimônio da vida selvagem e seus habitats, que estão atualmente em grave perigo", e a Carta da Terra, elaborada durante a conferência Rio 92 e adotada pela UNESCO em 2002 como um código de ética global, diz explicitamente que "a proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado". Esta questão poucas vezes tem sido levada em conta, mas de acordo com o IPCC deveria ser encarada com a mesma seriedade que as questões técnicas.

O último relatório da UNEP sobre o descompasso entre as medidas de adaptação adotadas até agora e as necessárias mostra que além de fazer aumentar os riscos, a inação provoca uma constante elevação dos custos de adaptação: "As estimativas anteriores dos custos de adaptação nos países em desenvolvimento eram de 70 a 100 bilhões de dólares por ano para o período de 2010-2050. Contudo, a literatura resumida neste relatório indica que os custos de adaptação podem se elevar para 100 a 300 bilhões por ano em 2030, e de 200 a 500 bilhões em 2050". Em 2015 foram aprovados apenas 35 bilhões para adaptação em nível internacional. O relatório continua: "Este descompasso é grande e provavelmente vai aumentar substancialmente nas próximas décadas, a menos que seja feito um significativo progresso para assegurar novos fundos para adaptação e se coloque em prática ambiciosas medidas de mitigação. Os fundos de adaptação têm crescido mas ainda ficam muito aquém das necessidades atuais, e provavelmente esta desproporção deve continuar no futuro". Este contexto enfatiza a necessidade de que sejam tomadas medidas urgentes antes de 2020 para que a futura adaptação aos efeitos já desencadeados do aquecimento global seja bem sucedida.

Este gráfico da NASA mostra a intensidade da anomalia térmica global no ano de 2015 em relação à média de 1880. Os últimos anos têm batido recorde sobre recorde em termos de temperatura, e 2016 foi o ano mais quente desde o início dos registros. Créditos: Wikipédia.
O último relatório do IPCC e outros documentos recentes vêm deixando bastante clara a importância e a realidade da sua mensagem e seu caráter de urgência, ressaltando que as opções de mitigação e adaptação são maiores do que foram no passado, e muitas delas vêm tendo seus custos de implantação significativamente reduzidos em anos recentes, cabendo aos governos e à sociedade fazer bom uso das oportunidades e dos avanços tecnológicos e científicos que se colocam à disposição. Caso contrário, dificuldades em larga escala seguramente se concretizarão e só tenderão a crescer. Outra conclusão importante foi o reforço do consenso que já se formara antes de que as decisões positivas tomadas nas próximas duas décadas terão efeitos decisivos e de longo prazo. Ainda há algum tempo para evitar o pior previsto nos modelos teóricos, mas esse tempo está chegando rapidamente ao fim.

O último relatório do IPCC considerou, em suma, que o mundo agora tem apenas cerca de 50% de chance de conseguir manter a elevação da temperatura abaixo dos 2 °C, e para conseguir manter os níveis abaixo de 1,5ºC as emissões precisariam cair 45% até 2030, e chegar a zero em torno de 2050. Isso não será possível sem uma ação rápida e uma mudança em larga escala nos sistemas produtivos e nos hábitos de consumo. Se a sociedade optar por deixar para a última hora tudo o que precisa ser feito, será tarde demais, pois muito ainda precisa ser feito e o tempo corre contra. Processo de mudança social em tal escala requererá muito esforço, honestidade e boa vontade, e levará necessariamente muitos anos, não se justificando mais, portanto, a demora.

Fontes.                                                                                                                                            101 de 186

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquecimento_global

https://pt.wikipedia.org/wiki/Causas_do_aquecimento_global

https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_estufa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Polui%C3%A7%C3%A3o_atmosf%C3%A9rica

https://pt.wikipedia.org/wiki/Recuo_dos_glaciares_desde_1850

https://pt.wikipedia.org/wiki/Subida_do_n%C3%ADvel_do_mar

https://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_clim%C3%A1tico

https://pt.wikipedia.org/wiki/Painel_Intergovernamental_sobre_Mudan%C3%A7as_Clim%C3%A1ticas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Decl%C3%ADnio_contempor%C3%A2neo_da_biodiversidade_mundial

https://pt.wikipedia.org/wiki/Desfloresta%C3%A7%C3%A3o

https://pt.wikipedia.org/wiki/Desertifica%C3%A7%C3%A3o

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