O termo parapsicologia foi criado em 1889 por Max Dessoir e adotado na década de 1930 por Joseph Banks Rhine para substituir os termos Metapsíquica e "Pesquisa Psíquica".
A posição da parapsicologia como ciência é contestada e usada como exemplo de paradigma pseudocientífico. Após mais de um século de investigações, não foram obtidos resultados suportados pelo método científico. Mesmo assim a Parapsychological Association, criada em 1959, participa da Associação Americana para o Avanço da Ciência.
Definição e Abrangência.
Há uma tradição dentro do senso comum que sustenta que os mundos subjetivo e objetivo são completamente distintos, sem que haja qualquer implicação entre eles. O subjetivo existe “aqui, dentro da cabeça”, enquanto que o objetivo existe “lá, no mundo externo”. A Parapsicologia é o estudo de fenômenos que sugerem que a dicotomia estrita entre objetivo/subjetivo pode ser, ao contrário, parte de um conjunto, com alguns fenômenos entremeando ocasionalmente o que é puramente subjetivo e o que é puramente objetivo. Parapsicólogos chamam tais fenômenos de “anômalos” porque são difíceis de serem explicados pelos modelos científicos tradicionais.
A Parapsicologia estuda os seguintes aspectos:
- A hipótese da existência de uma forma de obtenção de informações (comunicação) que prescinda da utilização dos sentidos humanos conhecidos (percepção extrassensorial), tais como telepatia, clarividência e precognição.
- A hipótese da existência de uma forma de ação física sobre o meio físico em que não seriam utilizados qualquer mediadores ou agentes (músculos ou forças físicas) conhecidos, como a telecinese.
- Os fenômenos associados a memória extra-cerebral (retrocognição) e a experiências multidimensionais, como a experiência de quase-morte, projeção da consciência, mediunidade, agente theta, etc.
Apesar dos fenômenos paranormais por definição serem supostamente fenômenos não explicados cientificamente, as historiografias da psicologia e da psiquiatria em geral sustentam que a parapsicologia trouxe grande contribuição à formação e desenvolvimento de diversos conceitos científicos, principalmente conceitos ligados ao funcionamento da mente, como o subconsciente, a dissociação, o transtorno dissociativo de identidade, a histeria, a escrita automática e a hipnose. Pesquisas sobre fenômenos paranormais, principalmente sobre a mediunidade, foram importantes no desenvolvimento da psicologia e da psiquiatria científicas por parte de alguns pioneiros no estudo científico da mente, como Sigmund Freud, Carl Jung, Pierre Janet, Frederic Myers e mais notoriamente William James.
História.
A Parapsicologia (inicialmente designada como "Pesquisa Psíquica") surgiu sistematicamente no último quarto do século XIX, altamente relacionada com o então grande crescimento recente dos movimentos Moderno Espiritualismo e Mesmerismo, quando em 1882 foi fundada em Londres a Society for Psychical Research (Sociedade de Pesquisa Psíquica) com a proposta de apresentar "uma tentativa organizada e sistemática de investigar o grande grupo de fenômenos controversos designados por termos como mesmérico, psíquico e espiritualista" e com a associação de diversos membros acadêmicos proeminentes. Isto incluía acadêmicos da Universidade de Cambridge, tais como o filósofo Henry Sidgwick e o ensaísta Frederic W. H. Myers. Além desses, a SPR também contava com os físicos Sir William Fletcher Barrett e Balfour Stewart e o político KG Arthur Balfour, que mais tarde se tornou primeiro-ministro. Nas primeiras décadas seguintes, diversos intelectuais de renome mundial se tornaram presidentes da SPR, incluindo como exemplos o psicólogo e filósofo americano William James, o químico e físico inglês Sir William Crookes, o físico inglês Sir Oliver Lodge, o astrônomo francês Camille Flammarion, o Nobel em Medicina francês Charles Richet e o Nobel em Literatura francês Henri Bergson.
A SPR logo se tornou o modelo para as sociedades similares em outros países europeus e nos Estados Unidos, tanto que William James, junto ao astrônomo Simon Newcomb e outros cientistas, fundaram em 1885 a American Society for Psychical Research (Sociedade Americana de Pesquisa Psíquica), organização a qual também se associaram muitos intelectuais renomados.
Alguns Ramos da Parapsicologia.
Parapsicologia é uma disciplina notavelmente ampla e difícil de estudar, já que lida com o potencial desconhecido da mente humana. Até hoje, não há nenhuma maneira definitiva de provar fenômenos como a telepatia ou a telecinese, e observação de nenhuma maneira já forneceu prova inequívoca. Veja abaixo alguns dos ramos mais importantes da parapsicologia. Tenha em mente que a própria natureza dos fenômenos chamados “psi” é tal que cobrem o desconhecido, e é só por dissecção crítica podemos chegar à verdade.
- A Parapsicologia e a Visualização Remota, Projeção da Mente e Clarividência: Visualização remota é a suposta capacidade de perceber uma imagem ou item que está obscurecido da vista do espectador. No entanto, devido à falta de provas verificáveis, o conceito tem sido descartado pela comunidade científica. No entanto, já houve uma época em que até mesmo o governo dos EUA se envolveu na sua investigação, como parte do Projeto Stargate, uma tentativa de encontrar uso militar e nacional para habilidades parapsicológicas. O projeto foi abandonado em 1995, com uma revisão independente observando que era “incerto” se a existência de visualização remota havia sido demonstrada. A Universidade de Princeton (EUA) procurou seguir a pesquisa onde Stargate parou, realizando experimentos com visão remota até 2007. O físico Robert L. Park, da Universidade de Maryland (EUA), crítico do projeto, disse: “Foi um constrangimento para a ciência, e eu acho uma vergonha para Princeton”.
- A Parapsicologia e a Telepatia e Leitura da Mente: Telepatia, como a visualização remota, depende da mente e seus poderes em potencial – mas se relaciona com a capacidade de enviar e receber ideias ou pensamentos, em vez de “ver” objetos e lugares distantes. Experimentos procuraram tornar a mente mais receptiva a esse suposto fenômeno, privando os demais sentidos (como visão e audição), enquanto o participante “envia” a informação a um destinatário escolhido. Embora alguns digam que evidências de telepatia já foram demonstradas, os críticos afirmam que o acaso, suposições e falta de ambiente à prova de som eficaz distorcem os resultados de estudos. Dito isso, sinais elétricos da mente podem, de fato, ser interpretados através de máquinas. Pesquisas em 2012 monitoraram os sinais eletromagnéticos do cérebro de participantes em coma, e um computador pode interpretar corretamente padrões e traduzi-los em “pensamentos”.
- Premonição: Diversos casos alegados de precognição já foram registrados ao longo da história. Contos de videntes, adivinhos e profetas que podiam, aparentemente, ver o futuro são destaques nos mitos gregos, na Bíblia, e nas histórias e relatos de culturas em todo o mundo. Alguns dos exemplos mais famosos incluem o prenúncio das três bruxas em Macbeth e, fora da ficção, as profecias de Nostradamus. A Sociedade de Pesquisas Psíquicas tem registrado casos de supostas premonições de eventos futuros desde o século 19. Porém, o psicólogo britânico David Marks afirmou que qualquer previsão correta de eventos pode ser explicada através da teoria de probabilidade – isto é, que uma premonição e a eventual ocorrência do episódio são mais prováveis de acontecer quanto mais observamos tais assuntos. Precognições aparentemente bem sucedidas também são mais propensas a ser lembradas do que as que falharam.
- Psicocinese e Telecinese: Esta é a capacidade alegada de algumas pessoas de mover objetos com suas mentes. Nesta fotografia, de 1892, uma mesa estava sendo “levitada”, enquanto um pesquisador (à direita) verificava se não havia fraude. James Randi, um cético e mágico notável, é apenas uma das pessoas que têm demonstrado métodos comuns pelos quais indivíduos podem fazer objetos parecerem se mover sem contato físico. Na verdade, a Fundação Educacional James Randi oferece um prêmio de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 mi) para quem prove a telecinese e outros fenômenos parapsicológicos – um prêmio que ainda não foi reivindicado. Enquanto muitos cientistas acreditam que a telecinese vai contra as leis básicas da física, e é, portanto, impossível, alguns postulam que a física quântica pode oferecer uma explicação. Dito isso, em 1987, uma ampla revisão feita pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos analisou 13 décadas de pesquisa e descobriu que não havia base para a crença em psicocinese.
- Experiências de Quase Morte: Aqueles que afirmam ter tido experiências de quase morte comumente relatam fenômenos tais como ver-se fora do seu próprio corpo, mover-se através do que parece ser um túnel, ou em direção a uma luz brilhante. Como aqueles que morreram não podem falar se é isso mesmo que acontece, reivindicações como estas são naturalmente mais complicadas de confirmar ou negar. Algumas pesquisas sugerem, no entanto, que tais experiências são na verdade o resultado de um mecanismo de enfrentamento adotado pelo cérebro, no qual endorfinas adicionais são liberadas. Se for este o caso, então é menos uma questão de fé, e mais uma questão bioquímica.
- Reencarnação, Vidas passadas e Psicografia: Certas culturas e crenças acreditam na reencarnação e em vidas passadas, como o hinduísmo, o espiritismo, o jainismo e o budismo, e o conceito tem até mesmo alguns seguidores islâmicos, judeus e cristãos. A ideia da reencarnação começou a ser explorada no início de 1900 pelo psicólogo William James, momento em que tais teorias começaram a ser pesquisadas. Os céticos sugerem que vidas passadas podem ser atribuídas à síndrome de falsa memória ou pensamento seletivo. E como a ciência moderna não consegue capturar o processo de reencarnação em si, respostas conclusivas são difíceis, se não impossíveis de se conseguir. Da mesma forma, é igualmente difícil coletar fortes evidências que comprovem a psicografia, capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas por espíritos. Habilidade que ficou famosa no Brasil graças especialmente a Chico Xavier, já houve tentativas de prová-la cientificamente. Por exemplo, o pesquisador da Universidade Estadual de Londrina Carlos Augusto Perandréa estudou 400 cartas psicografadas por Xavier em transes mediúnicos utilizando as mesmas técnicas com que avalia assinaturas para bancos, polícias e o Poder Judiciário, a grafoscopia. Ele comparou a letra padrão dos indivíduos antes da morte e nas cartas psicografadas, chegando à conclusão de que todas as psicografias que estudou possuem autenticidade gráfica dos referidos mortos. Obviamente, isso não é suficiente para que seja aceita amplamente a existência de diálogo entre mortos e vivos. No entanto, a psicografia já foi utilizada no Brasil até mesmo como prova em tribunal, em pelo menos quatro casos envolvendo homicídio, de 1976 a 1982.
- Aparições: Fantasmas: quem nunca ouviu falar de um? Imortalizados em textos culturais que variam de Hamlet a histórias assustadoras em acampamentos, muitas vezes esses “espectros” são provados falsos. Até a BBC já exibiu um “documentário” que convenceu muitos espectadores de que aparições eram reais, mas o próprio documentário era, no entanto, totalmente encenado. Em 2012, o site eBay proibiu a venda de itens paranormais em um esforço para proteger seus usuários, perdendo milhões de dólares em receita potencial. Às vezes, as pessoas afirmam ter capturado a essência de um espírito em imagem, mas estas aparições geralmente podem ser explicadas por flashes ou exposições duplas, entre outros fatores.
- Interação Mental Direta Com Sistemas Vivos: O ramo da parapsicologia conhecido como “interação mental direta com sistemas vivos”, na sigla em inglês DMILS, investiga se simplesmente olhar fixamente para uma pessoa pode afetar substancialmente o seu sistema nervoso, fazendo-a sentir-se agitada ou calma. Após análise feita em experimentos parapsicólogos em 2004, pesquisadores de psicologia concluíram que poderia haver algo de verdadeiro nesta noção, mas o problema era uma falta de teoria por trás do fenômeno. Uma técnica relacionada foi famosamente referenciada no livro e filme “Os Homens que Encaravam Cabras”. A história seguiu a pesquisa do Exército dos EUA em matar bodes simplesmente olhando fixamente para os animais. Outra estratégia psicológica caracterizada na história inclui a tortura de presos iraquianos por rodar o mesmo desenho em um loop.
- Aura: A noção de aura pode ser encontrada ao longo da história, seja na forma de um halo na arte religiosa, ou faixas de cores como as encontradas na bandeira budista, simbolizando a aura que cercava Buda quando ele atingiu a Iluminação. Em tempos mais recentes, os vários matizes aparentes em auras foram designados com qualidades diferentes. Auras laranja ocorrem quando a pessoa está animada, enquanto personalidades mais calmas tem uma aura azul. E, de acordo com alguns, as auras podem ser “limpas” através de cristais de quartzo. Fotografia Kirlian é um método que pretende capturar auras em filme, que, se verificável, pode ser a mais forte prova de sua existência. No entanto, a investigação científica descobriu que tudo, desde a umidade de um quarto a transpiração, podem substancialmente distorcer os resultados de testes.
- Projeto Consciência Global: O Projeto Consciência Global (GCP, na sigla em inglês) teoriza que quando um evento que muda o mundo ocorre, os pensamentos das pessoas ao redor do globo podem influenciar geradores de números aleatórios para produzir dados mais coerentes, menos arbitrários. Teoria originária de experiências similares realizadas pela Universidade de Princeton, o projeto visa mapear a explosão emocional da população mundial quando algo realmente épico acontece, como o 11 de Setembro na cidade de Nova York (EUA). Seus críticos, porém, dizem que os picos encontrados na análise de dados do GCP durante esse evento não provam um nexo de causalidade.
O problema é que, ao investigar esses fatos (telepatia, a telecinese, a precognição e a clarividência) a parapsicologia se reconhece como ciência, armando uma treta histórica com várias áreas do conhecimento.
Segundo o professor Paulo Alberto Nussenzveig, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo:
"A ciência trabalha com evidências e não há absolutamente nenhum conjunto de evidências ou deduções lógicas que permitam comprovar a existência desses fenômenos"Apesar da descrença da comunidade científica, faz bastante tempo que começaram os estudos para tentar desvendar situações misteriosas para a maior parte da população. A parapsicologia surgiu no século 19, mas foi no início do século 20 que o botânico Joseph Banks Rhine e o psicólogo William McDougall decidiram adotar o termo para se referir ao que eles consideravam uma nova linha da psicologia. A ideia de Rhine era comprovar a existência de poderes extra-sensoriais e, para isso, escreveu livros e publicou pesquisas que realizou sobre o tema. O problema é que muitos desses estudos foram fortemente questionados anos depois, tanto pela falta de dados quanto pelas condições dos sujeitos pesquisados.
Um dos estudos realizados pelo Rhine Research Center, da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e publicado em 1943 no periódico Journal of Parapsychology, avaliou a capacidade de 50 crianças de comunidades nativas do Canadá de adivinhar o que estava escrito em um cartão. Além de não terem o consentimento dos pais, algo até comum naquela época, os pesquisadores davam doces às crianças, que tinham a partir de 6 anos, para convencê-las a participar do estudo. Segundo o jornal "The Washington Post", elas eram selecionadas de escolas aborígenes que funcionavam no Canadá, onde não tinham contato com a família e viviam em condição de miséria. Quando a história veio à tona, em 2015, o jornal chamou o experimento de "bizarro, cruel e antiético".
Antes que o mundo científico tivesse conhecimento dos métodos adotados por Rhine, no entanto, muita gente tentou provar que esses fenômenos sobrenaturais existiam mesmo. Um dos esforços mais significativos foi da CIA (agência de inteligência do governo dos Estados Unidos), que em plena Guerra Fria resolveu fazer testes para criar um grupo de "paranormais espiões" para tentar descobrir e se antecipar às estratégias da União Soviética. Quase duas décadas depois, o projeto foi encerrado porque era considerado caro e não deu os resultados esperados.
Assim como o governo dos Estados Unidos acreditou, muita gente atribui resultados inesperados a fenômenos investigados pela parapsicologia. Para a maior parte da comunidade internacional, no entanto, esses estudos não devem ser tratados como ciência. E isso se justifica por dois motivos:
- Primeiro porque muitos estudos realizados pela parapsicologia não teriam sido realizados nas condições adequadas, alterando a qualidade dos resultados e dificultando a checagem dos dados, como no caso de Rhine;
- A segunda explica é que boa parte dos estudos da parapsicologia trabalharia com fatos raros, mas já contemplados estatisticamente. Quer um exemplo? Ganhar mais de uma vez na loteria. Para a ciência, é muito difícil, mas pode sim acontecer.
Fontes 091 de 186
https://pt.wikipedia.org/wiki/Parapsicologia
http://www.abpcm.org.br/en/top/oque-e-parapsicologia/
https://hypescience.com/parapsicologia-ramos-estranho/
https://www.bestpsychologydegrees.org/10-most-bizarre-branches-of-parapsychology/
https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2019/01/09/o-que-a-ciencia-diz-sobre-a-parapsicologia-difundida-pelo-padre-quevedo.htm
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