segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Opus Dei. 1° Parte.

A Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei (em latim: Praelatura Sanctae Crucis et Operis Dei), mais conhecida como Opus Dei (em português, 'Obra de Deus') é uma prelazia pessoal (em Portugal, 'prelatura pessoal') da Igreja Católica, a única existente atualmente no ordenamento canônico. Trata-se de uma instituição hierárquica composta por leigos, casados ou solteiros, e sacerdotes. Tem como finalidade participar da missão evangelizadora da Igreja. Concretamente, o Opus Dei procura difundir a vida cristã no mundo, no trabalho e na família, a chamada universal à santidade e o valor santificador do trabalho cotidiano.

O Opus Dei foi fundada no dia 2 de outubro de 1929 por Josemaría Escrivá de Balaguer, sacerdote espanhol canonizado em 2002. O termo latino "Opus Dei" significa "Obra de Deus". No dia 28 de novembro de 1982 o papa João Paulo II através da Constituição Apostólica Ut Sit constituiu o Opus Dei como prelazia pessoal.

Atualmente seu Prelado é o teólogo espanhol Mons. Fernando Ocáriz Braña.

Fins.

A prelazia segue uma via de conduta que passa pela santificação do trabalho. Nas palavras do fundador: O trabalho é santo, santifica-nos e santifica os outros. Assim, todo e cada um, homem ou mulher, é chamado à santificação pelo trabalho que exerce, encontrando Deus nas coisas ordinárias, por mais pequenas que sejam, da Terra.

Segundo o fundador do Opus Dei, Josemaria Escrivá de Balaguer, a organização "tem por fim promover entre pessoas de todas as classes da sociedade o desejo da plenitude da vida cristã no meio do mundo. Quer dizer, Opus Dei pretende ajudar as pessoas que vivem no mundo — o homem vulgar, o homem da rua — a levar uma vida plenamente cristã, sem modificar seu modo normal de vida, nem seu trabalho ordinário, nem suas aspirações e anseios.

"Por isso se pode dizer, como escrevi há muitos anos, que o Opus Dei é velha como o Evangelho e, como o Evangelho, novo. É lembrar aos cristãos as maravilhosas palavras que se lêem no Gênesis: Deus criou o homem para trabalhar. Detivemo-nos no exemplo de Cristo, que passou quase toda a vida na terra trabalhando como artesão numa aldeia. O trabalho não é apenas um dos mais altos valores humanos e meio com que os homens devem contribuir para o progresso da sociedade; é também caminho de santificação."

História.

Opus Dei foi fundado por Josemaría Escrivá de Balaguer em 2 de Outubro de 1928 em Madrid, na Espanha durante um retiro que fazia em Madri. Em 14 de Fevereiro de 1930, o seu fundador compreendeu que a instituição também deveria desenvolver o seu apostolado entre as mulheres, e posteriormente para receber e atender ao clero da Prelazia foi fundada, em 14 de fevereiro de 1943, a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, composta exclusivamente de clérigos e inseparavelmente unida ao Opus Dei.
  • Primeiro Estabelecimento.
Em 1933 foi aberto o primeiro centro do Opus Dei, com o nome de Academia DYA em Madrid, voltada para estudantes principalmente de Direito e Arquitetura vindo logo depois a se tornar uma residência universitária. Com a Guerra Civil espanhola em 1936 e a perseguição que se segue faz com que Escrivá se veja obrigado a refugiar-se interrompendo momentaneamente os seus trabalhos. Em 1937 Escrivá atravessa os Pirenéus por Andorra para fugir à perseguição religiosa. A partir de 1939 retoma os trabalhos na Espanha, a Segunda Guerra Mundial atrasa o início d trabalho da Obra em outros países.

Em 19 de março de 1941 D. Leopoldo Eijo y Garay, bispo de Madrid concedeu a primeira aprovação diocesana ao Opus Dei. Até ao dia 25 de Junho de 1944, o Opus Dei só teve um único sacerdote: o seu fundador e líder Josemaría Escrivá. Nesse dia mais três veteranos da Obra, todos engenheiros de formação, foram ordenados sacerdotes pelo Bispo de Madrid-Alcalá. Entre eles encontrava-se Álvaro del Portillo, que mais tarde tomaria o lugar de Escrivá como Prelado do Opus Dei, com ele foram ordenados José María Hernández de Garnica e José Luis Múzquiz.

Em 1946 a sede do Opus Dei é transferida para Roma. Aprovado definitivamente pela Santa Sé em 16 de Junho de 1950, no dia 28 de Novembro de 1982 foi erigido como uma Prelatura pessoal, assim declarado pelo Papa João Paulo II através da Constituição Apostólica Ut sit — conforme o Código de Direito Canônico — com a finalidade contribuir para a missão evangelizadora da Igreja.

Neste documento é afirmado por João Paulo II:
Desde que o Concílio Vaticano II introduziu na lei da Igreja, com o Decreto Presbyterorum Ordinis, n. 10 - tornado executivo através do motu proprio Ecclesiae Sanctae, I, n. 4 - a figura das Prelazias pessoais para a realização de peculiares tarefas pastorais, viu-se claramente que tal figura jurídica adaptava-se perfeitamente ao Opus Dei. Por isso, no ano de 1969, o Nosso Predecessor Paulo VI, de gratíssima memória, acolhendo benignamente a petição do Servo de Deus Josemaría Escrivá de Balaguer, autorizou-o a convocar um Congresso Geral especial que, sob a sua direção, se ocupasse de iniciar o estudo para uma transformação do Opus Dei, de acordo com a sua natureza e com as normas do Concílio Vaticano II.
E ainda:
Nós próprios ordenamos expressamente que se prosseguisse tal estudo, e em 1979 mandamos à Sagrada Congregação para os Bispos, a quem o assunto pela sua natureza competia, que, depois de considerar atentamente todos os dados, tanto de direito como de fato, submetesse a exame a petição formal que tinha sido apresentada pelo Opus Dei. Cumprindo o encargo recebido, a Sagrada Congregação examinou cuidadosamente a questão que lhe tinha sido encomendada, e fê-lo tomando em consideração tanto o aspeto histórico, como o jurídico e o pastoral. Desta forma, posta de parte qualquer dúvida acerca do fundamento, possibilidade e modo concreto de aceder à petição, ficou claramente em evidência a oportunidade e a utilidade da desejada transformação do Opus Dei em Prelazia pessoal.
Esta Constituição Apostólica fixa a base jurídica da organização do Opus Dei dentro da Igreja e dispõe que o Opus Dei fica erigido como Prelazia pessoal de âmbito internacional com o nome oficial de "Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei", ou "Opus Dei", na forma abreviada e é intrinsecamente unida à Associação de clérigos denominada Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz. Estabeleceu, ainda, que a Prelazia rege-se pelas normas gerais do direito canônico, pela própria Constituição Apostólica Ut sit e pelos seus Estatutos (Código de Direito Particular).

Pelo documento ficou determinado que a Prelazia teria um Prelado cuja eleição teria de ser confirmada pelo Romano Pontífice e que a prelazia fica dependente da Sagrada Congregação para os Bispos. A cada cinco anos o Prelado apresenta ao Papa, através desta congregação, um relatório sobre a situação da prelazia e sobre o desenvolvimento do seu trabalho apostólico.
  • Início em Portugal e no Brasil.
O Fundador do Opus Dei, foi pela primeira vez a Portugal em 5 de fevereiro de 1945, a convite da Irmã Lúcia, uma das videntes de Fátima, que conhecera em Tui.

Essa viagem, acompanhado pelo bispo de Tui, e viagens subsequentes, permitiram-lhe contactar com o cardeal-patriarca de Lisboa, com os bispos de Braga, Porto, Coimbra e Leiria e decidir o começo do apostolado do Opus Dei no país. Um ano depois chegavam a Coimbra vários membros do Opus Dei em estudos de pós-graduação, montando uma residência universitária nessa cidade. Posteriormente seria a vez do Porto (1948) e Lisboa (1951).

O trabalho apostólico do Opus Dei no Brasil teve início em 1957, em Marília (São Paulo), devido ao interesse e à prolongada insistência do então bispo dessa diocese, D. Hugo Bressane de Araújo. Os primeiros membros do Opus Dei que chegaram em Marília foram: Pe. Jaime Espinosa Anta, licenciado em medicina e doutor em direito canônico, o médico recém-formado José Luís Alonso Nieto, e o advogado Félix Ruiz Alonso.
  • Estados Unidos e Reino Unido.
O Murray Hill Place é o edifício que abriga a sede nacional do Opus Dei nos Estados Unidos, possui 17 andares de escritórios e apartamentos e fica situado em Manhattan, abriga ainda um centro de estudos, um centro de conferências, salas de aula e salas para reuniões informais e capelas ou oratórios. É utilizado para as tarefas de direção, estudo, retiros e como centro de conferências. Nele residem cerca de 60 membros numerários e por ele passam, por ano, perto de dez mil pessoas. Internamente o edifício é dividido em dois, com entradas independentes e separadas para a se(c)ção dos homens e para a se(c)ção feminina. Nos Estados Unidos a instituição possui 61 centros de estudos ou residências e 7 centros de conferências.

Na Inglaterra e na Escócia existem vinte e seis instituições do Opus Deis entre residências para estudantes do sexo masculino e do sexo feminino, centros de conferências e casas de retiros e escolas de catering e hospitalidade. A maioria está sediada em Londres, Oxford, Manchester e Glasgow.
  • Efemérides.
  1. 2 de outubro de 1928: Josemaría Escrivá de Balaguer, durante uns exercícios espirituais em Madrid, por inspiração divina, segundo afirmação sua, funda o Opus Dei como caminho de santificação dirigido a toda a classe de pessoas no trabalho profissional e no cumprimento dos deveres ordinários do cristão. O nome “Opus Dei” é algo posterior, não começou a usa-lo até começos dos anos trinta, ainda que desde o primeiro momento em suas anotações e nas suas conversações sobre o que lhe pedia o Senhor falava da "Obra de Deus".
  2. 14 de fevereiro de 1930: Em Madrid, enquanto celebrava a Missa, segundo ele próprio, Deus lhes faz ver que o Opus Dei está também dirigido às mulheres. Esta data é considerada como sendo a da fundação da se(c)ção feminina.
  3. 1933: É aberto o primeiro centro do Opus Dei, a Academia DYA, dirigida especialmente para estudantes, onde se dão aulas de direito e arquitetura.
  4. 1934: A Academia DYA se converte em residência universitária. A partir dali, o fundador e o primeiros membros oferecem formação cristã e difundem a mensagem do Opus Dei entre os jovens. Parte importante desta tarefa é a catequese e a atenção aos pobres e enfermos que se presta nos bairros pobres da periferia de Madri. Josemaría de tudo mantém informado o bispo de Madrid, Dom Leopoldo Eijo y Garay, com cuja aprovação e bênção conta desde os primeiro momento.
  5. Em Cuenca são publicadas pela primeira vez “Considerações espirituais", precedente que irá dar origem à obra “Caminho”.
  6. 1936: Guerra civil espanhola: começa a perseguição religiosa e Josemaría se vê obrigado a refugiar-se em diversos lugares.As circunstâncias impõem suspender momentaneamente os projetos do fundador de estender o trabalho apostólico do Opus Dei a outros países.
  7. 1983: O Papa João Paulo II erige o Opus Dei em Prelazia Pessoal através da Bula Ut sit.
Governo Central.

Villa Tevere, sede do governo central do Opus Dei, na
Viale Bruno Buozzi, Parioli, Roma. Créditos: Wikipédia
Segundo a Constituição Apostólica Ut sit, promulgada pelo Papa João Paulo II, o Governo central da prelazia tem a sede em Roma, ficando erigido, como Igreja prelatícia o oratório de Santa Maria da Paz, que se encontra na sede central da prelazia e onde se encontra o Prelado.

No governo da prelazia o prelado é auxiliado por dois órgãos centrais que também têm sede em Roma: o Conselho Geral composto pelos integrantes da seção masculina, e a Assessoria Central integrado apenas por mulheres. Na pessoa do prelado se mantém uma unidade indivisível de espírito e jurisdição. Por direito o prelado é também o Presidente geral da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz. A prelazia está dividida em regiões que são administradas por um vigário ou conselheiro regional. As regiões por sua vez podem ser subdivididas em delegações e centros, os centros são a "estrutura de base" da prelazia.

À época do falecimento do fundador, em 26 de Junho de 1975, a prelazia já se estendia pelos cinco continentes, contando com mais de sessenta mil membros de 88 nacionalidades. O fundador foi sucedido no governo da prelazia pelo Bispo Dom Álvaro del Portillo e, após o seu falecimento inesperado em 23 de março de 1994, por Mons. Javier Echevarría Rodríguez, prelado nomeado pelo Papa em 20 de abril de 1994 e sagrado bispo por João Paulo II no dia 6 de janeiro de 1995 na basílica de São Pedro. Mons. Echevarría faleceu em 2016, sendo sucedido por Mons. Fernando Ocáriz, que é o prelado atual do Opus Dei desde 23 de janeiro de 2017. Está previsto no direito próprio que a investidura no cargo de prelado é vitalícia e nenhum outro cargo na prelazia é vitalício.

Características.

"Opus Dei é uma organização internacional de leigos, a que também pertencem sacerdotes seculares (uma exígua minoria em comparação com o total de sócios). Seus sócios são pessoas que vivem no mundo e nele exercem a sua profissão ou ofício. Não entram no Opus Dei para abandonar esse trabalho, antes, pelo contrário, para encontrar uma ajuda espiritual que os leve a santificar o seu trabalho ordinário e a convertê-lo também em meio de santificar-se e de ajudar os outros a santificar-se.

Não mudam de estado — continuam a ser solteiros, casados, viúvos ou sacerdotes —, mas procuram servir a Deus e aos outros homens dentro do seu próprio estado. O Opus Dei não está interessado em votos ou promessas; o que pede aos seus sócios é que, no meio das deficiências e erros próprios de toda a vida humana, se esforcem por praticar as virtudes humanas e cristãs, sabendo-se filhos de Deus."

O Opus Dei tem como lema "encontrar Deus no trabalho e na vida cotidiana". Procura a santificação de cada cristão no meio do mundo, através do exercício profissional cotidiano e no cumprimento dos deveres pessoais, familiares e sociais de cada um, de maneira a que cada indivíduo se torne um fermento de intensa vida cristã em todos os ambientes em que se encontre inserido.

Para essa finalidade a prelazia proporciona os meios de formação espiritual e atendimento pastoral aos próprios fiéis e também a muitas outras pessoas. Através desse atendimento pastoral, as pessoas são estimuladas a colocar em prática os ensinamentos do Evangelho, mediante o exercício das virtudes cristãs e a santificação do trabalho.

Isto significa, para os fiéis da prelazia, trabalhar segundo o espírito de Jesus Cristo: realizar as próprias tarefas com perfeição, como forma de dar glória a Deus e servir aos outros, e, deste modo, contribuir para santificar o mundo, tornando presente o espírito do Evangelho em todas as actividades e realidades temporais. Os membros da prelazia praticam também as chamadas normas de piedade, que consistem em, por exemplo, rezar o terço todos os dias, visitar Deus no sacrário ou confessarem habitualmente.

Os seus fiéis realizam pessoalmente a sua tarefa evangelizadora nos vários âmbitos da sociedade em que estão inseridos. Por conseguinte, o trabalho que levam a cabo não se limita a um campo específico, como a educação, o cuidado de doentes ou a ajuda a deficientes. A Prelatura propõe-se recordar que todos os cristãos, seja qual for a atividade secular a que se dediquem, devem cooperar na solução cristã dos problemas da sociedade e dar testemunho constante da sua fé.
  • Vida Diária.
O cristão está chamado a procurar a santidade, isto é, a identificação com Jesus Cristo, através das circunstâncias da sua vida e das atividades em que se ocupa regularmente. Segundo o fundador do Opus Dei: "A vida corrente pode ser santa e plena de Deus; o Senhor chama-nos a santificar as ocupações habituais, porque também nelas se encontra a perfeição do cristão".

Portanto, todas as virtudes são importantes para o cristão: a fé, a esperança e a caridade, apoiadas nas virtudes humanas: como a generosidade, a laboriosidade, a justiça, a lealdade, a alegria, a sinceridade, etc. É pelo exercício das virtudes que o cristão vai-se configurando com Jesus Cristo.

Outra consequência do valor santificador da vida corrente é a transcendência das coisas pequenas que preenchem a existência de um cristão comum. "A santidade grande está em cumprir os deveres pequenos de cada instante", ensinava Josemaria Escrivá. São coisas pequenas, por exemplo, os detalhes de serviço, de boa educação, de respeito aos outros, de ordem material, de pontualidade, etc.: quando se vivem por amor de Deus, esses detalhes não são de pouca relevância para a vida cristã.

Dentre as realidades cotidianas sobre as quais um cristão corrente deve edificar a sua santificação e às quais deve dar, portanto, uma dimensão cristã, encontram-se — para a maioria das pessoas — o matrimônio e a família. "Para um cristão, o matrimônio não é uma simples instituição social, e menos ainda um remédio para as fraquezas humanas: é uma autêntica vocação sobrenatural(…) Os casados estão chamados a santificar o seu matrimônio e a santificar-se a si próprios nessas união (…). A vida familiar, as relações conjugais, o cuidado e a educação dos filhos, o esforço necessário para manter a família, para garantir o seu futuro e melhorar as suas condições de vida, o convívio com as outras pessoas que constituem a comunidade social, tudo isso são situações humanas, comuns, que os esposos cristãos devem sobrenaturalizar".
  • Caridade e Apostolado.
Os fiéis do Opus Dei se esforçam por dar testemunho da sua fé cristã por ocasião das suas atividades ordinárias e do seu relacionamento humano. O seu apostolado dirige-se a todos os homens e mulheres, e é exercido, em primeiro lugar, com o exemplo pessoal e depois mediante a palavra. O desejo de dar a conhecer Jesus Cristo, consequência direta da caridade (isto é, do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos), é inseparável do desejo de contribuir para a solução das necessidades materiais e dos problemas sociais do ambiente.

O apostolado do Opus Dei, é de natureza à conversão individual, não visa conversões em massa. Prima ele pelo trato natural que existe entre amigos.
  • Amor à Liberdade.
Os fiéis do Opus Dei são cidadãos que gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos às mesmas obrigações que os outros cidadãos, seus iguais. Nas suas atuações profissionais, familiares, políticas, econômicas, culturais etc., agem com liberdade e com responsabilidade pessoal, sem pretender envolver a Igreja ou o Opus Dei nas suas decisões, nem apresentá-las como as únicas congruentes com a fé. É a isto que leva o respeito à liberdade e às opiniões alheias.
  • Vida de Oração e Sacrifício.
O espírito do Opus Dei incentiva a cultivar a oração e a penitência, como meios de manter o empenho por santificar as ocupações habituais. Por isso, os fiéis da prelazia incorporam à sua vida determinadas práticas assíduas: meditação, assistência diária à Santa Missa, confissão sacramental frequente, leitura e meditação do Evangelho, etc. A devoção a Nossa Senhora ocupa um lugar importante nos seus corações. Igualmente, para imitar Jesus Cristo, fazem sacrifícios, em especial os que favorecem o cumprimento fiel do dever e tornam mais agradável a vida aos outros, bem como a renúncia a pequenos prazeres, o jejum, a esmola, etc.
  • Mortificação.
Josemaría Escrivá gostava de dizer que as melhores penitências são as que se apresentam por ocasião do próprio trabalho, que se leva na vida ordinária. Falava por exemplo do sorriso quando se está cansado, de terminar bem o trabalho começado, de saber escutar aos demais com paciência e compreensão.

Antonio Fontán Pérez, conhecido membro
da Opus Dei, perseguido pelo regime franquista,
foi o primeiro presidente do Senado na democracia
espanhola, o Instituto de Imprensa Internacional o
considera "Herói da liberdade de imprensa"
Créditos: Wikipédia.
A mortificação corporal, que é praticada com moderação e senso comum, pertence ao patrimônio espiritual da Igreja e é entendida como um sacrifício mental ou físico aos olhos de Deus. Pode cingir-se à renúncia de algum alimento pelo qual a pessoa que se mortifica tenha preferência ou simplesmente por não beber água imediatamente quando se tem sede, ou até mesmo o açoitamento por exemplo. Estes sacrifícios são vistos como uma união à paixão e à cruz de Jesus Cristo e, portanto, como meio de participação na Redenção. Muitos santos a praticaram.
  • Unidade de Vida.
A "unidade de vida" é outro alicerce nos ensinamentos do fundador do Opus Dei. De acordo com sua mensagem, um cristão não deve procurar Deus apenas na igreja, mas também nas menores atividades ou ocupações de sua vida. Deixar de ser cristão quando se sai do templo, como quem tira um chapéu ao entrar num restaurante, é ter "vida dupla".

A "unidade de vida", segundo Escrivá, é uma profunda união com Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Desta forma, o trabalho profissional ou qualquer atividade, incluindo o descanso e o lazer, une-se à redenção operada por Cristo no Calvário, transformando-se em trabalho redentor. Todas as boas obras que fizermos em benefício do nosso próximo são obras de justiça, mas somente a fé em Jesus - o Filho de Deus - pode justificar o homem.

Sobre a "unidade de vida" ensinou São Josemaria: 
Não meus filhos! Não podemos levar uma vida dupla, não podemos ser esquizofrênicos, se queremos ser cristãos: existe apenas uma vida, feita de carne e de espírito, e é esta vida que deve ser, na alma e no corpo, santa e cheia de Deus: este Deus invisível encontramo-lO nas coisas mais visíveis e materiais. Não há outro caminho, meus filhos: ou somos capazes de encontrar o Senhor na nossa vida ordinária, ou nunca O encontraremos.
Os Fiéis da Prelazia.

Segundo Josemaria Escrivá, "o membro do Opus Dei tem a obrigação de cumprir bem com o seu dever, de desempenhar bem a sua função social, de ser um bom marido, um bom pai, um bom filho, um bom estudante, um bom trabalhador, um bom intelectual, um bom profissional, um bom cidadão, tem de respeitar as opiniões dos outros nas coisas temporais, de conviver afectuosa e fraternalmente com os que não são da sua opinião, tem de ser alma de paz, semeador de alegria. Foi assim que a Santa Sé nos chamou num documento de há muitos anos: semeadores de paz e de alegria. E tenho a certeza de que o notais nas vossas famílias, aqueles de vós que têm pessoas do Opus Dei, que fazem de maneira a que haja paz, a que haja alegria, a que haja serenidade; tudo isto é manifestação do facto de que Deus está aí."

A grande maioria dos membros é constituída por leigos. Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja (…) É, pois, claro a todos, que os cristãos de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Na própria sociedade terrena, esta santidade promove um modo de vida mais humano.

O Opus Dei possuía em 2005 aproximadamente 85 mil membros distribuídos pelos cinco continentes. Todos os fiéis da prelatura são membros em igual grau: segundo seus estatutos, todos os membros da Obra são iguais em direitos, deveres e autoridade sob a guia do prelado, líder pastoral da prelatura. Os membros podem ser casados, solteiros, homens ou mulheres.
  • Supernumerários.
A maioria dos fiéis é composta pelos membros supernumerários (supranumerários, em Portugal): são geralmente homens ou mulheres casados, que seguem carreiras convencionais e para quem a santificação dos deveres profissionais e familiares é parte principal da sua vida cristã. Os supernumerários constituem atualmente cerca de 70% do total dos membros do Opus Dei.

Além das atividades normais de qualquer cidadão, os supernumerários devotam algum tempo diário à oração, além de participar de palestras específicas de formação humana e teológica e de participar anualmente em retiros espirituais. Em decorrência de suas obrigações profissionais e familiares não possuem a mesma disponibilidade às atividades da prelatura que os outros membros.
  • Adscritos, numerários e numerárias auxiliares.
Os demais fiéis do Opus Dei são homens e mulheres que se comprometem a viver em celibato, por motivos apostólicos. Alguns moram com as suas famílias ou onde lhes for mais conveniente por motivos profissionais: são os adscritos (agregados, em Portugal) da prelazia. Outros, pelas suas circunstâncias, podem permanecer plenamente disponíveis para cuidar das atividades apostólicas e da formação dos demais fiéis da prelazia: são os numerários, que ordinariamente podem viver em centros do Opus Dei, sem que isto impeça que desenvolvam sua carreira profissional. As numerárias auxiliares dedicam-se principalmente à atenção dos trabalhos domésticos das sedes dos centros da prelazia, que é a sua atividade profissional normal.
  • Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz.
O presbitério do Opus Dei é composto por membros da prelazia, tipicamente numerários e adscritos, que recebem o sacramento da Ordem e estão sob a jurisdição do prelado.

A Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz é uma associação de sacerdotes unida ao Opus Dei. Fazem parte desta associação os sacerdotes que compõem o presbitério do Opus Dei. Estes são membros da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz e estão sob a jurisdição do prelado da Obra. Também são admitidos como membros desta sociedade sacerdotes diocesanos que, permanecendo sob a jurisdição do bispo de sua diocese, procuram trabalhar de acordo com o espírito do Opus Dei e a sua orientação espiritual. Os sacerdotes diocesanos, portanto, não fazem parte do presbitério da Obra, mas apenas associam-se à Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz.

Eram, no ano de 2004, vinte e três os bispos da Igreja Católica originários (incardinados) do clero do Opus Dei; existem mais dezoito bispos originários do clero diocesano que integram a Lista de bispos da Opus Dei, num total de 41 bispos, o que segundo John L. Allen Jr., representaria, em 2004, 0,9% do episcopado católico do mundo, cujo total é de 4.564 bispos.
  • Cooperadores.
Os cooperadores do Opus Dei não pertencem à prelazia mas colaboram com ela de alguma forma: orações, contribuições financeiras ou provendo algum outro tipo de assistência. Os cooperadores não precisam aderir a qualquer requisito especial; são apenas pessoas que apoiam o trabalho do Opus Dei, com o qual partilham ideais. Podem ser cristãos ou não.

Obras Corporativas.

Nas obras de apostolado corporativo, o Opus Dei garante moralmente a orientação cristã da atividade que nelas se desenvolve. Os acordos com a prelazia não modificam de modo algum a natureza civil da entidade interessada. A responsabilidade plena da sua gestão e direção cabe sempre aos seus promotores (pessoas ou entidades civis), e não à prelazia.

Nestes casos a Obra proporciona orientação doutrinal e atenção sacerdotal, sem discriminação de raça, religião ou condição social. Em todo caso deve tratar-se de iniciativas de inequívoco interesse social, sem fins comerciais ou políticos.
  • Iniciativas.
Alguns fiéis da prelazia, juntamente com Cooperadores da Obra e muitas outras pessoas, católicas ou não, promovem iniciativas educacionais, culturais e de promoção social e assistencial, voluntariamente, com uma marcada finalidade de serviço e de formação. No Brasil existem, entre outras, as seguintes atividades:
  1. Centro Educacional Assistencial Profissionalizante de Pedreira;
  2. Casa do Moinho;
  3. Instituto Internacional de Ciências Sociais (ICSS);
  4. Centro de Capacitação Profissional dos Pinhais;
  5. Centro de Estudos Universitários do Sumaré;
  6. Centro Cultural Mirador.
Estatutos.

A prelazia do Opus Dei se submete ao regime estabelecido no Código de Direito Canônico para as prelazias pessoais. Os Estatutos do Opus Dei, foram outorgados pela Igreja e redigidos de conformidade com a Constituição Apostólica Ut Sit do Papa João Paulo II e escritos originalmente em latim, definem de modo preciso a sua configuração jurídica, a sua organização e os seus fins.

Esta prelazia pessoal é governada por um prelado e composta pelos sacerdotes que formam o seu clero próprio e, em sua maioria, por fiéis leigos. O prelado é eleito em caráter vitalício por um Congresso Geral eletivo composto de sacerdotes e membros leigos oriundos das diversas regiões administrativas no mundo onde a prelazia realiza o seu labor apostólico. A sua eleição é submetida à confirmação do Romano Pontífice.

Segundo o Papa João Paulo II: Esta natureza hierárquica do Opus Dei, estabelecida na constituição apostólica com a qual erigi a prelazia (cf. "Ut sit", 28 de novembro de 1982), pode servir-nos de ponto de partida para considerações pastorais ricas em aplicações práticas. Desejo enfatizar, antes de mais nada, que a pertença dos fiéis leigos, tanto à sua Igreja particular como à prelazia, à qual estão incorporados, faz com que a missão peculiar da prelazia desemboque no compromisso evangelizador de toda Igreja particular, tal como previu o Concílio Vaticano II ao criar a figura das prelazias pessoais.

Publicações Oficiais.

Romana: A prelazia mantém uma publicação oficial periódica, semestral, denominada Romana, em italiano, inglês, francês e castelhano, onde são publicados documentos da Santa Sé de maior interesse, informações sobre as atividades do prelado da Opus Dei e dados sobre iniciativas apostólicas promovidas pelos fiéis do Opus Dei. A revista foi publicada pela primeira vez em 1985, em italiano.

A partir do seu número 22, passou também a ser publicada em espanhol e desde o número 24 surgiu a edição em inglês e atualmente em francês. A publicação, que também possui um sítio na internet, atende a um desejo do fundador que escolheu este nome com a finalidade de acentuar o caráter católico, universal, da missão pastoral própria do Opus Dei.

Studia et Documenta: Para promover a investigação e a pesquisa sobre a vida de Josemaría Escrivá e o desenvolvimento do Opus Dei notadamente nas áreas de história, sociologia, espiritualidade e humanidades o Instituto Histórico "São Josemaría de Balaguer" iniciou em 2007 a publicação da revista especializada Studia et Documenta de periodicidade anual. Conta com uma seção de fontes e outra de atualização sobre os principais eventos científicos relacionados com Josemaría Escrivá e o Opus Dei.

Fontes.                                                                                                                                            155 de 186




Nenhum comentário:

Postar um comentário