sábado, 9 de novembro de 2019

O Livro dos Nomes Mortos.

O Necronomicon ("Al Azif", no original árabe), um Grimório proibido, dito pelos poucos que tiveram contanto, suas páginas são de pele humana, das quais diversos tabus mágicos foram escritos em sangue. Sua capa e Negra ou Marrom, dependendo de quem o viu (e sobreviveu para contar), seja ela grega, inglesa ou em latim arcaico. Perdida ou trancafiada a sete chaves no Vaticano e pertencente à lista das obras proibidas, pois conta à lenda que sua leitura transtorna a sanidade mental de quem a possuir. Algumas versões traduzidas em outras línguas são compradas em livrarias ou “baixadas” na Internet, mas nenhuma é a principal, queimada e originalmente escrita em árabe pelo louco Abdul Al-Hazred (ou Alhazred), morto e devorado por uma criatura desconhecida em praça pública diante de testemunhas oculares. Hoje sabemos devido aos estudiosos, ser essa criatura um dos grandes seres assim como o Cthulhu, que mesmo Morto, continua sonhado.

Como é possível perceber nos parágrafos acima, são muitos os mitos do Necronomicon que ao contrário do que é dito, deixou de ser ficção desde que a versão impressa foi escrita e pode ser tocada, sentida e mantida em sua estante de livros com seus mitos e “magias” criando a fábula que envolve a fantástica criação hoje utilizada como “bíblia” em pequenos grupos de fiéis, que crentes nos fatos criados admitem que a obra realmente foi escrita por inspiração de outros mundos.

As contribuições de muitas editoras e outros tantos autores que trabalharam para produzir a estória que o cerca também não pode ser esquecida, outras versões sofreram um certo aumento de conteúdo para enfatizar ainda mais a mítica e fantástica realidade da obra, incluindo informações que só foram registradas a partir do seu primeiro surgimento em um conto publicado na Weird Tales em 1924. O Necronomicon não possui registros antes dessa data.

Paradigmas e conclusões precipitadas criaram a lenda, mas o Necromicon em momento algum teve alguma contribuição esotérica em sua criação, ou fora escrita por um ateu militante que tratava com descrença e ironia qualquer tendência mística ou crença sobrenatural, é quiçá foi que para ele, na realidade era impossível o homem entender qualquer fenômeno transcendental, devido à própria limitação.

O surgimento real do Necromicon é explicado pelo pacato escritor americano Howard Phillip Lovecraft, autor americano de ficção científica, horror e literatura fantástica nascido no ano de 1890 em Providence, Rhode Island, EUA no seio de uma família rica e em decadência financeira atormentado desde sua infância por pesadelos que inspiraram a maior parte de sua obra. Segundo o próprio, o Necronomicon teria sido escrito em Damasco por volta de 730 d.C. por Abdul Alhazred, um poeta árabe louco originário de Sanaa, no Iémen.

O "Necronomicon" é o mais famoso livro fictício dos "Mitos de Cthulhu", nome dado pelo escritor August Derleth à mitologia criada por Lovecraft, e aparece em grande parte das suas obras. Um dos exemplares da obra estaria guardado na biblioteca da Universidade de Miskatonic, sediada em Arkhan. O grimório conteria fórmulas mágicas ligadas à magia negra e aos Antigos, seres descritos especialmente em dois contos, Nas Montanhas da Loucura e A Sombra Perdida no Tempo. Usando esta fórmula de atribuição a um autor antigo de um livro, cuja cópia em seu poder seria a última existente, e usando um contexto fantástico, o autor desenvolve a ideia de um livro mágico, creditando possíveis excessos à alma de poeta do "autor" original. Esta fórmula literária foi também utilizada por Jorge Luis Borges e Umberto Eco nas suas obras.

H.P Lovercraft é o criador do autor Abdul Al-Hazred, seu apelido na época de criança quando fascinava-se com “Mil e uma Noites” contadas por seu tio, e da obra Necromicon. O autor explica em uma carta:
“O Nome Necronomicon (necroz (nekros) = cadáver; nomoz (nomos) = lei; eikon (eikôn) = imagem ou (Uma imagem (ou Figura) da Lei dos Mortos), ocorreu a mim durante um sonho, apesar da etimologia ser perfeitamente aceitável. Ao assinalar um autor árabe para um livro com seu título em Grego eu estava invertendo de maneira caprichosa a condição onde o monumental trabalho de astronomia do Grego Ptolomeu (Megalh Suntaxiz Thz 'Astronomiaz (Megalê Syntaxis Tês 'Astronomias) é comumente conhecido pelo nome árabe Almagest (ou mais precisamente Tabrir al Magesthi), que se originou de uma corruptela do título original quando os árabes fizeram sua tradução megisth (megistê) é o superlativo de megalh (megalê), e os árabes provavelmente acharam uma boa ideia para distinguir esse de trabalhos de um outro (Ptolomeu)”. 
Cartas Selecionadas V, 418.
A obra fez sua estréia na revista norte-americana Weird Tales no conto The Hound (no Brasil publicado como “O Sabujo” no livro “O Horror em Red Hook”, ed. Iluminuras, 1999). “... nós o identificamos com a coisa sugerida no proibido Necronomicon do árabe louco Abdul Alhazred...”. Foi dessa referência em parte da história que nasceu o livro dos mortos, marco da literatura e da cultura fantástica universal.

Logo após essa passagem o autor que já incluirá em suas obras outros livros envoltos em mistérios voltou a mencioná-lo em diversas estórias fantásticas que produziu nos anos 20 e 30 época onde se iniciou a maioria de suas obras. O trabalho de Lovecraft atraiu um grupo de escritores que começaram a se corresponder, tornando o autor conhecido na atualidade pelo trabalho na ficção e terror e ampliando o mundo originalmente criado por ele.

Lovercraft escreveu cerca de 65 contos pequenos, 3 romances (um incompleto), dezenas de artigos e ensaios para revistas científicas e outras de ficção, algumas centenas de poemas e sonetos e mais de 100 mil cartas. Nascia o Lovecraft Circle, “fundado” pelo próprio Lovecraft e dois escritores consagrados: Clark Ashton Smith e Robert E. Howard (criador de Conan – o Bárbaro). Jovens e talentosos escritores como August Derleth, Frank Belknap e Robert Bloch, que escreveu o conto inspirador do filme “Psycho” de onde surgiu o mito de que o Necronomicon foi feito de sangue e pele.

Depois do surgimento do Necronomicon e sua especial divulgação devido ao mistério que envolvia sua história e ao grande número de adeptos ao Circulo a bola de neve desenvolve-se e originou boatos, mitos, lendas e novas versões como veremos a seguir.

O Nome.

Al Azif é título do original em árabe. Segundo Lovecraft, azif é o nome usado pelos árabes para designar aquele barulho noturno, produzido pelos insetos, que supõem ser o uivo de demônios.
  • Necronomicon.
Nome dado à tradução em grego e pelo qual é mais vulgarmente conhecido o "Al Azif". O seu significado não é unânime e são apontadas várias traduções possíveis. As mais comumente utilizadas são "Livro dos Nomes Mortos", "Livro das Leis Mortas", "Imagem da Lei dos Mortos" e "Livro em Memória dos Mortos".
  • Conteúdo.
Alegadamente, o Necronomicon é um grimório onde são descritos numerosos rituais para ressuscitar os mortos, contactar com entidades sobrenaturais, viajar pelas dimensões onde habitam estes seres, trazer de volta à Terra antigas divindades banidas e aprisionadas, etc. É mencionado ainda que a sua simples leitura basta para provocar a loucura e a morte.
  • Ficção Verossímil.
Embora o livro seja fictício, Lovecraft forneceu inúmeros dados supostamente reais a respeito da sua origem e história. Indicou, por exemplo, que o livro foi banido pelo Papa Gregório IX em 1232, logo após a sua tradução para o latim, e que dos exemplares ainda existentes um está guardado no Museu Britânico em Londres e outro na Biblioteca Nacional em Paris. Graças a isso, e apesar do autor ter insistido em numerosas ocasiões que o livro é pura ficção, existem relatos de pessoas que acreditam realmente que o "Necronomicon" é um livro real e o próprio Lovecraft recebeu cartas de fãs inquirindo acerca da sua autenticidade.

Alguns escritores produziram e apresentaram necronomicons diversos. Um de tais escritores é o italiano Frank G. Ripel, fundador de uma Escola de Mistérios - a Ordem Rosa Mística. Em um de seus livros - La Magia Lunar - Ripel fornece uma tradução em castelhano do "verdadeiro Necronomicon" que, segundo Ripel, teria sido formulado há mais ou menos 4.000 anos a.C. O Al Azif seria uma versão espúria, adulterada através dos tempos. O Necronomicon da Ordem Rosa Mística fundamenta uma série de rituais da Ordem e há quem acredite que todas as entidades nele citadas são reais.

Quando transformamos a Ficção em Realidade.

O Necronomicon não existe, nunca existiu e se existe algo hoje em dia com esse título é porque muita gente quer ganhar um trocado em cima das estórias de H.P. Lovecraft.

Lovecraft disse textualmente que o livro não passava de uma peça de ficção, algo que ele inventou para suas estórias. Mas mesmo assim, tem gente que não se convence. Quer acreditar que o Necronomicon existe, que Lovecraft era um ocultista, que ele dominava rituais de magia, que Cthulhu é uma referência ao demônio e blá, blá, blá...

Aqui vai um texto à respeito desse assunto, com aquela que pode ter sido a origem da lenda sobre a existência do verdadeiro Necronomicon.

A coisa começou mais ou menos assim:

No início dos anos 70, no auge da moda ocultista, dois monges ortodoxos teriam procurado o editor Harry Slater para oferecer a ele um manuscrito que seria a única cópia existente de um terrível livro de magia até então desconhecido. O nome do livro era Necronomicon.

Os monges afirmavam ter conseguido o manuscrito após um roubo perpetrado à biblioteca de um Bispo Ortodoxo chamado Simon. Um roubo a uma valiosa coleção de livros de fato ocorreu em 1972, mas embora muitos livros de valor tenham sido levados, o Necronomicon não era um deles. Slater afirmou ter comprado o manuscrito dos monges, mas jamais permitiu que o documento fosse examinado dizendo que seria algo extremamente perigoso. Essa preocupação, no entanto, não impediu que ele mandasse o texto para impressão e o publicasse como sendo um verdadeiro tratado de magia.

Essa história meia boca está por trás da lenda do Necronomicon. Francamente, Lovecraft deve estar dando voltas em sua tumba...

Como tantas pessoas puderam acreditar em uma estória tão estapafúrdia e sem pé nem cabeça?

Vamos por partes.

Herman Slater foi uma figura proeminente entre os adeptos do neo-paganismo e wiccan nos anos 70. Ele era dono de uma livraria popular em Nova York, a Warlock Shop, que vendia todo tipo de bugiganga, quinquilharia e publicava literatura barata sobre o mundo oculto.

Em 1975, a editora lançou a primeira edição de "Necronomicon: o Texto de Simon" (ou "The Simon Necronomicon" como ele ficou mais conhecido). O material era supostamente parte de um manuscrito muito antigo escrito em inglês arcaico.

Segundo boatos, o livro teve uma tiragem de 666 cópias, vendidas a 70 dólares o exemplar (Nessa Brincadeira conseguiram em torno de 46.620 Dólares (Percebam novamente o número da Besta) . Os livros se esgotaram e no ano seguinte uma segunda edição com 3.333 volumes foi para o mercado. Eventualmente, os direitos foram comprados pela Avon Press, que imprimiu o livro em formato pocket book e o comercializou em massa ao custo de 5 dólares. Desde seu lançamento, o Simon Necronomicon jamais esteve fora de impressão e continua sendo vendido até hoje (vá lá conferir no Amazon, é verdade!)

Slater sempre alegou que a misteriosa história do Necronomicon atraía o público. Ele alertava a todos que o conteúdo do livro não era para qualquer um, a não ser os iniciados nos mistérios arcanos. É claro, isso fazia parte do marketing para promover seu produto.

Para começar, o verdadeiro autor de Necronomicon não é outra pessoa senão o próprio Slater. O livro é um tributo medíocre a Aleister Crowley com idéias chupadas de suas teorias e trechos inteiros copiados de livros sérios sobre mitos mesopotâmicos, acadianos e babilônicos. Trocando em miúdos: uma tremenda picaretagem.

Infelizmente a coisa fez sucesso. Esse sucesso se deve em grande parte a campanha do próprio Slater, que verdade seja dita, sabia como se auto-promover. Na época do lançamento do Simon Necronomicon, ele foi a programas de rádio e apareceu na televisão. Alegou que estava sofrendo pressão por parte de grupos conservadores e religiosos que tentavam impedir o lançamento do livro. Nada poderia estar mais distante da verdade... ninguém tinha sequer ouvido falar de Slater ou do livro. Mas a campanha ruidosa conseguiu gerar atenção e despertar interesse da mídia e do público.

Mas sobre o que é o Simon Necronomicon? A introdução diz que ele foi escrito por uma figura identificada apenas como "o árabe louco". O livro é um tipo de testemunho, relatando as viagens desse personagem e suas experiências com os chamados Deuses Ancestrais que "aguardam mortos, mas sonhando"(!). Ele identifica entidades como Kutulu (!!) e Humwawa que seriam poderosos demônios sumérios (!!!). O livro ensina magias, rituais e símbolos de proteção e invocação para esses deuses, convenientemente adaptando rituais enoquianos.

Este Necronomicon que se qualifica como uma fraude completa ao invés de simplesmente uma brincadeira ou um jogo entre amigos. Existem uma série de problemas com este volume, todos indo contra a sua proposta do texto real do Necronomicon. O editor afirma que o original não pôde ser entregue a público para qualquer tipo de confirmação ou exame e que os autores trabalhariam a partir de cópias fotográficas para redigir o livro, mas não permitiu a constatação das mesmas. Além disso, eles afirmam que o manuscrito é em grego quando Lovecraft deixa bem claro que a versão grega do texto se perdeu há séculos.

É evidente que a maior parte do trabalho é composto de adaptações de textos mágicos e religiosos existentes da Mesopotâmia reais, com alguns nomes inventados por Lovecraft espalhados aqui e ali quando não se conseguiram traduzir o texto original. O Necronomicon de Simon também joga no caldeirão materiais Sumérios, Assírios, Babilônios e outros sem discriminar o que é o quê, de uma maneira historicamente impossível de acontecer. As partes supostamente representando línguas originais usadas em vários encantamentos são aparentemente grunhidos sem sentido.

O Simon Necronomicon gostaria que enxergássemos grandes semelhanças entre seu material mesopotâmico e o trabalho de Aleister Crowley e o Mito de Lovecraft, mas não nos oferece nenhuma correspondência entre eles além de notar a correspondência entre o Mito de Lovecraft e a mitologia mesopotâmica. Ele nos diz:
"Lovecraft nos mostrava algo semelhante à mitologia cristã e seu combate entre forças opostas entre Luz e Trevas, entre Deus e Satã, no Mito de Cthulhu."
E novamente:
"Basicamente existem dois grupos de deuses no mito: Os Deuses Mais Antigos, sobre os quais pouco nos é revelado além do fato deles serem uma raça estrelar que ocasionalmente vem até a Terra para salvar a humanidade, e que corresponderiam à 'Luz' no cristianismo; e os Antigos, sobre os quais muito é dito, às vezes em muitos detalhes, que correspondem às 'forças das trevas'. Esses últimos são Deuses Cruéis que não desejam outra coisa que não o mal para a raça dos Homens e que constantemente tentar voltar para o nosso mundo se utilizando um portal ou uma porta que liga a dimensão deles à nossa."
O conhecimento moderno sobre a obra de Lovecraft nos mostra que esta descrição não bate com seu trabalho no qual não existem Deuses mais Antigos nem um conflito cósmico entre o bem e o mal. O termo "Os Mais Antigos" (The Ancient Ones) só é usado em uma história, e nela é explicado de forma clara que eles são moralmente indiferentes à existência do Homem e não que sejam 'malvados'. De fato esta é uma descrição precisa do Mito de Derleth ou invés do de Lovecraft, isso se levarmos em consideração que atribuir conceitos de bondade e maldade às deidades mesopotâmicas "Os Deuses mais Antigos" e "Os Antigos" é a maior tentativa de sincretizar os dois sistemas, e aparentemente essa tentativa foi feita em vão.

Em se tratando das deidades de forma individual Simon não se sai melhor. Cthulhu surge como sendo KUTULU, um nome que nunca apareceu entes desta publicação. Simon deriva este nome de KUTU, a cidade Kutha, e LU, que significaria homem. O problema é que a forma suméria correta seria LU-KUTU se fossem fazer uma composição das palavras. De qualquer forma o nome Cthulhu tem origem alienígena e por isso não faz sentido querer procurar sua origem em alguma cultura humana.

Existe também um Livro de Feitiços do Necronomicon de Simon (originalmente intitulado The Necronomicon Report), que não passa de um livro dedicado aos feitiços que aparecem no capítulo "O Livro dos Cinqüenta Nomes". Outro volume intitulado The Gates of Necronomicon (Os Portões do Necronomicon) foi anunciado como lançamento futuro pela editora, mas aparentemente o projeto nunca foi levado a diante. A editora americana Avon Books relançou o livro Os Feitiços do Necronomicon.

No prólogo da última edição, o nome de H.P. Lovecraft é mencionado (pobre coitado!). O autor afirma que Lovecraft não inventou o Necronomicon. Ele provavelmente recebia emanações psíquicas que partiam de forças obscuras, para que ele compartilhasse a existência do livro com seus leitores. O texto defende que Lovecraft era uma espécie de medium capaz de captar trechos do Necronomicon verdadeiro, mesmo que jamais o tivesse lido.

Papo furado! (ou como diriam os americanos "Bullshit"!)

A verdade é que Lovecraft foi apenas um escritor de estórias de horror e ficção. PONTO FINAL!

Ele não foi um ocultista e muito menos recebia mensagens psíquicas. O homem era um ateu materialista até a raiz do cabelo. Ele defendia que a ciência um dia seria capaz de explicar todas as manifestações aparentemente sobrenaturais e reduzir a fé a um sistema inócuo de crendices.

Alguns fãs, no entanto, parecem desesperados em apontar possíveis ramificações ocultas na biografia de Lovecraft. Eu me pergunto se J.K. Rowling sofre com isso? Será que alguém a idealiza como uma sacerdotiza vodu ou uma hierophanta druídica?

O pior é que os argumentos não se sustentam. Dizem que Lovecraft tinha conhecimento de ocultismo por citar personalidades como John Dee (que realmente existiu) em seus contos. Mas o que isso prova? Qualquer um pode incluir uma figura histórica em sua ficção para torná-la mais autêntica... de fato, autores de ficção fazem isso diariamente.

Há rumores que Lovecraft conheceu Alesteir Crowley pois o mencionava em algumas cartas. Enquecem porém que nos anos 20, Crowley era uma figura pública que aparecia nos jornais e revistas, inclusive nas revistas que Lovecraft lia em busca de inspiração. Em contrapartida, não há nada na biografia de Crowley que cite o nome de Lovecraft, o que faz muito sentido, já que sua obra só passou a ser relevante anos após a sua morte.

Mas aqueles que querem à todo custo fazer de Lovecraft um ocultista não desistem facilmente. Um dos argumentos mais comuns afirma que o Necronomicon é um livro real, um tomo de magia verdadeiro e que, portanto, se Lovecraft sabia de sua existência, sem dúvida o havia lido.

Alguns afirmam que o Necronomicon existe porque ele cita corretamente trechos da mitologia babilônica. Ora, se é assim podemos considerar que a Mulher Maravilha existe, simplesmente porque suas estórias envolvem personagens da mitologia grega?

O Necronomicon é algo de que Lovecraft se orgulhava de ter criado. Era perfeito para o tipo de estória na qual ele se especializou. Uma obra misteriosa, ao mesmo tempo profana e perigosa, cujo conhecimento trazia a ruína e a loucura.

Lovecraft não se cansava em dizer que o Necronomicon não existia. Em 1933 ele escreveu para seu colega Robert Bloch:
"Por falar nisso, não existe tal coisa como o Necronomicon ou o árabe louco Abdul Alhazred. O livro é algo que saiu da minha imaginação e que parecia, modéstia à parte, bom demais para não ser usado repetidas vezes"
Em janeiro de 1934 ele foi mais longe ao contar a uma leitora o seguinte:
"Sobre o Necronomicon - devo confessar que esse abominável volume é meramente fruto da minha imaginação! Inventar livros tão horríveis é uma espécie de passatempo entre os autores da ficção fantástica... muitos dos escritores que contribuem com a Weird Tales inventaram seus próprio títulos. É divertido perceber como outros escritores usam personagens e livros imaginários em suas próprias estórias. É por isso que Clark Ashton Smith fala sobre o Necronomicon, enquanto eu me refiro ao Livro de Eibon, uma criação dele. Esta troca de idéias ajuda a construir um histórico pseudo-convincente, uma mitologia negra, lendária e realista - embora, é claro, nenhum de nós deseja enganar os leitores afirmando ser remotamente verídica".
Mas apesar de negar veementemente a existência do Necronomicon, as pessoas ainda pareciam duvidar. Parece inerente aos fãs desejar algo mais - pergunte aos fãs do Código Da Vinci. Mesmo quando Lovecraft ainda era vivo, fãs enviavam cartas à Weird Tales perguntando se o livro realmente existia. Lovecraft educadamente respondia que a obra não passava de ficção.

Em Julho de 1933, ele comentou com Robert Bloch:
"Esse mês o Necronomicon foi citado em três oportunidades o que me trouxe uma série de questionamentos por parte de leitores à respeito de sua existência e como tal livro poderia ser obtido. Em cada caso eu confessei que o livro não passa de uma fraude fictícia".
O interesse no Necronomicon era tão grande que o editor da Weird Tales, Farnsworth Wright, chegou a sugerir que o autor explorasse o interesse e escrevesse o tal livro de uma vez por todas.

Em tom de brincadeira Lovecraft comentou com Robert E. Howard em Maio de 1932:
"... quanto a escrever o Necronomicon, quisera ter a energia e genialidade para fazê-lo! Daria muito trabalho relacionar todos os temas que eu atribui a esse livro. Eu poderia, no entanto, escrever uma edição censurada do Necronomicon - contendo apenas as partes que seriam razoavelmente seguras para a humanidade conhecer! O velho Abdul enfim seria imortalizado!"
Há muitas outras cartas escritas por Lovecraft demonstrando que o Necronomicon jamais existiu. De fato, ele parecia se divertir com as insinuações que o livro era algo verdadeiro, mas sempre deixava claro que não era esse o caso.

Quando Lovecraft morreu na obscuridade em 1937, seus colegas mantiveram vivas suas criações. O Necronomicon continuou sendo utilizado em contos e estórias curtas de outros escritores e à medida que a obra de Lovecraft foi sendo lentamente redescoberta por toda uma geração de leitores: o árabe louco, Cthulhu e o Livro dos Mortos começaram a chamar a atenção.

Outros Necronomicos (Ou Al Azifs)
  • O Necronomicon De Camp - Scithers.
O biógrafo de Lovecraft e escritor de ficção científica L. Sprague De Camp narra um conto de intrigas sobre de como conseguiu contrabandeá-lo, intitulado Al Azif do Iraque conseguindo escapar de vários perigos. Na verdade o livro publicado pela Owlswick Press consiste meramente de oito páginas contendo textos sírios escritos de desconexa repetidos várias e várias vezes. O próprio De Camp disse: "Eu espero que vocês se divirtam com essa introdução - mas eu também sei que vocês não vão levá-la a sério. Eu posso um dia desejar voltar ao Iraque e espero que essa minha brincadeira não crie complicações para a minha visita”.
  • O Necronomicon de Wilson-Hay-Turner-Langford.
Pouco esforço foi necessário para se descobrir que esta versão do Necronomicon era falsa, já que o próprio Colin Wilson adimitiu isso: "De fato, qualquer um com a menor noção de latim irá instantaneamente reconhecer o livro como sendo uma fraude, ele recebe o subtítulo de O Livro dos Nomes Mortos (Aqui no Brasil saiu publicado como "Necronomicon, O Livro dos Mortos", n.t.), quando a palavra Necronomicon significa realmente o livro das leis dos mortos." De fato, qualquer um com a menor noção de latim irá instantaneamente reconhecer que o título está escrito em grego. Em sua maior parte o livro é uma coletânea de material de ocultismo, com receitas mágickas típicas se utilizando de alguns nomes existente no Mito de Cthulhu.

A versão americana também incluía dois ensaios supostamente escritos antes da descoberta da chave para decifrar o manuscrito, e se alguma coisa vale a pena nesta versão do Necronomicon são esses ensaios. Eles são: "Dreams of Dead Names: The Scholarship of Sleep" por Christopher Frayling, que por sinal incluem uma pesquisa detalhada de como Lovecraft inventou Abdul Alhazred e o Necronomicon, e "Lovecraft and Landscape", por Angela Carter.

(No Brasil este livro foi publicado pela editora Anúbis, esses ensaios foram deixados de fora e em seu lugar existe um estudo introdutório sobre os grimórios através dos tempos e algumas partes do Grimório do Papa Honório III, n.t.).
  • O Necronomicon de Gregorius.
Publicado na Alemanha em alemão intitulado como Das Necronomicon: Nach den Aufzeichnungen von Gregor A. Gregorius (O Necronomicon: Da Trancrição de Gregor A. Gregorius). Esta é simplesmente uma tradução do Necronomicon de Simon. O volume inclui também uma versão alemã de um autêntico grimório medieval intitulado Goetia ou Lesser Keys of King Solomon.
  • O Necronomicon de Quine.
A suposta tradução do Necronomicon feita por Antonius Quine parecer ser tão falsa que ela sequer existe.
  • O Necronomicon de Ripel.
Publicado por Frank G. Ripel, cabeça da Ordo Rosae Mysticae (Ordem da Rosa Mística), na Itália, 1987-1988, como parte da Trilogia Sabaean inclui um livro chamado Sauthenerom, de origens egípcias e um texto do Necronomicon, que supostamente teria 4000 anos de idade e que teria sido plagiarizado por Abdul Alhazred.
  • O Necronomicon de Perez-Vigo.
Recentemente publicada na Espanha a versão de Fernando Perez-Vigo inclui um Tarô Necronômico juntamente com um texto derivado dos Necronomicons de Ripel e de Wilson-Hay-Turner-Langford.
  • O Necronomicon de Lin Carter.
Lin Carter escreveu vários contos curtos que supostamente seriam capítulos da tradução do Necronomicon feitas por John Dee. Elas relatam várias aventuras de Abdul Alhazred. Obviamente e explicitamente declaradas como sendo fictícias estas versões inclusas simplesmente para deixar o trabalho o mais completo possível.

A versão de Lin Carter está inclusa em um volume disponibilizado pela Chaosium, editada por Robert M. Price e entitulado The Necronomicon: Selected Stories and Essays Concerning the Blasphemous Tome os the Mad Arab, contendo uma série de trabalhos interessantes.
  • O Necronomicon de H.R. Giger.
O surrealista suiço H.R. Giger usou o título Necronomicon para uma compilação de sua arte necroerótica. Obviamente este trabalho não clama ser o Necronomicon autêntico, mas foi incluído aqui não somente para tornar a , mas como forma de elogiar seu fantástico trabalho. Giger também produziu uma seqüência a seu trabalho intitulado Necronomicon II.
  • The Necronomicon Project.
Este é um trabalho em conjunto para criar um Necronomicon falso na Internet. Não existe nenhuma tentativa de se provar que os resultados deste trabalho sejam o real Necronomicon.

Fontes.                                                                                                                                            154 de 186

https://pt.wikipedia.org/wiki/Necronomicon

http://mundotentacular.blogspot.com/2012/02/verdades-e-principalmente-mentiras.html

http://mundovampyr.blogspot.com/2008/03/necronomicon-o-livro-dos-mortos.html

Um comentário:

  1. The Necronomicon Project, once hosted by Arrakis. The author recreated the rituales and illustrations according to what Simon's Necronomicon would look like if it had been 100% real and verified:

    https://alexanderstrauffon.blogspot.com/2007/12/El-Proyecto-Necronomicon.html

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