Os Mitos.
Cthulhu teve sua primeira referenciação no conto "O Chamado de Cthulhu" (do inglês The Call of Cthulhu), na forma de uma estatueta de argila, representando um híbrido de octópode, ser humano, e dragão (de acordo com descrições do próprio autor). Ele está ligado ao mito dos Grandes Antigos (do inglês Great Old Ones), que surgem constantemente ao longo de toda sua obra, como em Nas Montanhas da Loucura (At the Mountains of Madness), A Sombra Vinda do Tempo (Shadow Out of Time), Um Sussurro nas Trevas (Whisperer in Darkness), entre outros. Segundo os Mitos, a Terra teria sido habitada, há bilhões de anos, por criaturas que aqui teriam chegado antes que nosso planeta fosse capaz de gerar ou sustentar vida por si próprio. Eles, e não Deus, teriam criado a vida: o próprio Homem seria uma criação deles, gerada unicamente por escárnio e servitude. Em contos posteriores, fica implícito que os Grandes Antigos seriam criadores do próprio universo, e de todos os seres nele presentes.
Isso foi suficiente para que Lovecraft fosse considerado pelas igrejas fundamentalistas do mundo inteiro, que acreditam na versão da criação bíblica, como blasfemo. Os Grandes Antigos teriam Cthulhu como um de seus líderes (de acordo com os contos, seria o Alto Sacerdote, responsável pelo ressurgimento de todos os outros quando as estrelas estivessem alinhadas devidamente), embora existam outros monstros na "Literatura Lovecraftiana" ainda mais estranhos e cruéis, como, respectivamente, o Demônio-Sultão Azathoth e o Mensageiro dos Deuses Exteriores Nyarlathotep. Os Mitos são uma metáfora para a insignificância humana diante da magnitude do Universo: mais do que malevolentes, os monstros dos Mitos são, na verdade, friamente indiferentes à existência e sofrimento humanos, encarnando as verdadeiras forças da Natureza.
Os Mitos segundo Derleth.
Após a morte de Lovecraft, Derleth se tornou o mais famoso escritor a incorporar os Mitos em sua histórias. Mas Derleth o fez segundo sua própria visão, incorporando propriedade do cristianismo e do dualismo aos Mitos, tornando-os uma batalha do Bem contra o Mal, ao invés do universo caótico, hostil e desprovido de sentido que caracterizava os contos lovecraftianos. Muitos leitores de Lovecraft consideram a intervenção de Derleth prejudicial à obra original. Lovecraft era ateu e afirmava que os valores éticos ocidentais, pregados por Kant, eram uma piada. Os Mitos, na visão de Lovecraft, não foram criados como uma mitologia coesa, e sim como uma coletânea de idéias que poderiam ser usadas para provocar as mesmas emoções. Coloca-los como parte de uma batalha entre bem e mal seria tirar deles o que os tornava incomparavelmente hediondos: um propósito além de nossa compreensão, e uma brutal e cruel indiferença em relação a condição humana.
Os Grandes Antigos.
Os Grandes Antigos são seres incrivelmente poderosos, mas estão um degrau abaixo dos Deuses Exteriores na Hierarquia dos Mythos.
Eles são seres muito antigos para os padrões terrestres, muitos antecederam aos primeiros homens, alguns são até mais antigos que a formação de nosso próprio planeta e sistema. Grandes Antigos dominam tecnologia, conhecimentos esotéricos, magias ou mesmo a combinação de todos esses elementos. O poder de alguns faz com que sejam vistos como Deuses, manifestações vivas de poder...
Mas eles possuem algumas limitações.
Os Grandes Antigos não são forças primais do cosmos, mas criaturas sujeitas às leis da natureza. Ao contrário dos Deuses Exteriores eles não podem alterar os ditames cósmicos da realidade ao seu bel-prazer. Para eles o tempo, o espaço, o caos, a criação e a entropia são conceitos imutáveis aos quais eles precisam se adequar.
Se por um lado eles são condicionados por estas regras, por outro eles possuem a prerrogativa de possuir uma consciência - por mais alienígena e estranha que ela possa ser. Isso significa que estes seres possuem objetivos, agendas e planos.
Eles não são meros espectadores no cosmos, como ocorre com os titâncos Outer Gods. Eles interagem entre si buscando estabelecer bases de poder, coerção e conquista. Embora seus planos nem sempre sejam perceptíveis, os Grandes Antigos desempenham o papel de jogadores no tabuleiro do universo.
A aparência física dos Grandes Antigos varia incrivelmente, mas eles parecem compartilhar de algumas características comuns tais como telepatia, tamanho colossal e capacidade de existir perpetuamente.
A origem de tais seres é desconhecida e tratada como um dos grandes mistérios da criação. Qual a força que poderia ter dado origem a esses titãs e qual o berço que os gerou na existência?
Há milhões de anos, os Grandes Antigos surgiram em nossa realidade. Possivelmente alguns nasceram aqui, enquanto outros tantos vieram de algum plano superior ou realidade paralela rasgando o tecido dimensional. Um número considerável deles se estabeleceu em nosso sistema solar, um número alarmante na Terra. Alguns teóricos imaginam qual a razão disso ter acontecido, porque esses seres de enorme poder teriam escolhido justo nosso planeta para fixar residência?
A resposta passa por uma constatação desagradável: talvez esse não seja "nosso" planeta. É possível que "nós" sejamos os invasores no planeta Deles. Como parasitas que se fixaram no corpo de um animal em hibernação, indesejáveis, mais cedo ou mais tarde, seremos removidos.
Há poucos documentos que se referem chegada dos Grandes Antigos. E o conhecimento a respeito é apócrifo, para dizer o mínimo. Algumas tradições místicas detém textos com esse saber, mas até que ponto eles podem ser levados em consideração, depende da credulidade do leitor. Alguns destes textos teriam sido ditados pelos próprios Grandes Antigos em sonhos, mas novamente não há como saber ao certo.
Documentos ancestrais escritos de forma críptica afirmam que os Grandes Antigos vieram das estrelas e há razão para acreditar que ao menos isso seja verdade. A primeira morada de alguns deles foram estrelas distantes, quando elas ocupavam posições bem diferentes. Por algum motivo esses seres empreenderam uma espécie de êxodo espalhando-se pelo cosmos. Uma fuga? Uma expansão? Nunca saberemos ao certo.
Foi nessa época que o Grande Cthulhu, apontado como o mais poderoso dos Antigos se fixou em algum lugar da vastidão marítima que seria um dia chamado de Pacífico. Lá Cthulhu ordenou a construção de uma gigantesca cidade de pedra que serviria de capital para suas conquistas futuras. Foi nesse tempo que Tsathogua se estabeleceu no planeta Saturno, que Hastur tomou posse de Aldebaran, que Glaaki mergulhou nas profundezas de um lago no coração das Ilhas Britânicas e tantos outros reivindicaram domínio sobre alguma área ou território.
Por milênios os Grandes Antigos estiveram plenamente ativos. Eles guerrearam entre si, exploraram os confins do universo, encontraram civilizações, construíram cidades majestosas, foram venerados, conquistaram e destruíram planetas. Alguns deles fundaram impérios e tiveram crias tão abomináveis quanto eles mesmos.
Mas então houve uma grande mudança que afetou o Universo como um todo.
Alguma força cósmica irresistível afetou os Grandes Antigos de tal maneira que eles perderam sua liberdade. Os teóricos se referem a essa condição como o Confinamento, Aprisionamento ou o Longo Sono. O fato é que os Grandes Antigos repentinamente tiveram de se retirar para um longo exílio que dura até os dias de hoje.
Não sabemos o que causou essa mudança. Não há nenhum tratado que elucide de forma incontestável que evento foi esse capaz de mudar o panorama pelos próximos milhões de anos. O fato é que esses seres tão poderosos se viram de um momento para o outro confinados.
Há, contudo, teorias:
A primeira hipótese se refere a existência de toda uma hoste de seres tão ou mais antigos que os Grandes Antigos. Esses seres coletivamente são chamados de Elder Gods (Deuses Antigos) e para alguns estudiosos eles poderiam ser mestres ou rivais dos Grandes Antigos. Teóricos postulam que eles seriam nativos do mesmo lugar de onde surgiram os Grandes Antigos e por alguma razão os teriam rastreado e seguido até o nosso Universo. Há especulações de que os Grandes Antigos seriam culpados de algum crime ou ofensa.
Seja qual for a razão, os Deuses Antigos teriam lançado algum tipo de maldição ou magia para punir os Grandes Antigos. Como efeito eles foram aprisionados. Mas essa prisão não será eterna, por mais tempo que demore, os Grandes Antigos são pacientes e imortais. Segundo o dogma dos Mythos, um dia eles irão conseguir escapar deste confinamento para uma vez mais desafiar a supremacia de seus captores.
A segunda teoria afirma que os Grandes Antigos impingiram a si mesmos, por motivos insondáveis, seu próprio confinamento. Se isso é verdade, nós só podemos imaginar por que eles o fizeram ao mesmo tempo e de comum acordo. Uma teoria relacionada, sugere que o cosmos possui seus próprios ciclos, assim como a Terra experimenta diferentes estações ao longo do ano. Da mesma maneira que ocorre com certos animais, que necessitam hibernar durante o inverno, os Grandes Antigos também estariam sujeitos a esse sono similar à morte.
Essa teoria é reforçada por uma peculiaridade do confinamento dos Grandes Antigos. Ainda que estejam presos em suas tumbas, eles permanecem sonhando com o momento em que estarão uma vez mais livres.
O árabe louco Abdul Alhazred escreveu em seu tratado mais conhecido, o Necronomicon a famosa rima que atesta que o confinamento dos Grandes Antigos não é perpétuo:
Não está morto Aquele que pode eternamente jazer, E em estranhas Eras mesmo a morte pode morrer.Para os mais versados estudiosos, as estrelas marcam a data secreta, quando as paredes da prisão irão se desfazer. Astrônomos ao longo das eras tentaram precisar quando se dará esse alinhamento fatídico, mas esse segredo talvez não possa ser decifrado. Esperançosamente isso ainda levará milênios e nós como raça não mais estaremos aqui. Do contrário a humanidade descobrirá da pior forma seu mísero papel no plano universal.
Alguns seres humanos, os mais sensitivos, sempre foram capazes de captar as emanações psíquicas dos Grandes Antigos. Eles recebem essas mensagens através de seus sonhos, visões ou presságios. Ainda que muitas dessas mensagens sofram distorção, não há dúvida de que foram elas que deram origem às abundantes lendas sobre Titãs aprisionados e heróis adormecidos recorrentes em tantas mitologias.
Foram estes visionários conectados com os sonhos dos Grandes Antigos que estabeleceram os primeiros cultos. Alguns deles aprenderam magias, rituais e cerimônias para honrar seus Deuses e esperam ansiosamente pelo dia em que Eles despertarão.
Ao contrário dos Deuses Exteriores, um grande número de Grandes Antigos é conhecido, eles existem em um número assustador. Eis alguns dos mais importantes:
- Grande Cthulhu, o Lorde octopus da cidade cadavérica de R'Lyeh, dorme sob as águas do Oceano Pacífico em sua tumba submersa,
- A entidade batráquia Tsathogua, cochila pela eternidade nas cavernas escuras de N'Kai,
- Hastur, o Inominável, habita o escuro Lago de Hali sob o signo de dois sóis em algum lugar de Aldebaran,
- Yig, pai das serpentes e répteis, que simboliza o medo das criaturas peçonhentas rasteja em câmaras escuras e recessos profundos,
- Ithaqua, aquele que deu origem às lendas dos Wendigo, compartilhada pelos povos nativos do Norte, está confinado no Ártico, em nosso próprio planeta,
- Y'Golonac, o brutal senhor das obscenidades e vícios habita uma cela intransponível construída com tijolos,
- Glaaki dorme nas profundezas de um lago de águas plácidas que de tempos em tempos se agita evidenciando a presença de uma forma vil em seu interior,
- Cthugha, a chama viva arde para sempre nas imediações da estrela de Formahault.
Fontes. 161 de 186
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitos_de_Cthulhu
http://mundotentacular.blogspot.com/2010/11/hierarquia-dos-mythos-grandes-antigos.html (Fonte Principal)
https://doctorwho.fandom.com/pt/wiki/Grandes_Antigos
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