quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Saeculum Obscurum. Pod(r)er e Sexo no Papado.

Se existe uma Matéria Escolar da qual eu gosto, essa é a História (É um pouco de Geografia) uma frase dita por George Orwell faz todo o sentido quando analisamos a História, de cabo a rabo. A História é escrita pelos Vencedores. Quando estudamos a História apenas ouvimos uma parte (Geralmente a Vencedora) e ignoramos a outra parte.

A outra parte geralmente e descrita como uma visão fantástica, da qual ocorreu, ao mesmo tempo que não ocorreu, uma parte da qual a ficção e a realidade se misturam em uma só.

Fantástico ou não o que ocorreu de fato na Idade Média, faria você pensar se realmente não é uma criação moderna de alguma série (Pseudo) histórica. A idade média além de ser recheada de mitos e lendas, também e completada por histórias reais das quais como mencionei seriam dignas de serem criações modernas, mais não. elas realmente ocorreram. Se hoje temos a Internet que noticia a cada 10  minutos as principais informações politica de cada país, voltaremos em uma época da qual tais noticias assim eram reservados apenas a alta classe.

Durante a Idade Média a Igreja Católica era a instituição mais poderosa do mundo ocidental, sendo que os reis e governos estavam abaixo dela e deveriam respeitá-la. Não era incomum neste período, existi uma grande influência na compra, venda e negociação de títulos eclesiásticos. Não havendo seminários de formação como os de hoje (criados somente no século 16), rapazes de apenas 22 anos poderiam ser nomeados cardeais ou arcebispos graças às fortunas e influência de seus familiares.

Escolhi a Idade Média para iniciar essa série de Posts de História, afinal quando lembrados de Idade Média, lembrados de Cavalaria, Dragões, Castelos, Berserk, Guerras. A Idade Média é conhecida pelo seu pseudônimo mais famoso, Idade Das Trevas.

E entre os anos da Idade das Trevas que outro termo é cunhado devido a escuridão que rondou Roma por quase 60 anos tal alcunha, Saeculum Obscurum (Século Obscuro), foi primeiramente identificado e nomeado pelo Cardeal italiano e historiador eclesiástico César Barônio em seu Annales Ecclesiastici (Olha o duplo sentido), no século XVI, cuja fonte primária foi de Liutprando de Cremona.

Saeculum Obscurum, o nome em si soa como um dos inúmeros de feitiço do Harry Potter, mais não é. Saeculum Obscurum é um dos inúmeros nomes da recebeu a Idade das Trevas, termo designa principalmente um período na história do Papado que se estendeu da primeira metade do século X, com a instalação do Papa Sérgio III em 904 por sessenta anos, e terminou após a morte do Papa João XII em 963. Algumas fontes afirmam que este período foi menor, tendo durado apenas 30 anos e terminado com 935 com o reino do Papa João XI.

Que Diabos foi o Saeculum Obscurum?

O historiador Will Durant se refere ao período de 867-1049 como o ponto "mais baixo do papado". Outros estudiosos têm utilizado termos pejorativos para este período, como Pornocracia (originalmente nomeado em alemão: Pornokratie - porno, prostituta e kratein, governo) ou ainda Governo de Meretrizes (Alemão: Hurenregiment), ambos inventados por teólogos protestantes alemães no século XIX.

É interessante pontuar que durante os séculos 15 e 16, Roma era conhecida como “a Prostituta da Europa”. Havia vários bordéis e casas de banho especializadas em atender aos religiosos e peregrinos; desde prostituição heterossexual até prostituição homossexual. A venda de relíquias supostamente santas e a venda de indulgências para a construção do Complexo Vaticano que conhecemos hoje revoltou uma série de burgueses e religiosos do baixo clero, dentre eles Martinho Lutero, que graças a isso – e com outros objetivos variados – iniciou o movimento conhecido como Reforma Protestante.

Em seus relatos e de outras pessoas daquela época, Lutero cita que em Roma havia prostituição em todos os cantos; religiosos procuravam por dinheiro e a cidade “cheirava a sexo”. A luxúria explodia em bordéis extremamente luxuosos para altos cardeais, arcebispos e papas, ou pequenas casas para religiosos menores na hierarquia religiosa. A partir deste contexto que os alemães criaram a nomenclatura “Pornocracia”.

Também é justamente deste período entre 867 e 1049 que vemos o curioso caso da suposta Papisa Joana, da qual e dito por alguns uma história inventada por iconoclastas para quebrar a imagem da Igreja, instituição mais forte e poderosa da época.

Durante este período, os Papas eram fortemente influenciados por uma poderosa família aristocrática, Os Teofilactos e seus parentes e sob forte influência de mulheres - embora não fossem prostitutas - em especial Teodora e sua filha Marózia. A família Teofilacto ocupava posições de importância crescente na nobreza romana; Teodora (mãe) e suas filhas, Teodora e Marozia tinham uma grande influência sobre a escolha do papa e dos assuntos religiosos em Roma, através de conspirações, negociatas e casamentos.

De acordo com Antapodosis sive Res per Europam gestae (958-62), de Liutprando de Cremona (c. 920-72), Marozia teria sido concubina do papa Sérgio III, quando ela tinha 15 anos e mais tarde teve outros amantes e maridos. Segundo Liutprando, João X foi nomeado para o cargo por Teodora, Marozia tornou-se sua amante e mais tarde o assassinou através de seu marido, Guido da Toscânia, para eleger seu favorito atual como o Papa Leão VI, que posteriormente também foi assassinado e substituído pelo filho de Marózia, como o Papa João XI. (Calma que vamos entende essa Orgia toda, e de Orgia, o Saeculum Obscurum está repleto)

Considerado o período mais baixo da história da Igreja Católica, Utilizando-se dos Annales Eclesiasti de Liutpranto de Cremona, Baronius trouxe à luz muitos acontecimentos tenebrosos desse período, para mostrar ao mundo que a Santa Igreja nada tinha a esconder.  A verdade seria contada, ainda que isso denotasse vergonha pelos atos de alguns dos homens que, mesmo indignamente, ocuparam o trono de Pedro. (Este esforço de transparência aconteceu no século XVI!)

Representação de Marózia
Teofilacto, peça chave no
chamado Saeculum Obscurum.
Os demais historiadores, por sua vez, chamaram o período de um nome bem menos elogioso: Pornocracia. Foram cerca de 59 anos, de 903 a 963, somente comparáveis à decadência e à devassidão perpetradas por Nero, Tibério, Calígula e Helioboros.

A origem de todo essa disputa política-religiosa recai apenas sobre uma família de nobres romanos, mais precisamente sobre certas mulheres dessa família: Os Teofilactos. O destino de Roma esteve por algum tempo ligado aos caprichos daquelas "senhoras", em especial Teodózia e suas filhas Marózia e Teodózia, a jovem. Não eram prostitutas na acepção da palavra, mas faziam por merecer o título.

O período que vai de 880 a 1046 registrou o maior número de papas da história: 48, que dá uma média de um ano e meio para cada papa.  

Antes de mais nada, os dois primeiros papas que veremos não fazem parte da lista de escroques: foram apenas vítimas da balbúrdia que já vinha sendo tramada pelos Teofilactos.

Bento IV (900 - 903) - Durante o seu papado, os partidários do vilipendiado Papa Formoso e seus opositores provocaram uma guerra civil. (Falarei em um Post a Parte sobre essa história´do Papa Formoso)

Bento IV era um bom homem, que pouco pôde fazer diante da devassidão que surgia no horizonte.  Restou a ele convocar um sínodo para tentar arrumar minimamente as coisas.  Culto e gentil, foi vítima das intrigas e da mesquinharia demoníaca dos Teofilactos. Teve ainda que enfrentar os húngaros e os sarracenos que batiam às portas de Roma.

Com a morte de Lambert, o jovem Rei, a Itália mergulhou no caos e os Estados Pontifícios perderam seu protetor, Berengário. Este podia suceder o rei, mas foi derrotado pelos magiares e teve suas pretensões contestadas por Luís II, O Cego, de Provença.  Bento cometeu o erro de coroar Luís.  Logo em seguida, recuperando suas tropas, Berengário depôs Luís e o expulsou da Itália.

A generosidade desse papa, sua bondade e seu zelo pelo patrimônio público são lembranças de que ainda havia no mundo homens dignos.  Suspeita-se que tenha sido envenenado pelos partidários de Berengário.

Leão V - Leão V foi, antes de mais nada, uma vítima, vítima de um mundo ao qual ele não pertencia, vítima da maldade humana, vítima de seres imundos que inundaram Roma e a Casa de Deus de imundície. Era apenas um sacerdote de uma cidadezinha a 35 km de Roma (Príapo), cuja boa reputação repercutia naquela região. Foi uma ovelha jogada em meio aos lobos. Seu pontificado durou apenas dois meses.

O ambicioso sacerdote geral da igreja de São Dâmaso, Cristóvão, promoveu uma revolução palaciana com o intuito de assumir o trono.  O Papa Leão V foi jogado às masmorras.  Cristóvão assumiu o papado, mas nem esquentou lugar, pois foi logo deposto pelo infame Sérgio III. Ambos, Leão V e Cristóvão, foram torturados por meses antes de serem assassinados na prisão.

Somente registros extra-oficiais sobraram desse período (presume-se que queriam apagar Leão V da existência).

Os 07 Papas do Governo das Prostitutas (Pornocracia).

Representação de Marózia
Pornocracia, segundo a definição moderna seria governo das Prostitutas. Tal fato teria ocorrido por durante 30 anos com o reinado de duas "senhoras" que se tornaram ativas neste reinado, Teodora e sua filha Marózia Teofilacto.

A bela, ambiciosa e voluptuosa Teodora, que ensinou todas as artes a sua filha Marózia, queria que sua família aristocrática e poderosa fosse ligada ao Papado. Para conseguir isso, ele usou mil truques e não cogitou em realizar alguns assassinatos, até que seu amante fosse nomeado Papa como Sérgio III. Foi o ano 904 e diz-se que foi o pior que a Igreja teve, devidos aos múltiplos crimes em que ele estava envolvido e por sua luxúria sem limites.

Marózia superou sua mãe: Ela iniciou sua carreira aos 15 anos no quarto Papal e se tornou uma das mulheres mais poderosas de seu tempo. Se tornou conhecida universalmente por sua libertinagem e seus crimes, manchada por uma longa série de adultérios e uniões incestuosas, recebeu dos príncipes italianos, como preço de sua devassidão, a propriedade do Castel Sant'Angelo e o governo da cidade de Roma com o título de Senatrix e Patrícia romana. Sua estratégia era dormir com os pontífices e poderosos, apenas para obter vantagem, sejam elas políticas ou eclesiásticas. Sua particularidade consistiu em ter alcançado, em uma atmosfera como a pontifica, a capacidade de determinar a eleição de vários Papas e ordenar a morte de alguns deles.

Ele fora amante do amante de sua mãe, Sérgio III, e teve um filho com ele. Algumas fontes dizem que Sérgio era o verdadeiro pai de Marózia, o que caracteriza um grave incesto. Ela se casou com a idade de dezessete visivelmente grávida, e aos 19 anos ela mandou matar o Sumo Pontífice, seu amante e seu pai.


Teodora e Marózia escolheram o novo Papa, o usaram como amante e fantoche e depois o mataram; às duas usaram a combinação de sexo e intriga para levar vários papas ao trono de Pedro (E sua próprias camas) e se livrar deles tão facilmente quando eles deixaram de ser úteis. No entanto, João X, o amante de Teodora, teve a oportunidade de demonstrar sua coragem como estadista e soldado quando os sarracenos alcançaram 50 quilômetros de Roma e finalmente conseguiram derrotá-los.

Isso desagradou tanto a mãe quanto a filha e transformou Roma em um caldeirão de rancores, rancores e ódio visceral contra João X. No meio de uma intriga e vingança, os pais e o primeiro marido de Marozia foram assassinados; Ela se casou novamente, inventou um plano para assumir o poder de Roma, mas ela falhou; Quando ela tentou novamente, ela triunfou e enviou João X para a prisão, aonde morreu.


A confiabilidade histórica das acusações feitas contra Teodora e Marózia é uma questão aberta. Muitas das evidências derivam da história do Liutprando. Mas Liutprando participou da Assembleia dos bispos que depuseram João XII e era um inimigo político de Roma, descrito pela Enciclopédia Católica como "frequentemente fortemente partidário e muitas vezes injusto para com seus oponentes". Nesta visão, aqueles descritos como os piores excessos do tempo poderiam ser considerados "fofocas eclesiásticas", um uso típico da sátira medieval, como a que originou a lenda da Papisa Joana.

Vamos a essa infame lista:

Sérgio III.
1°. Sérgio III.

Sérgio III foi o 119° Papa, no início do século X. Era romano e foi eleito em 29 de janeiro de 904. Opositor do Papa Formoso, anulou os decretos e ordenações deste. Reivindicou e defendeu os direitos da Igreja contra os senhores feudais, numa época de constante violência designada como Século de Ferro. É o primeiro Papa a ser retratado com a Tiara papal.

Sérgio, fora conde de Túsculo (Curiosamente Os tusculanos possuíam ligações sanguíneas com os Teofilactos), era bispo de Cerveteri. Tinha sido eleito papa no 897 pela primeira vez pelos inimigos do defunto Formoso, mas Lamberto de Espoleto lhe forçou a ceder a sede pontifícia ao Papa João IX. Após, retirado nos domínios do marquês Adalberto de Toscana, Sérgio esperava sua hora para voltar a sentar-se no trono papal.

Um membro de sua família, Teofilato I, proposto-se impor-se à nobreza romana. Simples juiz no ano 901, se auto-adjudicou os títulos de cônsul, duque e senador do povo romano. Em realidade, era sua esposa, Teodora, a Maior, e suas duas filhas, Teodora, a Jovem e Marózia, tão libertinas como ambiciosas, as que o controlavam tudo. Em janeiro do ano 904 Teodora jogou a vaza de Sérgio. Este retornou a Roma, apoderou-se do papa Cristóvão, para se vingar da humilhação que sofrera nas mãos dos partidários do Papa Formoso, e o encerrou junto ao desafortunado Leão V.

Uma vez reeleito, Sérgio III instruiu um processo formal - uma farsa - contra seus dois predecessores, Leão e Cristóvão, foram estrangulados e degolados na prisão em Roma. Mas seu ódio ao Papa Formoso era o mote de sua vida.

Uma das suas primeiras atitudes foi convocar um sínodo para confirmar... o Sínodo do Cadáver.

Reafirmando as anulações do Sínodo do Cadáver, Sérgio III instaurou o caos na Igreja, uma vez que Formoso ordenara muitos padres e bispos que se viam agora "desordenados" por obra e graça de um louco. Para consertar o erro que estava fazendo, Sérgio determinou que todas as ordenações fossem refeitas.

Para a história ficar mais interessante,  Sérgio III foi ordenado diácono pelo papa Formoso e, como as ordenações deste foram injustamente canceladas, Sérgio se fez ordenar novamente pelo papa Estevão VI (tão canalha quanto ele).  Parece uma idiotice, mas ele queria evitar que se invocasse contra ele o cânon 15 do Concílio de Nicéia.
Cânon 15: Bispos, presbíteros e diáconos não se transferirão de cidade para cidade, mas deverão ser reconduzidos, se tentarem fazê-lo, para a igreja para a qual foram ordenados.
Quando seu objetivo de vida e ser o Papa, vale tudo! Certo da sua impunidade e ambicioso por escrever seu nome na história, Sérgio quis apagar os nomes de João IX, Bento IV e Leão V, datando o início de seu papado em 897, como sucessor de Teodoro II.

Durante os sete anos que ocupou a sede do Pedro, Sergio III governou Roma com mãos de ferro graças ao apoio dos Teofilactos, que agregaram ao seu redor a maioria da nobreza, bem como através do favorecimento do funcionalismo público. Governou pelo medo e pela dor. Foi nesta familia da qual o "Santo Papa" se rendeu docilmente aos caprichos de Teodora e, sobretudo, aos de sua filha menor, Marózia. Esta se tinha casado no 905 com Alberico I de Espoleto, mas isso não foi obstáculo para que fosse por muitos anos amante do papa, e que lhe desse um filho, o futuro Papa João XI.

As únicas relações que teve Sérgio III com o Império Bizantino foram para autorizar ao imperador Leão VI, o Sábio, que se casasse pela quarta vez. Tanto o direito civil como o direito eclesiástico proibiam já um terceiro matrimônio. Também o patriarca de Constantinopla Nicolau I Místico se havia oposto ao imperador quando este quis casar-se, em quartas núpcias, com Zoé Carbonopsina a fim de legitimar a seu filho Constantino VII, herdeiro do trono.

O imperador pensou que naquela ocasião não seria o papa tão meticulosa e inflexível e, por uma vez, utilizou contra o patriarca de Constantinopla as pretensões do bispo de Roma ao primado universal. O patriarca, escandalizado pela atitude do Sérgio, apagou-lhe dos dípticos, listas oficiais nas que figuravam os nomes de bispos e patriarcas, o que equivalia a lhe excomungar. E é óbvio que o prestígio do papado não saiu fortalecido daquele episódio. Tanto é assim que quando os bispos franceses pressionaram Sérgio III para que combatesse o erro de doutrina de Fócio sobre o Espírito Santo, o papa não encontrou eco algum no Oriente.

Teofilato nomeou a si mesmo príncipe, senador e cônsul de Roma, e senadoras a Teodora e Marózia. A única obra memorável de Sérgio foi a reconstrução da Basílica de São João de Latrão, destruída no ano de 897 por um terremoto durante o "Sínodo do Cadáver".

Morreu em 14 de abril de 911.

2° Anastácio III.

Anastácio III foi o 120° Papa  nasceu em Roma e foi eleito papa em abril de 911. Os Teofilacto encontraram aqui o seu auge.  O Papa Anastácio III foi um boneco nas mãos do líder desta família, Teofilacto I, que era cônsul, senador e chefe financeiro da Santa Sé; era também esposo de Teodora, a Grande (Puta), e pai da amada do Papa Sérgio III, Marózia.

Nos seus dois anos de pontificado, não pôde fazer muito, devido às lutas internas existentes em Roma. Sofreu pressões de Berengário, mas determinou a divisão eclesiástica da Alemanha.

Não resta um único documento sobre a eleição de Anastácio III e, sobre o seu papado, há apenas uma bula que concede o pálio ao bispo de Vercelli. Os indícios desse papa, se não o colocam no patamar de Sérgio III, dão a entender que ele era conivente.

Descrito por contemporâneos seus como homem culto e generoso, pediu apoio aos franceses e seus nobres corruptos, tão corruptos quanto os Teofilactos para ampliar a evangelização do continente europeu. Temendo ser simpático à causa estrangeira, foi envenenado pelo próprio clero de Roma. Outros fontes dizem que foi pelo pessoal do Rei Berengário, devido a alguns desentendimentos com o mesmo. Morreu envenenado em junho de 913.

3° Papa Lando.

Papa Lando fora o 121° Papa, nasceu em Sabina, Itália. Eleito em julho de 913, subiu ao trono papal por intriga de uma das várias facções romanas. Absolutamente nada sobrou de registros de seu papado. Só restou mesmo um registro de doação, em memória de seu pai, à catedral de sua terra natal. Morreu misteriosamente, depois de ter conseguido estabelecer a paz no meio de tantas lutas internas. Morreu em fevereiro de 914, apenas seis meses, de junho de 913 a janeiro de 914, após a consagração.

4°  João X.

João X (Borgo Tossignano, 860 — Roma, 928) foi o 122° papa da Igreja Católica, de março de 914 a maio de 928. Seu nome de batismo era Giovanni Cenci. Antes de ser eleito, foi bispo de Bolonha e arcebispo de Ravena. Sua eleição foi marcadamente influenciada por Alberico I de Espoleto, conde de Túsculo e esposo de Marózia, genro, portanto, de Teofilacto I e Teodora, a Maior, que dominavam Roma. Dessa circunstância aproveitaram-se os inimigos (que eram vários), notadamente o cronista Liutprando de Cremona, e muitos outros, para infamarem a amizade existente entre João X e várias senhoras de famílias influentes da cidade eterna (e que, não eram nem um pouco virtuosas).

João X foi um papa enérgico e independente. Seu nome no arcebispado de Ravena era lenda: ele tinha defendindo com êxito a cidade dos constantes ataques do sarracenos que, a essa altura, dominavam o sul da península. Á mais de 30 anos que os Sarracenos desolavam o sul da Itália. Destruíram os grandes mosteiros de Subiaco e de Farfa, este defendido heroicamente sete anos pelo abade Pedro. Assaltavam os peregrinos, que iam a Roma, vendendo-os como escravos. Algo que nem o Rei Berengário, nem os demais duques conseguiam fazer.

Houve alguns avanços, em seu papado. Foi João X que iniciou o processo de expulsão dos sarracenos da Península Itálica, ao organizar uma coalização de príncipes italianos, auxiliado pela esquadra bizantina e também conseguiu o apoio do Imperador Constantino IV para a defesa naval contra a marujada de turbante.  O Papa em pessoa participou do cerco em 915, que derrotou os sarracenos.

Um mês depois, coroou Berengário como imperador em Roma (915), e este prometeu defender a Cidade Eterna.

João X não era um dos piores papas, mas suas conexões com os Teofilactos era um tanto quanto conivente com suas ações.

Sua obra eclesiástica consiste em: aprovar a regra monástica da abadia de Cluny; incentivar a conversão dos normandos; resolver de maneira justa disputas de sucessão episcopal e em tentar - sem sucesso - trazer de volta a Croácia e a Dalmácia ao rito latino, uma vez que esses países insistiam em utilizar o vernáculo eslavo nas celebrações. Em 923, João X também conseguiu reverter uns dos muitos muitos erros que Sérgio III fizera: retomou a comunhão com a Igreja Oriental e ainda reformou o Palácio de Latrão (parece que esses papas adoram fazer isso).

Apesar de não ser, pelos padrões do Saeculum Obscurum, um papa "perda total", João X cometeu algumas esquisitices; uma das piores foi colocar um moleque de cinco anos como arcebispo de Reims. Com isso, ele realizou um capricho do pai do menino, o conde Heriberto, que então concordou em libertar o Rei Carlos, o Simples.

Naqueles tempos bicudos, de papados curtos, o seu foi excepcionalmente longo.  Poderia ter sido mais: ao que parece, João recuperou sua dignidade ao fim da vida, ou uma maior parte dela, pois estava se afastando das intrigas e principalmente dos Teofilactos.  Claro que, pra variar, o DEP - Departamento de Envenenamento de Papas -, que estava ocioso a alguns anos, seria posto pra funcionar novamente.

Pelas suas últimas atitudes, João X estava seguindo um caminho independente, independente demais para os Teofilactos.  Esses conseguiram dar um fim no Imperador Berengário, o esteio do Papa, em 924. Restava o próprio papa.

João X firmou um pacto com Hugo de Provença, que não era exatamente da turma dos Teofilactos.  Marózia Teofilacto ficou alarmada (essa gente não admitia ceder um mínimo que fosse de seu poder); ela e seu marido Guido - o corno -, marquês da Toscana, armaram um revolta palaciana contra João X e seu irmão e conselheiro Pedro.

Para mostrar o seu poder e sua maldade, Marózia fez com que matassem Pedro dentro do Palácio de Latrão, diante dos olhos do Papa (suspeita-se que João quisesse fazer de Pedro seu sucessor).  Não acaba por aí.

Seis meses após esse acontecimento,  O enérgico pontífice foi atirado a uma prisão (Castel Sant'Angelo), pelos partidários de Marózia, a cujos planos ambiciosos contrastara. Como João se mostrou e resistente aos maus tratos do cárcere, Marózia perdeu a paciência e mandou estrangulá-lo.

A versão da morte por asfixia é muitíssimo pouco confiável, visto que foi escrita por Liutprant, um "historiador" conhecido por seu ódio a Roma. João X, apesar das lutas, cuidou muito da conversão dos Bárbaros e da reconstrução de mosteiros.

5° Leão VI. 

Leão VI, foi o 123º Papa da Igreja Católica, nascido em Roma, eleito em 28 de Maio de 928, por vontade dos Teofilactos para substituir João X. Foi eleito papa com o apoio e a influência de Teodora, a Maior; seu pontificado esteve dominado pela poderosa Marózia, filha de Teofilato I.

Nada se sabe da primeira fase de sua vida, exceto que seu pai chamava-se Cristovão e era um dignitário da corte papal. Antes de ser eleito papa era um cardeal presbítero da igreja de Santa Susana

Eleito papa quando seu predecessor o Papa João X ainda estava vivo, mas na prisão, é isso leva a um problema: Se a deposição de João X foi ilegal, Leão VI não poderia constar da lista oficial dos papas.  Pior ainda, Leão VI morreu quando João X ainda estava vivo!

Durante seu breve pontificado não constam fatos relevantes, De sua obra permanece apenas uma carta aos bispos da Dalmácia, onde exorta a obedecer o Arcebispo de Split. Fez todo o possível para pacificar Roma e lutou contra os sarracenos e contra os húngaros. Sua morte, ou assassinato ocorreu em Dezembro de 928 (Seu pontificado durou por pouco mais de sete meses), assassinado por ordem de Marózia.

6° Estêvão VII.

Estêvão VII, foi o 124° Papa, nasceu em Roma ou na Alemanha. Filho de Teudemund, teria sido Cardeal Presbítero de Santa Anastásia. Foi mais um dos Papas-Tampões. Pouco se sabe do seu papado. Crê-se que a sua eleição, em 3 de Janeiro de 929 foi imposta pelos condes de Túsculo, graças às suas intrigas e enquanto em Roma governava Marózia, marquesa de Túsculo e senatrix de Roma.

Foi eleito por influência de Marózia para assegurar o trono de Pedro para seu filho. Há poucos registros desse período e dos atos de Estevão VII, que se resumem a atos burocráticos. Deu alguns privilégios aos mosteiros de São Vicente no Volturno e a dois conventos na Gália
A validade do seu pontificado é dúbia, pois tal como o seu antecessor, Leão VI, foi eleito quando o Papa João X era ainda vivo e estava preso. Portanto, se a retirada de João X do trono papal for inválida, Leão VI e Estêvão VIII não foram Papas legitimados. Ambos tiveram pontificados curtos e nenhuma informação relevante chegou aos tempos modernos. Sustenta-se a tese que tenha sido assassinado em Fevereiro de 931. Foi enterrado em São Pedro.

7° João XI.

João XI foi o 125° Papa de março de 931 a de dezembro de 935.

Era filho do primeiro casamento de Marózia com Alberico I de Espoleto. Mas outras fontes históricas afirmam o contrário, João XI era filho de Marózia com Sérgio III. Um Papa, filho de Outro Papa. Através de intrigas da mãe, que governava Roma, tinha pouco mais de 20 anos completos quando foi eleito Papa em Março de 931, ficando completamente sob a influência da Senatrix et Patricia romana.

Um dos seus primeiros atos foi confirmar a abadia reformista de Cluny como protetorado da Santa Sé e determinar que esta poderia eleger livremente seus abades.  Isso não foi um ato negativo, claro, mas também parou por aí.

Para garantir e aumentar o seu poder, Marózia casou-se com Hugo de Provença, Rei da Itália, que era viúvo de sua irmã, levando a um governo tirânico em Roma. O desrespeito chegou a um nível tal que o casamento de Hugo e Marózia foi celebrado por João XI!

Uma forte oposição apareceu entre os nobres, liderados por Alberico II, filho mais novo de Marózia. Tudo começou quando Hugo, bêbado, ofendeu Alberico II, com o apoio dos Nobres das cidades vizinhas, que não via Hugo com bons olhos, Alberico teve o motivo que queria para armar um levante: No estilo Dany Targaryen, em dezembro de 932, invadiu Castel Sant'Angelo e, enquanto Hugo fugia, jogou sua mãe na prisão. Inebriado de poder, invadiu é tornou-se o novo governante de Roma, se auto-intitulou Senador, Conde, Patrício, O Filho da Tormenta, o Não Queimado, Rei da Italia, Rei dos Espoleto e dos Primeiros Romanos, Restaurador  de Correntes, Senhor de Roma, o Primeiro de Seu Nome. e quaisquer outro título que lhe viesse à mente.

Temos, a partir de então, um dos episódios mais vergonhosos da história do papado.  João XI virou escravo particular de seu irmão Alberico II. Todas as outras jurisdições inerentes ao cargo pontifício foram exercidas por Alberico, dando ao Papa apenas o poder de exercer os seus deveres espirituais. João XI refugiou-se nos monges de Cluny e, em agradecimento concedeu à Congregação vários privilégios, tornando-a mais tarde um poderoso agente da reforma da Igreja. Amava a música e agraciou com sua proteção muitos artistas.

Aqui nesta Parte Encerra o Governo das Prostitutas (Da qual Marózia foi encarcerada e "morreu" na Prisão), iniciando uma outra fase do Saeculum Obscurum, a Influência de Alberico II. (de 936 até 964)



8° Leão VII.

Leão VII romano e provavelmente Monge Beneditino, era abade de São Sixto quando foi eleito em 3 de Janeiro de 936 o 126° Papa, por influência de Alberico II Teofilacto, príncipe e senador de Roma. Hugo, ostentando o título de rei de Itália (Lombardia) disputava o poder de Alberico, pelo que cercou Roma. Leão sabendo que o abade de Cluny, Odon, tinha certa influência sobre os dois, aconselhou-o a dirimir a disputa. Para tanto bastou o casamento entre Alberico e Alda, filha de Hugo, o que levou a um interregno entre os beligerantes.

Marózia até esse momento desapareceu da história do Papapdo depois de ser encarcerada - provavelmente seu próprio filho, Alberico, providenciou seu fim.

Leão VII cuidou tão somente de questões eclesiásticas. As bulas papais consistiram na sua maior parte em garantir privilégios a vários mosteiros, especialmente aos da Ordem de Cluny. Escreveu aos bispos de França e da Alemanha dando directrizes para empreender uma reforma monástica. Não permitiu ao arcebispo Frederico de Mainz (Alemanha) batizar judeus à força, iendo em vista que a permanência dos judeus não batizados em Meinz era um risco para vida deles próprios, o papa autorizou a sua expulsão das cidades, daqueles que recusavam abraçar o cristianismo…

Monge beneditino, incentivou o monaquismo e defendeu a reforma empreendida pela abadia de Cluny,  tanto que entregou a Odon, o abade, a reforma de várias casas religiosas. Tentou estabelecer o celibato sacerdotal e lutou contra o fenômeno dos bruxos e adivinhos.

Mandou reedificar o antigo Cenóbio, perto da Igreja de São Paulo, fora das muralhas de Roma. A sua morte ocorreu em 13 de Julho de 939, após um ataque cardíaco. A circunstância de sua morte é incerta, apesar de relatos afirmarem que ele morreu de um ataque cardíaco em encontro com sua amante.

Depois de sua morte, em julho 939, Leão VII foi enterrado na Basílica de São Pedro.


9° Estêvão VIII.

O corpo do papa Leão VII nem tinha esfriado e Alberico II tratou logo de eleger o seu sucessor, o qual confinou, como seu antecessor, a funções meramente eclesiásticas (isso se deve ao desejo dos Teofilacto de controlar secularmente os Estados Pontifícios). O Escolhido foi o Romano Estêvão VIII, 127° Papa, eleito em 14 de Julho de 939,  no inicio de seu mandado tratou de ensinar os princípios cristãos do Evangelho aos poderosos do Oriente e do Ocidente. Apoiou a dinastia carolíngia em declínio e pela ameaça de excomunhão, forçou os nobres francos a jurarem fidelidade a Luis IV d'Outre-Mer.

O final do seu papado foi obscuro.  Alberico II foi vítima de um atentado e, como bom paranoico que era, suspeitou que o papa havia participado dele. Utilizando-se da truculência genética de sua família, o manteve confinado no Palácio de Latrão, lhe torturando, da qual Estêvão, em Outubro de 942, faleceu em virtude das torturas.


10 ° Marinho II.

Marinho II (ou Marino II, mais tarde considerado como sendo o Papa Martinho III), foi o 128° Papa. Nasceu em Roma e foi Papa entre 942 e 946. Ninguém chegava ao papado nessa época, absolutamente ninguém, sem à intervenção de Alberico II de SpoletoeAlberico.  E nenhum deles poderia desafiá-lo (Se Estevão VIII, foi preso e torturado por Alberico, por desconfiar dele, imagina que Marinho iria se arriscar)  Marino II mantéu-se focado a sua atividade em aspectos administrativos do Papado.




11° Agapito II.

Agapito II foi o 129° Papa. Homem prudente e enérgico, que governou com sabedoria por dez anos. Como seus antecessores, este papa confirmou os privilégios de Cluny e providenciou para que os monges de Gorze viessem a Roma para restaurar a disciplina na abadia da Basílica de São Paulo-Fora-dos-Muros.

Com este Papa, Roma retomou a iniciativa de tratar firmemente com países e soberanos. 

Interferiu na disputa entre os reis Oto I da Alemanha e Luís IV da França e fez, sob pena de excomunhão, com que Oto se submetesse a Luís. Para evitar conflitos entre Oto e Alberico, Agapito II protegeu este último, inclusive permitindo que seu irmão Bruno usasse o pálio (estola de lã que simbolizava a autoridade papal, e funcionava na prática como uma espécie de crachá). Estendeu o domínio de Oto para a Dinamarca e transformou o mosteiro construído por esse rei em Magdenburgo em Sé metropolitana.

Em 950 morria em Turim o jovem rei Lotário, filho de Hugo de Provença, dizem os cronistas florentinos, que de febres, dizem os seus contemporâneos mais próximos, que de veneno por obra de Berengário II, marquês de Ivréa. O certo é que Berengário apoderou-se depressa da coroa lombarda e pretendeu que seu filho Adalberto se casasse com Adelaida, rainha viúva de Lotário. Uniria assim, num reino único, o sul da França e o norte da Itália, e ocupada Roma, proclamar-se-ia Imperador. Opôs-se, porém, a jovem viúva Adelaida. Foi então aprisionada numa torre do "Lago de Guarda", de onde fugiu com a ajuda do bispo de Reggio e foi abrigar-se no forte castelo do Conde Azzo de Canossa. De lá foi invocou auxílio do jovem rei germânico Oto I, o qual, com forte exército, desceu à Itália, libertou e desposou Adelaide e foi aclamado rei da Lombardia(951).

Não ousou, entretanto, ir receber a coroa imperial em Roma, onde o papa recusou recebê-lo e onde Alberico, lembrando antigo orgulho romano, rejeitava um imperador "bárbaro". Impôs ordem e deu paz ao povo; respeitou a autoridade do Papa, fazendo, porém, cunhar moedas com sua efígie junto à do Pontífice.

Mas o grande fato do papado de Agapito II tem a ver com a morte de Alberico II. Alberico que sentindo que ia morrer em breve, cometeu um ato curioso, e ao mesmo tempo bizarro (Como se o Século Obscuro da Igreja católica não fosse tão estranho assim). Tendo adoecido "repentinamente" o tirano se fez transladar para Basílica de São Pedro; lá, convocou o clero e a nobreza e os instigou a eleger seu filho ilegítimo Otaviano Túsculo como sucessor do Papa Agapito, que ainda estava vivo.

O pedido do Rei com os pés na cova em si é bizarro por um motivo: Agapito estava vivo provavelmente estava presente durante esse pedido. Tal pedido (Meu filho será o próximo Papa) ia contra o decreto de São Símaco do ano de 499 da qual dizia que o PRÓPRIO Papa escolheria seu sucessor, é que somente no caso de Morte Repentina (Grafei pois estamos no Saeculum Obscurum) o clero romano poderia escolher o novo pontífice. ou Seja "É proibido eleger um novo Papa antes que o atual venha a falecer". Alberico morreu em 31 de Agosto de 954.

Agapito II morreu em agosto de 955. O cronista florentino Guy de Passapant teria-lhe dito instantes antes do momento fatal: devia ter vivido muito mais, para o bem de Roma e da Igreja.

Com a morte de Agapito II, até esse ponto não sabemos se ele tinha escolhido um um sucessor, mas sabemos que a escolha foi decidida pelo Clero Romano. Pelo visto eles respeitaram o pedido de Alberico II Espoleto.

12° João XII.

João XII foi o 130° Papa. Dentre os Papas descritos até aqui até aqui, este personagem de longe foi o mais cruel, devasso de todos (É olha que ainda nem falei dos demais ainda).

Papa da Igreja Católica Romana (955-963) nascido em Roma, eleito em 16 de dezembro (955) sucessor de Agapito II (946-955), e deposto pelo imperador Oto I, que colocou em seu lugar um leigo, Leão VIII (963), cuja indicação foi declarada nula pelo Concílio Lateranense (964).

Esse ser, cujo nome de batismo era Otaviano, era filho ilegítimo de Alberico II e neto de Marózia, patrícia romana, corrupta, cortesã de alta classe e amante de Sérgio III e mãe do Papa João XI (Curiosamente João XII era Sobrinho de João XI, ou seja tio e sobrinho Papas, e "supostamente" tendo Sérgio III como Pai e Avô), aos 16 anos, foi acusado de manter relações sexuais com uma de suas irmãs, entre muitas outras relações ilegais.

Após a morte do pai, tornou-se governante temporal de Roma, com apenas 18 anos de idade, com o juramento sacrílego feito e observado. Nestas circunstâncias os historiadores ainda não chegaram a um acordo sobre a validade da sua eleição.

Inexperiente como governante, porém audaz, reivindicou os direitos temporais da Igreja e também criou os bispos-condes, uma confusa mistura de poder secular com poder sacerdotal. João XII foi o terceiro papa na história a trocar de nome ao assumir o Papado. Sob a pressão dos muçulmanos, a Igreja da Espanha buscou o seu conselho.  Em 957 e 960, respectivamente, o papa concedeu o pálio aos arcebispos de York e da Cantuária. Foi durante seu pontificado que a Igreja Católica tornou-se suscetível ao poder político, promovendo a venda de cargos eclesiásticos (a chamada simonia).

João XIII tentou pela força aumentar os Estados Pontifícios, terra dada por Deus e confirmada pelos homens. Não logrou êxito. Quando o Rei da Itália começou assaltar o Norte, o Papa mandou chamar o Rei Oto I e prometeu coroá-lo imperador em troca de proteção. Reconstruiu o Sacro Império e coroou Oto I da Alemanha, com quem criou uma aliança em que, no futuro, nenhum Papa poderia ser consagrado sem a presença dos enviados do imperador (Privilegium Ottonianum). Esse aqui é o início oficial do Sacro Império Romano Germânico, e Oto foi seu primeiro imperador.

Oto I, claro, quando aceitou a coroa, não fazia ideia de quem era a criatura.  Mas à medida que tomou conhecimento de quem era seu protegido, o que andava fazendo e a imundíce que ele levou ao trono do Príncipe dos Apóstolos, ficou escandalizado.

Liutpranto, padre de Cremona que foi a principal fonte dessas histórias, nos dá a entender que nos tempos de João XII o maior bordel de Roma era justamente o Palácio de Latrão.  João XII armou orgias, estuprou meninas e (dizem alguns) meninos. Quando não estava fornicando com cortesãs ou participando de orgias, estava no meio da jogatina; bebia como um gambá e comia como um porco.

Seu comportamento transtornou como nenhum outro o povo de Roma. Dizem que as mulheres de Roma evitavam até passar por perto de João, caso o vissem. Jão tinha péssimo hábito de estuprar qualquer mulher que encontrasse em seu caminho, seja em viagem ou peregrinação. Se ele cismasse com uma, moça já era.  E ele estuprava no meio da rua, não se importando se tinha espectadores ou não. Assim devido sua vida imoral e inadequada para o posto, foi deposto pelo imperador germânico, que o substituiu na cadeira papal por Leão VIII (963-964).

Oto I não era um defensor da Igreja Católica: era antes de mais nada um político. Colocou no lugar do Espúrio João o não menos Espúrio Leão VIII. Leão VIII, curiosamente era sobrinho de Marózia. Sim Os Teofilactos devem ter sido a única família naquela época que colocou mais dos seus no Trono de Pedro.

Aqui é importante notar que Leão VIII era um Antipapa que virou Papa. Não vou dizer que Oto trocou seis por meia dúzia, porque nada poderia ser pior que João.  Mas Leão VIII era um leigo e pior, um estrangeiro. Oto foi a Roma chutar João e sentar Leão no trono, o que fez. Mas como o Rei não podia ficar ali o tempo inteiro, mal ele saiu, começaram os tumultos.  Leão era um títere de Oto.  Tanto que concedeu a este e a seus sucessores o direito de homologar a eleição papal, punindo com a excomunhão todos os que se recusassem a aceitar esse édito.  Só que o povo não queria trocar João por Leão, e esse Antipapa quase conseguiu a façanha de ser tão odiado quanto seu antecessor.

João não estava parado, fez aliança com seu antigo rival Berengário, Rei da Itália, que entre o papa e Oto preferia se aliar ao primeiro (O inimigo de meu inimigo é meu aliado).  Com o auxílio de Berengário, João forçou o antipapa Leão VIII a fugir na calada da noite, ainda em 963. O que se seguiu foi uma infâmia sem par.  João se superou na arte do morticínio: exigindo vingança daqueles que o depuseram no Sínodo presidido por Oto, passou  todos a fio de espada, com exceção de dois ou três, os quais ele preferiu arrancar a pele com eles vivos e cortar os dedos das mãos.

João teria feito pior, mas não teve tempo.  Há duas versões sobre sua morte em 14 de maio de 964. Segundo o cardeal e historiador Baronius, ele teria sofrido um derrame depois de se refastelar na cama de uma dama; a outra versão, do bispo João Crescêncio, diz que João foi enviado diretamente ao colo do capeta em virtude de uma série de marteladas na cabeça, desferidas por um marido que o pegou na cama com sua mulher.

Abaixo uma descrição retirada do livro A História Secreta dos Papas:
"Dormiu com as prostitutas de seu pai e chegou ao cúmulo de manter relações com sua própria mãe. João XII também presenteava suas amantes com cálices de ouro, verdadeiras relíquias sagradas da igreja de São Pedro. Ele ainda cegou um cardeal e castrou outro, causando sua morte. Apoderava-se das oferendas feitas pelos peregrinos para apostar em jogos. Nessas seções de jogatina, o próprio Papa costumava evocar os deuses pagãos para ter sorte ao arremessar os dados. As mulheres eram advertidas a se manterem longe de São João de Latrão, ou de qualquer outro lugar frequentado pelo Papa, pois ele estava sempre a procura de novas conquistas. Após pouco tempo, os romanos estavam tão furiosos com tais atitudes que o papa começou a temer por sua vida. Sendo assim, resolveu saquear a igreja de São Pedro e fugir para Tívoli, a 27 quilômetros de Roma. 
João XII estava causando tanto estrago ao papado e ao Vaticano, superando os crimes e pecados de seus antecessores, que um sínodo especial foi convocado. Todos os bispos italianos, 16 cardeais e outros prelados (alguns alemães), reuniram-se para decidir o que fazer com o devasso pontífice. Convocaram testemunhas e ouviram evidências sob juramento. Então, fizeram uma lista que adicionava ainda mais acusações às informações bizarras e assustadoras que já possuíam sobre João. Algumas delas foram descritas em uma carta escrita a João pelo Imperador do Sacro Império Romano, Otto I da Saxônia: 
O papa João, ainda no exílio em Tívoli, respondeu a Otto em termos ameaçadores que aterrorizaram Roma. Caso o sínodo o depusesse, ameaçou excomungar todos os envolvidos, e assim não poderiam celebrar missas ou conduzir uma ordenação. Em termos cristãos, esse é o pior castigo que um papa pode dar, pois a excomunhão significa estar fora da igreja, perdendo sua proteção e arriscando o espírito imortal. 
A Vingança de João XII 
O imperador Otto não se curvou à ameaça de excomunhão do papa e o depôs, colocando em seu lugar o papa Leão VIII sem que João soubesse. Quando retornou a Roma, em 963 D.C., sua vingança foi infinitamente pior que sua ameaça. João XII depôs o papa Leão e, ao invés da excomunhão, executou e mutilou todos os que fizeram parte do sínodo. Um bispo teve a pele arrancada, um cardeal teve o nariz e dois dedos cortados e a língua arrancada, e 63 membros do clero e da nobreza romana foram decapitados. Na noite de 14 de maio de 964, parece que todas as rezas implorando a morte de João XII foram ouvidas. Segundo a descrição do bispo João Crescêncio de Protus: "enquanto estava tendo relações sujas e ilícitas com uma matrona romana, o papa foi surpreendido pelo marido de sua amante em pleno ato. O enfurecido traído esmagou seu crânio com um martelo e, finalmente, entregou a indigna alma do papa João XII a Satã".
Leão VIII. Foi o 132° Papa, antes de ser Papa fora o Antipapa de Leão VIII. Como já relatados nos acontecimentos do papado de João XII.  Quando morreu este monstro, Bento V foi eleito para sucedê-lo.  Mas o imperador, muito sutil, promoveu um cerco a Roma e delicadamente disse que, caso não reintegrassem Leão, todo mundo lá dentro ia morrer de fome.  Com um pedido assim tão gentil quem iria recusar?

Ao eleito Bento V foi permitido manter o título de diácono, sendo deportado para Hamburgo.  Leão morreu pouco tempo depois, encerrando um papado um tanto quanto duvidoso do ponto de vista canônico.  Papa de 01 de Março de 964 a 01 de Março de 965.

Bento V.  Foi o 131° Papa, Papa no estilo - "viúva Porcina" - era, sem nunca ter sido. Logo depois de eleito, foi exilado para dar lugar a Leão VIII. Por pressão de franceses e italianos, Oto I foi obrigado a reconhecer sua eleição, mas Bento sequer voltou a Roma.  Papa em 964.

É Quanto a Marózia?

Marozia morreu na prisão entre 932 e 937, provavelmente em 26 de junho de 936, aos 46 anos de idade. Outras versões afirmam o contrário, que Marózia viveu por quase 100 anos. Na primavera de 986, o papa Gregorio V, que tinha vinte e três anos e seu primo, o imperador Oto III, decidiu que a pobre velha tinha permanecido bastante tempo na prisão. Naquela época, Marózia tinha mais de 96 anos e, embora presa, nunca foi realmente esquecida na nobreza. O Papa enviou um bispo para exorcizar seus demônios e levantar a pena de excomunhão. Ela foi absolvida de seus pecados e então executada.

Essa 2° versão fica um pouco difícil de acreditar quando a expectativa de vida da Idade média era de pouco mais de 50 anos. Cabe ressaltar que era comum que se chegasse à idade de 60, 70 anos e muitos passavam dos 80 ou 90 com saúde. Mesmo assim para uma mulher que permaneceu  os últimos 50 anos presa, mesmo sendo de uma importante família. Provavelmente não teve muitas regalias por ser nobre. A falta de documentação sobre essa época dificulta tudo.

Para vários historiadores, encerra-se aqui o Saeculum Obscurum.  O caos instaurado ainda vai causar ferimentos à Igreja, mas os Teofilactos e os Tusculum já não possuem o mesmo poder da época de Alberico II.  Eles continuam e ainda vão aparecer na história, mas por hora o Sacro Império Romano-Germânico tem um papel de destaque.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Saeculum_obscurum

https://es.wikipedia.org/wiki/Pornocracia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_das_trevas

https://www.taringa.net/posts/imagenes/19869363/Pornocracia-cuando-las-prostitutas-gobernaban-el-Vaticano.html

http://www.mdzol.com/nota/262557-pornocracia-religion-y-crimen-las-rameras-santas/

https://en.wikipedia.org/wiki/Annales_Ecclesiastici

http://ocatequista.com.br/atitude-catolica/itemlist/user/3-pauloricardo?start=120

https://pt.wikipedia.org/wiki/Teofilato_I

https://aventar.eu/2010/05/11/o-vaticano-e-o-periodo-da-pornocracia-1-de-sergio-iii-a-estevao-viii/

http://fatoefarsa.blogspot.com.br/2013/08/pornocracia-da-idade-das-trevas-voce.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_S%C3%A9rgio_III

https://www.ecclesia.com.br/biblioteca/documentos_da_igreja/os_canones_de_niceia.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Anast%C3%A1cio_III

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Lando

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Jo%C3%A3o_X

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Le%C3%A3o_VI

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Est%C3%AAv%C3%A3o_VII

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Jo%C3%A3o_XI

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Le%C3%A3o_VII

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Est%C3%AAv%C3%A3o_VIII

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Marinho_II

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Agapito_II

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alberico_II_de_Espoleto

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Jo%C3%A3o_XII

http://misantropicayhedonista.blogspot.com.br/2009/09/marozia-pornocracia-ii.html

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