domingo, 6 de outubro de 2019

Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil: A Mãe do Ouro.

Contam os mais antigos que desde meados do século 18, tempo do Ciclo do Ouro, a Mãe-do-Ouro anda pelo interior do Brasil, especialmente em Minas Gerais onde existe o cobiçado metal em fartura. Tida como grande defensora da Natureza, a entidade aparece sob a forma de uma bola de fogo, pairada no ar, indicando os locais onde se encontram jazidas de ouro que não devem ser exploradas. Dizem que é uma espécie de protetora desses depósitos naturais de ouro e que graças a ela ainda não devastaram tudo.

Todo garimpeiro sabe que a desobediência ao aviso é certeza de infortúnio. E dizem também que poucos usam desobedecê-la. Já foi avistada por muitas pessoas, no Distrito de Camargos, relatos de caçadores no meio da mata que se depararam com uma bola incandescente, os que ousaram chegar mais perto tiveram queimaduras nos olhos idênticas as feitas por exposição a luz de solda. Relatos em Ouro Preto da mãe do ouro não é incomum sendo o último avistamento no morro do cachorro perto do pico do Itacolomy.

Embora não seja muito conhecida, a lenda é popular em alguns locais do Brasil, como nas regiões interioranas do sudeste, centro-oeste e nordeste do país. A Mãe-de-Ouro é descrita como uma bela mulher que possui cabelos longos e dourados. Ela sempre aparece usando um vestido branco de seda.

Em algumas versões da lenda, ela tem o formato de uma grande bola de fogo que possui a capacidade de se transformar numa bela mulher.

Versões da Lenda da Mãe-de-Ouro.

A habilidade da Mãe-de-Ouro está em encontrar tesouros escondidos ou mesmo jazidas de ouro, sendo assim, a Mãe-de-Ouro tem o poder de voar e, portanto, consegue localizar os lugares onde há tesouros enterrados. Por esse motivo, ela é conhecida como a protetora dos tesouros e do ouro. Além disso, é considerada protetora da natureza, principalmente dos rios e montanhas.

Mas é durante a noite que ela atua, especialmente nas noites escuras sem lua e estrelas. Sua forma de bola de fogo percorre os céus onde ela detecta exatamente o local em que há algo escondido.

Note que sua intenção não é indicar aos homens os locais onde podem ser explorados, mas sim, proteger o ouro para que ele não seja extraído. Acredita-se que por conta de sua atuação, ainda existam algumas jazidas de ouro que não foram exploradas.

Noutra versão da lenda, a Mãe-de-Ouro também cuida das mulheres que são maltratadas pelos maridos e, portanto, infelizes nos casamentos. Assim, com sua beleza estonteante ela leva os maridos indesejados para uma caverna longe de sua família. Ali, a Mãe-de-Ouro os prendem o resto de suas vidas. Igualmente, ela arruma outros maridos que farão felizes as esposas.

A lenda diz que a Mãe-do-Ouro é ainda mais implacável ao saber de um caso de garimpo nos locais que ela apareceu. Aí, durante a madrugada, a bola de fogo se tona mais incandescente Usando do seu fascínio, atrai o garimpeiro e o leva para uma caverna de onde nunca mais o liberta.

A Mãe-de-Ouro e o Escravo.

Por fim, há também uma versão muito conhecida da lenda em que um escravo trabalhava dias procurando ouro para seu patrão cruel.

Cansado de procurar e certo de que sofreria maus tratos por seu dono, a Mãe-de-Ouro aparece indicando exatamente onde ele deveria buscar.

Em troca, o escravo lhe oferece o que ela havia pedido: fitas coloridas e um espelho. Além disso, a Mãe-de-Ouro deixou claro que o ajudaria, mas ele nunca deveria dizer as pessoas o local da mina. No entanto, após levar ouro suficiente para seu patrão, ele quis logo saber onde o escravo tinha encontrado.

Embora tenha tentado guardar o segredo, acabou por revelar o local, isso claro, depois de receber muitas açoitadas de seu patrão maldoso. Ao chegar no local, os escravos escavaram e finalmente encontraram o ouro. No entanto, um grande desabamento matou todos, inclusive o mineiro cruel.

Origem da Lenda da Mãe-de-Ouro.

Há controvérsias sobre a origem da lenda, mas acredita-se que ela surgiu na época do ciclo do ouro (final do século XVII e início do XVIII). O Ciclo do Ouro, também referido como ciclo da mineração e corrida do ouro, diz respeito ao período da história brasileira em que a extração e exportação do ouro dominou a dinâmica econômica do Brasil Colônia.

O ciclo vigorou com força durante os primeiros 60 anos do século XVIII, altura a partir da qual a produção de ouro começou a decair devido ao esgotamento progressivo das minas da região explorada, que compreende os atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

A maioria das minas de ouro se esgotou no fim do século XVIII. Parte da população mineira se deslocou ao Planalto Central do Brasil para trabalhar em fazendas de gado e para o centro-norte e centro-sul da Capitânia do Rio de Janeiro, onde passaram a dedicar-se a produção de víveres para a cidade do Rio (em Cantagalo) e começaram as primeiras plantações de café do Vale do Paraíba Fluminense. Aqueles que ficaram em Minas Gerais passaram também a dedicar-se à agricultura. Nessa época, houve um impulso para a cultura do algodão, com produções no Maranhão, Pernambuco e na Bahia destinadas à exportação. A cultura da cana-de-açúcar, que não fora totalmente abandonada durante o ciclo da mineração, ganhou novo impulso, em particular no Nordeste e no Rio de Janeiro.

Ao longo dos anos, os tipos de impostos cobrados pela metrópole sobre a área econômica e tributária brasileira (não todos em simultâneo) foram:
  1. Os quintos do ouro: o imposto régio sobre o ouro consistia no estabelecimento de que um quinto (20%) do ouro extraído no território português do Brasil seria da Coroa Portuguesa por direito.
  2. A capitação: os quintos por casa de moeda foram convertidos em imposto sobre escravos e pessoas livres que trabalhassem com as próprias mãos, bem como, sobre as lojas, vendas e comércio em geral. Vigorou apenas por 16 anos no período de 1734 a 1750 quando, por alvará com força de Lei de 3 de dezembro de 1750, o Marquês de Pombal extinguiu a capitação na cobrança do direito senhorial dos quintos, e a substituiu pela retenção dos quintos por Casas de Fundição com uma quota mínima anual de 100 arrobas (1,500 quilogramas) que seria garantida pelos municípios, comprometendo-se estes a lançar derramas para compensar eventuais diferenças entre a quantia efetivamente arrecadada e a importância destinada ao erário real.
  3. A derrama: uma vez que era frequente que o quinto não fosse pago integralmente, sendo acumulativos os valores não pagos, era preciso intensificar a cobrança, confiscando-se bens e objetos de ouro. Essa prática de cobranças de valores para atingir a meta estipulada pela Coroa era chamada "derrama". A derrama consistia no rateio da diferença entre as comarcas e, nestas, o rateio entre os homens bons, sob pena de confisco forçado dos bens dos mesmos homens bons, caso os quintos não atingissem as 100 arrobas anuais (1 500 quilogramas). As demais capitanias tinham obrigação de reter os quintos, mas não eram oneradas pela derrama.
  4. As questões tributárias foram detalhadamente regulamentadas pelo Regimento das Intendências e Casas de Fundição, promulgado a 4 de Março de 1751. O governo tomou também medidas que visavam a combater o contrabando e saída clandestina do ouro: expulsou ourives das regiões auríferas, proibiu a circulação de ouro em pó, ordenou a intensificação das patrulhas de dragões e renovou os dispositivos legais que proibiam a reexportação de ouro e minerais preciosos. Com as inovações introduzidas nesta altura, se tinha também o objetivo de desfazer um método fiscal opressivo para os setores da população que não estavam ligados à mineração e que originava muitos abusos e injustiças. A preocupação pela escolha de um modelo mais justo e equilibrado está bem patente no preâmbulo do diploma de 3 de Dezembro em que se afirma, nomeadamente, que se preferia a tranquilidade e a comodidade dos povos à obtenção de maiores receitas para o Real Erário. O novo método de cobrança proporcionou à Coroa, na década de 1752-1762, um rendimento médio anual de 108 arrobas de ouro, enquanto o anterior sistema tinha permitido arrecadar 125,4 arrobas por ano. Entre 1762 e 1777, a média anual baixou para 82,5 devido ao progressivo esgotamento do ouro de aluvião.
Fontes.                                                                                                                                            135 de 186

https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3e_do_ouro

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_Ouro

https://www.todamateria.com.br/mae-de-ouro/

https://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/maoouro/

http://acammg.com.br/artigo/a-lenda-da-mae-do-ouro

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