segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O Caso Dália Negra.

Na manhã fria de 15 de janeiro de 1947, a dona de casa Betty Bersinger, moradora do bairro de Leimert Park, em Los Angeles, passeava com sua filha de três anos quando notou algo branco entre as ervas daninhas em um terreno baldio. Primeiro, pensou ser um manequim descartado, mas, ao se aproximar, percebeu que se tratava de um corpo humano mutilado.

Rapidamente, Bersinger chamou a polícia, que chegou ao local em poucos minutos. Os policiais encontraram o corpo nu de uma mulher que havia sido cortada ao meio. Ela estava deitada de costas, com os braços levantados acima dos ombros e cortes e machucados por todo o corpo. A boca havia sido cortada, estendendo o sorriso de orelha a orelha.

A pele clara, quase translúcida, olhos de um azul profundo, os cabelos castanhos e encaracolados. Vestida de preto e com uma Dália Negra presa aos cachos, ela passeava por Hollywood Boulevard de forma sedutora. Tão encatadoramente sedutora que foi capaz de atrair a própria morte. Essa foi uma das formas como Elizabeth Short foi descrita pelos jornais locais na época de sua morte. Uma aventureira que buscava a fama.

Muito se especulou a esse respeito, mas até hoje nenhuma teoria foi realmente confirmada. Elizabeth Short foi assassinada há ?(1) anos e sua morte continua um completo mistério.

O que é o Caso Dália Negra.

O caso Dália Negra é um assassinato não solucionado que remonta desde os anos 40, mais especificamente o dia 5 de Janeiro de 1947.

Em 15 de janeiro de 1947 o sonho da jovem aspirante a atriz foi literalmente despedaçado. Na manhã desse dia, Betty Bersinger que passeava com a filha de 3 anos encontrou um corpo, a principio, imaginou que fosse um manequim abandonado, contudo, ao se aproximar, percebeu que tal manequim era real de mais para ser uma peça de plástico abandonada. Betty Bersinger se tornou a 1° testemunha de um crime, considerado até então perfeito, encontrou o corpo esquartejado de Elizabeth Short, que nos meses seguintes passaria a ser conhecida como Dália Negra.

O apelido Dália Negra foi dado por alguns repórteres que cobriram o assassinato na época. Era uma alusão ao filme noir The Blue Dahlia (1946) de George Marshall. A mídia teve um papel muito peculiar na investigação: muitos repórteres chegaram ao local do crime antes da polícia e as fotos do corpo encontrado estamparam as principais manchetes durante semanas. Gerry Ramlow, um repórter do Los Angeles Daily News, declarou mais tarde que “Se o crime nunca foi resolvido, foi em parte por culpa da imprensa. Os repórteres botaram tudo a perder, atropelando evidências e ocultando informações”.

Em janeiro de 1947, um homem ligou para o jornal Los Angeles Examiner se intitulando como o “Vingador de Dália”, ou seja, o assassino. Ele chegou a enviar coisas de Short para o jornal e a escrever cartas com letras recortadas de revistas, mas no final não existia nenhuma prova contundente que levasse a um desfecho.

O grande sensacionalismo com que o caso foi tratado pela mídia atrapalhou de fato o rumo das investigações, já que a polícia recebia inúmeras denúncias falsas. Mais de 50 homens e mulheres teriam confessado a autoria do crime. Nesse meio tempo, muitas especulações foram levantadas, principalmente sobre o estilo de vida da jovem. Tanto a polícia quanto os jornais queriam encontrar uma motivação e um culpado. Mas amigos e familiares sempre trataram de mostrar que Elizabeth Short era uma boa moça e que não tinha nada que pudesse denegrir sua imagem.

O caso Dália Negra teve vários suspeitos, mas nenhum deles foi preso ou formalmente acusado. Toda a especulação e o espalhafato da imprensa serviram apenas para criar um mito e um mistério sem solução. A história inspirou o romance The Black Dahlia de James Ellroy e, posteriormente, o filme homônimo de Brian de Palma. O caso Dália Negra também foi citado no 9º episódio da 1ª temporada de American Horror Story (Spooky Little Girl), com Mena Suvari no papel de Elizabeth Short.

Quem Foi Elizabeth Short?

Elizabeth era a terceira de cinco filhas, nascida em Hyde Park, perto de Boston, Massachusetts, no dia 24 de julho de 1924. Sua família perdeu tudo durante a Grande Depressão de 1929, o que levou o pai a desaparecer do mapa. Mais tarde ela descobriria que ele estava morando na Califónia e mudou-se para lá. Aos 19 anos foi presa por oferecer bebida alcoólica a um menor e foi graças a esse pequeno delito que, alguns anos depois, seu corpo foi identificado através da sua digital registrada na polícia.

Não se sabe muito sobre a vida amorosa de Elizabeth, mas existe um curioso relato de que ela teria se apaixonado por um oficial das Forças Armadas. Os dois estavam em um relacionamento à distância, mas tinham planos de casar assim que ele retornasse de uma missão na Índia. Infelizmente, o casamento nunca pode acontecer. O Major Matthew M. Gordon Jr. morreu em um fatídico acidente de avião pouco antes de retornar.

Sem muita sorte no amor, ela decidiu investir na carreira de atriz. Mas, entre seu sonho de ser famosa e a morte, foi traçado um caminho bem curto. Elizabeth chegou a Hollywood com apenas 22 anos e estava determinada a atuar. Porém, sem nenhum grande talento, acabou apenas fazendo pequenos testes e filmes de baixa qualidade.

Enquanto alçava alguma fama, trabalhava garçonete. E mencionado que levou uma vida social ativa que envolvia namorar muitos homens diferentes, alguns rumores sugerem até mesmo Altos funcionários/Diretores de Hollywood, e os tabloides sensacionalistas de Los Angeles na época brincaram disso e descreveram erroneamente que ela estava vestindo roupas justas durante sua última aparição, o que implica que ela é uma prostituta.

O Que Sabemos Sobre o Assassinato?

A última vez que Short foi vista viva foi em 9 de janeiro de 1947, no Hotel Biltmore - seis dias antes de seu corpo ser descoberto.

A autópsia revelou a extensão da brutalidade. Elizabeth fora violentada e sodomizada. Hematomas por todo o corpo confirmaram que ela sofrera tortura por três dias. da boca partiam cortes, uma macabro sorriso de orelha a orelha, o que ficou conhecido como sorriso Glasgow. Teve a tatuagem de uma rosa na coxa esquerda arrancada, e colocada próximo em sua vagina. Seus intestinos foram removidos e enfiados sob a cabeça, e um saco de cimento com sangue aguado foi encontrado nas proximidades. 

O corpo tinha sido lavado e limpo e ela tinha sido colocada com as mãos sobre a cabeça e os cotovelos dobrados em ângulo reto. A autópsia indicou que Short tinha 1,65 de altura e 52 kg, tendo olhos azuis, cabelos castanhos, e os dentes escurecidos em um pouco cariados.

Havia marcas em seus tornozelos e pulsos, feitas por uma corda, sugerindo que ela pudesse estar presa de pernas abertas ou de cabeça para baixo. Da qual deu liberdade para o Assassino retalha com uma faca, ou uma serra elétrica. Não havia traumas na região da tireoide e da traqueia, o que demonstrou que não fora estrangulada.

Embora o crânio não tenha sido fraturado, Short tinha hematomas na face frontal e direita do seu couro cabeludo com uma pequena quantidade de sangramento no espaço subaracnóideo, no lado direito, consistentes como golpes na cabeça. A causa da morte foi a perda de sangue das lacerações no rosto combinadas com choque, devido a uma concussão cerebral.

A única pista era uma única marca de calcanhar no chão em meio a marcas de pneus. A única testemunha relatou ter visto um sedan preto estacionado na área nas primeiras horas da manhã e pouco mais.

Em 23 de janeiro de 1947, o assassino ligou para o editor do "Los Angeles Examiner" expressando a preocupação de que a notícia do assassinato estivesse seguindo fora dos veículos de comunicações e ofereceu ao editor, pelo correio, itens que pertenciam a short.

No dia seguinte, um pacote chegou ao jornal de Los Angeles contendo certidão de nascimento de Short, além de cartões de visita, fotografias, nomes escritos em pedaços de papel e um livro de endereços com o nome de Mark Hansen em relevo na capa, que foi a última pessoa conhecida a ter visto Short viva (em 9 de janeiro), se tornando assim o principal suspeito da morte dela.


O assassino viria a escrever mais cartas ao jornal, chamando a si mesmo "O Vingador da Dália Negra".

Em 25 de janeiro, a bolsa de Short e um sapato foram encontrados em uma lata de lixo a uma curta distância de Norton Avenue.

Devido à notoriedade do caso, mais de 50 homens e mulheres tinham confessado a autoria do assassinato e a polícia estava inundada com dicas irrelevantes cada vez que um jornal citava o caso ou um livro ou filme sobre ele era liberado.

O Sargento John, um detetive que trabalhou no caso até sua aposentadoria, declarou:
"É incrível como muitas pessoas ofereceram até um parente como o assassino."
Gerry Ramlow, um repórter do Los Angeles Daily News, também declarou mais tarde:
"Se o crime nunca foi resolvido foi por culpa dos repórteres... Eles botaram tudo a perder, atropelando evidências e ocultando informações".
Demorou vários dias para a polícia assumir o controle total da investigação.

Até então eram os repórteres que passavam o tempo vagando livremente pelos escritórios do departamento de polícia, sentavam em mesas de oficiais e respondiam seus telefonemas. Muitas dicas do público não foram passadas diretamente ​​para a polícia e acabaram caindo na mão de repórteres que decidiam conduzir a investigação por conta própria.

William Randolph Hearst, do "Los Angeles Herald-Express" e do "Los Angeles Examiner", foi um dos responsáveis por sensacionalizar o caso, usando as características de Short – cabelos negros, olhos azuis e o costume de usar sempre preto – e o terno preto sob medida de Short, o qual ela vestiu na última vez em que foi vista viva, para criar o mito da "Dália Negra", uma aventureira que rondava o Hollywood Boulevard.

Com o tempo, a cobertura da mídia tornou-se mais especulativa, com as alegações ultrajantes do estilo de vida de Short, feitas a partir do material que pertencia à vítima, enquanto aqueles que a conheciam realmente informavam que ela não fumava, bebia ou mantinha um estilo de vida desregrado.

Short foi enterrada no Mountain View Cemetery, em Oakland, Califórnia,

Posteriormente, suas irmãs vieram a crescer e se casar, e a sua mãe decidiu se mudar para Oakland para estar próxima do túmulo de sua filha.

Phoebe Short finalmente voltou para a Costa Leste em 1970 e viveu até seus 90 anos.

Existem Suspeitos?

Quem seria capaz de cometer tamanho assassinato? Jack, o Estripador, que quase 60 anos antes teria imitado em uma aquarela macabra sua último assassinato? Algum investigador na época deve ter imaginado tal possibilidade, diante de tantas que viriam a surgir.

Para eles a Dália negra em questão teria sido assassinado por uma pessoa próxima, não acreditavam que fora vítima de um Serial Killer. Naquele momento não haviam suspeitos, pistas ou provas, a não ser um corpo dividido em dois. Havia somente teorias em abundância. O caso serviu de base para a publicação de 5 livros, 2 filmes, citada em duas temporadas de American Horror Story, ambas as vezes interpretada por Mena Suvari.

Um dos detetives originais, Harry Hansen, disse que achava que o assassino era um "médico", devido à precisão na maneira como o corpo foi mutilado.

Houve muitas alegações sobre a identidade do assassino, com uma mulher alegando que usaria suas habilidades psíquicas para resolver o crime, e outra se apresentando para dizer que a terapia de regressão recuperou as memórias de seu pai, forçando-a a vê-lo torturado e matando Short.

Ao longo dos anos, houve 25 suspeitos viáveis, incluindo Walter Bayley - um cirurgião que morava em uma casa a uma quadra ao sul do terreno baldio onde o corpo de Short foi encontrado.

Na ocasião do assassinato Bayley tinha 67 anos, outra prova que Bayley seria o assassino seria que sua filha era amiga de Virginía Short, uma das irmãs da Dália Negra. Dois dados que serviram para aumentar a suspeita; ao morrer em janeiro de 1948, os legistas descobriram que Walter sofria de uma doença cerebral degenerativa e sua mulher disse que ele tinha um terrivel segredo. e mencionado que ele fazia abortos clandestinos, uma acusação nunca comprovada.

Outro homem, um cabo do Exército, alegou ter saído para beber com Short alguns dias antes de seu corpo ser descoberto. Ele disse que desmaiou e entrou em um táxi na cidade de Nova York - no entanto, ele foi encontrado mais tarde em sua base militar no dia em que ela morreu.

Também apontou-se para uma curiosa figura, um mániaco que aterrorizou o estado de Ohio, o famigerado "Açougueiro Louco de Kinsbury" ou "Assassino do Tronco de Cleveland".

Todas as vítimas do Açougueiro eram desmembradas com precisos e suaves cortes. Nunca foi preso e as atrocidades de repente pararam. Seria possível que o Açougueiro viajasse de Ohio para a Califórni, e cometido esse assassinato, e depois desaparecido? Para a polícia de Los Angeles sim, pois psicopatas como o açougueiro são nomades e seus crimes cessaram porque ele pode ter morrido ou ter sido preso por outros motivos.

Em 2003, a polícia ainda estava acompanhando as pistas do caso.

Steve Hodel, um ex-detetive de homicídios, se apresentou alegando que seu pai, o Dr. George Hill Hodel, que era médico, era responsável pelo assassinato.

Um cão policial especialmente treinado para farejar restos humanos revistou a antiga casa de George Hodel e aparentemente ficou animado com algo que descobriu.

As amostras de solo foram submetidas a testes de laboratório, mas nada saiu do lugar.

O Dr. George Hill Hodel segue sendo um dos principais suspeitos. Não só graças ao seu treinamento médico, mas também porque a polícia já o tinha em seu radar como suspeito do assassinato de outra jovem, Ruth Spaulding, que na época trabalhava como sua secretária. Além disso, uma das filhas do Dr. Hodel, Tamar, o acusou de abuso sexual, levando a um julgamento polêmico em que ele foi inocentado. 

Segundo investigações mais recentes, Hodel provia serviços ilegais em sua clínica (inclusive de aborto) e cobrava pacientes por procedimentos que nunca existiram. Em 2004, gravações foram descobertas nos arquivos da polícia, confirmando que a casa de Hodel em Los Angeles foi grampeada - em um trecho, o doutor diz: 
"Supondo que eu matei a Dália Negra. Eles não conseguiram provar isso. agora. Eles não podem falar com minha secretária porque ela está morta."
Notas. (1) ? Atemporal.

Fontes.                                                                                                                                            140 de 186

Editora Segmento. Ciência Criminal. Ano 1-N°4.













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