sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Enciclopédia das Lendas Urbanas: O Curioso Caso de Edward Mord(r)ake.

O mundo realmente é um lugar estranho. Se hoje, graças ao poder da internet já conseguimos saber das esquisitices que acontecem em todo lugar, muitas outras coisas bizarras já devem ter passado em nosso mundo nos séculos passados. Um exemplo enigmático disso é o que listamos aqui. Dizem as lendas obscuras que Edward Mordake (ou Mordrake) um nobre inglês que viveu no século 19, possuía duas faces. O segundo rosto estava localizado na parte de trás da cabeça, próximo da nuca.

Segundo as informações da época, esse segundo rosto não se alimentava, porém era capaz de rir e chorar. Relatos que nunca tiveram fontes comprovadas dizem que Mordake estava desesperado para remover o rosto de trás, já que ele sussurrava palavras ininteligíveis que ele achava que eram satânicas. Entretanto, nenhum médico jamais tentou realizar o procedimento de remoção do rosto. Edward Mordake se suicidou com 23 anos, atormentado pelo segundo rosto.

Esse curioso relato do século 19 jamais pode ser totalmente comprovado graças à falta de evidências médicas. As datas de nascimento e da morte de Edward Mordake não foram registradas e não existem muitos detalhes de como esse suicídio ocorreu, o que contribuem para o fato de Mordake ser apenas uma lenda urbana, já que esse caso ficou popular com o boca-a-boca das pessoas.

A Lenda.

Edward era herdeiro de um importante título de nobreza na Inglaterra ao qual nunca reclamou, tirando sua face na nuca, podia ser considerado um homem belo e era um músico talentosíssimo e brilhante fidalgo. Tinha tudo para ter uma vida feliz, mas em sua nuca carregava a tristeza de sua vida.

Edward possuía outra face em sua nuca, uma face que todos, inclusive ele próprio diziam ser desfigurada e “do mal”. Era algo absurdamente anormal que não comia, mas podia grotescamente rir e chorar. Alguns relatos afirmavam que olhar a face diretamente era extremamente desconfortável. As pessoas diziam que os olhos da face expressavam inteligência e raiva e seguiam as pessoas lentamente como se estivesse estudando aqueles que visualizavam.

Outros relatos apontavam para uma espécie de sorriso sarcástico que lentamente se formava na desfigurada face como se quisesse demonstrar um ódio oculto. Era quase impossível observa-la por muito tempo. Claro que Edward sofria muito com isso, em seu confinamento e solidão, afirmava ser impossível conviver com aquele “Demônio”.

Edward a solicitar a todos os médicos que conheceu a retirada da segunda face, mas seu pedido não poderia ser atendido, pois Edward morreria na cirurgia. Alguns relatos sobre o demônio da nuca de Edward Mordrake são impressionantes. Ele afirmava que sua segunda face era o próprio Demônio, quando estava triste a face sorria e algumas vezes até gargalhava.

À noite, rotineiramente, Edward era acordado na madrugada por sussurros feitos pela face deformada. Eram palavrões e um choro enlouquecedor que tinham como objetivo afetar o pobre Edward.

O final da história foi trágico. Edward se matou aos 23 anos de idade. Alguns afirmam que ele envenenou-se, já outros relatos afirmam que ele disparou um tiro bem entre os olhos da “Face demoníaca”.

Contudo em sua carta de despedida deixou bem claro:
“Peço que retirem esse demônio de meu corpo antes que me eternizem em terra, pois pretendo e solicito dormir a eternidade sem os lamentos do inferno”.
Seu pedido foi atendido pelos médicos Manvers e Treadwell que cuidavam do caso. Edward Mordake foi enterrado em uma cova de terra barata e sem qualquer tipo de lápide ou escultura, conforme seu desejo final.

Um Mito Real?

Como forma de dar autenticidade a história de Edward Mordrake, muitos ainda citam um livro centenário chamado “Anomalies and Curiosities of Medicine” (“Anomalias e Curiosidades da Medicina”), que foi originalmente publicado em outubro de 1896.

Como forma de dar autenticidade a história de Edward Mordrake, muitos ainda citam um livro centenário chamado “Anomalies and Curiosities of Medicine” (“Anomalias e Curiosidades da Medicina”), que foi originalmente publicado em outubro de 1896.

O livro é de autoria de dois médicos norte-americanos, George M. Gould e Walter L. Pyle, que teriam reunido todos os mais estranhos casos da medicina, incluindo o caso de Edward Modrake que, por sua vez, apresentaram da seguinte maneira:
“Uma das histórias mais estranhas e melancólicas da deformidade humana é a de Edward Mordake, que dizem ter sido o herdeiro de um dos pariatos mais nobres da Inglaterra. Ele nunca reivindicou o título e, em vez disso, tirou a própria vida em seu vigésimo terceiro ano de vida. Ele vivia completamente recluso, recusando até mesmo as visitas de seus próprios familiares. Ele era um jovem de muita capacidade, um ávido estudioso e uma músico de rara habilidade. Sua figura era notável por sua graça, e seu rosto – isto é, seu rosto natural – era de beleza grega. Porém, na parte de trás da cabeça havia outro rosto, a de uma linda garota, ‘adorável como um sonho, medonho como um demônio’. O rosto feminino era uma mera máscara, ‘ocupando apenas uma pequena porção da parte posterior do crânio, mas exibindo todos os sinais de inteligência, de um tipo maligna, no entanto’. A mesma seria vista sorrindo e sendo sarcástica, enquanto Mordake chorava. Os olhos seguiam os movimentos do espectador, e os lábios ‘mexiam sem parar’. Nenhuma voz era audível, mas Mordake dizia que, durante seu repouso, à noite, eram proferidos sussurros abomináveis do seu ‘gêmeo diabólico’, tal como ele chamava, ‘que nunca dorme, mas que sempre falava comigo sobre coisas, que são faladas somente no Inferno. Nenhuma imaginação pode conceber as terríveis tentações que ele me impõe. Por alguma imoralidade impiedosa dos meus antepassados, sou o tecido para este espírito maligno – certamente um demônio. Eu imploro e suplico a vocês, que extirpem o semblante humano, mesmo que eu morra por isso’. Essas teriam sido as palavras do infeliz Mordake para Manvers e Treadwell, seus médicos. Apesar de ser constantemente vigiado, ele teria conseguido obter veneno, razão de sua morte, deixando uma carta pedindo que a ‘face demoníaca’ fosse destruída ainda do enterro ‘para evitar que os abomináveis sussurros continuassem em seu túmulo’. A seu pedido, ele foi sepultado em um local de descarte de lixo, sem nenhuma lápide ou menção para identificar seu túmulo.”
Páginas 188 e 189 do livro “Anomalies and Curiosities of Medicine” (“Anomalias e Curiosidades da Medicina”),que foi originalmente publicado em outubro de 1896.
Infelizmente, George M. Gould e Walter L. Pyle não revelaram de onde eles tiraram essa história. Eles apenas disseram, que a foi extraída a partir de “fontes leigas”, ou seja, de pessoas comuns, que não eram profissionais médicos. De qualquer forma, a inclusão dessa versão da história de Edward Mordrake (citado como “Edward Mordake”) em uma publicação médica (em vez de, digamos, uma coleção de histórias curtas) adicionou um ar de autenticidade à narrativa. Afinal de contas, algumas pessoas têm uma certa tendência a acreditar em qualquer coisa, que seja contada por médicos, pesquisadores ou ex-astronautas da NASA, por exemplo, sem questionar ou pesquisar absolutamente nada sobre o assunto, como se o material divulgado fosse proveniente de verdadeiros deuses. Imaginem, então, toda essa situação aplicada ao século XIX. Com certeza absoluta era muito pior.

Embora Gould e Pyle parecessem dispostos a incluir em seu livro praticamente qualquer história, por mais questionável que fosse (diante da utilização de “fontes leigas”), o material publicado por eles, primordialmente, era de não ficção. Presumivelmente, eles não inventaram a história de Edward Mordrake. Porém, muito provavelmente eles teriam ouvido ou até mesmo lido sobre isso em algum lugar.

Quem Conta um Conto, Aumenta um Ponto.

Em 24 de abril de 2015, o historiador científico Alex Boese, criador do site “Museum of Hoaxes“, resolveu ir atrás da origem da história publicada no livro “Anomalies and Curiosities of Medicine.” Ele fez uma pesquisa por palavra-chave, no arquivo de notícias de jornais norte-americanos do século XIX, do site newspaper.com (requer uma assinatura paga para realizar essa pesquisa), e descobriu que a história de Mordrake apareceu em um artigo escrito pelo poeta Charles Lotin Hildreth, que foi publicado em alguns jornais norte-americanos, no ano de 1895, ou seja aproximadamente um ano antes da publicação do livro dos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle.

O artigo foi primeiramente publicado no jornal “Boston Sunday Post“, em 8 de dezembro de 1895, e poucos dias depois foi publicado em diversos outros jornais, incluindo o “Parsons Daily Sun” (11 de dezembro), e “The Decatur Herald” (14 de dezembro). Intitulado “The Wonders of Modern Science: some half human monsters once thought to be of the Devil’s brood” (“As Maravilhas da Ciência Moderna: alguns monstros metade humano já foram considerados proles do Diabo”, em uma tradução livre para o português), o artigo descreve uma notável variedade de “aberrações humanas”, cujos casos Charles Hildreth alegava terem sido encontrados em antigos relatórios da “Royal Scientific Society” (“Real Sociedade Científica”).

Artigo publicado no jornal “Boston Sunday Post”, em 8 de dezembro de 1895. As áreas em vermelho fazem
referência a história de Edward Mordrake.
Entre os casos publicados por Charles Hildreth está a “Mulher-Peixe de Lincoln” – uma jovem cujas pernas, do quadril para baixo, eram “cobertas de escamas brilhantes e terminavam exatamente como a cauda de um peixe“. Também há um ser “metade humano, e metade caranguejo“, cujas mãos e os pés terminam em enormes garras no formato de pinças. Não obstante, tínhamos a “Criança-Melão de Radnor”, que tinha a cabeça do tamanho e da cor de um melão, sem órgãos dos sentidos perceptíveis, exceto uma fenda vertical no lugar da boca. Já o “Sr. Pewness”, de Stratton, tinha os pés no lugar de suas mãos, “e vice-versa”.

O “Homem de Quatro Olhos de Cricklade” tinha dois pares de olhos, um acima do outro. Um homem chamado “Jackass Johnny” teria sido amaldiçoado com “um par de orelhas muito longas e peludas, exatamente como as de um burro.” A “Aranha de Norfolk”, por exemplo, era uma coisa monstruosa, que se arrastava sobre sua própria barriga com seis pernas peludas acrescidas de garras e uma cabeça humana. Para ajudar os leitores a imaginar como seriam esses seres, o artigo contava com algumas ilustrações.

Finalmente, a longa lista de “aberrações” terminava com a história “mais estranha e melancólica de todas“: justamente a de Edward “Mordake” (sem o “r”). Curiosamente, o texto publicado por Charles Hildreth é exatamente o mesmo que foi publicado pelos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle. A história de Charles foi inteiramente copiada, palavra por palavra, vírgula por vírgula, no livro “Anomalies and Curiosities of Medicine.”

Aliás, esse não foi o único trecho copiado pelos médicos George M. Gould e Walter L. Pyle, visto que todo o trecho relacionado ao “Homem de Quatro Olhos de Cricklade” também foi copiado e, assim como no caso de Edward Mordrake, não foi dado nenhum crédito a Charles Hildreth.

Questionamentos em Relação ao Caso de Edward Mordrake.
Edição de 1896 do livro “Anomalies and Curiosities
of Medicine”

Existe uma condição médica real, chamada “Craniopagus parasiticus” (um tipo raro de xifopagia, que ocorre entre 4 a 6 nascimentos humanos em cada dez milhões), cujos sintomas apresentam uma semelhança muito básica e rasa com os descritos no caso envolvendo Edward Mordrake. É uma complicação extremamente rara, que ocorre com gêmeos xipófagos (também chamados de conjugados ou siameses), quando a cabeça de um gêmeo sem corpo desenvolvido fica unida (de forma parasitária) à cabeça de um gêmeo com corpo desenvolvido (chamado de “gêmeo dominante”).

Para vocês terem uma ideia, em um caso relatado no periódico “Journal of Medical Case Reports“, em 2016, foi mencionado que somente cerca de 10 casos teriam sido documentados na literatura médica. Além disso, a maioria dos bebês que possuem a condição “Craniopagus parasiticus” morrem dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto. Entre os 10 casos documentados, apenas 3 teriam sobrevivido com a ajuda da medicina moderna. Desses 3 casos, dois morreram antes dos dois anos de idade, apesar das tentativas cirúrgicas de salvar a vida do gêmeo dominante. O terceiro, conhecido como o “Menino de Duas Cabeças de Bengala”, teria vivido até os quatro anos de idade e, aparentemente, estava em bom estado de saúde até ser mordido por uma cobra e morrer.

Em uma tentativa de justificar o caso “Edward Mordrake” como sendo clinicamente possível, muitos sites e canais no YouTube citam essa condição médica. Porém, raramente se comenta um pequeno detalhe: gêmeos xipófagos ou siameses sempre possuem o mesmo sexo, ou seja, se um for homem, o outro gêmeo também será. O “gêmeo demoníaco / parasitário” descrito no caso de Edward Mordrake era feminino, enquanto o gêmeo dominante era masculino. Nesse ponto, algumas pessoas tentam argumentar, é claro, que a face vestigial, ou seja, a “segunda face” teria sido mal-interpretada como sendo feminina.

Outro detalhe em relação a “face demoníaca” é que, embora a mesma não possuísse voz audível, assim como acontece nos casos de “Craniopagus parasiticus“, dizia-se que mesma apresentava traços de inteligência, ou seja, que a mesma costumava proferir sussurros abomináveis durante a noite, e que costumava rir e ser sarcástica, algo que não acontece nos casos de “Craniopagus parasiticus”. Os relatos (evidências anedóticas) sobre o “Menino de Duas Cabeças de Bengala” mencionavam que a face vestigial conseguia fazer “caretas”, e os olhos eram observados se movendo, no entanto, embora pudesse haver algum tipo de consciência rudimentar, não havia sinais de inteligência na face vestigial. Lembrando que o caso do “Menino de Duas Cabeças de Bengala” foi relatado em 1790, na Índia, ou seja, cerca de 106 anos antes da publicação de George M. Gould e Walter L. Pyle.

Alternativamente, ao longo do tempo, uma vez que a condição médica “Craniopagus parasiticus” começou a ser cada vez mais questionada, foi sugerido que Edward Mordrake poderia ter sofrido de uma malformação congênita chamada “Diprosopus” (“Diprosopia” ou “Duplicação Craniofacial”) em que as características faciais são duplicadas em maior ou menor grau em outras regiões da cabeça (nos casos mais raros, o rosto inteiro é duplicado).

Os mecanismos por trás dessa malformação ainda não são totalmente compreendidos. Alguns pesquisadores acreditam, que isso seja uma outra forma rara de xipofagia, porém atualmente sabe-se que a diprosopia é causada pela atividade anormal de uma proteína chamada “SHH”. A SHH e seu gene correspondente desempenham um papel importante na sinalização do padrão craniofacial durante o desenvolvimento embrionário, ou seja, a princípio, a diprosopia não seria um caso envolvendo xipofagia. Embora isso seja um pouco mais comum do que a condição “Craniopagus parasiticus” (com pouco menos de 50 casos documentados desde meados do século XIX), a diprosopia tem uma taxa de sobrevivência igualmente baixa, sendo que a maioria dos bebês morrem dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto. Raramente algum caso sobrevive mais do que alguns minutos ou horas de vida.

Em 2008, por exemplo, tivemos o caso envolvendo a pequena Lali Singh, que nasceu na Índia com essa malformação. E, por negligência da família ao evitar que os médicos tentassem tratá-la por considerá-la a reencarnação de uma divindade, Lali acabou morrendo com apenas dois meses de idade, vítima de um ataque cardíaco.

Resumindo? Embora a ciência ofereça explicações teóricas para a possível condição de Edward Mordrake, elas são muito limitadas e, caso realmente tivesse acontecido, muito provavelmente o caso teria sido documentado em algum momento, em algum lugar, devido a raridade da condição médica.

De qualquer forma, sempre tivemos outros motivos para desconfiarmos sobre toda essa história. Em primeiro lugar, toda a narrativa é muito melodramática, se distanciando, e muito, de algo científico. Em segundo lugar, de acordo com uma citação na edição nº 37 do periódico “The Theosophical Review“, de 1906, os nomes dos supostos médicos de Edward Mordrake, Manvers e Treadwell, nunca apareceram no “Dictionary of National Biography“, uma publicação de referência sobre as figuras mais notáveis da história britânica. Se eles eram médicos de um membro da nobreza britânica, certamente iriam aparecer em alguma edição dessa publicação, mas isso nunca aconteceu.

Para completar, em 1958, o folclorista Paul Brewster solicitou aos leitores do periódico “Journal of the History of Medicine” maiores informações sobre Edward Mordrake, observando que “se o mesmo fosse um autêntico caso de teratologia, deveria haver fontes confiáveis nesse sentido“. Nunca houve qualquer resposta positiva. Vale ressaltar que a teratologia é um ramo da ciência médica preocupado com o estudo da contribuição ambiental ao desenvolvimento pré-natal alterado, ou seja, estuda as causas, mecanismos e padrões do desenvolvimento anormal.

Mesmo diante de todos esses questionamentos, ou seja, indicativos claros que toda essa história teria sido criada em uma momento anterior a 1896, muitas revistas, livros, e posteriormente sites e fóruns na internet disseminaram essa história como sendo a mais absoluta verdade. Mesmo não sendo citada uma única fonte sequer, a absoluta maioria das pessoas abraçou o caso como sendo autêntico.

Fontes.                                                                                                                                            142 de 186

https://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Mordake

http://www.e-farsas.com/edward-mordrake-sera-que-o-homem-da-face-demoniaca-realmente-existiu.html (Fonte Principal).

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-homem-da-face-demoniaca-edward-mordake-existiu-de-verdade.phtml

https://www.megacurioso.com.br/bizarro/42266-mito-ou-verdade-sera-que-o-homem-de-duas-caras-realmente-existiu-.htm

http://www.alemdaimaginacao.com/Noticias/edward_mordake.html

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