terça-feira, 16 de abril de 2019

The Question Dossiê: Fluoretação da Água.

Algumas conspirações Tem efeitos pequenos, outras podem decidir os rumos políticos de um País. Algumas são sem pé nem cabeça.

Algumas são perigosas.

Seu grau de perigo pode ser considerado de Classe "S" devido ao contexto em que são utilizadas. O Movimento Anti-Vacina está nesta classe de conspirações que podem ocasionar uma ressurreição de doenças que antes estavam quase extintas, se transformarem em uma epidemia mundial.

Alguns Teóricos Conspiracionistas argumentam que a comunidade cientifica mente sobre a Fluoretação da água. Neste post iremos explorar a  conspiração favorita do Questão, de que o Flúor não combate as cáries, ele só torna os dentes visíveis por satélite!

A fluoretação da água é a adição controlada de flúor à água de abastecimento público para reduzir a cárie dentária. 

Embora quase todas as grandes organizações de saúde e odontológicas apoiem a fluoretação da água e não tenham encontrado nenhuma associação com efeitos adversos, os esforços para introduzir a fluoretação da água encontram uma considerável oposição sempre que é proposta. Desde o início da fluoretação na década de 1950, os opositores recorreram à desconfiança de especialistas e à preocupação com a medicina e a ciência  As teorias conspiratórias envolvendo a fluoretação são comuns e incluem as seguintes reivindicações:
  1. A fluoretação é parte da Nova Ordem Mundial, de uma trama comunista, fascista ou Illuminati para dominar o mundo. Este conceito é mencionado, com efeito cômico, em Dr. Strangelove de Stanley Kubrick, onde um general insano repetidamente acusa os países do Pacto de Varsóvia de tentar "enfraquecer e impurificar todos os nossos preciosos fluidos corporais";
  2. A fluoretação foi concebida pelo complexo militar-industrial estadunidense para proteger o programa de armas atômica de litígios;
  3. A fluoretação foi iniciada por uma empresa química alemã para tornar as pessoas submissas aos detentores do poder;
  4. A fluoretação foi usada em campos de prisioneiros russos e produz esquizofrenia;
  5. A fluoretação é apoiada pelas indústrias de alumínio ou fosfato como um meio de eliminação de alguns de seus resíduos industriais;
  6. A fluoretação é uma cortina de fumaça para cobrir a falta de atendimento odontológico para os pobres;
  7. Os pesquisadores de fluoretação são acusados estar a serviço dos interesses corporativos ou políticos, como parte da trama; argumentos específicos anti-fluoretação mudam para combinar com o espírito de época;
O Que é a Fluoretação da água?

Fluoretação é uma tecnologia de Saúde Pública, empregada desde 1945, para prevenção da cárie dentária, que utiliza a água de abastecimento público como veículo para o flúor, um elemento químico presente no ambiente, cuja concentração varia conforme o meio (água, ar, solo). No caso da água, varia também conforme o tipo de manancial. O flúor está presente em praticamente toda a água, variando apenas sua concentração. Na água do mar sua concentração é de aproximadamente 1,0 mg F/litro. A fluoretação das águas é uma tecnologia de Saúde Pública recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde, e por todas as entidades odontológicas e de saúde coletiva do Brasil. Sua utilização nas principais cidades brasileiras vem sendo considerada fator decisivo para o declínio observado na prevalência de cárie nessas localidades. Contudo, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil a maioria da população, inclusive das capitais estaduais, não têm acesso a esse benefício. Nesses locais, e mesmo em pequenos municípios do interior das regiões Sul e Sudeste, os níveis de cárie são mais elevados quando comparados com cidades providas do benefício da fluoretação da água.

Um requisito importante para o emprego seguro da tecnologia de fluoretação da água de abastecimento publicou é a realização da vigilância sanitária da água, se possível com base no heterocontrole, para que se tenha certeza de que a água tratada, distribuída aos domicílios, esteja efetivamente fluoretada, conforme recomenda a técnica, para que a água não contenha flúor em níveis abaixo do necessário para prevenir cárie, nem que esse teor esteja acima do aceitável em determinada localidade.

Segundo pesquisadores brasileiros e internacionais, a fluoretação pode reduzir a cárie em até 60%. Contudo, com o advento dos cremes dentais fluoretados, a contribuição relativa, atribuível à fluoretação da água, é menor. Ainda assim, segundo a OMS, nos países em que a fluoretação é empregada nas estratégias preventivas de Saúde Pública essa medida continua sendo a principal responsável pela prevenção da cárie dentária.

O flúor, veiculado pela água, é absorvido pelo organismo e exerce efeito preventivo local. Isso não decorre somente da "passagem" do flúor pela cavidade oral e pelos dentes no momento da ingestão da água fluoretada ou sucos e alimentos preparados com ela, mas também pela presença do flúor na saliva. É esta saliva contendo flúor que protege os dentes contra a doença, pois ela adquire um efeito bacteriostático, impedindo, ao menos parcialmente, a multiplicação dos microorganismos que causam a cárie.

No Brasil, a fluoretação das águas de abastecimento público é obrigatória, por lei federal, desde 1975, onde há estação de tratamento da água (ETA). Contudo, dados os benefícios que a medida proporciona, ela é feita mesmo em municípios que não contam com ETA, e cujo sistema de abastecimento de água é misto com poços artesianos, ou exclusivamente com base em poços.

A fluoretação é a medida preventiva da cárie dentária de melhor custo-benefício. Manter um indivíduo beneficiado por água fluoretada, durante toda a sua vida, custa o equivalente à metade do custo de uma restauração dentária.
  • Proibição da Fluoretação.
Diversos países do mundo, nos quais a cárie é uma doença controlada em termos de saúde pública, optaram por não utilizar a fluoretação da água. Contudo, os representantes desses países na Assembléia Mundial da Saúde se posicionam favoravelmente à fluoretação nas localidades onde essa medida é recomendada, segundo as técnicas de saúde pública. Não há evidência científica de que em baixas concentrações, conforme a encontrada nos oceanos, e preconizada para uso em saúde pública, o flúor represente algum risco para a saúde humana. Contudo, em concentrações elevadas, o flúor é uma substância tóxica que pode causar distúrbios de atenção, concentração e memória.

Métodos de Fluoretação.
  • Na maioria das cidades brasileiras o teor recomendado de flúor nas águas deve ser de 0,7 mg F/l, aceitando-se uma variação de 0,6 a 0,8 mg F/l. Contudo, esse teor ótimo depende, fundamentalmente, das médias das temperaturas máximas anuais registradas em cada localidade. Isto faz com que em cidades onde essa média é mais baixa, o teor ótimo seja de 0,8 mg F/l.
  • A técnica de fluoretação, nas Estações de Tratamento de Água, pode variar conforme as características de cada sistema de tratamento da água. Tem sido comum, nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, o emprego do ácido fluorsilícico. Mas há localidades que empregam o sal denominado flúorsilicato de sódio.
  • Em muitos municípios, como Lins e Presidente Prudente, no estado de São Paulo, as águas contêm, naturalmente, o teor ótimo de flúor, preconizado para prevenir cárie. Nesses casos, as ações de vigilância sanitária têm a finalidade de apenas monitorar a continuidade desses teores na água que abastece a população.
  • Em países em que o teor natural de flúor na água é homogêneo, como França, Suíça, Uruguai, Jamaica, dentre outros, é possível utilizar o sal de cozinha para levar flúor à população. A quantidade utilizada é de 250mg de fluoreto de sódio. Nessas situações, o custo é menor ainda e os benefícios preventivos similares. Contudo, em países de grande extensão territorial e nos quais haja heterogeneidade nos teores de flúor naturalmente existentes nas águas, a fluoretação do sal é praticamente inviável, pois requer medidas de extremo rigor para impedir que sal fluoretado seja consumido em locais onde os teores de flúor na agua sejam diferentes para mais ou para menos e, também, naquelas localidade onde as águas contêm, naturalmente, o teor ótimo de flúor.
  • O leite também pode ser fluoretado, em comunidades controladas, não beneficiadas por programas universais de exposição a fluoretos. A OMS reconhece o valor dessas experiências, e as apóia, como é o caso de algumas comunidades andinas, cujas populações sofrem com o isolamento da região e com dificuldades para obter e tratar água, no Chile.
História Do Fluoreto.

FREDERICK MCKAY, dentista do Colorado, cujas
investigações levaram à descoberta dos efeitos
do fluoreto nos dentes. Créditos: Scientific American
Brasil.
Os riscos do fluoreto já eram conhecidos bem antes dos seus benefícios. Partindo na primeira década do século 20, um dentista chamado Frederick McKay viajou o oeste dos Estados Unidos investigando relatos do que ficou conhecido então como Colorado brown stain (Manchas marrons do Colorado). Com a colaboração de G. V. Black, da Northwestern University Dental School, McKay descobriu que as crianças nascidas em Colorado Springs, no Colorado, tinham dentes maculados, ao contrário dos adultos que se mudaram para lá. Eles consideraram que as crianças mais novas, cujos dentes permanentes ainda não haviam irrompido ou desenvolvido esmalte, enfrentavam os maiores riscos de desenvolver as manchas. McKay, que considerou que as máculas eram provocadas por algum componente desconhecido da água potável local, também notou um fato curioso: os dentes manchados eram surpreendentemente resistentes à cárie.

As causas permaneceram desconhecidas até 1930, quando McKay viajou para o Arkansas para investigar relatos de dentes manchados em Bauxita, cidade mantida pela Aluminum Company of America (Alcoa). Com receio de que o alumínio pudesse ser o culpado, o químico-chefe da Alcoa, H. V. Churchill, testou a água local e descobriu algo que McKay nunca havia suspeitado: altos níveis de fluoreto que ocorriam naturalmente. McKay rapidamente testou outros suprimentos de água suspeitos e descobriu que em todo lugar em que os níveis de fluoreto eram altos – normalmente 2,5 mg/L ou mais – as manchas marrons do Colorado predominavam. Uma nova doença entrava para o léxico: fluorose.

Estimulado pelas descobertas de Churchill e McKay, Henry Trendley Dean, pesquisador e chefe da unidade de higiene bucal do Instituto Nacional de Saúde, tentou determinar quanto fluoreto seria suficiente para desencadear fluorose. No final dos anos 30 ele havia concluído que níveis abaixo de 1 mg/L provocariam pouco risco. Dean lembrou que McKay havia descoberto que os dentes fluoretados eram resistentes às cáries, e, assim, começou a lutar para que se fizesse um teste, em uma cidade, de um método que viria a ser revolucionário: adicionar fluoreto deliberadamente à água, em níveis que deteriam as cáries sem desencadear fluorose. Ele realizou seu projeto em 1945, na cidade de Grand Rapids, Michigan. Assim, Dean veio a se tornar o principal defensor da fluoretação como primeiro diretor do novo Instituto Nacional de Pesquisa Dental, cargo que presidiu de 1948 até se aposentar, em 1953.

Fontes.                                                                                                                                            052 de 186




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