quarta-feira, 10 de abril de 2019

Yu-Gi-Oh! O Baralho Do Diabo.

Muito antes de Tokyo Guru e a Globo treta com Cosplayers, polêmicas envolvendo animes e mangás no Brasil já aconteciam com frequência, Cavaleiros do Zodíaco, nos anos 90, seguido por outras animações da mesma época, sofreram com o estranhamento de certos temos polêmicos retratados, ganhando um certo status anti-cristão por parte da população mais conservadora.

E pelo título vai ser deste Anime/Mangá que falaremos neste post.

Ano de 2003, praticamente algo do começo da Década de 2000. Neste ano de 2003, tinha por volta de 9 anos de idade. Foi nesta época (Pelo que eu me lembro) que um estranho card começou a ficar popular com a criançada.

Yu-Gi-Oh!, uma série de mangá sobre jogo escrita e ilustrada por Kazuki Takahashi. A série foi originalmente publicada pela editora Shueisha na revista Weekly Shōnen Jump entre 1996 e 2004. A trama segue a história de um menino chamado Yugi Muto, que remonta o antigo Enigma do Milênio, e desperta um espirito dentro de seu corpo com a personalidade de um jogador e que resolve seus conflitos usando vários jogos.

Duas adaptações em anime do mangá original foram produzidas: uma pela Toei Animation com o mesmo nome, que foi ao ar de 4 de abril de 1998 a 10 de outubro de 1998, com 27 episódios; e outra produzida pela Nihon Ad Systems e animada pelo Studio Gallop intitulada Yu-Gi-Oh! Duel Monsters, que foi ao ar entre abril de 2000 e setembro de 2004, com 224 episódios. O segundo anime expandiu uma franquia que inclui vários animes spin-offs, Trading Card Game e diversos vídeo games.

A maioria das incarnações da franquias envolvem o jogo de cartas fictício chamado Duel Monsters (Monstros de Duelo) onde cada jogador usa cartas para um "duelo" entre si, em uma batalha simulada de duelo de "monstros". O Yu-Gi-Oh! Trading Card Game é a contraparte do mundo real para este jogo ficcional em que é livremente baseado.

No Brasil, o mangá de Yu-Gi-Oh! foi publicado pela editora JBC entre 2006 e 2010.

Não irei me focar na história, regras em si. Digamos que será um posto biográfico do meu 1°contato com um Card Game.

O (meu) Hebdômada de Yu-Gi-Oh!
  • Ano de 2003.
Era mais um dia comum naquele ano de 2003, até ser apresentado a um curioso jogo de cartas com ilustrações um tanto "estranhas" para época. Cards de papel que era comprados na Banca de Jornal ou na Mercearia (ou Doçaria) da esquina. Em 2003 os pacotinhos custavam em torno de 0,10 centavos e vinham em torno de 4 Cards. Lembro que meu pai comprou 1 real deles.

Até aquele momento, pensei que era apenas figurinhas para colar em um álbum, contudo elas não eram coláveis. Como elas eram colecionáveis, todos queriam ter a mesma coleção que o cara da banca tinha, da qual ele ostentava com maior orgulho o seu Dragão Branco de Olhos Azuis. Lembro até de ter pedido o dele, já que sempre que comprava só tirava o Mago Negro. Ele se recusou a entregar seu card.

Foi neste ano também que aprendi o que era o Card Game de Yu-Gi-Oh! com um vizinho.

Não me lembro com clareza com quantos Cards eu tinha, apenas sei que não me lembro o dia exato, eu perdi todos eles no jogo de bafo, da qual fui enrolado que seria de brinca, e não de ganha. (Na Brinca seria um disputa de quem batia mais cards, na Ganha, o vencedor leva tudo). Foi neste dia depois de uma choradeira por ter sido enganado, que papai decidiu que não compraria mais cards.
  • 2004.
Este foi o Primeiro Card de 2004 que
comprei.
2004, foi um ano atípico, foi um ano em que realmente eu queria colecionar esses cards, contudo a recusa do meu pai em gastar dinheiro com cartas de papel me fez a recorrer a um outro método; Juntar moedas e comprar aos poucos. Por que disto, Juntar 40 Cartas e montar um Deck para poder duelar. Digamos que em um 1° momento seria uma loteria. Conseguir os Cards. durante 3 meses daquele 2004. Eu havia colecionando mais cards de Cavaleiros do Zodíaco, Inu-Yasha e Pokémon do que o que realmente eu queria. E constantemente mudava o ponto de compra na esperança que viessem mais do que eu queria. Comprando em torno de 10, em algumas ocasiões 20 pacotes, consegui uma média de, 0,2222222222222222 por dia. Em 90 dias gastando em torno de 1 a 2 reais, havia conseguido 20 Cards de Yu-Gi-Oh. A Maioria eram de Pokémons, junto com as figurinhas de álbum.

O Anime passava na Tv Globinho, e a ânsia de ter aqueles Cards eram Enormes. Foi a parti do final de julho para o começo de Agosto retornando da escola, para mais um ritual, pedi 2 Reais em cartas do Yu-gi-Oh. mais 20 pacotinhos. Ele me entregou 10 pacotes, no 1° momento pensei, "Fudeu" além de custar 0, 20 centavos, minhas chances de ter um baralho, acabou ali mesmo. Quando abrir o 1° pacote, 4 Cards, no segundo 5 Cards. No final tinha 42 Cards que queria.

Tinha muito mais do que pensei inicialmente. Contudo a vontade de ter mais cards falou mais alto. Em outubro tinha em torno de 400 Cards, Dragão Branco, Mago Negro, Um Braço do Exódia, cards que assistia no anime, eu os tinha.
  • 2005.
Seguindo o mesmo passos do 2° Semestre, logo montei um objetivo em comum, juntar 1000 Cards. De fato consegui. Foi nesta época que obtive 2 dos chamados Cards de Deuses Egípcios.
  • 2006.
Foi um ano de diversos Packs (Pirateados) foi um ano que conheci a Geração GX. Foi neste ano que consegui o 3° Deus além de 2 das 3 feras sagradas.

  • 2007.
Foi um ano de diversos Packs (Pirateados) tanto da Duel Monster (Com um leve foco nas cartas clássicas), quanto da Geração GX.
  • 2008.
Foi neste Ano que foi introduzido no Mercado Pirata (pelo que eu vi) os Monstros Sincro. Cards com diversas logos. Não foi um ano semelhante aos 3 primeiros. Outra coisa que percebi, foi como os cards daquele ano ficaram um poucos maiores (quase do tamanhos das originais (originais mesmo).
  • 2009.
O Retorno dos Cards que coleciona em 2003. Foi a última vez que comprei esses Cards. Depois desta mini biografia de como colecionei Cards de Yu-Gi-Oh, vamos para o ano em que ele se tornou o Baralho do Diabo.

Yu-Gi-Oh! O Baralho Do Diabo.

Sabemos que conceitos religiosos são diferentes em diversas partes do Mundo, além e claro de que certo conceitos são bem estranhos para nós ocidentais, principalmente para um pais, da qual  é majoritariamente cristã (87%), sendo sua maior parte católico-romana (64,4%). Herança da colonização portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891, que instituiu o Estado laico. Também estão presentes os movimentos básicos do protestantismo:
  • Adventismo; 
  • Batistas; 
  • Evangelicalismo; 
  • Luteranos; 
  • Metodismo; 
  • Presbiterianismo. 
No entanto, existem muitas outras denominações religiosas no Brasil, algumas dessas igrejas são:
  • Pentecostais; 
  • Episcopais; 
  • Restauracionistas; 
  • Entre outras. 
Ou seja, um país Cristão. E de praxe que coisas que não condiz com as coisas de deus cause estranheza para os mais conservadores. Já ouvi colegas mencionarem que não assistiam televisão, pois Satanás estava na tela, desencaminhados os virtuosos para seus reino de tentações e malefícios. E aonde que Yu-Gi-Oh, ganhou seu notório título.

No começo dos anos 2000 tínhamos animes sendo exibidos na TV aberta na faixa diurna. Já que as animações japonesas ganharam uma certa fama na extinta Rede Manchete, o sucesso atravessou o 3° milênio e se estabeleceu nos anos 2000-2008. Mas além do sucesso, os desenhos japoneses carregavam consigo uma estranheza percebida, (olhem só, até hoje, eu mesmo tive uma comprovação disto) pelos mais conservadores: Por que personagens que ser parecem com demônios são exaltados como heróis?

Se as manhãs eram das Crianças que iam e voltavam das escolas, a Noite eram dos pais que retornavam do trabalho e tinham opções ou assistir a novelas da Globo ou o teste de DNA do Ratinho, mais de vez em quando mudavam para a Band ver Gilberto Barros apresentando programas apelativos que iam desde celebridades em polígrafos até a tentativa de afogar mulheres de camisola.

Gilberto Barros e o antagonista deste capítulo sombrio da história dos animes no Brasil. A confusão toda se deu em quatro noites seguidas da primeira semana de junho de 2003, durante o tempo em que comandava a segunda fase do extinto programa Boa Noite Brasil (a primeira foi comandada pelo saudoso e lendário Flávio Cavalcanti entre 1982 e 1983).

Nas três primeiras noites, Gilberto dedicou a primeira meia hora do diário para fazer uma "denúncia" contra o card game daquele momento. Ele mesmo denominava de "o baralho do demônio" de uma forma sensacionalista e assustadora. E sem contar que o mesmo chegava a generalizar e tentar associar com outro card game famoso entre jovens e adultos, o Magic (também lançado por aqui pela Devir). Lembro que numa dessas noites um determinado político mineiro chegou a acusar os jogos como parte das máfias japonesa (Yakuza?!), americana e russa. Nunca houve quem provasse esse tipo de afirmação absurda e jamais haverá.

Claro que teve toda uma comoção na internet entre os fãs de Yu-Gi-Oh! e com toda a razão. Afinal, sintonizar a tevê às dez da noite e se deparar com um conhecido apresentador detonar um anime famoso - sem ao menos conhecer do que realmente se trata - era trágico. Sites como a Herói (ainda lá na primeira versão) rebateram a acusação de Gilberto Barros e a ira dos fãs era visível no mural de comentários que os leitores deixavam nas páginas de notícias (a seção Papum) e de crítica, que perdurou debates por todo o resto daquele ano. O jornalista Odair Braz Jr. (atualmente do Portal R7) frisou bem um termo que poderia muito bem resumir toda aquela repercussão em apenas duas palavras: polêmica falsa.

Mas foi na noite da quinta-feira, 5 de junho de 2003, que o Boa Noite Brasil se dedicou inteiramente a tratar sobre o tal "baralho do demônio". Gilberto, como já estava fazendo, não media esforços pra satanizar Yu-Gi-Oh! (o tal baralho que acusou sem ao menos saber o que é de fato). Mas deixou espaço para ambas as partes. Ou melhor, três lados.

Para a acusação havia um teólogo que dizia coisas como "não entregue os seus filhos nas mãos do demônio" e tentou hostilizar todo tipo de jogos de card game e até RPG, como se a temática sobre demônios, vampiros, lobisomens e coisas do gênero fossem uma pura apologia ao satanismo. Coisa que até hoje ninguém jamais conseguiu comprovar de fato. Para a defesa estava um organizador de eventos especializados em card game, Luciano Santos, que explicou a origem e a essência de Yu-Gi-Oh e que ali se tratava apenas de um jogo que exercitava agilidade e inteligência. No mais, nada de influências sobrenaturais que transformassem as crianças em zumbis como os leigos queriam subtender naquele tempo. Luciano chegou a ressaltar que haviam card games e RPGs voltados para o público cristão, principalmente para os pequeninos. O terceiro lado era neutro e que procuraram entender os jogos sem julgamento. Ali estavam um psicólogo e um juiz da vara da infância e juventude.

Mas como se não bastasse todo o esclarecimento, o Leão tinha uma estranha "carta" na manga e bem pior que um deck com várias cartas de ressurreição. Ele mostrou um trecho de uma cena do filme A Árvore do Poder, do anime Dragon Ball Z (lançado nos cinemas brasileiros como Dragon Ball Z - O Filme) onde o saiyajin Tales (Turles no original) usou Gohan, o filho de Goku, para que ele se transformasse no temível macaco gigante Ozaru. Na cena em que Gohan transformado atacava (inconscientemente) seu pai, Tales disse algo como: "E o filho esmagará o pai como uma barata tonta".

Gilberto usou esta cena pra tentar "provar" um inexistente ponto onde haveria uma "influência negativa" e de "imposição de filho contra pai". O que por si é uma acusação inverídica. Ora, a produção do programa era de uma emissora que já tinha exibido a série Dragon Ball Z às tardes poucos anos antes do tal evento. Mais estranho do que essa contradição (permitida pela própria Band) foi a omissão do Leão quanto à citação do final do filme onde o bem vence o mal e Goku e Gohan superam a luta como pai e filho. E outra o que tem havê o Dragon Ball Z com Yu-Gi-Oh!? Aliás, usar Dragon Ball Z como exemplo negativo foi bem interessante, porque -COINCIDENTEMENTE- naquela época a emissora tinha perdido pra Globo os direitos de exibir o Goku e seus amigos.

Ironicamente, outros dois animes chegaram a anteceder o Boa Noite Brasil meses depois ainda em 2003). Slayers (primeira temporada) e Batalha dos Planetas (primeira adaptação americana do Gatchaman).

Bem, depois de tanta polêmica, Gilberto deu chance pra Yu-Gi-Oh! Enfim, o caso ficou na memória do público (até porque não existem registros no YouTube daquela época) e estava no imaginário popular até ser ressuscitado pelo próprio Gilberto Barros em uma rádio online. Entre vários assuntos, o Leão contou sua versão sobre o episódio envolvendo Yu-Gi-Oh.

O apresentador explicou que recebeu a pauta do -Yo-Gui-Oh- e que o público não entendeu o que ele quis falar. Leão ainda argumentou que a pauta de que aquilo era coisa do Satanás veio da imprensa japonesa (que, como todos sabemos, é muito cristã e acredita em inferno). Ele ainda pediu desculpas e disse que sua preocupação era que uma criança pequena não entendesse o jogo tão acessível e simples.

Atualização: 07/07/2022

Na manhã desta Quinta-Feira, Algo me chamou a atenção no Twitter, Yu-Gi-Oh! geralmente esse card game está ligado a um certo nicho que engloba os desde os TCG/OCG boys, até os jogos online (Duel Links e Master Duel, oficiais da Konami) e colecionadores. Estranho, se e algo relacionado ao Anime deveria ser bem grande já que ficou nos Trending Topics nesta manhã.

Contudo não era o anúncio bombástico da Konami ou uma novo Anime do mesmo, gostaria que fosse, mas não era outra coisa.

Takahashi Kazuki, criador do mangá "Yu-Gi-Oh!", que posteriormente criou o card game de mesmo nome foi encontrado morto aos 60 anos. De acordo com o Bleeding Cool, o corpo de Takahashi foi encontrado ontem (quarta-feira, 06 de Julho de 2022) Segundo informações divulgadas pela emissora japonesa NHK, o corpo de Takahashi foi encontrado pela guarda costeira boiando no mar, na cidade de Nago, na ilha de Okinawa.

Quando Kazuo, (primeiro nome do artista) foi encontrado estava usando uma camiseta, uma máscara subaquática, snorkel e pé de pato, nadadeiras, segundo a Guarda Costeira japonesa. O corpo foi encontrado a cerca de 300 metros da costa. A identidade do corpo só foi confirmada na quinta-feira. O corpo foi identificado após uma empresa de aluguel de carros ter acionado a polícia de Okinawa. Ela havia perdido contato com Takahashi, que tinha contratado os seus serviços e viajava sozinho pela região. 

O que aconteceu de fato, não se sabe, presume-se que neste momento que a morte tenha sido acidental. 

O corpo foi achado com marcas de mordida. Segundo as autoridades, foram encontradas marcas de mordida no corpo. A suspeita é de que elas tenham sido feitas por tubarões e outros animais marinhos.
A Guarda Costeira japonesa ressalta, no entanto, que as autoridades ainda estão investigando as causas da morte.




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