sábado, 11 de maio de 2019

O Curioso Caso Das Crianças Verdes de Woolpit.

O Mundo e recheado de mistérios. Alguns mistérios são solucionáveis, perdendo seu status misterioso, sendo facilmente explicado, outros ainda perambulam na imaginação, que de vez em quando demonstram que nem mesmo a navalha de Occam pode explica-lo. Alguns simplesmente desafiam a lógica humana, permanecendo no campo do sobrenatural. Outros são misteriosos por si só. Nem racionalmente explicado, tão pouco pertencente ao Sobre-humano.

Woolpit é um pequeno e sonolento vilarejo inglês situado entre as cidades de St. Edmunds e Stowmarket no condado de Suffolk. Trata-se de um lugar pequeno que embora seja muito antigo e possua uma longa história, não chama a atenção por nada em especial, ou quase nada.

Existe uma lenda muito estranha contada há gerações em Woolpit. A estória teria surgido em algum momento do século XII e desde aquela época sofreu alterações, mantendo contudo a sua base e a estrutura central.

O Mundo e recheado de mistérios. Alguns mistérios são solucionáveis, perdendo seu status misterioso, sendo facilmente explicado, outros ainda perambulam na imaginação, que de vez em quando demonstram que nem mesmo a navalha de Occam pode explica-lo. Alguns simplesmente desafiam a lógica humana, permanecendo no campo do sobrenatural. Outros são misteriosos por si só. Nem racionalmente explicado, tão pouco pertencente ao Sobre-humano.

Woolpit é um pequeno e sonolento vilarejo inglês situado entre as cidades de St. Edmunds e Stowmarket no condado de Suffolk. Trata-se de um lugar pequeno que embora seja muito antigo e possua uma longa história, não chama a atenção por nada em especial, ou quase nada.

Existe uma lenda muito estranha contada há gerações em Woolpit. A estória teria surgido em algum momento do século XII e desde aquela época sofreu alterações, mantendo contudo a sua base e a estrutura central.

A lenda relata o misterioso aparecimento de duas crianças; uma menina e um menino, que tinham a pele marcada por uma incomum tonalidade esverdeada. Elas falavam um idioma estranho, mas eventualmente uma pessoa do vilarejo conseguir compreender o que elas diziam e traduziu suas confusas palavras. As crianças afirmavam ter vindo de um lugar mágico chamada Terra de St. Martin onde os habitantes tinham a tez naturalmente esmeralda. Segundo as crianças St. Martin se localizava no céu, sendo uma ilha flutuante onde sempre era dia e no qual o sol sempre brilhava. Na ilha existia uma única cidade, mas seus habitantes viviam em habitações subterrâneas alimentando-se exclusivamente de sementes verdes e da luz do sol

(OBS: Existem outras versões que são contrárias a essa que veremos abaixo).

Embora a lenda seja normalmente relevada ao reino do mito e folclore, é possível haver algo mais nessa inocente estória?


Diz a Lenda...

As crianças foram encontradas durante o regime do rei Stephen da Inglaterra (1135-1154), numa época em que viver era difícil por definição. Segundo relatos do século XII, numa tarde sombria do mês de agosto, no Povoado de Woolpit, em Suffolk (Inglaterra), os camponeses estavam trabalhando no campo de colheita quando duas crianças misteriosamente apareceram. Um menino e uma menina emergiram de uma vala profunda, que havia sido feita como armadilha para caçar lobos.

Para surpresa dos camponeses, o menino e a menina tinham a pele e cabelo da cor verde. As crianças eram do mesmo tom das folhas das arvores e suas roupas eram feitas de um tecido desconhecido na época. As pessoas ficaram assustadas diante da aparição quase fantasmagórica.

Rapidamente os camponeses perceberam que as crianças pareciam ainda mais assustados e desorientados que eles próprios. Tomados pelo sentimento de compaixão os trabalhadores levaram as crianças para a aldeia, onde os morados correram para ver as estranhas “crianças verdes” com suas roupas estoicas. Existem relatos de que algumas mulheres tentaram lavar a pele e o cabelo das crianças para tirar a cor verde, mas em pouco tempo descobriram que não se tratava de nenhuma pintura, e sim de sua verdadeira pigmentação.

Elas foram bombardeadas com várias perguntas feitas pelos aldeões, porém as crianças falavam um idioma diferente que não era compreendido por mais ninguém no local. Algum tempo depois, as crianças começaram a demonstrar sinais de desespero, choravam e recusavam os alimentos que eram oferecidos pelas pessoas locais.

Como não conseguiam entender as crianças, os moradores resolveram leva-las para a casa do dono das terras.

Segundo os cronistas da época William de Newburgh e Ralph, abade de Coggeshall, os dois foram levados para o dono do feudo, Sir Richard de Calne. Ali descobriram que as crianças não falavam inglês nem nada que se podia reconhecer. Elas se comunicavam em uma língua inteiramente desconhecida. Eles perceberam que as crianças tinham fome, então sir Richard, ofereceu a seus inesperados convidados, uma série de quitutes. Durante cinco dias foram a eles oferecidos diversos alimentos, no entanto as crianças não comiam nenhuma das refeiçoes dadas a elas. Os dois estavam tristes e choravam dia após dia. Até que um aldeão trouxe uma rodada de grãos colhidos, recentemente por seus filhos, e as crianças então se interessaram por feijões verdes. Incrivelmente, os dois sobreviveram apenas comendo feijões verdes durante muitos meses. Com o passar do tempo, aos poucos, as crianças foram se acostumando com uma dieta mais “humana”, por assim dizer.

Especialistas da época tentaram, em vão, identificar o estranho idioma falado pelas crianças e analisar o tecido de suas roupas. Entre eles, um sacerdote, versado nas línguas estrangeiras, que também não chegou a identificar a língua falada pelas crianças.

A alguém ocorreu que eles deviam ser batizados, e assim foi feito. De acordo com alguns relatos, a menina tomou o nome de “Agnes Barre”. O batismo do menino não serviu muito, pois poucos meses depois ele, que já se encontrava debilitado, faleceu. A menina adaptou-se melhor a sua nova situação e sobreviveu. A cor verde de sua pele desapareceu gradativamente, cedendo lugar a um tom normal para um ser humano.

O abade Ralph descreveu a menina como “um tanto descuidada”. Segundo ele, a mulher se casou jovem e viveu uma longa vida com sua família, filhos e marido- em King’s Lynn, Norfolk.

Agnes Barre era sempre questionada sobre seu passado e de onde teria vindo. Mas tudo o que falava, só fazia aumentar o mistério sobre suas verdadeiras origens. Dentre as poucas coisas de que se recordava, havia o fato de que ela e o menino eram irmãos e que tinham vindo da “Terra de San Martin”, uma terra sem sol, onde o crepúsculo era eterno. Todos seus habitantes tinham a pele verde. Agnes Barre não foi capaz de localizar exatamente aonde ficava a sua terra natal. Entretanto, dizia que de onde morava era possível ver, bem ao longe, uma terra luminosa, que ela chamava de “Luminous”. Essa terra luminosa ficava depois de um rio que separava ambas as terras.

Desde menina, Agnes Barre sempre afirmou que se lembrava apenas de que estava cuidando do rebanho do pai e seguiu um animal até uma caverna, onde ela e o irmão ouviram um som alto, parecido com o som de sinos. Assim, atraídos pela curiosidade, vagaram na escuridão da caverna por um longo tempo até que acharam uma saída. De repente, eles ficaram cegos devido a um forte clarão de luz que os envolveu. No instante seguinte ela e o irmão caíram, misteriosamente, nas terras de Woolpit, cujo sol machucava seus olhos e as pessoas, de cores estranhas, olhavam para eles com uma mistura de pavor e curiosidade.

Agnes Barre contou que a luz do sol e a temperatura diferente os deixaram cansados e desorientados. Quando ouviram vozes e viram pessoas estranhas, ela e o irmão tentaram fugir, mas nunca puderam encontrar novamente o buraco pelo qual haviam saído ou o clarão repentino.

O manuscrito em latim de William de Newburgh está registrado na coleção Harleian do museu Britânico com o número 3875. O documento parece algo que é crível, pois teve como fonte o próprio Sir Richard de Calne. A riqueza de detalhes que são descritos e a preocupação demonstrada pela estranha noção de moralidade da jovem, emprestam ainda mais autenticidade ao documento. Para os estudiosos, um cronista da época não faria comentários sobre coisas ligadas à ética ou moralidade a não ser que o relato fosse verídico.

Lionel e Patricia Fanthorpe
    Segundo a “análise” dos autores Lionel e Patricia Fanthorpe, existem alguns aspectos que dão maior credibilidade à história, entre eles:
    1. As crianças foram de mãos dadas. O que indica que se apoiavam e que viviam em uma situação fora do normal.
    2. Desconheciam a comida e a recusavam, embora tivessem muita fome.
    3. Aprenderam rapidamente o inglês, idioma que para elas era desconhecido a princípio. Isto indica que estavam muito bem preparados academicamente.
    4. As condutas sexuais da garota foram distintas das condutas da época, o que inclusive mereceu as reprovações do abade Ralph.
    Todos estes fatos foram estudados ao longo dos séculos e muitas teorias foram propostas para explicar esse estranho caso.

    Alguns acreditam que tudo possa ser apenas uma narrativa ficcional da época que, de tão forte e repetida, se tornou cada vez mais verossímil.

    Teorias.

    De acordo com o mito, as duas crianças permaneceram em Woolpit e foram batizadas pelos habitantes locais, que as adotaram. As crianças se tornaram uma espécie de atração e todos queriam conhecê-las e hospedá-las. Elas ficaram em Woolpit por várias semanas, sob os cuidados de um renomado dono de terras Sir Richard Calne, até que o menino adoeceu e morreu de uma moléstia desconhecida.

    A menina, no entanto, sobreviveu e passou a ser chamada de Agnes. Com o tempo, a cor esverdeada foi desaparecendo até sumir por completo, quando ela chegou a adolescência. Agnes teria continuado a viver no vilarejo, casou com um rapaz local que mais tarde se tornou embaixador de Henrique II. Ela teve quatro filhos, todas crianças nasceram com a coloração incomum, mas esta desapareceu poucos dias depois.

    A estória foi encarada como uma simples fábula de contos de fada, com crianças vindas de uma terra mágica e flutuante. O típico background de um reino mítico e de faz de conta. Existem, no entanto, aqueles que acreditam em algo mais estranho e afirmam que as crianças verdes seriam ou alienígenas ou híbridos resultantes da mistura entre humanos e uma raça de seres extraterrestres. Na Idade Média, as pessoas não teriam capacidade de compreender a verdadeira origem das crianças e seria mais fácil criar uma alegoria para explicar de onde elas teriam vindo, daí o surgimento de St. Martin, uma terra que flutuava no espaço onde era sempre dia – talvez a descrição de uma estação orbital alinhada com a face do sol.

    Os defensores dessa contestada teoria sugerem que as crianças teriam sido deixadas acidentalmente no planeta ou enviadas para colher informações sobre a vida dos habitantes. Alguns documentos encontrados por estudiosos citam que as crianças não apenas desconheciam o idioma, mas eram absolutamente ignorantes dos costumes e tradições mais simples.  Não conheciam sequer o nome de comidas ou o gosto de frutas. Desconheciam também muitos objetos de uso diário e não faziam nenhuma ideia dos costumes religiosos amplamente praticados em toda região. Há um documento datado do século XIV redigido pelo monge William of Newburgh, um conhecido historiador medieval que viveu em Yorkshire. Ele que menciona a lenda das crianças verdes e fala dos jovens tendo descido dos céus em uma espécie de “barril metálico” que veio do céu. O tal barril (uma espaço-nave?) teria sido guardado na sacristia da Igreja de Woolpit, mas um dia o objeto simplesmente desapareceu.

    Outra fonte para a lenda é reputada a Ralph of Coggeshall (que morreu em 1228), e que foi o abade chefe do Monastério de Essex entre 1207 e 1218. Em seus documentos, Coggeshall cita a lenda como um acontecimento real investigado por enviados reais que se impressionaram não apenas com as declarações do bom povo de Woolpit – que juramentaram a narrativa dos fatos, mas por terem conhecido pessoalmente as crianças e atestado que elas eram incrivelmente inteligentes e prendadas. Segundo Coggeshall, a menina, posteriormente batizada de Berta (e não Agnes) aprendeu a falar o idioma inglês apenas ouvindo as pessoas ao seu redor. Berta tinha tamanha faciliadde para idiomas que aprendeu latim e francês em poucas semanas.

    O mais curioso a respeito desse registro feito pelo abade é que ele foi incluído na Chronicon Anglicanum (A Crônica Britânica) um volume escrito sob ordens do Rei Stephen para conter toda a história das Ilhas Britânicas. Na época o Rei advertiu os autores de que superstição e crendices deveriam ficar de fora desse trabalho, já que ele deveria se concentrar exclusivamente em fatos e acontecimentos ligados a história britânica. Apesar da ordem real, o livro continha muitos trechos curiosos incluíndo o relato de avistamento de dragões, visitas ao reino dos elfos e sequestros orquestrados pelo temido povo fada.

    Robert Burton sugeriu em seu livro de 1621 “The Anatomy of Melancholy” que as crianças verdes “caíram do céu”. Estimulando outros a especular que as crianças podem ter sido extraterrestres. Em um artigo publicado em 1996 o astrônomo escocês Duncan Lunan citou a hipótese de que as crianças verdes foram inexplicavelmente transportadas para Woolpit de seu planeta natal. Seria este um caso de experimento genético controlado por alguma inteligência extraterrestre? Ou ainda um misterioso incidente envolvendo o encontro fortuito de um suposto buraco de minhoca?

    De acordo com outras teorias, as crianças vieram de um reino subterrâneo ou de outra dimensão. Poderiam as crianças verdes ter vindo de um mundo paralelo, um lugar invisível ao olho nu? É importante lembrar que a garota disse que “não havia sol” no lugar de onde ela teria vindo.

    O mistério ficou sem solução. No final do século XIX, foram propostas explicações que se aproximavam da mitologia da época: as crianças teriam vindo do planeta Marte que então se acreditava habitado. Sua pigmentação verde na pele, seria oriunda da fraca iluminação solar desse planeta.


    Vamos Simplificar.

    A explicação mais razoável para o mistério pode ser também a mais simples. E a Navalha de Occam nos dá diversas explicações.

    Existe uma corrente que acredita que a cor verde das crianças era consequência de trabalho forçado em minas de cobre, algo que era muito comum na região.  De fato, a exposição permanente ao pó de cobre tem como sintomas a coloração verde da pele e do cabelo. Isto faria todo o sentido se não contrariasse totalmente o relato das próprias crianças que sempre afirmaram que cuidavam de ovelhas. Teriam as crianças mentido para não voltarem a trabalhar nas minas de cobre? Ou esta teoria não se sustenta?

    Outros estudiosos acreditam, ainda, que esta história não seria nada mais que uma estranha versão para o mito de Platão e Persófono, ou uma versão que tenta emular os ritos de fertilidade, onde o protagonista masculino era sacrificado e a rainha vivia em prosperidade.

    Médicos contemporâneos sugerem que as crianças podiam sofrer de uma rara condição chamada Hypochromic Anemia, causada por uma dieta muito pobre em certos nutrientes e o consumo determinante de certas substâncias. Essa síndrome atinge as células vermelhas do sangue fazendo com que a pele assuma uma coloração esverdeada clara. A doença era conhecida até o século XVIII por um nome característico: Chlorosis. O termo formulado no início de 1600 pelo Professor de Medicina, Jean Varandal se referia diretamente a coloração verde-amarelada da pele das pessoas sofrendo do mal – a palavra Chloris significa esverdeado em grego. [E é o nome do elemento Cloro, que na natureza é verde amarelado]. Em apoio a esta teoria, temos o fato da menina ter voltado a cor normal após a adoção de uma dieta saudável.

    Também foi aventada a hipótese de envenenamento por arsênico como a causa da pele verde.

    Seria perfeitamente compreensível que as crianças de Woolpit fossem órfãos ou simplesmente tivessem sido abandonadas pelos seus pais e forçadas a sobreviver nas florestas dessa região selvagem. Na Idade Média o abandono de crianças em florestas era uma prática muito comum, sobretudo em épocas de grande privação, gerando seca ou fome. As crianças teriam vivido em condições bastante insalubres, sendo obrigadas a habitar cavernas no subsolo e sair apenas quando o sol estava alto, criando assim a crença em uma terra onde sempre era dia.

    Há rumores que o idioma usado pelas crianças fosse algo semelhante ao flamenco, idioma usado pelos povos que viviam na atual Bélgica. Paul Harris sugeriu em Fortean Estudos 4 (1998) que as crianças eram órfãs flamencos. Provavelmente, segundo Paul, elas eram de um lugar nas proximidades de Fornham St. Martin, que foi separada de Woolpit pelo rio Lark.  Como os imigrantes foram perseguidos no reinado do Rei Henrique II, se eles tivessem fugido para a floresta de Thetford, isso explicaria o crepúsculo permanente para crianças assustadas. Esta teoria elucida fatos como as roupas diferentes e o crepúsculo.

    Na época em que as crianças apareceram, inúmeros mercenários vindos das Terras de Flandres lutaram nas guerras britânicas. Muitos desses mercenários traziam consigo suas próprias famílias, mulheres e crianças que os seguiam onde fosse necessário. É possível que as crianças verdes fossem órfãos de uma dessas famílias que acabaram se perdendo em uma das majestosas florestas do interior da Grã-Bretanha. Para aumentar ainda mais as suspeitas dessa possibilidade, muitos desses mercenários que vieram combater, eram naturais de St. Martell, um nome incrivelmente próximo de St. Martin, a suposta terra mágica de onde as crianças verdes alegavam ter vindo.

    Antropólogos que se dedicaram a estudar a lenda defendem que as crianças verdes poderiam ser um fenômeno de “crianças selvagens”, tendo crescido nos recônditos florestais sem a supervisão ou proximidade de um adulto, desenvolvendo suas próprias regras e noções de sobrevivência. Encontradas próximas a cidades, essas crianças muitas vezes são incapazes de compreender as noções básicas da vida em sociedade e tendem a encontrar dificuldades para se adaptar. O aparecimento de crianças selvagens em várias partes do mundo – inclusive na Grã-Bretanha, é um acontecimento conhecido e analisado por especialistas em comportamento social.

    Há ainda uma outra possibilidade, a de que, embora a estória esteja presente em duas fontes, não passasse de uma invenção dos cronistas da época. Sabe-se que embora os historiadores britânicos do período fossem surpreendentemente corretos ao descrever acontecimentos políticos e religiosos, também escreviam sobre eventos claramente absurdos.

    Para aumentar ainda mais a estranheza da estória, eis aqui um detalhe final que torna a fábula ainda mais sensacional. No século XVI, um estudioso britânico que vivia em Suffolk e atendia pelo nome de Mark de Cloister, um alegado discípulo do Dr. John Dee, escreveu um tratado a respeito de acontecimentos trágicos e previsões obtidas por intermédio da astrologia e da comunicação com anjos – ou seja, ciência legítima para a época!

    Cloister escreveu em seu tratado intitulado “Previsões para uma Era Tumultuada” que a Britânia e de fato, todo o mundo estaria próximo de entrar em um tempo de grande agitação política, culminando em guerras, genocídio e tragédias. O estudioso disse que o prenúncio dessa Era de Agitação (“A Time of Troubles“) seria o surgimento de duas crianças gêmeas que seriam encontradas em uma floresta britânica. Essas crianças poderiam ser reconhecidas por ter a pele esverdeada “como as crianças surgidas no vilarejo de Woolpit durante a regência do Rei Stephen“.

    Ia além em suas previsões fantásticas, dizia que a aparição dessas notáveis crianças verdes predataria uma Invasão da Britânia por povos vindos das Terras do Norte, que teriam os cabelos claros e uma predisposição belicista. Estes conquistadores estariam dispostos a cruzar o Canal Inglês e marchar sobre as cidades britânicas incendiando todas aquelas que resistissem a sua investida. Por fim, a Inglaterra inteira arderia em ruínas.

    Agora o mais fantástico: sabendo da lenda e de suas implicações como Propaganda de Guerra, os Nazistas usaram a estória das Crianças Verdes de Cloister para justificar uma vitória esmagadora sobre a Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra. Supostamente existiriam arquivos nos quais o Alto Comando Alemão conduziu investigações sobre o surgimento de crianças com a pele esverdeada na Inglaterra no início dos anos 1940, pouco antes da Guerra ser declarada. O Projeto era chamado Operação Grün Kinder. Sabendo do interesse dos Nazistas em lendas e crenças medievais, o rumor não é totalmente absurdo. (Leia Mais sobre o Misticismo Nazi Aqui)

    Duas abordagens dominaram as explicações da história das crianças verdes: que é um conto popular que descreve um encontro imaginário com os habitantes de outro mundo, talvez subterrâneo ou mesmo extraterrestre, ou é um relato distorcido de um acontecimento histórico. A história foi elogiada como uma fantasia ideal pelo poeta e crítico anarquista inglês Herbert Read em seu English Prose Style, publicado em 1931. Ela forneceu a inspiração para seu único romance, The Green Child, escrito em 1934.

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