Terminologia.
Já "antrópico" é referente àquilo que diz respeito ou procede do ser humano e suas ações, de maneira mais genérica (do grego anthropikos, humano). O dicionário Michaelis define como "pertencente ou relativo ao homem ou ao período de existência do homem na Terra". O dicionário Houaiss traz até mesmo, em uma de suas definições deste verbete, como "relativo às modificações provocadas pelo homem no meio ambiente" — daí a preferência pelo termo "antrópico", neste artigo, para designar as mudanças causadas pela influência humana.
História do clima.
A Terra, em sua longa história, já sofreu muitas mudanças climáticas globais de grande amplitude. Isso é demonstrado por uma série de evidências físicas e por reconstruções teóricas. Já houve épocas em que o clima era muito mais quente do que o de hoje, com vários graus acima da temperatura média atual, tão quente que em certos períodos o planeta deve ter ficado completamente livre de gelo. Entretanto, isso aconteceu há milhões de anos, e suas causas foram naturais. Também ocorreram vários ciclos de resfriamento importante, conduzindo às glaciações, igualmente por causas naturais. Entre essas causas, tanto para aquecimentos como para resfriamentos, podem ser citadas mudanças na atividade vulcânica, na circulação marítima, na atividade solar, no posicionamento dos polos e na órbita planetária. A mudança significativa mais recente foi a última glaciação, que terminou em torno de 10 mil anos atrás, e projeta-se que outra não aconteça antes de 30 mil anos.
Este último período interglacial, chamado Holoceno, também sofreu mudanças climáticas naturais, embora tenha sido um período de notável estabilidade quando comparado às interglaciais anteriores. Houve variações perceptíveis, mas tiveram pequena amplitude e provavelmente foram fenômenos localizados e não globais, como o período quente medieval ou a pequena idade do gelo, que são melhor explicadas por causas naturais. Muitas dessas mudanças, especificamente os períodos de aquecimento, são em alguns aspectos comparáveis às que hoje se verificam, mas em outros aspectos o aquecimento contemporâneo é distinto, principalmente no que diz respeito às suas causas e à velocidade em que está acontecendo.
Variação da temperatura média global de 1880 até 2013. Créditos: Wikipédia |
Emissões antrópicas de alguns poluentes — em especial aerossóis de sulfato — podem gerar um efeito refrigerante através do aumento do reflexo da luz incidente. Isso explica em parte o resfriamento observado no meio do século XX, embora isso possa também ser atribuído em parte à variabilidade natural.
- O aquecimento global.
O efeito estufa é um mecanismo natural fundamental para a preservação da vida no mundo e para a regulação e suavização do clima global, que oscilaria entre extremos diariamente, caso ele não existisse. O efeito estufa funciona como um amortecedor de extremos. Sem ele, a Terra seria cerca de 30 °C mais fria do que é hoje. Provavelmente ainda poderia abrigar vida, mas ela seria muito diferente da que conhecemos e o planeta seria um lugar bastante hostil para a espécie humana viver. Porém, mudanças na composição atmosférica podem desequilibrá-lo. O que ocorre hoje, em vista da mudança na composição atmosférica provocada pela emissão continuada e massiva de diversos gases, é sua intensificação, fazendo com que passe a abafar demais o planeta.
Vários gases obstruem a perda de calor da atmosfera, chamados em conjunto gases do efeito estufa ou, abreviadamente, gases estufa. Eles têm a propriedade de serem transparentes à radiação na faixa da luz visível, mas são retentores de radiação térmica. Os mais importantes são o vapor d'água, o gás carbônico (dióxido de carbono ou CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (NO2) e o ozônio (O3). Apesar de em proporções absolutas o vapor d'água e o gás carbônico serem os mais efetivos, por existirem em maiores quantidades, a potência desses gases, comparada individualmente, é muito distinta. O metano, por exemplo, é de 20 a 30 vezes mais potente que o gás carbônico. Não só os gases estufa vêm aumentando. O crescimento das concentrações de poluentes aerossóis, que bloqueiam parte da radiação solar antes que atinja a superfície, e tendem a provocar um resfriamento, contribuiu para retardar o processo de aquecimento global.
- Causas básicas.
Neste processo de acelerado crescimento populacional e econômico, desenvolveram-se tecnologias e sistemas produtivos que consomem muitos recursos naturais e são altamente poluidores, e que ainda têm no uso dos combustíveis fósseis sua principal fonte de energia. Ao mesmo tempo, a necessidade de espaço para urbanização e para a formação de lavouras e pastagens determinou a derrubada de imensas áreas florestais e a degradação da maior parte dos ecossistemas da Terra. A queima de combustíveis fósseis e as mudanças no uso da terra — incluindo o desmatamento, uso de fertilizantes e agrotóxicos, as queimadas e outras práticas agropecuárias — são as principais fontes de gases estufa. Outras fontes importantes são a degradação dos solos, o desperdício de alimentos e a produção de resíduos (lixo, esgotos, efluentes industriais, etc).
Em 2010 o setor elétrico e a produção de energia calorífera respondiam por 25% das emissões globais de gases estufa, incluindo a queima de carvão, gás natural e derivados do petróleo. A indústria respondia por 21% do total, incluindo queima de combustíveis fósseis para processos químicos, metalúrgicos, transformação mineral e manejo de resíduos. A agricultura, a silvicultura, o desmatamento e outros usos da terra eram responsáveis por 24% do total. Ao setor de transporte cabiam 14%, à construção civil 6%, e o restante a uma série de outros agentes de menor expressão.
- Evidências do aquecimento global.
Recuo do Glaciar McCarty entre 1909 e 2004. Créditos: Wikipédia. |
- O aumento na temperatura da atmosfera sobre terras e mares;
- O aumento no nível de umidade atmosférica, possível graças à capacidade do ar quente reter mais vapor de água do que o ar frio;
- A retração da vasta maioria das geleiras;
- A diminuição da área coberta por neve;
- A retração do gelo oceânico global;
- Migração de muitas espécies animais e vegetais de climas mais quentes em direção aos pólos, ou a altitudes mais elevadas;
- O aumento da temperatura do mar, com o resultado de elevar-se o seu nível pela expansão térmica;
- O adiantamento da ocorrência de eventos associados à primavera, como as cheias de rios e lagos decorrentes de degelo, brotamento de plantas e migrações de animais.
- Evidências da origem humana do aquecimento.
Variação da concentração atmosférica de CO2 nos últimos 400 mil anos. Créditos: Wikipédia. |
- A composição isotópica do gás carbônico atmosférico (CO2) indica que tem principalmente origem fóssil, derivando da combustão do petróleo, do gás natural e do carvão mineral, combustíveis fósseis de uso generalizado na sociedade moderna. A quantidade de O2 também tem diminuído de forma consistente com a liberação de CO2 por meio de combustão. Nos últimos 800 mil anos a concentração de CO2 atmosférico manteve-se relativamente estável, variando de 170 a 300 ppm (partes por milhão). Contudo, desde a Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII, a concentração atmosférica aumentou aproximadamente 35%, ultrapassando as 400 ppm em 2013, resultado da emissão de cerca de 375 bilhões de toneladas de gás desde 1750 até 2011 somente nas áreas de combustíveis fósseis e produção de cimento. (Um bilhão de toneladas equivale a 1 gigatonelada). De 100 a 260 bilhões de toneladas a mais foram emitidas no mesmo período por mudanças no uso da terra, principalmente o desmatamento nas regiões tropicais. Menores quantidades tiveram origem em outras fontes. Do total, cerca de 240 bilhões se acumularam na atmosfera, e o restante foi absorvido pelos oceanos, pelos solos e pela biomassa. Nas últimas décadas, cerca de 80% desse aumento deriva da queima de combustíveis fósseis, e cerca de 20% advém do desmatamento e de mudanças nas práticas agrícolas. Os níveis de emissão têm crescido quase continuamente, chegando nos últimos anos à ordem de dezenas de gigatoneladas por ano. Em 2012, foram emitidas 31,6 gigatoneladas, e somente nas áreas de combustíveis fósseis e indústria foram 35,9 gigatoneladas em 2014 e 35,7 gigatoneladas em 2015. Dados da FAO mostram que o desperdício de alimentos é a terceira maior causa de emissões de carbono, respondendo pelo lançamento anual de 3,3 bilhões de toneladas de CO2 e outros gases estufa na atmosfera.
- O CO2 é o maior componente antrópico do efeito estufa,[44] mas outros gases também estão elevando seus níveis atmosféricos. O metano (CH4) se origina no uso de combustíveis fósseis, na agricultura, na pecuária e na decomposição de matéria orgânica (lixo, esgotos), mais que dobrando sua concentração atmosférica desde o período pré-industrial, tendo passado de uma média de 722 [± 697-747] ppb (partes por bilhão) em 1750 para 1803 [± 1799-1807] ppb em 2011. Recentemente o papel do metano vem sendo reavaliado, e prevê-se que aumente muito sua contribuição para o efeito estufa à medida que derrete o permafrost das regiões frias, onde é estocado congelado em vastas quantidades. A elevação do óxido nitroso (N2O), devida principalmente ao uso de fertilizantes, variou de 270 ppb pré-industrial para 319 ppb em 2005, e os níveis de ozônio (O3) aumentaram de 25 para 34 ppb no mesmo período.
- Menos calor está escapando para o espaço. Num planeta em aquecimento, este fato é consistente apenas com um efeito estufa intensificado. Além disso, este calor é retido nas faixas de frequência correspondentes aos gases estufa, como o CO2 e CH4.
- Mais calor está retornando da atmosfera de volta à superfície. Esta evidência é o outro lado da moeda da evidência anterior, pois o calor que deixa de ser liberado ao espaço acaba retornando para a superfície. Também nesse caso, observam-se os padrões no espectro de frequência que indicam a ação dos gases estufa.
- O padrão de aquecimento nas diferentes profundidades dos oceanos é consistente com o que se esperaria com o aumento do efeito estufa atmosférico.
- A forma com que têm se aquecido as diferentes camadas da atmosfera é consistente com o padrão provocado pela intensificação do efeito estufa.
- As temperaturas noturnas têm aumentado mais do que as diurnas. Os invernos têm apresentado maior aquecimento do que os verões.
- Análise de hipóteses alternativas.
Alguns estudos indicaram que uma parte do aquecimento observado no início do século XX pode ser atribuível a causas naturais, como a variabilidade climática natural e emissões vulcânicas de gases, mas o consenso atual é de que a partir da segunda metade do século as atividades humanas têm sido o fator largamente preponderante. Outras hipóteses sugeriram como possíveis influências naturais no aquecimento os raios cósmicos e alterações no campo magnético da Terra, afetando a formação das nuvens e de chuva, mas o IPCC considera que uma influência neste sentido não foi comprovada com segurança, e mesmo se existir, ela seria pequena demais para ter exercido qualquer modificação significativa no sistema climático ao longo do século XX.
- Distribuição geográfica.
Uma rápida elevação na temperatura também é observada no sul do globo em trechos da Antártida, especialmente no centro-oeste e na Península Antártica, embora nestas regiões o fenômeno seja muito menos compreendido e muito mais polêmico pela menor disponibilidade de dados confiáveis e por estudos que trazem conclusões conflitantes. A causa do menor aquecimento observado no continente antártico é incerta, mas foi atribuída a um aumento na potência dos ventos, originada por sua vez de alterações na camada de ozônio.
- Perspectiva de aquecimento futuro.
Bases técnicas para medição e avaliação do aquecimento.
- Determinação da temperatura global à superfície
- Sensibilidade climática.
O primeiro estudo desse tipo data de 1896, feito pelo sueco Svante Arrhenius. Daí em diante, inúmeros outros foram feitos, a partir de diversos conjuntos de dados e abordagens metodológicas, em países e épocas diferentes. Neles incluem-se tanto levantamentos empíricos, realizados a partir de dados paleoclimáticos ou medições instrumentais recentes, quanto cálculos teóricos baseados em simulações de computador – os modelos climáticos. O 5º Relatório do IPCC indica uma sensibilidade climática entre 1,5 e 4,5 °C, se a concentração de CO2 subir para o dobro dos níveis pré-industriais, isto é, de 280 ppm para 560 ppm. Uma elevação acima de 4 °C foi considerada improvável em quase todos os modelos do IPCC. Uma elevação maior que 6 °C não foi excluída mas é muito improvável, e valores abaixo de 1 °C são extremamente improváveis, dentro dos parâmetros de emissão mencionados. Nenhum dos cenários matemáticos é otimista quanto à perspectiva de conseguirmos manter o aquecimento em torno de 2 °C — isso se as metas oficiais de emissão forem cumpridas —, e nenhum deu a esta possibilidade uma chance maior do que 50%. O pessimismo é justificado: Em 2013 a concentração do CO2 atmosférico ultrapassou as 400 ppm[40] e continua em ascensão ininterrupta, com novos recordes sendo quebrados continuamente. Em 9 de abril de 2016 a concentração chegou a 409,44 ppm. Projeções conservadoras apontam para mais de 700 ppm até 2100, mas a evolução das emissões, mantidas como vêm se mostrando até aqui, sugere mais de 1000 ppm até o final do século.
Nenhum dos efeitos produzidos pelas forçantes climáticas é instantâneo. Devido à inércia térmica dos oceanos terrestres e à lenta resposta dos outros efeitos indiretos, o sistema climático da Terra leva mais de três décadas para se estabilizar sob novos parâmetros. Ou seja, o aquecimento experimentado atualmente é o resultado do acúmulo de gases emitidos até a década de 1970-80. Estudos de comprometimento climático indicam que, por esse motivo, ainda que os gases estufa se estabilizassem nos níveis do ano 2000, um aquecimento adicional de aproximadamente 0,5 °C ainda ocorreria devido a um efeito cumulativo retardado. Este aquecimento adicional é inevitável. Quaisquer que sejam os níveis atingidos em 2100 na concentração de gás carbônico, seus efeitos perdurarão por muitos séculos, pois o gás permanece na atmosfera por muito tempo.
- Modelos climáticos.
Para provar sua confiabilidade os modelos que estabelecem previsões futuras precisam reproduzir as observações reais registradas historicamente. Os modelos mais usados são globais, notoriamente imprecisos no que diz respeito a detalhamentos localizados, e certamente têm limitações e margens de erro, mas eles reproduzem com grande aproximação as mudanças do clima em escala global observadas no passado e atestadas por registros de vários tipos. Se a checagem com as séries históricas se confirma, pode-se usar o mesmo modelo de maneira reversa para prever o futuro com bom grau de confiabilidade. Mas, pelas suas limitações, os modelos não podem chegar ao nível do detalhe regional microscópico, e também porque não se pode saber antecipadamente como a sociedade responderá no futuro próximo ao desafio de continuar florescendo sem destruir o meio ambiente. Essa resposta, ainda incerta, introduzirá novos fatores na equação, podendo mudar os cenários de longo prazo radicalmente para melhor ou para pior. De qualquer modo, para minimizar as incertezas, os modelos vêm sendo constantemente aperfeiçoados.
Apesar dos pesquisadores procurarem incluir tantos processos quanto possível, simplificações do sistema climático real são inevitáveis, uma vez que há limitações quanto à capacidade de processamento e disponibilidade de dados. Os resultados podem variar também devido a diferentes projeções de emissões de gases, bem como à sensibilidade climática do modelo. Por exemplo, a margem de erro nas projeções do Quarto Relatório do IPCC de 2007 deve-se ao uso de diversos modelos com diferentes sensibilidades à concentração de gases estufa, ao uso de diferentes estimativas das emissões humanas futuras de gases estufa, e a outras emissões provindas de feedbacks climáticos que não foram incluídas nos modelos constantes no relatório do IPCC, como a liberação de metano quando derrete o permafrost.
Os modelos não tomam o aquecimento como premissa, mas calculam, segundo as leis da física conhecidas, como os gases estufa vão interagir quanto ao transporte radiativo e outros processos físicos. Apesar de haver divergências quanto à atribuição de causas do aquecimento ocorrido na primeira metade do século XX, eles convergem no tocante ao aquecimento a partir da década de 70 ter sido causado por emissões humanas de gases estufa. De fato, as principais projeções do IPCC, quando comparadas às observações subsequentes, mostram-se precisas. Em alguns casos, como o aumento do nível do mar e a retração da calota polar Ártica, estas projeções mostraram-se conservadoras demais, com os eventos observados ocorrendo em ritmo bem mais rápido que o previsto.
- As primeiras projeções e as observações subsequentes.
Os cálculos de Arrhenius foram em geral considerados pouco plausíveis e exerceram uma impressão desprezível na comunidade científica, e a questão estagnou. Guy Stewart Callendar, baseando-se nas pesquisas anteriores, deixou outra contribuição fundamental em 1938. Analisando registros históricos mundiais, foi o primeiro a demonstrar a partir de evidências concretas que o que vinha sendo previsto teoricamente já estava acontecendo na prática. Identificou e mediu a atual tendência de elevação nas temperaturas, descobrindo que o mundo havia esquentado aproximadamente 0,3 °C nos 50 anos anteriores, e confirmou a associação dessa elevação com as emissões de carbono derivadas das atividades humanas. Suas conclusões chamaram alguma atenção mas foram recebidas com bastante ceticismo e seu estudo caiu na obscuridade, em parte porque este campo de pesquisas recém começava a ser desbravado e havia muita incerteza, mas também porque Callendar era apenas um climatologista amador. Seus gráficos, porém, se aproximam notavelmente das análises mais recentes. Em meados do século XX, com um acelerado progresso nas pesquisas em vários campos relacionados, muitos especialistas já chegavam a resultados semelhantes. Roger Revelle, por exemplo, escreveu em 1965: "Em torno do ano 2000 a elevação nos níveis atmosféricos de CO2 pode ser suficiente para produzir mudanças mensuráveis e talvez marcantes no clima, que quase certamente causarão mudanças significativas na temperatura e em outras propriedades da estratosfera", previsão que, na data apontada, havia se confirmado.
A Conferência de Toronto, realizada em 1986, foi a primeira a colocar o clima na pauta de debates, contando com a participação de um grupo de trabalho sobre os gases estufa, mas o grupo não tinha caráter oficial e não podia impor recomendações e práticas. Em 1988 Hansen apresentou seus resultados para o Congresso dos Estados Unidos, marcando uma das primeiras tentativas bem sucedidas da comunidade científica de alertar o poder público da necessidade de ação para limitar emissões de gases estufa. Sua representação recebeu larga divulgação na imprensa e o tema se tornou imediatamente popular, mas até a data havia grande cautela entre os cientistas na associação da elevação da temperatura com as atividades humanas. Desde então as pesquisas se multiplicaram, e a referida associação ganhou crescente grau de certeza com a compilação de numerosas evidências adicionais, embora ao mesmo tempo se levantasse grande polêmica sobre a confiabilidade dos achados e das previsões.
A partir de 1990 o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organizado sob a chancela da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e coordenando uma equipe científica vasta composta de vários milhares dos melhores especialistas de todo o mundo, passou a publicar seus relatórios. O IPCC não produz pesquisa original, mas sintetiza o estado da arte neste tema. O relatório de 1990 já declarou que os gases estufa emitidos pelo homem já tinham alterado perceptivelmente a temperatura global, e previu que essas emissões, entre outras consequências, "vão amplificar o efeito estufa, resultando em média num aumento adicional na temperatura da superfície terrestre. O principal gás estufa, o vapor d'água, vai aumentar em resposta ao aquecimento global e fazer com que este também aumente". Em 2007 veio à luz o Quarto Relatório, confirmando, com muito elevado grau de confiança, que o homem é responsável pelo aquecimento presente, e detalhando com profundidade as evidências disponíveis e as condições atuais nos vários ecossistemas e na vida humana, bem como os impactos potenciais futuros sob diferentes cenários de emissão, sugerindo adicionalmente formas de combate às origens e efeitos do problema.
Em 2015 foi concluída a publicação do Quinto Relatório do IPCC, apresentando a mais ampla e atualizada síntese do conhecimento científico sobre o aquecimento global, atualizando a situação e fazendo previsões com modelos mais sofisticados e dados observacionais novos. A bibliografia especializada mais que dobrou desde o último relatório, dando muito maior segurança sobre as conclusões da síntese do IPCC, e trazendo análises novas sobre dados antes não computados, que ampliaram consideravelmente o entendimento do fenômeno. Em essência, os resultados do novo documento aumentaram o nível de certeza sobre a origem humana do problema, confirmaram as tendências climáticas assinaladas nos relatórios anteriores e a gravidade das perspectivas futuras, e alertaram que os riscos da inação se tornam a cada dia maiores. No prefácio da publicação, o secretário-geral da OMM e o diretor-executivo do PNUMA fizeram uma declaração conjunta, dizendo:
"O relatório confirma que o aquecimento do sistema climático é inequívoco, e muitas das mudanças observadas não têm precedentes no intervalo entre as últimas décadas e milênios atrás: o aquecimento da atmosfera e do oceano, a redução da neve e do gelo, a elevação do nível do mar e a crescente concentração de gases estufa. Cada uma das últimas três décadas foi mais quente que qualquer outra década desde 1850. [...] A mudança climática é um desafio de longa duração, que requer ação urgente devido à velocidade e escala com que os gases estufa estão se acumulando na atmosfera, e devido aos riscos envolvidos em uma elevação de temperatura superior a 2 ºC. Hoje precisamos estar focados no essencial e na ação, senão os riscos se tornarão maiores a cada ano".Em 2018 o IPCC publicou um relatório especial, Global Warming of 1.5 ºC, que analisa os impactos de um aquecimento de 1,5 ºC, meta definida internacionalmente no Acordo de Paris de 2015. No documento são enfatizadas as vantagens de se conter o aquecimento neste nível e não no nível de 2 ºC, que vigorou antes, e a necessidade de mudanças rápidas e profundas no sistema de produção e consumo para que a meta seja alcançada.
Fontes. 080 de 186
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquecimento_global
https://pt.wikipedia.org/wiki/Causas_do_aquecimento_global
https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_estufa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Polui%C3%A7%C3%A3o_atmosf%C3%A9rica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Recuo_dos_glaciares_desde_1850
https://pt.wikipedia.org/wiki/Subida_do_n%C3%ADvel_do_mar
https://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_clim%C3%A1tico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Painel_Intergovernamental_sobre_Mudan%C3%A7as_Clim%C3%A1ticas
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