domingo, 21 de outubro de 2018

Caso Frederick Valentich.

Os homens são inclinados a crer nas coisas vagas, misteriosas e imprecisas. (...)

Se tivéssemos necessidade de prova indiscutível aí estariam agora os discos voadores. As agencias telegráficas estão transmitindo alguns capítulos da novela. Em torno desta já se tramam e enredam outros capítulos, que os telegramas prolongam e enfeitam.

Há quem tenha visto os discos voadores entre as nuvens do Brasil. No sul, no centro, no norte muita gente anda de nariz no céu (...). Os homens foram sempre assim. Houve tempo em que os fantasmas se divertiam com surtidas em certos bairros da cidade. Hoje os fantasmas mudaram de tática. Progrediram. Evoluíram. Escolheram formas modernas. A última delas aí está: discos voadores... Os homens sempre viveram à custa desses pequenos romances. Mais um, menos um, não alteram os ritmos da vida...

DISCOS VOADORES”. O Globo. Rio de Janeiro, 11 julho 1947, p. 1. (BN)

O Caso.

Em 21 de outubro de 1978, na região de Melbourne, na Austrália, ocorreu um dos mais assombrosos casos de registro de OVNI da história da Ufologia Mundial. Na ocasião um piloto, Frederick Valentich, perseguiu um OVNI gigantesco antes de sumir das telas dos radares. Até hoje não foram encontrados sinais de Valentich e seu avião.

Tudo começou no final da tarde de 21 de outubro, quando Valentich decolou a bordo de um Cessna-182-L do aeroporto de Moorabbin, em Melbourne, com destino à Ilha King. Valentich tinha planejado seu vôo com antecedência e pretendia passar sobre o Cabo Otway, nas proximidades do Estreito de Bass. Valentich conhecia esta região muito bem pois já tinha efetuado vôos sobre esta região em várias ocasiões. O vôo deveria durar aproximadamente 90 minutos, devendo chegar por volta das 19:50 em seu destino.

À esquerda, Frederick Valentich. À direita, jornal da época noticiando o caso. Créditos: Portal Fenomenum.
  • Diálogo.
Quando passava sobre o Cabo Otway Valentich comunicou-se com o centro de controle aéreo local informando que estava a 4500 pés de altura, sobre o mar. Eram 19:00 hs e o céu estava limpo possibilitando ampla vista de toda a região. Seis minutos depois Valentich contatou novamente a torre solicitando informações sobre luzes que ele estava vendo a quilômetros de sua posição. O controlador afirmou desconhecer a natureza da luz observada. Valentich resolveu aproximar-se da estranha luz para identificá-la. Ele manteve contato por rádio com a torre de controle informando tudo o que acontecia. Confira trechos do diálogo:

19:06:44

FV: Melbourne, aqui é Delta Sierra Juliete. Há algum tráfego abaixo de mim a 5 mil?

C: Delta Sierra Juliete, não há nenhum tráfego conhecido.

FV: Delta Sierra Juliete, aqui. Parece ser uma grande aeronave abaixo de mim 5 mil.

19:06:44

C: Delta Sierra Juliete, que tipo de aeronave é essa?

FV: Delta Sierra Juliete, aqui. Eu não posso precisar. Apresenta 4 luzes. É como as luzes de pouso de uma aeronave.

19:07:00

C: Delta Sierra Juliete.

19:07:31

FV: Melbourne, aqui Delta Sierra Juliete. A aeronave acaba de passar sobre mim a pelo menos mil pés.

C: Delta Sierra Juliete, "roger". E é uma grande aeronave? Confirme?

FV: Desconheço devido à sua velocidade. Existe alguma aeronave da Força Aérea nas vizinhanças?

C: Delta Sierra Juliete. Não há nenhum tráfego nas vizinhanças.

19:08:18

FV: Melbourne, está se aproximando agora, vindo do leste na minha direção.

C: Delta Sierra Juliete

19:08:41 – (...) microfone ficou aberto por 2 segundos.

Documento do Departamento de Transportes da Austrália relativo à investigação do incidente Valentich. Créditos: Portal Fenomenum.
19:08:48

FV: Delta Sierra Juliete, aqui. Me parece que a coisa está jogando algum tipo de jogo. Está voando duas ou três vezes a velocidade que eu não posso identificar.

19:09:00

C: Delta Sierra Juliete, "roger". Qual o seu nível atual?

FV: Meu nível atual é 4,5 mil; 4,5,0,0.

C: Delta Sierra Juliete. E você confirma que não pode identificar a aeronave?

FV:: Afirmativo

C: Delta Sierra Juliete, "roger". Aguarde.

19:09:27

FV: Melbourne, aqui Delta Sierra Juliete. Aquilo não é uma aeronave; aquilo está...(microfone aberto por 2 segundos)

19:09:42

C: Delta Sierra Juliete, você pode descrever a aeronave/

FV: Delta Sierra Juliete, aqui. Quando passa, parece ser enorme, comprido...(microfone aberto por mais 3 segundos); não posso identificar mais que...aquilo é muito rápido; (microfone aberto por mais 3 segundos)...está bem na minha frente agora, Melbourne!

19:10:00

C: Delta Sierra Juliete, "roger". Me informe qual o tamanho que o objeto pode ter.

19:10:19

FV: Delta Sierra Juliete, Melbourne. Parece que está estacionário. O que eu estou fazendo bem agora é orbitar, e a coisa está orbitando sobre mim também; a coisa tem luzes verdes e algum tipo de superfície metálica, pois toda ela brilha por fora.

C: Delta Sierra Juliete.

Documento do Departamento de Transportes da Austrália relativo à investigação do incidente Valentich. Créditos: Portal Fenomenum.
19:19:46

FV: Delta Sierra Juliete aqui. (...) (microfone aberto por 5 segundos). A coisa simplesmente desapareceu.

C: Delta Sierra Juliete.

19:10:46

FV: Melbourne, vocês saberiam informar que tipo de aeronave é aquela? Seria uma nave militar?

C: Delta Sierra Juliete. Confirme que a aeronave desapareceu.

FV: Repita por favor.

C: Delta Sierra Juliete, a aeronave ainda está aí com você?

FV: Delta Sierra Juliete. Está...oh, não...(microfone aberto mais 2 segundos). Está agora se aproximando, vindo de sudoeste.

C: Delta Sierra Juliete.

19:11:50

FV: Delta Sierra Juliete, aqui. O aparelho é muito estranho. Agora eu o tenho e 23 ou 24...e a coisa está...

C: Delta Sierra Juliete, "roger". Quais são as suas atitudes agora?

FV: Minha atitude agora é para a Ilha King, Melbourne...Aguarde...a estranha aeronave está sobrevoando-me agora, bem acima, novamente...(microfone aberto por 2 segundos); Está acima de mim e não é uma aeronave...

C: Delta Sierra Juliete

19:12:28

FV:: Delta Sierra Juliete, Melbourne...(microfone aberto por mais 2 segundos)

19:12:55 – Fim das comunicações após 17 segundos de ruídos metálicos de origem desconhecida.

Documento do Departamento de Transportes da Austrália relativo à investigação do incidente Valentich. Créditos: Portal Fenomenum.
  • Explicações Propostas.
Ufólogos especularam que os extraterrestres destruíram o avião de Valentich ou o sequestraram, afirmando que alguns indivíduos relataram ter visto "uma luz verde no céu" e que ele estava "em um mergulho íngreme na época". Ufólogos acreditam que esses relatos são significativos por causa da "luz verde" mencionada nas transmissões de rádio de Valentich.

O grupo Ground Saucer Watch, com sede em Phoenix, Arizona, EUA, afirma que as fotos tiradas naquele dia pelo encanador Roy Manifold mostram um objeto em movimento rápido saindo da água perto do Farol do Cabo Otway. Embora as imagens não fossem suficientemente claras para identificar o objeto, os grupos ufológicos argumentam que mostram "um objeto voador desconhecido, de dimensões moderadas, aparentemente cercado por um resíduo de vapor/escape semelhante a uma nuvem".

Foi proposto que Valentich encenasse seu próprio desaparecimento. Mesmo levando em conta uma viagem de 30 a 45 minutos para o Cabo Otway , o monomotor Cessna 182 ainda tinha combustível suficiente para voar 800 quilômetros. Apesar das condições ideais, em nenhum momento a aeronave foi plotada no radar, lançando dúvidas sobre se ela já estava perto do Cabo Otway. e a Polícia de Melbourne recebeu relatos de que um avião leve fez um misterioso pouso não longe do Cabo Otway, ao mesmo tempo que o desaparecimento de Valentich.

Mapa indicando onde o caso ocorreu.
Créditos: Portal Fenomenum.
Outra explicação proposta é que Valentich ficou desorientado e estava voando de cabeça para baixo. O que ele achava que viu, se fosse esse o caso, seriam as luzes de sua própria aeronave refletidas na água, o fazendo então cair na água. Ainda outra possibilidade proposta é o suicídio; no entanto, entrevistas com médicos e colegas que o conheciam praticamente eliminaram essa possibilidade.

Uma revisão de 2013 das transcrições de rádio e outros dados do astrônomo e piloto aposentado da Força Aérea dos EUA James McGaha e o autor Joe Nickell propõe que o inexperiente Valentich foi enganado pela ilusão de um horizonte inclinado para o qual ele tentou compensar e inadvertidamente colocar sua aeronave em uma descendente, a chamada "espiral de cemitério" que ele inicialmente confundiu com a simples órbita da aeronave. Segundo os autores, as forças G de uma espiral de aperto diminuiriam o fluxo de combustível, resultando no "ralenti" relatado por Valentich. McGaha e Nickell também propõem que as luzes aparentemente estacionárias que Valentich relatou eram provavelmente os planetas Vênus, Marte e Mercúrio, junto com a brilhante estrela Antares, que teria se comportado de uma maneira consistente com a descrição de Valentich.

Fontes.

Livros: MISTÉRIOS DO DESCONHECIDO. Contactos Alienígenas. Rio de janeiro: Time-Life Livros,1993.

Artigos de Revistas:
  • CHALKER, Bill. O Desaparecimento do piloto australiano. OVNI Documento, Rio de Janeiro, nº 3, p. 15-17, abril 1979.
  • GEVAERD, A. J., Um caso que caiu no esquecimento. Revista UFO, Campo Grande, nº 1, p.20-22, março de 1988.
  • EQUIPE UFO, UFOs provocam desaparecimento de piloto na Austrália. Revista UFO, Campo Grande, nº 11 p.12-13, agosto 1990.
http://www.fenomenum.com.br/ufo/casuistica/1970/valentich

http://en.wikipedia.org/wiki/Valentich_Disappearance

http://www.abovetopsecret.com/forum/thread409461/pg1

http://www.actualaliens.com/disappearances/the-frederick-valentich-disappearance/

http://ufoexperiences.blogspot.com/2005/10/frederick-valentich-update.html

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