Se tivéssemos necessidade de prova indiscutível aí estariam agora os discos voadores. As agencias telegráficas estão transmitindo alguns capítulos da novela. Em torno desta já se tramam e enredam outros capítulos, que os telegramas prolongam e enfeitam.
Há quem tenha visto os discos voadores entre as nuvens do Brasil. No sul, no centro, no norte muita gente anda de nariz no céu (...). Os homens foram sempre assim. Houve tempo em que os fantasmas se divertiam com surtidas em certos bairros da cidade. Hoje os fantasmas mudaram de tática. Progrediram. Evoluíram. Escolheram formas modernas. A última delas aí está: discos voadores... Os homens sempre viveram à custa desses pequenos romances. Mais um, menos um, não alteram os ritmos da vida...
DISCOS VOADORES”. O Globo. Rio de Janeiro, 11 julho 1947, p. 1. (BN)
D.O.P 06: Coronel Hollanda.
Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima. Este é o nome do primeiro oficial de nossas Forças Armadas a vir a público falar sobre impressionantes atividades de pesquisas ufológicas desenvolvidas secretamente no Brasil. Conhecido por todos como Hollanda, o coronel reformado da Aeronáutica, ainda quando era capitão, comandou a famosa e polêmica Operação Prato, realizada na Amazônia entre setembro e dezembro de 1977. Por determinação do comandante do 1º Comando Aéreo Regional (COMAR), de Belém (PA), Hollanda estruturou, organizou e colheu os espantosos resultados desse que foi o único projeto do gênero de que se tem notícia em nosso país – e provavelmente um dos poucos no mundo.
Logo após conceder esta entrevista à Revista Ufo, antes mesmo de vê-la publicada, o militar se suicidou. Sua morte causou grande polêmica, tanto quanto suas extraordinárias revelações. Foram elas, em grande parte, que motivaram a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) a iniciar a campanha UFOs: LibErdade de Informação Já.
Nada mais justo que publicar, uma versão reeditada da histórica entrevista de Hollanda à Ufo, feita em 1997 e veiculada nos números 54 e 55, que circularam nos meses de outubro e novembro daquele ano. Seu conteúdo é chocante e mostra duas coisas com excepcional clareza: primeiro, a que ponto a Força Aérea Brasileira (FAB) chegou em sua determinação de conhecer o Fenômeno UFO, através de uma equipe de militares. Segundo, a coragem do chefe de tal equipe em empreender uma operação inédita e arriscada, mas que foi coroada de êxitos – que, infelizmente, são do conhecimento de pouquíssimos brasileiros. Hollanda era um militar ímpar, homem de fibra e resolução, que talvez tenha sido o único do mundo a passar pelas experiências que viveu na Floresta Amazônica – justamente no comando de um programa oficial, e não de uma aventura qualquer. Homem extremamente objetivo, impressionantemente culto e com vívida memória de inúmeros episódios de sua carreira militar – especialmente em relação à Ufologia –, Hollanda recebeu a Revista Ufo em seu apartamento em Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro, para uma longa e proveitosa entrevista, em junho de 1997. Das 48 horas em que o editor A. J. Gevaerd e o co-editor Marco Antonio Petit passaram em sua residência, colheram uma valiosíssima quantidade de informações ufológicas inéditas e assustadoras. Sua atitude de quebrar um silêncio militar de 20 anos sobre o assunto não se deu por acaso.
- Revelação e Repreensão.
Sabíamos na época, e Hollanda depois nos confirmou – que eram fotografias secretas, obtidas oficialmente pelos militares que compunham a Operação Prato. Esse material tinha que ser publicado a todo custo, para que a Comunidade Ufológica Brasileira soubesse de sua existência, mesmo que isso pudesse trazer problemas legais para a revista. E trouxe: tal atitude resultou em repreensão do editor da revista por um certo comando militar. De qualquer forma, as fotos e um texto sobre o pouco que sabíamos na época a respeito da operação foram publicados. Evidentemente, os oficiais que integraram a operação não apreciaram tal fato, em especial o comandante do 1º COMAR, que havia determinado a criação do projeto e estabelecido que o mesmo fosse mantido em segredo. Mas nenhum militar foi punido em razão da publicação daquele material em Ufologia Nacional & Internacional, pois nunca se soube quem era nossa fonte de informação. Não era Hollanda, ao contrário do que muitos pensaram.
Coronel Hollanda, por ocasião da histórica entrevista para a Revista UFO.Créditos: Revista Ufo/ Portal Fenomenum. |
Alguns meses depois, já baixada a poeira, Hollanda, ainda com patente de capitão, passou a acompanhar as edições da revista, discretamente, constatando de longe a seriedade do trabalho desenvolvido pela Equipe Ufo. Nosso interesse por informações mais detalhadas sobre a Operação Prato nos levou a contatá-lo em Belém, em 1988, em seu posto no 1º COMAR. O capitão nos recebeu com formalidade, mas amigável. Evidentemente, não pôde nos dar os dados que buscávamos, mas notou nossa insistência em ver o assunto disseminado através da publicação. Por isso, tentamos ainda um novo contato no início dos anos 90, já no Rio de Janeiro, quando o oficial estava em vias de se aposentar. Nessa ocasião, num encontro casual, trocamos algumas idéias sobre o Fenômeno UFO, mas nada mais consistente. Ainda não seria dessa vez que teríamos conhecimento dos detalhes das descobertas da FAB na Amazônia.
A hora certa chegaria em junho de 1997, por iniciativa do próprio Hollanda, motivado por uma reportagem que assistira no programa Fantástico. Numa matéria específica sobre o sigilo imposto aos discos voadores pelos governos – especialmente no Brasil – o editor de Ufo declarou fatos sobre a Operação Prato e mostrou alguns poucos documentos que a equipe tinha na época. Na segunda-feira imediatamente após o programa ter ido ao ar, Hollanda, já na reserva, viu que era hora de quebrar o silêncio.
- Missão Cumprida.
A decisão de Hollanda era corajosa e absolutamente sem precedentes na Ufologia Brasileira. Nunca, em momento algum, um militar tinha tomado tal resolução. Assim, com seu consentimento, colocamos o repórter e editor do Fantástico Luiz Petry e a jornalista Bia Cardoso, da Manchete, em contato com ele. Esses profissionais foram os primeiros a chegar em Cabo Frio e entrevistar Hollanda. Com isso, cumpríamos nossa obrigação de informar à imprensa fatos significativos dentro do mundo ufológico. Tínhamos consciência de que, por mais que pudéssemos – e fôssemos tentados – a guardar para a Revista Ufo a exclusividade de tais informações, numa espécie de “furo” mundial de reportagem, não tínhamos esse direito. (A Revista) Ufo tinha, sim, a obrigação de dar todos os detalhes, todas as minúcias ao seus leitores. Mas a imprensa precisava levar tais fatos, ainda que de maneira bem mais reduzida, à toda população. Seguindo esse mesmo princípio, a publicação consentiu que a entrevista que fez com Hollanda fosse inúmeras vezes reproduzida em revistas e sites da internet, em todo o mundo.
Mais do que um entrevistado, Hollanda transformou-se num querido amigo de vários integrantes da Equipe Ufo e aceitou, sem vacilar, o convite que formulamos para vir a ser um dos consultores da publicação, o que não chegou a se efetivar em razão de seu suicídio. Experiência não lhe faltava, pois, em seus quatro meses de
Operação Prato, além de muitos outros passados na selva em missões onde o Fenômeno UFO estava presente, teve a oportunidade não apenas de conhecer detalhes íntimos sobre o assunto, mas de viver pessoalmente dezenas de espetaculares experiências com objetos enormes e à curta distância.
- Naves de 30 Andares.
Hollanda era um homem realizado – poucos tiveram a vida que ele teve. E era bastante franco também. “Gevaerd, a Operação Prato tinha o objetivo de desmistificar aqueles fenômenos na Amazônia. Eu mesmo era cético a respeito disso”, disse, logo no princípio da entrevista, informando que ele fora designado por conhecer como nenhum outro militar a região afetada. “Mas depois de algumas semanas de trabalho na área, quando os UFOs começaram a aparecer de todos os lados, enormes ou pequenos, perto ou longe, não tive mais dúvidas”, desabafou, admitindo que se convenceu da realidade dos fatos na Amazônia.
É esse incrível personagem, agora eterna referência na Ufologia, quem deu a maior contribuição que essa disciplina receberia em nosso país, em mais de cinco décadas de atividades. Porém, a Comunidade Ufológica Brasileira mal chegou a conhecer o homem a quem passou a dever tanto desde junho de 1997, quando ele resolveu romper o sigilo. Quatro meses depois, em 02 de outubro, o coronel Uyrangê Hollanda cometeu suicídio. Tinha feito outras três tentativas anteriores, pois era vítima de depressão – sendo que, da última, adquiriu um problema na perna que o levara a andar mancando. O coronel deixou filhos de seus dois casamentos, em Belém e no Rio de Janeiro.
Hollanda foi-se desse mundo sem saber que enorme benefício o causara. Talvez, se a primeira parte de sua entrevista tivesse sido publicada um pouco antes, ele se sentiria menos deprimido ao ver o respeito com que seus depoimentos e sua coragem foram tratados na Revista Ufo.
Infelizmente, por problemas inerentes a uma publicação de circulação nacional, a entrevista com Hollanda só pôde ser divulgada na edição 54, de outubro de 1997, indo às bancas no dia 12 daquele mês – precisamente 10 dias após seu falecimento. Já não havia mais tempo de parar as máquinas gráficas para incluir, na edição, a triste nota. Ela teve que ser publicada junto da segunda parte do material, na edição 55, de novembro. “Carrego comigo até hoje a impressão de que, se tivesse conseguido publicar a entrevista pelo menos uma edição antes, em Ufo 53, Hollanda, ao ver o que escrevi a seu respeito e a contribuição que estava dando à Ufologia Brasileira, não teria tirado sua vida”, declara o editor Gevaerd. Lamentavelmente, a história não pode ser mudada.
Fontes.
Livros:
- PRATT, Bob. Perigo Alienígena no Brasil. Tradução de Marcos Malvezzi Leal. Campo Grande: CBPDV, 2003.
- PETIT, Marco Antonio. UFOs: Arquivo Confidencial. Campo Grande: CBPDV, 2007
- RANGEL, Mário. Sequestros Alienígenas. Campo Grande: CBPDV, 2007
Artigos de Revistas:
- GIESE, Daniel Rebisso. O Fenômeno "Chupa-chupa", na Amazônia. Revista UFO, Campo Grande, nº 7, p.13-14, abr/jun 1989.
- ATHAYDE, Reginaldo. Extraterrestres atacam e matam no nordeste. Revista UFO, Campo Grande, nº 7, p.7-11, abr/jun 1989.
- CPDV. Fotos de OVNIs da Força Aérea Brasileira (FAB). Ufologia Nacional e Internacional, Campo Grande, nº 3, p. 10-11, julho/agosto 1985.
- GIESE, Daniel Rebisso. Observações ufológicas no Litoral Paraense. Ufologia Nacional e Internacional, Campo Grande, nº 3, p. 11-12, julho/agosto 1985.
- GIESE, Daniel. O Fenômeno "Chupa-Chupa": OVNIs atemorizam o estado do Pará. Ufologia Nacional e Internacional, Campo Grande, nº 5, p. 09-15, nov/dez 1985.
- GIESE, Daniel. Novidades no Fenômeno "Chupa-Chupa". Ufologia Nacional e Internacional, Campo Grande, nº 7, p. 14-15, março 1986.
- AGHATOS, Stelio e OLIVEIRA, Daniela. UFOs Rondam a Floresta Amazônica. Revista UFO, Campo Grande, nº 39, p. 8-11, Agosto de 1995.
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- MAUSO, Pablo Villarrubia. O Mistério das Luzes Assassinas na Amazônia. Revista UFO, Campo Grande, nº 86, p. 32-35, abril de 2003.
- STABOLITO, Reinaldo. Política de Acobertamento: A Política Internacional de Sigilo ao Fenômeno UFO é Imposição do Governo Norte-Americano. Revista UFO, Campo Grande, nº 99, p. 16-21, maio de 2004.
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- GEVAERD, A. J. Não cedi às pressões dos militares. Revista UFO, Campo Grande, nº 117, p. 24-31, dezembro de 2005.
Documentos Oficiais do Governo Brasileiro:
- Arquivo Cronológico de Entrada [ACE 3370/83] - (Serviço Nacional de Informações - SNI) [82.9 MB - 86 páginas
- Operação Prato - 01.01.01 - Relatório de Missão 1 - (FAB - 1º COMAR) [25.9 MB - 40 páginas]
- Operação Prato - 01.01.02 - Relatório de Missão 2 - (FAB - 1º COMAR) [15.1 MB - 22 páginas]
- Operação Prato - 01.02.00 - Informações Operacionais 1 - (FAB - 1º COMAR) [19.3 MB - 15 páginas]
- Operação Prato - 01.03.00 - Ilustrações de Ocorrências - (FAB - 1º COMAR) - [22.5 MB - 52 páginas]
- Operação Prato - 02.00.00 - Resumo Cronológico - (FAB - 1º COMAR) - [31.8 MB - 52 Páginas]
- Operação Prato - 03.01.01 - Registro de Caso 1 - (FAB - 1º COMAR) - [1.29 MB - 4 páginas]
- Operação Prato - 03.01.02 - Registro de Caso 2 - (FAB - 1º COMAR) - [1.20 MB - 3 páginas]
- Operação Prato - 03.01.03 - Registro de Caso 3 - (FAB - 1º COMAR) - [3.79 MB - 8 páginas]
- Operação Prato - 03.01.04 - Registro de Caso 4 - (FAB - 1º COMAR) - [487 KB - 1 página]
- Operação Prato - 03.02.01 - Registro de Caso 5 - (FAB - 1º COMAR) - [743 KB - 2 páginas]
- Operação Prato - 03.02.02 - Registro de Caso 6 - (FAB - 1º COMAR) - [399 KB - 1 página]
- Operação Prato - 03.02.03 - Registro de Caso 7 - (FAB - 1º COMAR) - [337 KB - 1 página]
- Operação Prato - 03.02.04 - Registro de Caso 8 - (FAB - 1º COMAR) - [1.59 MB - 3 páginas]
- Operação Prato - 03.02.05 - Registro de Caso 9 - (FAB - 1º COMAR) - [4.00 MB - 9 páginas]
- Operação Prato - 03.02.06 - Relatório Adicional 1 - (FAB - 1º COMAR) - [3.02 MB - 6 páginas]
- Operação Prato - 03.02.07 - Relatório Adicional 2 - (FAB - 1º COMAR) - [412 KB - 1 página]
- Operação Prato - 03.02.08 - Relatório Adicional 3 - (FAB - 1º COMAR) - [463 KB - 1 página]
- Operação Prato - 03.02.09 - Relatório Adicional 4 - (FAB - 1º COMAR) - [437 KB - 1 página]
- Operação Prato - 04.00.00 - Folha de Ocorrências 1 - (FAB - 1º COMAR) - [2.72 MB - 5 páginas]
- Operação Prato - 05.00.00 - Informe Especial 1 - (FAB - 1º COMAR) - [11.2 MB - 15 páginas]
- Operação Prato - 06.00.00 - Órgãos de Informação 1 - (FAB - 1º COMAR) - [1.13 MB - 2 páginas]
- Operação Prato - 07.01.00 - Disposições Gerais 1 - (FAB - 1º COMAR) - [0.99 MB - 2 páginas]
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http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/ufovia/casosdonorte.htm
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