quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil: Divindades Brasileiras.

Nos Brasileiros conhecemos diversas mitologias, Grega, Romana, Egipcia, Japonesa, Nordica, Hindu entre várias outras. Isso se deve ao fato delas estarem presentes na Cultura Pop. É uma evidência anedotica minha afirmar que a Mitologia Greco-Romana  se tornou algo da Cultura Pop graças a Série  Hercules: The Legendary Journeys, o filme Hércules da Disney, Cavaleiros do Zodiaco. Antes ficava fechado em um pequeno grupo da qual se interessava por História da Religião e Filosofia em geral.

Os outros panteões também se difundiram por causa da Cultura Pop. Jeová, Thor, Zeus, Hórus, Minerva, Amaterasu, Shiva. Provavelmente são nomes das quais você já ouviu incontáveis vezes, e provavelmente sabe com detalhes seus mitos da qual compõe. Curiosamente, conhecemos bastante sobre os outros Deuses, contudo qual Divindade Brasileira vem a sua cabeça neste exato momento? (Só deixando claro, o Pai, o Filho e o Espírito Santo não valem.) Mas alguma vez na vida você já parou pra pensar sobre os deuses das culturas nativas do Brasil?

Se pensou em Tupã, de fato deve ser o único Deus indígena conhecido. Ao que parece, nossa herança cultural nativa é sempre sub-julgada pelas culturas estrangeiras.

Antes da chegada dos europeus que colonizaram o Brasil, as mais de mil tribos indígenas que viviam aqui já cultuavam uma série de divindades e mitos a respeito da criação da vida. Todos sempre ligados à natureza, meio em que originalmente esses povos viviam. Entre tupis, guaranis, considerados os mais importantes, ianomâmis, araras e outros tantos menos populosos, criou-se um verdadeiro legado mitológico. Atualmente, os mais de 450 mil índios, que conseguem sobreviver mantendo suas raízes em meio à civilização esmagadora, lutam com força para manter viva mais essa cultura brasileira.

Vamos a essas Divindades Brasileiras.

Divindades Tupi-Guarani.

À época, só existiam apenas dois conceitos de populações indígenas: os Tupi, falantes de línguas tupi-guarani, e os Tapuia, falantes de outras línguas não-Tupi. Os Tupi, já conhecidos dos europeus, em grande parte já estavam em processo de conversão ao catolicismo e submissão aos europeus (portugueses, holandeses e franceses), já com o conceito eurocêntrico de serem “civilizados” por tal. Os Tapuia, que é a transcrição lusófona que em tupi antigo (tupinambá) significa “forasteiro”, um conceito etnocêntrico relativo a “bárbaro”, já eram ditos “arredios” por sempre enfrentarem os portugueses e seus rivais Tupi, resistirem à catequização e não por menos, ao contato com os Tupi e os europeus, povos falantes de “línguas incompreensíveis”, conceito dito tanto pelos europeus quanto pelos povos Tupi, mantinham-se sempre íntegros e na preferência do isolamento.

Estudos demonstram que os tupis teriam habitado originalmente os vales dos rios Madeira e Xingu, que são afluentes da margem meridional do rio Amazonas. Estas tribos, que sempre foram nômades, teriam iniciado uma migração em direção à foz do rio Amazonas e, de lá, pelo litoral para o sul. Supõe-se que esta migração, que teria também ocorrido pelo continente adentro no sentido norte-sul, tenha principiado no início da era cristã.

Numa hipótese alternativa, o folclorista Luís da Câmara Cascudo aponta a região dos rios Paraguai e Paraná como o centro original da dispersão dos tupis-guaranis (incluindo os povos guaranis junto com os tupis).

Jaci, a deusa da lua. Créditos: R Mendez.

Alguns autores suspeitam que, nesta trajetória, os tupis tenham enfrentado os tupinambás, que já habitariam o litoral; outros sustentam que apenas se tratava de levas sucessivas do mesmo povo, os posteriores encontrando os anteriores já estabelecidos. Certo é que, nesse processo, as tribos tupis derrotaram as tribos tapuias que já habitavam o litoral brasileiro, expulsando-as, então, para o interior do continente, por volta do ano 1000.
  • Encontro com os Europeus.
Quando os navegadores europeus começaram a frequentar a costa brasileira, no século XVI, passaram a estabelecer relações de comércio com os tupis que a habitavam. Alguns grupos tupis, como os tabajaras, os tupiniquins e os temiminós, se aliaram aos portugueses. Outros, como os tamoios, caetés e potiguares, se aliaram aos franceses. Isto valeu, aos tamoios, sua aniquilação quase total por parte dos portugueses. O conflito passou à história como Confederação dos Tamoios. Em 1574, o último foco de resistência tamoia em Cabo Frio, no atual estado do Rio de Janeiro, foi vencido pelos portugueses com um número incalculável de mortos e com a captura de cerca de 10 000 escravos nativos americanos. O confronto com os portugueses também foi funesto para os caetés, que foram totalmente escravizados pelos portugueses.

Houve uma grande miscigenação entre tupis e europeus. Muitos dos bandeirantes paulistas do século XVII, por exemplo, andavam descalços e mal sabiam falar a língua portuguesa, preferindo utilizar a língua tupi. A mestiçagem física e cultural entre tupis e portugueses gerou as culturas cabocla e caipira.
  • Nhanderuvuçu.
Conhecido também como Nhamandú, Yamandú ou Nhandejara, é considerado como o deus supremo da mitologia tupi-guarani. Nhanderuvuçu não tem uma forma antropomórfica, pois é a energia que existe, sempre existiu e existirá para sempre, portanto Nhanderuvuçú existe antes mesmo de existir o Universo. No princípio ele destruiu tudo que existia e depois criou a alma, que na língua tupi-guarani se chama "Anhang" ou "añã"; "gwea" significa velho(a); portanto anhangüera "añã'gwea" significa alma antiga. Nhanderuvuçú criou as duas almas e, das duas almas (+) e (-) surgiu "anhandeci" a matéria. Depois ele desejou lagos, neblina, cerração e rios. Para tudo isso, ele criou Iara, a deusa dos lagos. Depois criou Tupã que é quem controla o clima, o tempo e o vento, Tupã manifesta-se com os raios, trovões, relâmpagos, ventos e tempestades, é Tupã quem empurra as nuvens pelo céu. Nhanderuvuçú criou também Caaporã (Caipora) o protetor das matas por si só nascidas, e protetor dos animais que vivem nas florestas, nos campos, nos rios, nos oceanos, enfim o protetor de todos os seres vivos.
  • Tupã.
O “Espírito do Trovão”, esse grande criador dos céus, das terra e dos mares, também é o criador dos mundos animal e vegetal. Tupã é conhecido por disseminar seus conhecimentos. Ele presenteou os pajés com o conhecimento das plantas medicinais, capazes de remediar guerreiros e todos os membros da tribo, além de conceder os rituais mágicos de cura. E, aos homens, ensinou os meios de sobrevivência como a caça, a agricultura e o artesanato.

Seria um tipo de líder na mitologia tupinambá. Em analogia simples, poderia ser comparado ao deus grego Zeus, ou mesmo ao deus nórdico Thor, pois ele compartilha a mesma explicação comum nos deuses dos povos antigos para os relâmpagos. Tupã também tem a característica da onipresença, que é muito comum nas religiões cristãs, judaica e islâmica. (Tupã, o trovão, era uma divindade secundária, que não possuía rito próprio. Exatamente por não possuir rito próprio, os padres católicos que procuravam difundir o cristianismo entre os índios escolheram Tupã como um símbolo para o deus cristão, de forma a facilitar a compreensão do cristianismo pelos índios, enxertando, na figura de Tupã, os princípios cristãos. Ao mesmo tempo, associaram Jurupari ao diabo cristão, de forma a desestimular seu culto entre os índios tupis.) Os jesuítas, na época da colonização, difundiram uma opinião errônea de que o trovão em si seria um deus indígena, sendo que na verdade, ele é apenas a maneira utilizada por Tupã para se expressar.

Os indígenas rezam a Nhanderuvuçu e seu mensageiro Tupã. Tupã não era exatamente um deus, mas sim uma manifestação de um deus na forma do som do trovão. É importante destacar esta confusão feita pelos jesuítas. Nhanderuete, "o liberador da palavra original", segundo a tradição mbyá, que é um dialeto da língua guarani, do tronco linguístico tupi, seria algo mais próximo do que os catequizadores imaginavam.

Câmara Cascudo afirma que Tupã é um "trabalho de adaptação da catequese". Na verdade o conceito "Tupã" já existia: não como divindade, mas como conotativo para o som do trovão (Tu-pá, Tu-pã ou Tu-pana, golpe/baque estrondante), portanto, não passava de um efeito, cuja causa o índio desconhecia e, por isso mesmo, temia. Osvaldo Orico é da opinião de que os indígenas tinham noção da existência de uma Força, de um Deus superior a todos. Assim ele diz: "A despeito da singela ideia religiosa que os caracterizava, tinha noção de Ente Supremo, cuja voz se fazia ouvir nas tempestades – Tupã-cinunga, ou "o trovão", cujo reflexo luminoso era Tupãberaba, ou relâmpago. Os índios acreditavam ser o deus da criação, o deus da luz. Sua morada seria o sol

Para os indígenas, antes dos jesuítas os catequizarem, Tupã representava um ato divino, era o sopro, a vida, e o homem a flauta em pé, que ganha a vida com o fluxo que por ele passa.
  • Jaci.
Filha de Tupã, Jaci é irmã e esposa de Guaraci, o deus do Sol (Outras Versões mencionam que Jaci seria esposa de Tupã). Fora criada por Tupã para dar beleza à Terra. Irmã de Iara (deusa dos lagos serenos), é a deusa da Lua, a guardiã da noite. Jaci é responsável pela proteção dos amantes e da reprodução pela magia e encanto dos homens. É capaz de despertar a saudade no coração dos guerreiros e caçadores para que apressem a volta para casa e, assim, o encontro com suas esposas.
  • Guaraci.
Chamado de “Deus do Sol”, Guaraci é filho de Tupã e irmão e marido de Jaci, a deusa da Lua. É o guardião das criaturas durante o dia. Auxiliou seu pai na criação de todos os seres vivos. As esposas, que esperam ansiosas e apreensivas o regresso de seus caçadores e guerreiros, pedem a proteção para esse deus. Na transição da noite para o dia, acontece o breve encontro de Jaci e Guarani.
  • Ceuci.
É a protetora das lavouras e das moradias indígenas. Ceuci foi comparada pelos colonizadores europeus à virgem Maria devido a um grande milagre. Seu filho, Jurupari, espírito guia e guardião, nasceu do fruto da árvore cucura-purumã, que representa o bem e o mal na mitologia tupi.
  • Anhangá
Anhangá é o deus das regiões infernais, assim é inimigo de Tupã, o grande criador. Esse espírito andarilho é capaz de tomar forma de diversos animais da selva. Os jesuítas propagaram a imagem errônea de que Anhangá seria o equivalente ao Diabo da religião Cristã, porém, Anhangá (que significa espírito) seriam almas que vagam pela Terra, que podia assumir qualquer forma, mas que seria mais visto como um veado com olhos de fogo. Além disso, Anhangá seria o protetor dos animais, protegendo-os contra caçadores. Quando um animal consegue escapar miraculosamente durante uma caça, os índios atribuem tal façanha a Anhangá. Quando aparece para alguém, acredita-se que signifique mau agouro ou sinal de desgraça.
  • Sumé.
Também conhecido como Zumé, Pay Sumé ou Tumé, entre outros nomes, é a denominação de uma antiga entidade da mitologia dos povos tupis do Brasil cuja descrição variava de tribo para tribo. Considerado o justiceiro dos deuses, tal entidade teria estado entre os índios antes da chegada dos portugueses, e transmitido uma série de conhecimentos como a agricultura ( esse deus tem vasto conhecimento no cozimento da mandioca e suas diversas possibilidades), fogo e organização social, e seria uma espécie de deus das leis e das regras. Era visto com cabelos amarelos, voava por todo lugar, e inclusive mergulhava sob as águas do mar. Devido ao mal comportamento dos indígenas, Sumé partiu. Caminhou sobre o oceano Atlântico prometendo voltar a fim de disciplinar os índios. Sumé deixou dois filhos, Tamandaré e Ariconte, que eram muito diferentes e odiavam um o outro.
Wanadi.
Deusa das águas, também conhecida como Uiara, ela é vista como uma linda sereia que vive nas profundezas do rio Amazonas, de pele parda, cabelos verdes longos e olhos castanhos.
  • Abaçai.
É o deus da guerra, um tipo de 'Áries' ou 'Marte' dos nativos. É o espírito guerreiro que se apossa do índio que se prepara para batalhas sangrentas. Por isso, dizem que aqueles preparados para a guerra estão "abaçaiados".
  • Angra.
A deusa do fogo da mitologia tupi-guarani.
  • Andurá.
Uma árvore fantástica e surreal, que a noite se inflama subitamente, se parecendo bastante com a forma através da qual o deus judaico-cristão se comunica com seus profetas.
  • Chandoré.
Deus da mitologia tupi-guarani. Segundo a lenda, teria sido enviado para matar o índio malvado Pirarucu, que desafiou Tupã, mas fracassou, pois Pirarucu se jogou no rio. Como castigo o índio transformou-se em um peixe, que leva o seu nome.
  • Rudá.
O deus do amor, que vive nas nuvens. Seu trabalho é o de despertar o amor no coração das mulheres. Equivalente a deusa Hathor da mitologia egípcia, Vênus da mitologia romana, e Afrodite da grega.
  • Jurupari.
Filho da índia Ceuci, que após comer um fruto proibido para moças no período fértil (fruta mapati), ficou grávida miraculosamente, após o suco da fruta escorrer pelo seu corpo nu. Quando o conselho de anciãos soube da história de Ceuci, ela foi punida com exílio, onde teve seu filho, chamado Jurupari, enviado do deus Sol Guaraci, que teria como missão reformular os costumes e o modo de vida dos homens, que eram submetidos às mulheres. Visto como o grande Legislador, com 7 dias de vida já aparentava 10 anos de idade, e sua sabedoria atraiu as pessoas que ouviam seus ensinamentos enviados pelo deus Sol. Por sua vez, a história contada pelos jesuítas atribui Jurupari a uma espécie de demônio que visita os sonhos das pessoas, dando origem aos pesadelos, pois o ritual de Jurupari era o mais praticado na época da colonização. O ritual exclusivo para homens, inclui músicas com flautas, flagelações, tabaco e coca e alucinógenos.
  • Ceuci.
Deusa da lavoura e das moradias, representada pela estrela mais brilhante da constelação de Plêiades. Quando na Terra, era mãe de Jurupari, o enviado do Sol/Guaraci, se submeteu ao novo método patriarcal das tribos. As mulheres não podiam participar dos rituais de Jurupari, pois os deuses matariam a intrusa. Certa vez, Ceuci com saudade de seu filho, aproximou-se dele durante um cerimonial, e foi quando ela foi atingida por um raio, enviado por Tupã. Jurupari, também filho do Sol, foi enviado para ressuscitá-la, mas não o fez para não desobedecer a lei dos deuses. Ele a acalmou dizendo que iria brilhar no céu, e encontrar o deus Guaraci, e nesse momento, Jurupari chorou. Por isso, quando faz Sol e chuva ao mesmo tempo, os índios dizem que o espírito de Jurupari está por perto.
O nome caipora vem do tupi-guarani Caapora, e quer dizer "habitante do mato". Caipora é representado pela forma de um índio jovem, coberto de pelos e vive montado em uma espécie de porco-do-mato. Ele é o guardião da vida animal. É ele que estala os galhos, faz assobios e dá falsas pistas para desorientar os caçadores. Reza a lenda que Caipora seria canibal, se alimentando de tudo e todos que caçam nas florestas, punindo homens, insetos ou até outros animais. Caipora é responsável por punir, principalmente, aqueles que caçam além da necessidade.
  • Tupi.
Personagem primordial de todos os povos tupis. O antepassado principal, que deu origem à todos os índios. Os diferentes povos tupis acreditavam descender de um personagem mitológico chamado Tupi. Por conta disso, muitas tribos tupis possuíam etnônimos que começavam com "tupi", como os tupinambás, os tupinaquis, os tupiguaés e os tupiminós. Porém o principal culto entre os tupis que habitavam o litoral do Brasil no século XVI não era o de Tupi, mas o de Jurupari.

Divindades de Outras Tribos.
  • Akuanduba.
De uma tribo menos populosa, a dos índios araras, esse deus é rigoroso. Localizado na bacia do Xingu, no Pará, ele tocava sua flauta a fim de trazer a ordem no mundo. Como castigo pelo mal comportamento e pela desobediência, os seres humanos foram lançados na água. Poucos sobreviveram a essa repreensão e os que ficaram tiveram que aprender novamente como dar continuidade à vida.
  • Yorixiriamori.
Vindo da mitologia dos ianomâmis, é o personagem da árvore cantante. O deus, com seu belo canto, encantava as mulheres e despertava raiva e inveja nos homens. Os revoltados se juntaram e tentaram matá-lo. Yorixiriamori fugiu na forma de um pássaro e a árvore cantante deixou a Terra.
Yebá Beló.
  • Yebá Beló.
O mito de Yebá Beló teve origem na tribo de índios dessanas, localizada no alto do Rio Negro, fronteira do Brasil com a Colômbia. A deusa habitava uma morada iluminada composta por quartzo. Foi responsável pela criação do universo e os seres humanos surgiram a partir da folha de coca, denominada ipadu, que ela mascava habitualmente.
  • Wanadi.
A crença da tribo iecuanas, provenientes da divisa Brasil-Venezuela, conta que existiram três seres responsáveis pela criação do mundo. A vinda do terceiro deu-se por um erro cometido pelos dois primeiros: a criatura deformada, que representa os males da vida, como a fome, as doenças e as mortes. Assim, a responsabilidade do terceiro ser foi a de concluir a criação de forma bem-sucedida.
  • Arãnami.
Existe também o mito da tribo dos arauetés, do médio Xingu, no Pará, a respeito do início e o fim de tudo. A lenda conta que um marido indignado com o insulto de sua esposa criou o mundo. O deus cantou e tocou seu chocalho, assim criou a terra com mais três níveis: dois celestes e um subterrâneo, com um rio e duas ilhas. Aqueles que sobem ao nível celeste, tornam-se deuses. Há, ainda, uma camada ainda mais elevada, o Céu Vermelho, onde outros homens também sobem. O solo se rompe, levando homens à queda no rio subterrâneo. Esses são devorados por uma piranha e um jacaré gigantes. Os fugitivos passam a viver nas ilhas e, quando morrem, sua alma é dividida em dois. Uma permanece por um período vagando na terra, e a outra fica na primeira camada celestial em contato com os deuses. O mito conta, ainda, que chegará o dia em que a cama celestial se romperá e os seres divinos e humanos viverão no mesmo espaço.

Outros Deuses ou Figuras Importantes:
  1. Abaangui, um deus creditado pela criação da lua;
  2. Abeguar, deus do vôo;
  3. Amanaci, a deusa das chuvas;
  4. Araci, a deusa da aurora e das madrugadas. Foi ela que fez nascer o lendário Juazeiro.
  5. Aruanã, o deus da alegria e protetor dos Carajás.
  6. Açutí, a deusa da escrita;
  7. Anhum (deus da música), o deus melodioso que tocava divinamente o sacro Taré;
  8. Angatupyry;
  9. Arapé, a deusa da dança;
  10. A lendária nereida Açai
  11. Biaça, a deusa da astronomia;
  12. Boitatá;
  13. Boiuna;
  14. Caramuru, o deus dragão, que podia ser tanto bom quanto cruel, era o deus que presidia as ondas revoltas dos grandes oceanos;
  15. Caupé, deusa da beleza, uma Afrodite-indígena;
  16. Catú, o deus outonal;
  17. Curupira, deus protetor das matas;
  18. Chandoré;
  19. Graçaí, a deusa da eloquência;
  20. Guandirô, era o deus da noite, que bebia o sangue dos homens;
  21. Guaipira, a deusa da história;
  22. Ipupiara (do tupi antigo 'Ypupîara, "o que está dentro d'água"), um monstro marinho;
  23. Irãmaîé, personagem mitológico dos tupis que habitavam a costa brasileira no século XVI. Teria sido o único ser humano sobrevivente de um grande incêndio que teria dado origem ao mundo. Dele, seriam descendentes todos os seres humanos da época anterior ao dilúvio;
  24. As formosas Juruás;
  25. Jururá-Açú, conta uma lenda, que por ter libertado o deus infernal, tornou-se a única deusa que podia entrar e sair livremente dos infernos. Tupã castigou esta deusa transformando-a em uma tartaruga;
  26. Karú-Sakaibê: herói civilizador dos índios mundurucus;
  27. Maíra: um antigo profeta, sucessor de Mairumûana. O termo foi, posteriormente, aplicado aos homens brancos, em especial aos franceses;
  28. Maíra-poxy: traduzido do tupi antigo, "Maíra ruim". Outro personagem mitológico dos tupis da costa brasileira do século XVI;
  29. Mairata, também chamado Mairatã (traduzido literalmente do tupi antigo, "Maíra forte": Maíra, Maíra + atã, forte), era uma entidade mitológica dos antigos povos tupis;
  30. Mairumûana ou Maíra-humane (traduzido literalmente do tupi antigo, "o antigo Maíra": Maíra, Maíra + umûana, antigo): um personagem mítico dos tupis que habitavam o litoral brasileiro no século XVI;
  31. Mbaeapina (traduzido do tupi antigo, "coisa tosquiada": mba'e, coisa, bicho + apina, tosqueado), um monstro marinho;
  32. M'Bororé: velho cacique guarani que guarda uma casa branca sem portas nem janelas no alto Rio Uruguai com tesouros deixados pelos jesuítas;
  33. O Monte Iiapaba para os Tupis, era sinônimo de céu, onde os deuses julgavam a alma dos mortos.
  34. Monãː personagem mitológico dos antigos tupis;
  35. Mutin, o deus da primavera;
  36. Nhará, que preside o inverno;
  37. Nhanderequeí: literalmente, "nosso irmão mais velho". Herói civilizador dos índios guaranis;
  38. Parajás, deusas da honra, do bem e da justiça;
  39. Peurê, o senhor do verão;
  40. Picê, a deusa da poesia;
  41. Piná, a deusa da simpatia;
  42. Pirarucú, o deus do mal que mora no fundo das águas. Conta-se que ele casou com Iara e dessa união nasceram vários monstros;
  43. Polo, o deus dos ventos e mensageiro de Tupã;
  44. Pombero, um espírito popular de travessura;
  45. Pytajovái, outro deus da guerra;
  46. Saci;
  47. Tamandaré, um pajé lendário que fez uma fonte que inundou o mundo. Ele se abrigou no alto de uma palmeira com sua mulher. Quando a água baixou, o casal deu origem aos índios tupinambás;
  48. Tainacam, a deusa das Constelações;
  49. Taúba, personagem mitológico dos tupis da costa brasileira do século XVI;
  50. Taubymana (literalmente, "o antigo Taúba"), personagem mitológico dos tupis da costa brasileira do século XVI;
  51. Tambatajá (um deus de amor e protetor de todos os perigos);
  52. Tigre Azul (em guarani, Baipu Tuvy ou Baipu Chivy), o tigre mitológico que mata a lua durante a fase minguante e que morde o sol durante os eclipses solares;
  53. Tiriricas, deusas do ódio;
  54. Ticê, esposa de Anhangá;
  55. Xandoré, deus do ódio, lançador de raios, relâmpagos e trovões;
  56. Yvy marã e'ỹ ou Guajupiá, a "terra sem males"
A Teogonia Tupi: Mito da Criação.

A figura primária na maioria das lendas guaranis da criação é Yamandú, também conhecido como Nhanderuvuçu (em outras versões essa figura é Tupã, o senhor do trovão), realizador de toda a criação. Com a ajuda da deusa lua Jaci (ou em outras versões, Araci), Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Areguá, no Paraguai, e, deste local, criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento.

Tupã, então, criou a humanidade (de acordo com a maioria dos mitos guaranis, eles foram, naturalmente, a primeira raça criada, com todas as outras civilizações nascidas deles) em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu.

Antropogonia: Primeiros Humanos.

Os humanos originais criados por Tupã eram Rupave e Sypave, nomes que significam "Pai dos povos" e "Mãe dos povos", respectivamente. O par teve três filhos e um grande número de filhas. O primeiro dos filhos foi Tumé Arandú, considerado o mais sábio dos homens e o grande profeta do povo guarani. O segundo filho foi Marangatu, um líder generoso e benevolente do seu povo, e pai de Kerana, a mãe dos sete monstros legendários do mito guarani. Seu terceiro filho foi Japeusá, que foi, desde o nascimento, considerado um mentiroso, ladrão e trapaceiro, sempre fazendo tudo ao contrário para confundir as pessoas e tirar vantagem delas. Ele, finalmente, cometeu suicídio, afogando-se, mas foi ressuscitado como um caranguejo, e, desde então, todos os caranguejos foram amaldiçoados para andar para trás como Japeusá.

Entre as filhas de Rupave e Sypave, estava Porâsý, notável por sacrificar sua própria vida para livrar o mundo de um dos sete monstros lendários, diminuindo seu poder (e portanto o poder do mal como um todo).

Crê-se que vários dos primeiros humanos ascenderam em suas mortes e se tornaram entidades menores.

Os Sete Monstros Lendários.

Kerana, a bela filha de Marangatu, foi capturada pela personificação ou espírito do mau chamado Tau (em tupi antigo, Taúba ou Taubymana). Juntos, eles tiveram sete filhos, que foram amaldiçoados pela grande deusa Araci, e todos, exceto um, nasceram como monstros horríveis.

Os sete são considerados figuras primárias na mitologia guarani e, enquanto vários dos deuses menores ou até os humanos originais são esquecidos na tradição verbal de algumas áreas, estes sete são geralmente mantidos nas lendas. Alguns são considerados reais até mesmo em tempos modernos, em áreas rurais ou regiões indígenas. Os sete filhos de Tau e Kerana são, em ordem de nascimento:
  1. Teju Jagua, deus ou espírito das cavernas e frutas;
  2. Mboi Tu'i, deus dos cursos de água e criaturas aquáticas;
  3. Moñai, deus dos campos abertos. Foi derrotado pelo sacrifício de Porâsý;
  4. Jaci Jaterê, deus da sesta, único dos sete que não aparece como monstro;
  5. Kurupi, deus da sexualidade e fertilidade;
  6. Ao Ao, deus dos montes e montanhas;
  7. Luison, deus da morte e tudo relacionado a ela.
Fontes.

Dannyel Teles de Castro: WICCA E AS DIVINDADES BRASILEIRAS: O CULTO AOS ANCESTRAIS NATIVOS NA BRUXARIA MODERNA.










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