quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil (Bestiário): Boiúna.

Na Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil de hoje apresentarei um dos mitos ofídicos famosos neste Brasilzão de Deus. Todos já ouviram falar das Anacondas, serpentes que se locomovem facilmente e têm muita flexibilidade. Há várias versões de histórias sobre anacondas gigantes. Uma delas conta a história de uma cobra gigante que engoliu um homem. O trágico acidente teria acontecido em Bornéu, na Indonésia ou em Barra do Garças, às margens do Rio Araguaia, estado do Mato Grosso. Anaconda gigante é uma história sobre as cobras sucuris ou anacondas com tamanhos anormais. Há depoimentos de pessoas que já viram serpentes com cerca de 20 metros. Apesar dessas histórias, cientistas afirmam que estes animais só chegam aos 8 metros, e a maioria tem entre 4 e 6 metros (com exceção das anacondas). Estas histórias inspirou o filme Anaconda (1997), que tem como principais atores Jennifer Lopez, Ice Cube e Jon Voight.

Muitas dessas histórias têm como pivô a construção da Transamazônica, onde relataram a morte a tiros de uma sucuri com quase quarenta metros de comprimento. Muitas imagens de cobras gigantes têm fontes desconhecidas, levando a crer que não passam de montagens.

Montagem ou não, muitas das lendas sobre serpentes fanstásticas se originaram destas criaturas ofídicas, exemplo mais famoso, o Boitatá.

Boiuna, cobra-grande, mãe-do-rio ou senhora-das-águas é um mito amazônico de origem ameríndia. derivados dos nomes mboi, "cobra" e una, "negra", também conhecida como boiaçu, de mboi e açu, "grande", ou ainda cobra-grande é, segundo Câmara Cascudo, o mais poderoso e complexo dos mitos amazônicos, exercendo ampla influência nas populações às margens do rio Amazonas e seus afluentes.

Faz parte do ciclo dos mitos d'água, de que a cobra é um dos símbolos mais antigos e universais. Senhora dos elementos, a cobra-grande tinha poderes cosmogônicos, explicando a origem de animais, aves, peixes, o dia e a noite. Mágica, irresistível, polimórfica, aterradora, a cobra-grande tem, a princípio, a forma de uma sucuri ou uma jibóia comum. Com o tempo, adquire grande volume, abandona a floresta e vai para o rio. Os sulcos que deixa à sua passagem transformam-se em igarapés. Habita a parte mais funda do rio, os poções, aparecendo vez por outra na superície. É descrita como tendo de 20 metros a 45 metros.

Martius (Viagem pelo Brasil) registrou a força assombrosa do medo que os indígenas tinham do monstro, com as dimensões multiplicadas pelo terror. Chamavam-no de Mãe-d'água e Mãe-do-rio, mas as histórias só mencionavam a voracidade da cobra-grande, arrebatando crianças e adultos que se banhavam. Recusavam-se a matar a cobra, porque então era certa a própria ruína, bem como de toda a tribo.

Desenho do site cryptomundo, alegadamente baseado na fotografia do Jornal Diário de Pernambuco de 24 de Janeiro de 1948
Esse registro, de 1819, denuncia a existência de um outro mito entrevisto e anotado por Barbosa Rodrigues (Poranduba Amazonense), o da constelação do Serpentário (Ofiúco), que aparece no céu em setembro, o tempo das roças, princípio do tempo de Coaraci, o Sol. Couto de Magalhães ouviu a lenda de como a noite apareceu, numa época em que não havia noite, e a filha de Cobra-grande pediu a noite ao pai como presente de casamento.

Há ocasião em que nenhum pescador se atreve a sair para o rio à noite, pois duas vezes seguidas foi avistada uma Cobra-grande... pelos olhos que alumiavam como tochas. Os pescadores foram perseguidos até a praia, somente escapando porque o corpo muito grande encalhou na areia. Esses pescadores ficaram doentes de pânico e medo da experiência que relatavam com real emoção. (Eduardo Galvão, Santos e Visagens, Brasiliana, São Paulo, 1955).

Lendas da Boiúna.

Em Belém, há uma velha crença de que existe uma cobra-grande adormecida embaixo da parte da cidade, cuja cabeça estaria sob o altar-mor da Basílica de Nazaré e o final da cauda debaixo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Outros já dizem que a tal cobra-grande está com a cabeça debaixo da Igreja da Sé, a Catedral Metropolitana de Belém, e sua cauda debaixo da Basílica de Nazaré: é o percurso da tradicional procissão do Círio de Nazaré, com 3,3 quilômetros de extensão. Os mais antigos dizem que se algum dia a cobra acordar ou mesmo tentar se mexer, a cidade toda poderá desabar. Por isso, em 1970 quando houve um tremor de terra na capital paraense, dizia-se que a tal cobra havia se mexido. Os mais folclóricos iam mais longe: "imagine se ela se acorda e tenta sair de lá!".

Em Roraima, conta-se que Cunhã Poranga ("índia bela") apaixonou-se pelo rio Branco e, por isso, Muiraquitã ficou com ciúme. Para se vingar, Muiraquitã transformou a bela índia na imensa cobra que todos passaram a chamar de Boiúna. Como ela tinha um bom coração, passou a ter a função de proteger as águas de seu amado rio Branco.

Entre as populações que habitam as margens dos rios Solimões e Negro, no Amazonas, acredita-se que quando uma mulher engravida de uma visagem, a criança fruto desse terrível cruzamento está predestinada a ser uma cobra-grande.

Há quem acredite que a cobra-grande pode nascer de um ovo de mutum.

Segundo uma lenda mais comum no Acre, uma cobra-grande se transforma numa bela morena nas noites de luar do mês de junho, para seduzir os homens durante os arraiais de festas juninas, como se fosse a versão feminina do boto.

O folclorista Walcyr Monteiro conta que em Barcarena (PA) existe o lugar conhecido como "Buraco da Cobra-Grande", atração turística do local.

Misabel Pedrosa diz que a Cobra-grande mora debaixo do cemitério do Pacoval, na ilha de Marajó.

Cobra-grande Como Navio Encantado.

Aparece sob diferentes aspectos. Ora como cobra preta, grande, de olhos luminosos como dois faróis, ora como embarcação a vapor ou a vela. Eduardo Galvão confirma ter a Cobra-grande se tornado navio encantado. O poeta Raul Bopp assim interpretou a cobra-grande:

- Axi, cumpadre arrepare uma coisa: lá vem um navio vem-que-vem-vindo depressa, todo alumiado.
Parece feito de prata...

- Aquilo não é navio, cumpadre

- Mas os mastros e as luises... e o casco dourado?...

Alguns contam que a cobra grande pode algumas vezes parecer um navio para assustar os ribeirinhos. Refletindo o luar, suas enormes escamas parecem lâmpadas de um navio todo iluminado. Mas quando o "navio" chega mais perto é possível ver que na verdade é uma cobra grande querendo dar o bote.

A Cobra Descrita por Fawcett.


A Sucuri gigante descrita por Fawcett, de 19 metros
O coronel britânico Percy Harrison Fawcett, explorador que realizou sete expedições na Amazônia de 1906 a 1925, relatou ter visto cobras gigantescas, ou seus indícios. Em um de seus diários, ele anotou, em 1907: "Estávamos calmamente seguindo a corrente preguiçosa, não longe da confluência do Rio Negro, quando quase sob o arco da igara apareceu uma cabeça triangular e vários pés de corpo ondulante. Era uma sucuri gigante. Corri para meu rifle enquanto a criatura fazia seu caminho rumo ao banco de areia e, quase sem esperar para mirar, disparei uma bala de ponta macia calibre .44 em sua espinha, dez pés (3 metros), abaixo da maldita cabeça."

O barco parou para que o coronel pudesse examinar o corpo. A despeito de ter sido mortalmente ferida, "convulsões subiam e desciam pelo corpo como golpes de vento em um lago de montanha." Embora não tivessem equipamentos para medições com ele, Fawcett estimou que a serpente tinha 19 metros de comprimento e 30 cm de diâmetro.

Nos pântanos de Madre de Diós, em Bení, Bolívia, Fawcett disse ter visto rastros de uma cobra que indicavam um comprimento de 24 metros.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Boiuna

http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Boi%C3%BAna

http://lizzabathory.blogspot.com.br/2012/09/boiuna.html

https://contosdehorroreterror.wordpress.com/2016/07/17/boiuna/

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