Algo notável nesta organização, (mesmo tendo um caráter ocultista e pertencente a diversas teorias conspiratórias), ela patrocinou a Deutsche Arbeiterpartei (DAP, Partido dos Trabalhadores Alemães), que foi posteriormente reorganizado por Adolf Hitler para Partido Nacional-Socialista (Da qual gerou uma dos grandes debates sobre o esprecto político do Nazismo em 2017) dos Trabalhadores Alemães (NSDAP ou Partido Nazista). De acordo com o biógrafo de Hitler, Ian Kershaw , a "lista de membros da organização ... lê como um Quem é Quem de simpatizantes nazistas e figuras principais em Munique", incluindo Rudolf Hess, Alfred Rosenberg, Hans Frank, Julius Lehmann, Gottfried Feder, Dietrich Eckart, e Karl Harrer.
No entanto, Nicholas Goodrick-Clarke afirma que Hans Frank e Rudolf Hess foram membros de Thule, mas outros nazistas líderes apenas foram convidados a falar nas reuniões de Thule ou não estavam inteiramente relacionados com isso. De acordo com Johannes Hering, "Não há provas de que Hitler tenha pertencido à Sociedade Thule".
Como Tudo Começou.
De acordo com a historiadora americana Shelley Klein, autora do livro As Sociedades Secretas Mais Perversas da História (Planeta do Brasil, 2007), a Thule pode ser considerada a precursora do Nazismo. A Sociedade Thule era originalmente um "grupo de estudo alemão" liderado por Walter Nauhaus, um veterano da Primeira Guerra Mundial, estudante de arte de Berlim que se tornou um membro da Germanenorden (ou Ordem dos Teutões) sociedade secreta fundada em 1911 e formalmente nomeada no ano seguinte.
Em 1917, Nauhaus mudou-se para Munique; sua Sociedade Thule deveria ser o nome e o rosto para o ramo da Germanenorden em Munique de, mas os eventos se desenvolveram de forma diferente como resultado de um cisma na Ordem. Em 1918, Nauhaus foi contactado em Munique por Rudolf von Sebottendorf(ou von Sebottendorff), ocultista e recém-eleito chefe da província bávara da ramificação conhecida como A Ordem Teutônica do Santo Graal. Os dois homens se tornaram associados em uma campanha de recrutamento, e Sebottendorff adotou a Sociedade Thule de Nauhaus como um Vassalo para a Germanenorden Walvater em sua dedicação formal em 18 de agosto de 1918.
No imponente Hotel Quatro Estações, de Munique, um grupo de políticos, militares e intelectuais alemães ocupou a sala principal de reuniões. O clima lúgubre era indisfarçável. Todos os presentes confabulavam em sussurros, como num velório. Era 9 de novembro de 1918, dois dias antes da rendição da Alemanha na 1ª Guerra Mundial – àquela altura, tida como inevitável. De repente, um jovem pigarreou e pediu a palavra. Era Walter Nauhaus. Estudante de arte, veterano de guerra e manco de uma perna, Nauhaus era um dos chefes da organização ali reunida: a Thule Gesellschaft, ou simplesmente Thule.
“O barão Von Sebottendorff pronunciará algumas palavras”, limitou-se a dizer Nauhaus. Os dignitários presentes fizeram silêncio. Sebottendorff era um sujeito corpulento, de olhos esbugalhados. No passado, tinha sido condenado por estelionato. Também estudara magia negra e astrologia. Mas todos faziam vista grossa. Seu carisma era inegável.
“Nosso mundo ruiu”, disse o barão. “O puro sangue alemão foi derrotado pelo inimigo mortal: Judá. Conclamo todos a lutar. Nossa ordem é germânica. Nosso deus é Walvater e somos arianos. Se quisermos viver, devemos primeiro morrer.” O orador foi interrompido pelo frêmito das palmas. Sua vasta cabeleira estava meio em desalinho. Sua testa, suada. E sua papada balançava. Todos naquele recinto entraram em êxtase.
Esse desvairado discurso foi gravado e hoje faz parte do Arquivo Histórico de Munique. É um dos poucos registros das reuniões da Thule, grupo ocultista alemão dos anos 1910-20, cuja história permaneceu envolta em brumas e mal-entendidos durante muito tempo.
Crenças Muito Além da Mitologia Convencional.
Um foco primário da Sociedade Thule era uma reivindicação sobre as origens da raça ariana. Em 1917, as pessoas que queriam aderir à "Ordem Germânica", das quais a Sociedade Thule se desenvolveu em 1918, tiveram que assinar uma "declaração de fé de sangue" especial sobre sua linhagem:
"O signatário aqui jura ao melhor de seu conhecimento e convicção de que nenhum sangue judeu ou colorido flui nas veias dele ou nas de sua esposa, e que entre os seus antepassados não há membros das raças coloridas."
Com essa afirmação, Os membros da Thule não podiam ter sangue judaico. Em 1919, um jovem aristocrata, Anton von Padua Arco auf Valley, teve negada sua admissão na sociedade porque seu avô materno, um banqueiro, era judeu. Anton ficou arrasado e, como desforra, assassinou o político socialista Kurt Eisner. Era uma forma de mostrar seu valor à Thule. “Se havia uma coisa que os integrantes do grupo odiavam tanto quanto os judeus, eram os socialistas”, diz Goodrick-Clarke.
Além do Arianismo, os Thulistas tinham uma certa fascinação pelo ocultismo, tanto que o Nome de sua sociedade foi retirado de uma antiga lenda nórdica ou greco-romana, evocava a capital da Hiperbórea, terra mítica que os antigos acreditavam ficar perto da Groenlândia. Lá teria vivido uma civilização superior. Nas palavras do historiador Greco-romano Políbio, tratava-se de “uma ilha a 6 dias de viagem do norte da Bretanha”.
" Thule " ( grego : Θούλη ) era uma terra localizada por geógrafos greco-romanos no norte mais distante (muitas vezes exibido como a Islândia). O termo latino "Ultima Thule" também é mencionado pelo poeta romano Virgílio em seus poemas pastorais chamados Georgics. Thule originalmente era provavelmente o nome para a Escandinávia , embora Virgílio simplesmente o use como uma expressão proverbial para a borda do mundo conhecido, e sua menção não deve ser considerada como uma referência substancial à Escandinávia. A Sociedade Thule identificado Ultima Thule como uma massa de terra antiga perdida no extremo norte, perto da Groenlândia ou Islândia, dito por místicos nazistas por ser a capital do antigo reino de Hyperborea.
Misticismo tinha tudo a ver com a Thule. Nas reuniões do grupo, eram de praxe os rituais em homenagem ao deus Walvater. Nas palestras, membros eruditos discorriam sobre as runas (as 24 letras do alfabeto germânico antigo) e mitologia indo-européia, ou faziam leitura de mapas astrológicos. Sua insígnia era um velho símbolo de origem indo-européia de boa fortuna: a suástica.
Por trás do climão esotérico, contudo, havia algo bem mais ameaçador, aparente no próprio lema da Thule: “Lembra-te que tu és alemão. Mantenha o teu sangue puro!” A Thule era uma organização ardorosamente nacionalista. E também anti-semita. Vista de fora, não passava de uma sociedade dedicada aos estudos da antiguidade germânica. Ledo engano. “Foi um grupo ativista, com atuação jornalística, militar e, sobretudo, política na Alemanha pré-nazista”, afirma Reginald Phelps, autor do livro Before Hitler Came (“Antes de Hitler chegar”, sem tradução para o português).
Para entender a mística Thule, primeiro é preciso compreender o contexto de seu surgimento. Na Europa, o ocultismo era moda. Os ideólogos da organização foram dois austríacos excêntricos, Guido von List e Lanz von Liebenfels. Eles fizeram uma sopa indigesta de conceitos do hinduísmo – como reencarnação e pre-determinação cármica – com uma pitada de ideologia da raça ariana superior. Seus livros viraram febre entre o povão e a burguesia emergente. “Existem fortes indícios de que Hitler era leitor de Lanz”, diz Goodrick-Clarke.
Na Teosofia, filosofia esotérica fundada por Helena Petrovna Blavatsky e outros, rejeita-se a descendência dos primatas em favor de uma origem da humanidade poligenética e astral. Esta teoria tem suas raizes na filosofia oriental, particularmente o hinduismo e o budismo e influenciou as chamadas ciências ocultas (Ai e que entra a Ariosofia neste contexto).
Segundo Blavatsky, em seu livro A Doutrina Secreta (1888), a origem e evolução do homem é descrita em pergaminhos muito antigos, chamados de Estâncias de Dzyan, os quais ela teria tido acesso e teria estudado. Segundo esta teoria, o Homem físico surgiu há 18 milhões de anos a partir de seu molde astral, formando-se então a Raça que ela chama de Atlante. Para Blavatsky os primatas superiores são antigas raças humanas que se degeneraram, e daí se explica as semelhanças fisiológicas entre ambos.
Blavatsky não nega a teoria da evolução, porém não acredita que uma força "cega e sem objetivo" possa ter criado o homem. Para ela, a criação do homem foi guiada pelas hierarquias divinas a partir de um plano.
Plano esse que os membros da Thule tomaram em suas mãos.
Sobre a antropogênese ─ origem e evolução do Homem, a teoria nazista das Raças era uma confusa e amadora reunião de revelações espetaculosas dignas de um almanaque mal explicado ─ mas fascinante como tema de conversa dos salões e convescotes! [piqueniques]. A antropogênese nazista foi elaborada com trechos arrancados das páginas do Livro de Dzyan [Doutrina Secreta] sobrepostos e misturados com literatura de ficção e teorias bizarras da pseudociência aplicada à astrofísica, astronomia, geologia e geografia.
Hitler pregava o advento do Homem Novo porém o modelo que apresentava foi resgatado das ruínas do Homem Velho, velhíssimo! Aliás, tão arcaico que pertence ao universo dos mitos; porque o Homem Novo dos nazistas é uma ressurreição dos Atlantes [Quarta Raça Humana] dotados de características e/ou conexões com os Hiperbóreos [Segunda Raça, habitantes do antigo Pólo Norte].
O mito da ilha de Thule pertence aos anais da Segunda Raça; mas os arianos corpóreos, os gigantes louros são típicos de uma das nações da Quarta Raça, Atlante. Trata-se de uma ilha mítica, localizada na fronteira do mundo conhecido foi, segundo as fontes mais minuciosas, a pátria da Segunda Raça Humana, em uma época tão recuada que a ciência oficial, hoje, considera um irracionalidade admitir qualquer ser egóico humano ou mesmo, qualquer forma de vida celular, quanto mais uma Humanidade pudesse existir nesse tempo. Fosse na Groenlândia, ou na Islândia, no mar Báltico ou em um centro exato do pólo Norte arcaico, Thule, a Ilha, teria sido o centro do continente Hiperbóreo, habitat preferencial da Segunda Raça.
Thule foi um paraíso; e Thule foi um inferno! Blavatsky descreve os seres humanos daqueles tempos pré-jurássicos! ─ "filamentosas e brilhantes formas". Para outros, eram aberrações; e como geração de uma Era, essa Humanidade teve seu apogeu e sua decadência:
O Segundo Continente estendia-se a sul e oeste do Pólo Norte; pode ter incluído Baffin Bay bem como parte de Groenlândia até Kamschatka. Nesse continente apareceu a Segunda Raça, de monstros, andróginos, seres semi-humanos. Foram os primeiros esforços da Natureza Material para construir/forjar corpos humanos. A maior parte dessa geração pereceu no primeiro grande cataclismo, quando a Groenlândia e outros Paraísos setentrionais, com suas "eternas primaveras" foram transformados em infernos hiperbóreos. [GODWIN, p 19]
Evolução da Raças Humanas: Pré-históricas e Pré-Diluvianas ─ Gigantes
Os teóricos, filósofos e ocultistas nazistas, em seu afã de atribuir aos brancos arianos um status de superioridade racial, perceberam que embaralhando um pouco as páginas da Doutrina Secreta poderiam forjar uma teoria capaz de fascinar leitores mais apressados, capaz de seduzir o povo alemão de origem nórdica.
Enquanto o Livro de Dzyan deixa claro que não houve mistura genética entre Hiperbóreos, Lemurianos e Atlantes, Evola e outros adeptos do arianismo sugerem a coexistência de três raças raízes, supondo a troca de material genético entre Hiperbóreos e Lemurianos e entre Hiperbóreos e Atlantes.
Aqui vale um parenteses. É preciso esclarecer que esta NÃO É a teoria apresentada na Doutrina Secreta de H. P. Blavatsky [que se fundamenta no Livro de Dzyan]. Porém, para intelectuais arianistas como Julio Evola, não há problema em "forçar" uma aproximação entre as Raças contanto que a superioridade branca-loura seja afirmada. A Teosofia, sobretudo, é acusada de fornecer os fundamentos do arianismo; os mestres da Alta Magia, teriam contribuído com as fórmulas e preparações relacionadas aos rituais. Mas as fontes principais da magia negra nazista são menos citadas: a magia Bon-Po, tibetana, um tipo de feitiçaria macabra que utiliza com freqüência e abundância crânios, ossos, pele humana e outros elementos colhidos entre o que existe de pior no esoterismo do extremo Oriente e da Eurásia, como a escola de Aleister Crowley [1875-1947], a besta, realmente, que começou a escrever sua série de Libers anotando os discursos alucinados de suas mulheres em transe; mulheres que acabaram entre loucas e drogadas.
Os ocultistas alemães thulistas que leram Eliphas Levi desconsideraram completamente as inúmeras advertências do mestre Frances sobre a prática da magia negra, classificada como criminosa em Dogma e Ritual da Alta Magia. Para Eliphas Levi, os praticantes da magia negra com suas bizarras exigências rituais são celerados, dementes ou ambas as coisas. Os iniciados de Thule fizeram tudo o que é explicitamente não recomendado, ao contrários, fizeram tudo o que é condenado e amaldiçoado pelos estudiosos que incluíram entre suas fontes de inspiração. A ligação entre Eliphas Levi, Blavatsky e outros nomes do ocultismo ocidental ofende a memória daqueles estudiosos.
Pouco lembrado é o fato de que a Alemanha dos nacionalistas-alucinados, ainda na década de 1920, começou a perseguir esotéricos de outras Sociedades, como os Antroposofistas, de Rudolf Steiner ─ que foi assassinado em 1925 ─ maçons, rosa-cruzes e mesmo a Sociedade Teosófica.
Evola fornece um panorama geral dos ciclos das civilizações pré-históricas [pré-diluvianas mesmo] e que correspondem aos quatro Yugas da Tradição [e também às quatro Raças-Humanas que precederam a atual]. A Primeira [os Sem-ossos, Sombras, Filhos do Ioga] e a Segunda [Filhos do Suor], estas Raças viveram na chamada Golden Age ─ Idade do Ouro e habitaram o lugar onde hoje se localiza o Círculo Polar Ártico. Um desastre ou evento, espiritual mas também, evidentemente, geológico-astrofísico, caracterizado por mudança na inclinação do eixo do Terra, teria forçado a migração da segunda Raça, a Hiperbórea.
Uma primeira onda migratória buscou refúgio na atual América do Norte e nas regiões setentrionais da Eurásia. Outros, em segunda instância, alcançaram o continente Atlante [hoje submerso, localizava-se, segundo acreditam muitos pesquisadores, no meio do Oceano Atlântico]. Esse segundo grupo teria se misturado com raças aborígenes [que Evola não explica de onde surgiram!] de proto-mongóis e proto-negroes que, ainda segundo Evola, deram origem à Raça dos Lemurianos [a Terceira Raça do Livro de Dzyan].
Em meio esta salada de Raças, Evola pretende estabelecer sobre a Terra uma espécie de Humanidade superior em função de sua elevação espiritual. Os Hiperbóreos que ficaram na Europa e Eurásia, foram estes os Homens superiores, ancestrais dos Arianos. Os outros, aqueles que desceram o Atlântico e cruzaram alinha do Equador rumo ao Sul, degeneraram-se ao miscigenarem-se com os tais Aborígenes [surgidos sabe Evola de onde!]. Assim, Evola localiza os Atlantes louros-altos no norte do planeta e os Lemurianos escuros, no sul, abaixo da linha do Equador, "onde mora o pecado".
Os primeiros migrantes Hiperbóreos permaneceram totalmente nórdicos; mais ao sul e ocidente, houve mistura de raças. Os Hiperbóreos puros do Hemisfério norte são identificados como Filhos do Sol, de espiritualidade masculina, uraniana [de Urano, céu, celestial]; os Hiperbóreos miscigenados, no Hemisfério Sul [que Julio Evola identifica, erradamente, com os Lemurianos] são os Filhos da Lua, de espiritualidade feminina, Demetrianos [de Deméter ou terrenos].
Gigantes Atlantes: Os indivíduos das quatro primeiras Raças Humanas foram todos gigantes em relação à Raça atual [ou Quinta Raça Humana]. O período que precede a aparecimento do homem físico propriamente dito compreende uma pré-história de, no mínimo, 300 milhões de anos! Conforme descreve Blavatsky:
O homem da Primeira Raça era um ser etéreo [filhos do ioga], não inteligente mas super-espiritual. Não tem sexo e, tal como os animais e vegetais do mundo em que vive, tem um corpo monstruoso. Na Segunda Raça [Hyperbórea], o homem ainda é gigantesco e etéreo; porém seu corpo já é um tanto mais denso e condensado [são os filhos do suor]. A Terceira Raça Humana, a Lemuriana, configurou-se, enfim, em um corpo concreto, compacto e, no princípio sua forma assemelhe-se à de um macaco gigante, mais inteligente ou ,antes, mais astuto que espiritual. No meio da linha evolutiva dos Lemurianos, [Terceira Raça] a estatura gigantesca começa a decrescer e as formas, começam a perder o aspecto simiesco. Esta aparência perdura até quase que metade do ciclo da Raça Atlante quando, então, a inteligência cresce, a espiritualidade decresce e desenvolve-se a linguagem [as Raças anteriores era mudas em termos de fala articulada]. [BLAVATSKY, 2006 ─p 229]
Sobre a Ilha Branca ou Thule, escreve Blavatsky, em Síntese da Doutrina Secreta, flagrante estabelecendo desacordo com Julius Evola:
A ilha Branca é uma alusão ao país dos nascidos do suor da Terceira Raça. Esse país ou continente havia desaparecido idades antes do advento de Asuramaya, posto que Asuramaya era um Atlante. [Blavatsky página 153]. ...Propomos o nome de Ilha Sagrada ou Imperecível para o primeiro continente onde evoluiu a Primeira Raça dos Progenitores Divinos. Segundo consta, esta Ilha Sagrada nunca participou do destino dos outros continentes, por ser a única que vai durar do começo ao fim do Manvâtara... É o berço do primeiro homem e morada do último mortal divino... Pouco se pode dizer desta terra sagrada e misteriosa sobre a qual a Estrela Polar fixa seu vigilante olhar durante todo um dia do Grande Alento [Idem, p 138].
E sobre os Atlantes:
Depois da destruição da Lemúria por uma série de cataclismos geológicos, vieram os Atlantes, os gigantes cuja formosura e forças físicas alcançaram o apogeu no meio do ciclo biológico-espiritual evolutivo da Quarta Raça Humana, à qual pertenciam. ...Os Atlantes construíram enormes imagens de vinte e sete pés de altura, [cerca de 8 metros], do tamanho de seus próprios corpos... [Os lemurianos eram ainda mais altos se bem que menos corporeamente densos]. Desde a destruição da Lemúria, a estatura humana foi decrescendo, de seis a sete pés [cerca de 2 metros]. [Ibdem, 193]
Os pensadores nazistas tomando conhecimento dessa antropogênese heterodoxa e se apropriando, ainda, de outras tradições lendárias, como as míticas cidades de Agarhta e Shamballa, elaboraram sua própria teoria, adaptada da literatura esotérica, de modo que melhor se encaixassem em suas teorias/fantasias arianas relacionando-as:
1. Ao ressurgimento de uma Raça Superior ariana, branca;
2. A uma liderança oculta, ancestral-arcaica, que se estabeleceu nos subterrâneos do Planeta, nos "ôcos da Terra".
Mas a antropogênese e a geologia-geografia arcaica dos nazistas era extremamente confusa: ao mesmo tempo em que identificavam Thule como a morada dos Hiperbóreos Filhos dos Deuses e que, portanto, devia estar situada em região ártica ─ localizaram Thule no Deserto de Gobi [e, então, seria a Ilha dos Jinas], muito longe da concepção original. A origem da confusão pode ser rastreada e encontrada na mistura de doutrina teosófica e ficção literária da época: enquanto Hitler publicava o Mein Kampf aparecia também no mercado Homens, Animais e Deuses, do russo Ossendovsky, "no qual, pela primeira vez, foram revelados abertamente os nomes de Shambala e Agartha [ou Agarthi].
Pauwels e Bergier [196...], em O Despertar dos Mágicos, resumem o entendimento nazista das lendas de Thule e de outras localidades míticas:
Segundo a lenda... após o cataclismo do Gobi [desertificação], os mestres da alta civilização, os detentores do conhecimento... instalaram-se em um imenso sistema de cavernas sob o Himalaia. No centro dessas cavernas dividiram-se em dois grupos, um seguindo a via da mão direita [magia branca], o outro, a via da mão esquerda [magia negra]. A primeira via, teria seu centro em Agarthi, lugar de contemplação, cidade oculta do Bem, templo da não-participação no mundo. A segunda via foi sediada em Shambala, cidade da violência e do poder, cujas forças comandam os elementos, as massas humanas, e ativam a chegada da Humanidade à charneira [fim] dos tempos. Aos magos condutores dos povos [e os nazistas acreditavam e/ou queriam ser esses magos] seria possível fazer um pacto com Shambala, mediante juramentos e sacrifícios [BERGIER/PAUWELS, 196...].
Como se viu até aqui, o misticismo nazista cultivado pelos membros da Sociedade de Thule em sua seção esotérica, oculta, era uma colcha de retalhos, pathwork de elementos míticos arcaicos que pudessem satisfazer ao desejo lúdico, anseio quase infantil [ou retardado] de fazer contato e aliança com supostos Mestres que controlavam o mundo desde as mais remotas Eras [a rigor, há centenas de milhões! de anos e, portanto Mestres velhaços]; Mestres que habitavam um lugar misterioso, uma base secreta, subterrânea ou metafísica [invisível]. Esta ilha, base ou cidade oculta somente poderia ser acessada pelos Iniciados através de rituais que proporcionassem estados de consciência alterados, que permitiriam ao Espírito a comunicação telepática e/ou a entrada em universos paralelos da Existência.
Porém, tudo indica que os ocultistas nazistas eram tão impacientes quanto qualquer leigo em esoterismo. Não bastavam os rituais da Sociedade Secreta; era preciso o movimento físico de busca dessa localidade mítica, desses Mestres tão poderosos. Para tanto, foram organizadas as expedições científicas da Ahnenerbe a Secretaria do Reich dedicada à pesquisa do sobrenatural! Equipes foram enviadas ao Tibete, para caçar os mestres no Himalaia; ao Gobi, para encontrar a Ilha Branca. Outra, foi designada especialmente para investigar a teoria da Terra Ôca. Na lógica sofistica daqueles esotéricos "sem noção" a hipótese da cidade subterrânea, dos Sábios ocultos nas entranhas da Terra, tal hipótese era uma combinação conveniente que poderia conciliar a ideia de uma Cúpula de imortais agindo em segredo em local insuspeitado.
Atividades.
A Thule Society atraiu cerca de 250 seguidores em Munique e cerca de 1.500 em outros países da Baviera.
Os seguidores da Sociedade Thule estavam muito interessados na teoria racial e, em particular, no combate aos judeus e aos comunistas. Sebottendorff planejou, mas não conseguiu sequestrar o primeiro ministro socialista bávaro Kurt Eisner em dezembro de 1918 (A passo que o mesmo fosse assassinado em 21 de fevereiro de 1919 por Anton von Padua Arco auf Valley).
Durante a revolução bávara de abril de 1919, os thulistas foram acusados de tentar infiltrar seu governo e tentar um golpe. Em 26 de abril, o governo comunista de Munique invadiu as instalações da sociedade e levou sete de seus membros à custódia, executando-os em 30 de abril. Entre eles estavam Walter Nauhaus e quatro famosos aristocratas, incluindo a condessa Heila von Westarp, que funcionava como secretária do grupo e o Príncipe Gustav de Thurn e Taxis que estava relacionado a várias famílias reais europeias. Em resposta, o Thule organizou um levante dos cidadãos quando as tropas brancas entraram na cidade em 1 de maio.
Jornal Münchener Beobachter.
Em 1918, a Thule comprou um jornal semanal de Munique que estava falindo, o Münchener Beobachter (Munich Observer), e mudou o nome para Münchener Beobachter und Sportblatt (Observatório de Munique e Papel Desportivo) na tentativa de melhorar a sua circulação. O Münchener Beobachter tornou-se mais tarde o Völkischer Beobachter (“Observador do Povo”), trazia matérias de teor anti-semita e cobertura das corridas de cavalos: uma mistura bem ao agrado da juventude alemã naquela época. Seu principal jornalista era Karl Harrer, mais tarde co-fundador do Partido Nacional Socialista (o partido nazista). Em 1920, o jornal virou propriedade do partido de Hitler – e só fechou as portas em 1945. Um de seus primeiros editores foi Dietrich Eckart, convidado frequente das reuniões da Thule. “O jornal é o único elo indiscutível da ligação do grupo com o nazismo”, diz Reginald Phelps. Eckart foi mentor de Hitler entre 1920 e 1923, apresentando-o à alta sociedade alemã.
Deutsche Arbeiterpartei.
Anton Drexler desenvolveu ligações entre a Sociedade Thule e várias organizações de trabalhadores da extrema-direita em Munique. Ele estabeleceu o Deutsche Arbeiterpartei (DAP, Partido dos Trabalhadores Alemães) em 5 de janeiro de 1919, juntamente com o Karl Harrer da Sociedade Thule. Adolf Hitler juntou-se a esta festa em setembro do mesmo ano. No final de fevereiro de 1920, o DAP foi reconstituído como Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (NSDAP, O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães ), o Partido Nazista.
Outros nazistas famosos também tiveram o nome ligado ao da Thule, como Rudolph Hess e Alfred Rosenberg. Outro que ficou famoso graças ao misticismo, foi Heinrich Himmler, chefe da SS, elite paramilitar do partido nazi e velho freqüentador da sociedade. Os soldados, por ordem de Himmler, tinham de trocar os nomes cristãos por nomes teutônicos. “Himmler financiou uma expedição à Islândia em busca do Santo Graal e, em 1938, uma expedição ao Tibete, para encontrar o homem ariano primordial”, diz Dusty Sklar, autor de The Nazis and the Occult (“Os Nazistas e o Ocultismo”, inédito no Brasil). Outro desvario: para cultivar a confiança mútua dos soldados, Himmler ordenou que, durante o treinamento, os recrutas deveriam ensaboar uns aos outros no chuveiro. Essa idéia, observa Sklar, provavelmente foi tirada de Lanz von Liebenfels, que acreditava que a intimidade entre varões tinha um poder tântrico mágico.
Sebottendorff já havia deixado a Sociedade Thule, e nunca se juntou ao DAP ou ao Partido Nazista. Dietrich Bronder ( Bevor Hitler kam , 1964) alegou que outros membros da Sociedade Thule foram mais tarde proeminentes na Alemanha nazista: a lista inclui Dietrich Eckart (que treinou Hitler em suas habilidades de falar em público , junto com Erik Jan Hanussen e que Mein Kampf dedicou para ele), bem como Gottfried Feder, Hans Frank, Hermann Göring, Karl Haushofer, Rudolf Hess e Alfred Rosenberg. O historiador Nicholas Goodrick-Clarke descreveu este rolo de adesão e afirmações semelhantes como "espúrias" e "fantasiosas", observando que Feder, Eckart e Rosenberg nunca foram mais do que convidados a quem a Sociedade Thule estendeu a hospitalidade durante a revolução bávara de 1918, embora tenha reconhecido mais recentemente que Hess e Frank eram membros da sociedade antes de chegarem à proeminência no Partido nazista. Também foi afirmado que o próprio Adolf Hitler era membro. As evidências pelo contrário mostram que ele nunca participou de uma reunião, como atestado pelo diário de Johannes Hering de reuniões da sociedade. É bastante claro que o próprio Hitler teve pouco interesse e pouco tempo para assuntos "esotéricos". (Veja também o discurso de Hitler em Nuremberg, de 6 de setembro de 1938, sobre a desaprovação do ocultismo.)
Wilhelm Laforce e Max Sesselmann (funcionários do Münchener Beobachter) foram membros da Thule que mais tarde aderiram ao NSDAP.
Dissolução.
No início de 1920, Karl Harrer foi forçado a sair do DAP enquanto Hitler se mudou para cortar o vínculo do partido com a Sociedade Thule, que posteriormente caiu em declínio e foi dissolvido cerca de cinco anos depois, bem antes de Hitler chegar ao poder. “Em 1926, a organização quase não dava sinais de vida”, diz Phelps. Na verdade, ela nunca conquistou muita popularidade e sua influência política foi mínima.
Rudolf von Sebottendorff se retirou da Sociedade Thule em 1919, mas ele retornou à Alemanha em 1933 com a esperança de revivê-lo. Naquele ano, ele publicou um livro intitulado Bevor Hitler Kam (em alemão: Antes que Hitler chegasse), no qual afirmou que a Sociedade Thule abriu o caminho para o Führer: "Os Thules foram aqueles a quem Hitler chegou pela primeira vez, e os Thules foram os primeiros a se unir com Hitler ". Esta afirmação não foi favoravelmente recebida pelas autoridades nazistas: depois de 1933, as organizações esotéricas foram suprimidas (incluindo os ocultistas völkisch), muitos fechados pela Legislação anti-maçônicas de 1935. O livro de Sebottendorff foi proibido e ele mesmo foi preso por um curto período em 1934, depois se afastou para o exílio na Turquia.
No entanto, argumentou-se que alguns membros de Thule e suas ideias foram incorporados ao Terceiro Reich. Alguns dos ensinamentos da Sociedade Thule foram expressados nos livros de Alfred Rosenberg. Muitas ideias ocultas encontraste graça diante de Heinrich Himmler, que tinha um grande interesse no misticismo, ao contrário de Hitler, mas a Schutzstaffel (SS) sob Himmler emulado uma estrutura semelhante a ordem jesuíta de Inácio de Loyola, em vez da Sociedade Thule, de acordo com Hohne.
“Entre 1960 e 1975, diversos livros sensacionalistas e pobremente pesquisados foram lançados sobre ocultismo nazista” diz Nicholas Goodrick-Clarke, professor da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Isso atiçou o imaginário coletivo, e não estranha que a Thule tenha virado ícone da cultura pop, marcando presença no livro O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco, e no filme Hellboy, de Guillermo del Toro. A verdadeira história da Thule – e sua ligação factual com o nazismo – começou a emergir nas últimas décadas. E é mais patética e bizarra do que parece nos romances e no cinema.
Então, como explicar o fascínio que ela exercia? A resposta talvez seja dada pelo especialista em sociedades secretas Mark Sedgwick, professor da American University no Cairo, Egito: “O principal objetivo desses grupos nunca é a dominação política imediata, mas moldar o imaginário e a ideologia da sociedade. São uma eminência parda”. Isso, a Thule conseguiu – e a história está aí para provar.
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http://segundaguerra.net/adolf-hitler-o-nazismo-e-o-ocultismo-parte-3/
http://segundaguerra.net/adolf-hitler-o-nazismo-e-o-ocultismo-a-conspiracao-nazista/
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