terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Um Curioso Carnaval Político.

Carnaval, uma data que lembro que sempre era esperada depois da 1° semana de aula. Depois da 1° Semana ocorria o recesso. 1 Semana inteira em casa, 9 dias praticamente. Depois as aulas reiniciavam. Sim era uma alegria o Carnaval.

Agora não me interesso tanto assim pelo carnaval por enês motivos. Mas neste Domingo, madrugada de Segunda-Feira, tanto o Carnaval quanto o clássico futebol entre Esquerda X Direita, ganhou mais um capítulo.

E nessa época de Eleições/Copa do Mundo, a fúria entre as duas maiores torcidas do mundo está inflamada.
(*Como o Espectro político entre Esquerda X Direita e bastante amplo terá um post a parte...)

1° Dia.

O desfile de protesto da Paraíso do Tuiuti na primeira noite do sambódromo do Rio de Janeiro é de longe o de maior repercussão nas redes sociais, desde a madrugada desta segunda-feira 12. O Carnaval do Fora Temer já ganhou destaque mundial, virou o segundo assunto mais comentado no mundo no Twitter. A HASTHAG #Tuiuti e #TuiutiCampea2018 se tornaram populares no Twitter.

Além disso, com 80% dos votos em uma enquete no portal UOL, a escola de samba é apontada como a melhor escola de 2018. Posts sobre o desfile dominam as redes sociais desde a madrugada de segunda-feira, quando os carros e os personagens entraram na avenida da Sapucaí.

A escola de São Cristóvão recontou a história da escravidão no Brasil, nos 130 anos da Lei Áurea, e fez uma crítica ao racismo e às dificuldades dos trabalhadores brasileiros hoje.

Entre as críticas apresentadas, estavam as reformas econômicas promovidas pelo governo de Temer e os movimentos sociais que culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A comissão de frente trouxe um "grito de liberdade", com membros interpretando escravos negros sendo açoitados por um capataz. O carro abre-alas "Quilombo Tuiuti" se inspirou nas fortificações das tribos africanas, com rinocerontes na frente. Outro carro fez lembrar um navio negreiro, com muitas correntes.

Uma ala mostrou o trabalho informal, com integrantes fantasiados de ambulantes, e outra destacou os "guerreiros da CLT", com operários segurando uma carteira de trabalho gigante.

As baianas se enfeitaram com riquezas africanas e o primeiro tripé trouxe uma representação da Lei Áurea, documento assinado pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888.

Mais o principal que fez a Internet Brasileira fica em alvoroço foi o último carro, sim se os livros de história do Futuro contarem com o foi o Governo Temer, talvez essa imagem resume tudo.


O último carro mostrou um vampiro com uma faixa presidencial. Vampiro com faixa presidencial, para quem conhece com profundidade os memes que envolvem política, sabem bem a quem esse vampiro se refere. O Béla Lugosi de Brasília, um Michel Temer vampírico e endinheirado e um grito de "Fora, Temer" no encerramento, além da crítica às manifestações pelo impeachment de Dilma que foram tão incentivadas pela emissora.

Temer foi retratado na última alegoria da escola. O destaque central, o professor de história Léo Morais, vestia terno, gravata, 1 esplendor formado por notas de dinheiro e uma faixa presidencial. Ele retratava um “vampiro neoliberal”.

Só essa alusão foi o suficiente para os militantes e sites de esquerda celebrarem isso, afinal de contas o desfile da Tuiuti colocou na mesma avenida, como porta de entrada, o fim da escravidão (Que fez muita gente pensar que seria apenas isso) e fez um duro discurso contra o "golpe" (Tenho minhas convicções quanto a isso) e a perda de direitos trabalhistas sob o governo Temer foi também um tapa na cara da Globo, da toda a Esquerda que a acusa de ser participante principal do Golpe, é que precisou transmitir tudo ao vivo.

O colunista de TV Mauricio Stycer comentou, em seu blog no UOL, que os narradores da emissora ficaram constrangidos. "Do camarote da Globo, onde narrava o desfile, Fátima Bernardes, Alex Escobar e Milton Cunha reagiram com comedimento ao surpreendente protesto, como se estivessem constrangidos", comenta o colunista de TV Mauricio Stycer; "Os manifestoches", leu ela, ao ver passar a ala com os patos, sem dizer mais nada; quando passou o vampiro Temer, com faixa presidencial, Milton disse apenas: "o vampirão", e Fátima: "vampiro neoliberalista"

A alegoria representava o “neo-tumbeiro” dos trabalhadores. Ela era dividida em 2 níveis: na parte inferior, a massa trabalhadora; em cima, a classe dominante. Além dos trabalhadores, a escola retratou o que classificou como “manifestoches”, “golpresários” e os “vampiresários”.

Na parte da frente da alegoria, uma mão acorrentada. Ao corpo de jurados, Jack Vasconcelos enviou 1 documento dizendo que essa mão representa a ligação dos trabalhadores com o “velho tumbeiro, demonstrando que o antigo regime exploratório dos ricos sobre os pobres avança em golpeantes reformas”.

O desfile foi assistido por, pelo menos, 1 dos ministros do governo Temer. Marx Beltrão, do Turismo, circulou por camarotes do sambódromo e compartilhou cenas do Tuiuti no Instagram.

Toma lá, Da cá.

Curiosamente a Rede Globo, nesta briga de torcidas vive um dicotomismo e interessante dilema; 
  • Para a Direita, a Globo e uma empresa que promove o globalismo, com consequência, o Esquerdismo, tudo que vá contra a Família tradicional e a Cultura Ocidental.
  • Para a Esquerda, a Globo apenas serve aos interesses da Burguesia. É Racista, Machista, Homofóbica, Misógina.
Mas uma coisa e notável nestas duas torcidas, a Globo e odiada por ambas que empurram para o Espectro oposto (Assim como o Nazi-Fascismo)

Pelo viés Esquerdista, o samba-enredo e o desfile foram um tapa na cara das direitas brasileiras — e da Rede Globo —, com sua defesa explícita da CLT e da Previdência Social (Da qual por experiência própria no dia dia, ouço a maioria dizer que são contrárias a isso).

Pelo Viés Direitista, o samba-enredo e o desfile e apenas uma enaltação da corrupção esquerdista, afinal, mesmo a Direita odiado o atual Presidente (90% da População) ela não citar a Corrupção da Esquerda, passando o pano e evidente que tem forte motivações políticas (Conspirações meus caros, esperem para ouvir alguma teoria surgida de algum lugar das profundezas da Internet sobre isso).

Para os Isentões e o que ficam em cima do Muro, é uma mistura dos dois vieses. Criticar o atual governo, esquecendo das mazelas do anteriores, deixam alguns já sabendo dos ataques que vão surgir de ambos os lados

Ainda no Rio, uma multidão tomou o aeroporto Santos Dumont gritando em peso "Fora, Temer", rejeitado por mais de 90% dos brasileiros. O grupo de foliões também não perdoou o prefeito da capital, Marcelo Crivella (PRB), que viajou para a Europa no Carnaval.

A Mangueira, na mesma noite fez uma reverência às origens do carnaval como forma de antagonizar à política do atual prefeito da cidade que restringiu verbas para os desfiles. Com Dinheiro ou Sem Dinheiro, Eu Brinco foi um sucesso na avenida, assim como as alegorias nada sutis criticando Marcelo Crivella, da qual foi transformado em um boneco de Judas. A Mangueira é forte candidata ao título até por defender uma posição cara a todos que atuam no carnaval carioca, que é o próprio carnaval.

No 2° Dia... 

A Beija-flor fez uma série de críticas políticas num paralelo com o Romance de Terror Frankenstein, que completa 200 anos em 2018, com o momento atual do Brasil.  Partindo da história de ficção de Frankenstein, a Beija-Flor inverteu a lógica da monstruosidade. A agremiação questionou se o monstro é a criatura de aparência repugnante ou se é o criador, uma figura repleta de egoísmo e arrogância.

Com esse desfile, a Beija-Flor se uniu à Mangueira, Paraíso do Tuiuti e São Clemente como expoentes da crítica carnavalesca à política e gestão pública em 2018.  Os temas escolhidos foram da Corrupção (Diferente da Tuiuti que para a Direita foi partidária) com um carro que representava o congresso nacional, repressão nas favelas. Nada de fantasias suntuosas, suas vestes eram camisetas de algodão com shorts e meiões de futebol, fantasias esfarrapadas e cenas polêmicas, como a de um policial baleado e de um aluno atirando em colegas de sala de aula (Minha primeira impressão foi o Massacre de Realengo, que ocorreu no Rio de Janeiro em Abril 2011, revendo novamente me lembrei da  do Caso Goyases), e a liberdade Sexual com a(o) Cantor(a) Pabllo Vittar como destaque (ou seja apontado o dedo para ambos os lados, ou como alguns disseram, em cima do Muro)


O Congresso Nacional e a Petrobras foram retratados como ambientes sujos, cercados por ratos. No 2º carro alegórico da Beija-Flor, Brasília foi classificada como “capital dos monstros”. Na alegoria, a sede da Petrobras do Rio de Janeiro se mistura com uma favela. Do alto do morro, os componentes observavam máquinas de empreiteiras envolvidas em escândalos de corrupção.

Os vampiros voltaram à Sapucaí com a Beija-Flor. Mas, diferentemente da crítica direta ao presidente Michel Temer com o “vampirão neoliberalista” da Paraíso do Tuiuti, a escola cutucou os 3 Poderes com a ala “Vampiros sanguessugas exercem seus podres Poderes”. Em outro momento do desfile, políticos foram classificados como ratos e lobos em pele de cordeiro.

A Beija-Flor fez questão de lembrar dos políticos cariocas, se a Mangueira que "Homenageou" o atual prefeito, a Beija-Flor levou para a Avenida a "Farra dos Guardanapos", o folclorico episódio que ficou conhecido o jantar luxuoso em Paris, no qual políticos e empresários do Rio, bêbados, foram fotografados com guardanapos na cabeça. Os foliões vestiam roupas de gala –alguns com tornozeleiras eletrônicas.

A corrupção no futebol também foi lembrada. Conhecidos como “cartolas”, dirigentes e empresários do mundo da bola foram retratados na ala “Ganância veste terno, gravata e cartola”.


A Beija-Flor criticou também a alta carga tributária do país. Na ala “Imposto dos Infernos”, a escola lembrou o Ciclo do Ouro, que cobrava uma taxa de 20% sobre todo o ouro e metais extraídos durante o período colonial. À época, o imposto ficou conhecido como “O Quinto dos Infernos”.

A ala “No Circo Brasil, o palhaço é o povo”, a Beija-Flor citou diretamente impostos como o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias).

Em São Paulo, também houve crítica política, com a volta da X-9 Paulistana ao Grupo Especial, no sábado, o carro A Casa da Mãe Joana trouxe políticos, alguns com a faixa presidencial, e juízes representados sujos de lama e com malas de dinheiro e notas na cueca.

Leonardo Bruno, colunista do jornal Extra e jurado do Estandarte de Ouro, prêmio extraoficial do Carnaval do Rio, acredita que as escolas de samba nunca tiveram muito esse papel de serem tão criticas à sociedade, algo, para ele, mais incorporado pelo Carnaval de rua. "As escolas sempre tiveram uma característica diferente, tanto é que o samba enredo é considerado uma música de gênero épico, que narra os grandes acontecimentos, as grandes conquistas, as grandes realizações", destaca ele. "Agora, por outro lado, o que a gente observa é que nos momentos de maior convulsão, quando a sociedade está mais necessitada de dar um grito contra alguma coisa, elas aparecem representando esse papel de crítica social e política", acredita ele.

Ele destaca que isso foi visto em outros dois momentos na história das escolas. Um, na virada dos anos 60 para 70, auge da ditadura militar no Brasil. Três enredos marcantes, nesta ocasião, falavam sobre a liberdade. O primeiro, em 1967, quando a Salgueiro desfilou A história da liberdade no Brasil. Dois anos depois, em 1969, a Império Serrano falou sobre os Heróis da Liberdade. E, no Carnaval de 1972, a Vila Isabel levou o enredo Onde o Brasil aprendeu a liberdade. Era um momento em que a censura estava no auge e as escolas deram vazão a esse grito represado pela liberdade.

Em meados dos anos 80, destaca ele, a Caprichosos de Pilares e a São Clemente também falaram sobre o momento conturbado da abertura política no Brasil, quando o povo ainda não votava. Elas levaram para a avenida o grito de Direitas Já! e usavam faixas falando sobre a Constituinte. "Eram enredos muito críticos para a época", relembra Bruno. Houve também, em 1989, o célebre desfile da Beija-Flor, em que Joãosinho Trinta produziu um Cristo mendigo, para criticar a pobreza, mas a alegoria acabou proibida pela Justiça, a pedido da Igreja. Já no final da década de 90 e nos anos 2000, quando o país viveu mais estabilidade política e econômica, os enredos críticos foram mais deixados de lado, ressalta o jornalista. "Temos que pensar como sociedade em que momento estamos como país, porque as escolas refletem o que se passa nas ruas. Para essas críticas terem chegado à Sapucaí é porque o momento é de uma crise muito grande. As escolas de samba, em geral, são o último ponto onde chega essa voz crítica, elas resistem muito. É um momento de convulsão em todos os níveis de Governo."


Fontes.










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