quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Enciclopédia das Lendas Urbanas: Loira do Banheiro.

Nos E.U.A, eles tem a Bloody Mary, no Japão, tem a Toire no Hanako-San, no Brasil temos a Loira do Banheiro.

A Enciclopédia das Lendas Urbanas de hoje vai explorar um dos grandes mitos urbanos do Brasil, a famosa Loira do Banheiro.

Está História (ou Estória) e muito popular sendo recontada diversas vezes com milhares de versões nas Escolas públicas de São Paulo e grande São Paulo. (Em Guarulhos ouvi diversas versões com 2 ou 4 sendo semelhantes). Sua Fama e muito grandes entre os alunos. Dentre todas as diversas versões que ouvi, contarei uma que ainda me lembro, mesmo lendo diversas outras versões.

Letícia fora uma garota que não estava muito interessada nos estudos. Seu desinteresse era tamanho que apenas tinha 2 objetivo na vida: Se casar com um cara rico, ou ser modelo.

Sua vaidade exacerbada e seu egocentrismo eram notados entre os demais. Muitos dos rapazes da escola a admiravam, mesmo sabendo que ficariam na mão pura.

Umas das formas preferidas de Letícia matar aula era ficar no banheiro, alguma de suas amiga alertavam para esse comportamento vagabundo. Ela recebiam tais conselhos com desdém, afinal se conselho fosse bom ninguém dava, os vendia.

Certo dia, Letícia acaba sofrendo um acidente (Em outras versões assassinato) no banheiro. O chão do mesmo estava molhado, da qual acaba escorregando e batendo com a cabeça no chão. (As versões variam um pouco, na maioria delas o chão ou a pia são responsáveis pelo óbito).

A notícia de uma garota morta no banheiro percorreu a escola toda quando a tia da limpeza ( aluna do 8° ano, inspetora, professora, etc...) viu um corpo e o chão vermelho. Com a aglomeração de pessoas em volta do banheiro, diversos professores (que desconheciam essa aluna, pois a mesma nunca haviam aparecido em uma de suas aulas) e a chegada do resgate, Letícia e levada para o hospital, da qual acaba falecendo.

A parte mais assustadora da lenda conta que sem a permissão dos pais um médico acaba fazendo a autopsia, para descobrir a causa de sua morte. (E outras versões como retirada de órgãos ou necrofilia são exploradas).

A alma de Letícia não se conformado com a trágica e prematura morte, não descansou no pós vida, passando a assombrar todos os banheiros de escolas e faculdades.

Muitos devem ter visto a famosa Loira, de tez pálida e com algodão no nariz, para evitar que o mesmo escorra.

Um Mito Nacional.

A Loira do Banheiro é a lenda urbana mais famosa do Brasil. É conhecida praticamente em todas as escolas e faz muitas crianças (E adolescentes) ficarem aterrorizados (O s que eles seguravam acabaram soltado).

Todas as lendas urbanas tem milhares de versões, com a Loira do Banheiro não seria diferente.

Lenda urbana que surgiu dentro dos banheiros das escolas nos anos 70/80 foi motivo para que muitas crianças e adolescentes não fossem ao banheiro em horário de aula sozinhas. Existe muitos relatos sobre como surgiu a loira do banheiro, alguns falam que ela se suicidou, outros falam que foi assassinada, outros falam que fora uma professora que tinha um caso com um aluno e o marido descobriu e a enforcou no banheiro e assim vai.

Para caminhoneiros (Uma variação que vi no seriado Carga Pesada no ano de 2006), por exemplo, pode surgir nos banheiros de postos ou nas estradas pedindo carona. No caso dos caminhoneiros, há outra história. Que a moça morrera no dia de seu matrimônio, atropelada por um caminhão e volta para assombrar os caminhoneiros que atravessassem o seu caminho. Mas em todas elas usa sua beleza para atrair quem quer que seja.

Rastrear as possíveis origens da história que se originou a lenda e quase impossível, mais as mais populares e famosas são essas:

Menina Matadora de Aula (a mais famosa): A lenda conta que uma menina loira muito bonita vivia matando aula na escola, ficando dentro do banheiro, fumando, fazendo hora. Então um dia, durante essas escapadas, ela caiu, bateu com a cabeça e morreu. Desde esse dia, os banheiros de escolas são assombrados pelo espírito de uma loira que aparece quando se entra sozinho.

Bloody Mary: É uma das mais famosas lendas urbanas americanas. Basta você falar 3 vezes para o espelho "Bloody Mary" que ela vai aparecer e te matar. Como consumimos tudo o que for americano, a lenda chegou nas terras tupiniquins e foi adaptada como sendo a Loira do Banheiro. Muitos blogs juntam em um mesmo post Bloody Mary e Loira do Banheiro, como se fossem a mesma entidade. Mas as diferenças gritantes entre as duas entidades são notáveis (Bloody Mary terá uma página a parte desta enciclopédia, assim como Toire no Hanako)


Jornal Notícias Populares: Eu já falei deste jornal em Posts passado (Ano Passado) da qual dispensa apresentações (← só clicando no Link para mais informações)

Ele foi o responsável por muita loucura, com matérias com títulos como "Nasceu o Bebê Diabo em São Paulo!" De acordo com o livro "Nada Mais que a Verdade - A extraordinária história do jornal Notícias Populares", o jornal pode ter sido um dos responsáveis pela criação da lenda. Segue texto retirado do livro (página 99):

"Em 1966, ainda na era Mellé, o jornal fez renascer a lenda da Loira Fantasma, explorada anos antes pelo jornalista Orlando Criscuolo em uma série de matérias para o Diário da Noite. Em um plantão de domingo, a equipe deparou com uma pauta quase vazia. Sem suicídios, estupros e outros crimes dramáticos na cidade, estava difícil bolar uma manchete. Foi quando apareceu na redação a foto de uma funcionária do prédio, que trabalha no tráfego interno na Barão de Limeira. A imagem estava sem foco, com um borrão. Alguém comparou a moça a um fantasma. O repórter Mário Luiz Serra gostou da ideia e emendou de primeira a manchete "Loira Fantasma Aparece em Banheiro de Escola". Tanto a história quanto o cenário do banheiro foram escolhidos por Serra apenas em função do tamanho dos títulos e do texto. No dia seguinte, a edição esgotou nas bancas e vários leitores telefonaram para o jornal dizendo que já haviam sido assombrados pela tal Loira Fantasma.

A Loira Fantasma, por exemplo, ainda voltou em agosto e setembro de 1976, dando as caras em um colégio na Parada Inglesa, zona norte paulistana, e na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. O periódico até trazia uma entrevista com uma mulher suspeita de ser a Loira Fantasma. Mirtes Carvalho, em 18 de agosto, desmentia tudo: "Eu nunca fui a loira fantasma".


Maria Augusta de Oliveira: Quando alguma coisa dá errado na escola estadual Conselheiro Rodrigues Alves, em Guaratinguetá (SP), a explicação vem em tom divertido: "Maria Augusta está brincando". Os funcionários e alunos se referem a Maria Augusta de Oliveira. A jovem morreu aos 26 anos, em 1891, quando o colégio ainda era uma mansão no interior de São Paulo. Após a morte, cercada de mistério, diz a lenda que Maria nunca descansou. Essa história é uma das versões mais famosas sobre o surgimento dda "Loira do Banheiro".

Maria Augusta nasceu no ano de 1866 e teve uma infância privilegiada e um requintado estudo em sua casa, cujas terras ultrapassavam os limites da atual Rua São Francisco.

Segundo a lenda urbana, a loira aparece quando uma pessoa bate a porta do banheiro, chuta o vaso sanitário, dá uma descarga e fala um 'palavrão'. A quantidade de vezes varia de acordo com o local e como a lenda foi passada.

A versão contada em Guaratinguetá sobre a "Loira" é de que ela foi forçada pelo pai, Francisco de Assis de Oliveira Borges, o Visconde de Guaratingetá e de sua segunda esposa, Amélia Augusta Cazal,  a casar aos 14 anos com um homem influente da cidade. Naquela época, a política dos casamentos não levava em conta os sentimentos dos jovens, pois os casamentos eram "arranjados" levando-se em conta na realidade, os interesses dos pais.

Uma nítida conotação de transação simplesmente econômica ou meramente política, teria levado o Visconde de Guaratinguetá a unir no dia 1 de Abril de 1879 sua filha Maria Augusta com apenas quatorze anos de idade com um ilustre conselheiro do Império, Dr. Francisco Antônio Dutra Rodrigues, vinte e um anos mais velho que a bela jovem.

Como era previsível, surgiram divergências entre Maria Augusta e seu marido, o Dr. Dutra Rodrigues, devido também à sua pouca idade, fazendo com que os pensamentos e ideais dos casal fossem diferentes.

Devido à esses problemas, Maria Augusta deixa a companhia do Marido em são Paulo e foge para a Europa na companhia de um titular do Império e alto ministro das finanças do reino, passando a residir em Paris na Rua Alphones de Neuville.

Maria Augusta prolonga sua estada na França até que no dia 22 de Abril de 1891, com apenas 26 anos de idade vem a falecer, sendo que para alguns, devido à Pneumonia, e para outros a causa foi a Hidrofobia.

Diz a história, que um espelho se quebrou na casa de seus pais em Guaratinguetá no mesmo momento em que Maria Augusta morreu.

Seu atestado de óbito desapareceu com os primeiro livro do cemitério dos Passos de Guaratinguetá, levando consigo a verdade sobre a morte de Maria Augusta. Outra versão dizem que quando o navio estava voltado ao Brasil, o caixão onde o corpo de Maria Augusta estava foi violado. Ladrões queriam as joias, que estavam junto ao corpo. Com isso, perdeu-se seu atestado de óbito. Curiosamente junto as joias foi colocado algodão em seu corpo para evitar os resíduos. (Algodão e um dos elementos chaves de todas as versões da Lenda).

"Ninguém sabe do que ela morreu até hoje. Chegando aqui, ficou na casa (hoje a escola estadual Conselheiro Rodrigues Alves) em uma redoma de vidro, onde as pessoas diziam que tinham visto ela pedindo para sair da redoma, que ela não podia ficar lá. O corpo ficou na redoma enquanto faziam o túmulo dela no Cemitério dos Passos em Guaratinguetá. Por isso nasceu a lenda. De que ela saiu da redoma e desde então anda pela casa", disse Liane Pellegrine, professora da sala de leitura da escola Conselheiro Rodrigues Alves.

Quando o corpo da filha chegou ao palacete da família, sua mãe o colocou em um dos quartos para visitação pública e assim ficou por algumas semanas durante a construção da capela. O corpo da menina, que estava em uma urna de vidro, não sofria com o tempo e ela sempre aparentava estar apenas dormindo.

Depois a mãe negou-se a sepultar o corpo da filha devido a seu arrependimento, mesmo quando a capela ficou pronta. Até que um dia, após muitos sonhos com a filha morta, pedido para ser enterrada e dizendo que não era uma santa ou coisa parecida para ficar sendo exposta, e da insistência da família, a mãe consentiu em sepultá-la.

Uma das versões para a morte de Maria Augusta é a hidrofobia (raiva), que ainda acontecia na Europa naquela época e tinha como um dos sintomas a desidratação. "Como diziam ver ela andando pedindo para ser enterrada, quando ouviam um barulho estranho no banheiro, começaram a dizer que era ela indo às torneiras para tomar água", diz Gilberto Borges, diretor independente que está produzindo um filme sobre a lenda da Loira do Banheiro.

Em 1902, a mansão do Visconde de Guará se transformou em uma escola. Em 1916, a lenda ganhou força quando a escola pegou fogo de forma misteriosa. O prédio teve de ser reconstruído. Mas a lenda seguiu viva. Na escola, são atribuídos a ela barulhos estranhos ouvidos. Nos primeiros anos, houve relatos de alunos que viam a torneira abrindo mesmo com o banheiro vazio. A versão seria por conta da sede que seu espírito sente por ter sido colocado algodão em suas narinas e boca.

"Falam sobre chutar o vaso sanitário, que ela aparece nos espelhos. Mas isso já é uma adaptação que ela ganhou da Blood Mary (lenda americana) com os anos. Essa lenda diz que se falar o nome dela  três vezes no espelho, ela aparece. Isso já é uma adaptação. Veio conforme a história se espalhou pelo Brasil. O original é que ela abre as torneiras para beber água porque está sempre com sede", disse Gilberto.

Qualquer aluno ou funcionário da Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves sabe responder de pronto quem é Maria Augusta. Na revista comemorativa dos 90 anos do colégio, publicada em 1992, um capítulo especial é dedicado a ela. A revista também traz uma carta escrita pelo historiador Carlos Eugênio Marcondes de Moura, parente distante de Maria Augusta, contando sobre a vida e os fatos sobrenaturais que envolvem a jovem.

Exemplares da revista estão disponíveis na biblioteca. A publicação é uma das principais fontes de pesquisa para quem quer saber mais sobre o tema, como Daniel Vieira, que ouviu sobre a lenda antes de começar a trabalhar na Escola Estadual.

"O mito é o que me fascina e me deixa curioso para pesquisar cada dia mais. Nunca haverá uma resposta definitiva. Quando comecei a trabalhar aqui, achei que era um tabu. Mas um dia a luz falhou em uma visita e a vice-diretora falou: 'Ó a Maria Augusta brincando'. Foi aí que descobri que o pessoal gostava da história também", disse Daniel Vieira, agente de organização escolar e funcionário do colégio há quatro anos.

De acordo com o texto acima, a aparição no banheiro da Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves em Guaratinguetá-SP é explicada como sendo Maria Augusta Oliveira. E os outros banheiros das escolas do Brasil?

Como Evocar a Loira do Banheiro?

Como lenda mais famosa do Brasil, conhecida em milhares de escolas, ela foi sendo modificado, como um telefone sem fio. Primeiramente, como o próprio nome diz, pra começar você tem de ir para um.... banheiro de escola, e fazer uma dessas coisas para a loira aparecer:
  • Chutar 3 vezes a porta do banheiro
  • Dar descarga 3 vezes seguidas em qualquer privada
  • Ir para a última porta do banheiro e dar 3 descargas seguidas (era assim na minha escola)
  • Entrar em uma cabine, trancar a porta, sentar na privada e dar 3 descargas.
  • Bater a porta 3 vezes, dar descarga 3 vezes, abrir e fechar a torneira 3 vezes e falar 3 palavrões
Se tiver coragem suficiente para fazer isso, ela vai aparecer com algodão no nariz cheio de sangue pedindo para você tirar. Por isso a Loira do Banheiro é conhecida também como A Mulher do Algodão. Algumas escolas dizem que a Loira do Banheiro aparece com o rosto todo cortado pedindo para você passar o algodão. Já outras dizem que ela aparece no espelho e fica te encarando.

Loira do Banheiro na Mídia.
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A 1° vez que vi a menção desta lenda foi no seriado Carga Pesada, no ano de 2006. Na estréia da quarta temporada de Carga Pesada, Pedro e Bino se vêem envolvidos em uma trama cheia de mistério. Após ter um pesadelo com uma loira dentro de um banheiro, Pedro passa a ter visões. Nelas, a mulher lhe pede ajuda de forma insistente. Impressionado, ele tenta convencer Bino de que a loira do banheiro é um fantasma. Bino, por sua vez, tenta acalmar o amigo, que estaria apenas estressado. No entanto, durante a viagem, ocorrem tantos fatos estranhos que os caminhoneiros são obrigados a desvendar o grande mistério que está por trás da história.

"Catarina: A Lenda da Loira do Banheiro"

Marcos Otero dirigiu e produziu o filme "Catarina: A Lenda da Loira do Banheiro". Sinopse: Aos 12 anos de idade, Alice (Huli Balász) sofre um trauma psicológico e anos depois, suspeita de que esse acontecimento tenha sido causado pela aparição da loira do banheiro. Decidida a ir atrás dos fatos, resolve fazer um documentário e chama seus amigos Ramon (Márcio Guimarães) e Gustavo (Vinicius Finocchio) também estudantes de cinema. Nessa busca incansável, eles acabam descobrindo pistas e fatos históricos surpreendentes da real existência de um espírito chamado Maria Augusta. Durante a invasão de uma escola em busca de provas, eles irão viver os piores dias de suas vidas.

Registros somente revelados com a ajuda da família de um dos envolvidos que cedeu as várias horas de material gravado.

A Entrevista de Mário Luiz Serra, criador da Loira do Banheiro.

A extinta revista General (editora Acme/Sampa) desvendou o mito. Em sua edição de curioso número 13, conseguiu entrevistar um de seus criadores, Mário Luiz Serra, ex-repórter do Notícias Populares, que na ocasião em que assumiu a farsa, trabalhava em Jundiaí como pacato professor de cursinho universitário.


Ao entrar para o NP em 1966 o jornal corria o risco de fechar, então começaram a apimentar situações. Leia alguns trechos da entrevista concedida à repórter Rute Domitila:

“Num domingo, chegamos à uma hora da tarde na redação e não havia acontecido nada naquele dia. Ligamos para o IML, ninguém estuprou ninguém, nenhum amante se suicidou... Era, enfim, um domingo tedioso. Caiu na nossa mão uma foto de uma funcionária do NP, encarregada do tráfico interno.

Pergunta: Você lembra o nome dela?

Resposta: Era um nome próximo de Luzinete, Ivonete, uma Nete, não lembro direito. E ela era uma mulher muito gostosa. Todo mundo tinha terríveis intenções para ela. E ela não sobrava pra ninguém. A foto dela que tínhamos estava com um borrão. Ficamos discutindo o que fazer. Pensamos até em repetir uma manchete que havia causado certo furor -"Morte no Treme-Treme" (de imediato as pessoas acharam que se tratava de morte ocorrida em prédios de São Paulo; na verdade, estávamos nos referindo ao terremoto no Chile). E aí aparece a foto da moça. Alguém disse que estava parecendo um fantasma. Eu gritei: "Está aí a manchete!". Fomos compor e o título que deu foi "Loira Fantasma Aparece Em Banheiro De Escola".

Pergunta: A escolha da manchete foi aleatória?

Resposta: Sim. Bolamos a manchete de acordo com o número de caracteres que precisávamos. Assim que o jornal saiu, fomos comer e passamos em uma banca de jornal. Não tinha nenhum NP. Perguntamos ao jornaleiro o que havia acontecido com o jornal e ele nos contou que já havia esgotado.

Pergunta: Qual foi a reação de vocês?

Resposta: Nós não entendemos nada. Só sei que muita gente ligou para a redação afirmando que também tinha visto a Loira Fantasma no banheiro de escolas.

Pergunta: Como chamam os outros criadores da Loira?

Resposta: Minas Conjumijan e Sérgio Costa, já falecido. Nós três criamos a Loira Fantasma.

Pergunta: Não havia, na época em que vocês inventaram a história da Loira, nenhum boato, nenhuma informação de que corria pela cidade uma história dessas?

Resposta: Nada. Tudo começou com a foto da funcionária. A gente usou o banheiro como palco para a aparição dela, repito, por mero acaso, necessidade de fazer valer o espaço da manchete.

Pergunta: E por onde anda essa moça que foi a responsável pela história toda?

Resposta: Ela não acreditou que a foto era dela por causa do borrão, bem no rosto.

Pergunta: Ah, o borrão é o algodão...

Resposta: O borrão é o algodão que as pessoas viam. Essa história rendeu muito. Uma coisa surpreendente: você acha que essa Loira aparecia em que escolas?

Pergunta: Nas situadas em regiões periféricas, talvez...

Resposta: Eu também achava. Mas a Loira apareceu em todo tipo de escola. Tem uma história que aconteceu no Colégio Rio Branco, quando ainda se localizava em Higienópolis. Um dia entra uma senhora rodeada por um bando de mocinhas todas em prantos. Tinham acabado de ver a Loira. Não dava pra não rir. A senhora era a diretora da escola. Ouviu as meninas gritando, foi ver o que era, pegou a máquina fotográfica e fotografou a Loira. Pensei: "Se esta mulher estiver com uma foto da Loira, eu vou me internar". Mandamos o filme para o laboratório e, quando ficaram prontas as fotos, cadê a Loira? As fotos eram de um banheiro vazio. A senhora gritou: "Está vendo como é fantasma? Se fosse gente tinha saído nas fotos!".


Pergunta: Chegando nesse ponto, a coisa estava ficando complicada. Vocês não pensaram em publicar uma matéria revertendo ou encontrando uma outra saída para a Loira?

Resposta: Fomos conversar com um psiquiatra, Miguel Possi Neto. Segundo ele, não bastava a gente dizer que tudo aquilo era mentira, o problema maior era fazer o leitor acreditar que era mentira. Nos fez então uma proposta: publiquem que é mentira e verão se os leitores acreditam ou não. Nessa altura nós estávamos recebendo pressões de todos os lados, inclusive da Secretaria da Educação. A molecada não queria ir ao banheiro.

Pergunta: Eu mesma só ia em casa.

Resposta: As pessoas que não conseguiam se controlar, usavam os corredores, a própria sala de aula. Isso criava um grande problema. Então demos a manchete: "Loira Fantasma Era Farsa". Ninguém acreditou no desmentido. Recebíamos telefonemas absurdos, dizendo que estávamos escondendo alguma coisa. A Loira continuou aparecendo.

Pergunta: A Loira Fantasma não foi só vista em São Paulo.

Resposta: Não. Ela pegou inicialmente a Anhanguera e foi aparecendo em outras cidades, daí em outros estados.

Pergunta: E a tal da Luzinete nem lucrou com a história da qual foi protagonista.

Resposta: Nada. Pior que isso. Uma prima dela jurou que também tinha visto a Loira.

Pergunta: Você tem ideia do paradeiro dela?

Resposta: Há um tempo atrás eu soube que ela havia se casado e tinha um restaurante no caminho de Bertioga.

Pergunta: Para acabar ou diminuir a importância de uma história, nada melhor do que inventar outra.

Resposta: Para substituir a história da Loira Fantasma, criamos o Bebê Diabo.”

Fontes.

http://www.assombrado.com.br/2014/06/a-loira-do-banheiro-origem-rituais.html

http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2015/10/morte-misteriosa-inspirou-lenda-da-loira-do-banheiro-em-guaratingueta.html

https://matracacultural.wordpress.com/2011/03/13/a-verdadeira-historia-da-loira-do-banheiro/

https://matracacultural.wordpress.com/2011/02/27/quem-nunca-teve-medo-da-loira-do-banheiro/

https://matracacultural.wordpress.com/2011/03/06/loira-linda-e-vingativa-como-surgiu-a-historia-da-loira-do-banheiro/

http://cidadaoquem.blogspot.com.br/2009/10/como-surgiu-loira-do-banheiro.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Sangrenta

http://aultimainfanciafeliz.blogspot.com.br/2010/09/loira-do-banheiro.html

http://www.azinteligencia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=324:a-loira-do-banheiro-leitura-capitulos-7-e-8&catid=57:5o-ano&Itemid=110

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