sexta-feira, 5 de outubro de 2018

05/10/1582, O Dia Que Não Existiu.


O que aconteceu no dia 05 de Outubro de 1582? e nos dias posteriores a este?

Não se sabe o que aconteceu neste dia ou em posteriores, pois o mesmo sequer existiu.

Não sei se deu  a louca no Chronos, Kairos ficou puto com algo, ou alguma viagem mal empreendida pelos viajantes do tempo deu errada, mas de fato, os dias 5 a 14 de outubro de 1582 nunca existiram, pelo menos no papel. 

Os 10 Dias que Não Existiram.

Papa Gregório XIII. Créditos: El País.
Para alguns alguns dias de sua vida nem deveriam existir, tinham que ser apagados do Tempo. A exatamente 436 Anos, 10 dias foram apagados do Calendário. Mas o por que disto? Estavam ansiosos demais para o Natal? Queriam iniciar o ano de 1583 de forma antinatural? 

Isso aconteceu por causa de uma medida adotada pelo Papa Gregório XIII para reorganizar o calendário juliano, criado pelo famoso líder romano Júlio César 46 anos antes do nascimento de Jesus Cristo (Ou 40 Anos já que alguns mencionam que Cristo nasceu em - 6 a.C). 

Gregório XIII tomou conhecimento de que, com o passar do tempo, a Semana Santa era cada vez comemorada um pouco mais tarde porque a defasagem ia ficando maior. Se continuasse assim, depois de muitos anos, acabaria sendo comemorada no verão no hemisfério norte. O Papa reuniu um grupo de especialistas para corrigir o calendário juliano. O objetivo da mudança era fazer regressar o equinócio da primavera para o dia 20-21 de março e desfazer o erro de 10 dias existente na época (Christopher Clavius recomendou que a igreja fizesse um salto de dez dias). A Comissão preparou um documento, o Compendium, em 1577, enviado no ano seguinte aos Príncipes e matemáticos para darem o seu parecer.

Após cinco anos de estudos, foi promulgada a bula papal Inter Gravissimas.

Neste grupo de estudiosos participaram Christopher Clavius (1538-1612) jesuíta alemão, sábio e matemático, Ignazio Danti  (1536-1586) dominicano, matemático, astrônomo e cartógrafo italiano e Luigi Giglio (Em Latim Aloyisius Lilius (1510-1576) médico, filósofo, astrônomo e cronologista italiano, que ficou com a tarefa de reorganizar o calendário.

A bula pontifícia também determinava regras para impressão dos calendários, com o objetivo de que eles fossem mantidos íntegros e livres de falhas ou erros. Era proibido a todas as gráficas com ou sem intermediários publicar ou imprimir, sem a autorização expressa da Santa Igreja Romana, o calendário ou o martirológio em conjunto ou separadamente, ou ainda de tirar proveito de qualquer forma a partir dele, sob pena de perda de contratos e de uma multa de 100 ducados de ouro a ser paga à Sé Apostólica. A não observância ainda punia o infrator a pena de excomunhão latae sententiae e a outras tristezas.

Oficialmente o primeiro dia deste novo calendário foi 15 de Outubro de 1582.

Esta medida levou a paradoxos, como o do funeral da freira Santa Teresa de Jesus, conhecida por fundar a Ordem das Carmelitas Descalças. Ela faleceu em 4 de outubro (Quinta-Feira) de 1582 no mosteiro de Alba de Tormes e foi enterrada no dia seguinte: 15 de outubro (Sexta-Feira).


As Mudanças.

Foram omitidos dez dias do calendário juliano, deixando de existir os dias de 5 a 14 de outubro de 1582. A bula ditava que o dia imediato à quinta-feira, 4 de outubro, fosse sexta-feira, 15 de outubro.

Os anos seculares só são considerados bissextos se forem divisíveis por 400. Desta forma a diferença (atraso) de três dias em cada quatrocentos anos observada no calendário juliano desaparecem.

Corrigiu-se a medição do ano solar, o ano gregoriano dura em média 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos, ou seja, 27 segundos a mais do que o ano trópico.

Críticas.

O calendário gregoriano apresenta alguns defeitos, tanto sob o ponto de vista astronômico, como no seu aspecto prático. Por exemplo, o número de dias de cada mês é irregular (28 a 31 dias); além disso a semana, adotada quase universalmente como unidade laboral de tempo, não se encontra integrada nos meses e muitas vezes fica repartida por dois meses diferentes, prejudicando a distribuição racional do trabalho e dos salários.

Outro problema é a mobilidade da data da Páscoa, que oscila entre 22 de março e 25 de abril, perturbando a duração dos trimestres escolares e de numerosas outras atividades econômicas e sociais.

Aceitação.

Christopher Clavius. Créditos: El Pais.
A mudança para o calendário gregoriano deu-se ao longo de mais de três séculos. Primeiramente foi adotado por Portugal, Espanha, Itália e Polônia; e de modo sucessivo, pela maioria dos países católicos europeus. Os países onde predominava o luteranismo e o anglicanismo tardariam a adotá-lo, caso da Alemanha (Baviera, Prússia e demais províncias) (1700) e Grã-Bretanha (Inglaterra e País de Gales) (1752). A adoção deste calendário pela Suécia foi tão problemática que até gerou o dia 30 de fevereiro. A China aprovou-o em 1912, a Bulgária em 1916, a Rússia em 1918, a Romênia em 1919, a Grécia em 1923 e a Turquia em 1926.

Atualmente, nenhum país utiliza o calendário juliano, que tem, agora, 13 dias a menos que o calendário gregoriano. No entanto, ele ainda é utilizado por muitas igrejas ortodoxas, motivo pelo qual a Páscoa é comemorada em datas diversas pelas diferentes igrejas.

Fontes.





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