terça-feira, 2 de outubro de 2018

O Caso Toríbio (Ou Turíbio) Pereira.

Aspecto geral dos tripulantes observados
em desenho feito por pesquisadores da
SBEDV. Créditos: Portal Fenomenum.
Os homens são inclinados a crer nas coisas vagas, misteriosas e imprecisas. (...)

Se tivéssemos necessidade de prova indiscutível aí estariam agora os discos voadores. As agencias telegráficas estão transmitindo alguns capítulos da novela. Em torno desta já se tramam e enredam outros capítulos, que os telegramas prolongam e enfeitam. Há quem tenha visto os discos voadores entre as nuvens do Brasil. No sul, no centro, no norte muita gente anda de nariz no céu (...).

Os homens foram sempre assim. Houve tempo em que os fantasmas se divertiam com surtidas em certos bairros da cidade. Hoje os fantasmas mudaram de tática. Progrediram. Evoluíram. Escolheram formas modernas. A última delas aí está: discos voadores... Os homens sempre viveram à custa desses pequenos romances. Mais um, menos um, não alteram os ritmos da vida...

DISCOS VOADORES”. O Globo. Rio de Janeiro, 11 julho 1947, p. 1. (BN)


O Caso.

No dia 2 de outubro de 1968, uma quarta-feira. Toríbio Pereira, funcionário (Motorista) da Prefeitura de Lins, (SP), o Turíbio tinha a função de tratorista. Um homem de estatura mediana, de origem indígena, olhos negros e cabelos também negros. Não tinha muito estudo. Morava em uma casa bem simples, juntamente com a esposa e filhos, na periferia da cidade. Turíbio saiu de casa e foi para o final da Avenida da Saudade, já quase fora da cidade. Lá estava o trator com que trabalhava, onde tinha deixado no dia anterior.

Tinha um enorme barranco para rebaixar. Saiu de casa bem cedo para continuar seu trabalho de rebaixamento de barranco que ficava na continuação da Avenida da Saudade, a 500 metros das últimas casas do bairro São João, onde morava. Às 06:20, chegando silenciosamente ao local onde estava a máquina, com uma ponta encostada no barranco alto, subiu na esteira direita, de tração; inclinou-se um pouco para a frente, puxando a vareta de óleo do diferencial para seu controle.

A cidade de Lins, destacado em vermelho no mapa de São Paulo. Créditos: Portal Fenomenum
Notou um pequeno veículo, não maior que um automóvel de passeio, flutuando próximo e mais abaixo do trator, quase tocando o solo. Tinha uns cinco metros de comprimento e uns três metros de largura. Era meio “ovalado”. Tinha a cor do ouro. Tinha uma plataforma ao seu redor e na parte de cima tinha uma cúpula transparente aberta. Lá dentro tinha quatro banquinhos e um painel diferente de tudo o que já tinha visto. Não fazia nenhum ruído. Ficou muito assustado e muito nervoso. Queria fugir dali imediatamente, mas não conseguiu.

Turíbio logo percebeu que não estava só. Viu quatro seres muito parecidos entre si. Eram mais parecidos entre si que as próprias filhas gêmeas do Turíbio. Eram como seres humanos normais. Eles usavam uma espécie de túnica azul, radiante, de mangas compridas e que cobria a cabeça, braços e bustos. Uma outra túnica, de um vermelho brilhante "como jamais tinha visto", cobria o tronco até a altura dos joelhos. Suas dobras caiam naturalmente, enquanto que as da túnica azul ondulavam e se movimentavam, embora não houvesse vento.

Nos pés tinham uma espécie de sandálias com tiras enroladas na perna até próximo ao joelho. O rosto era bem parecido com os humanos. Tinha a pele lisa, eram bonitos e tinham a face que lembravam expressões de crianças.
  • Um ser estava de pé na plataforma do objeto com algo na mão, que Turíbio imaginou inicialmente ser uma arma e depois constatou que realmente era. 
  • Outro colhia terra com uma espécie de pá prateada e levava para o interior do objeto. 
  • O terceiro estava examinando o motor do trator. 
  • O quarto estava no interior do veículo e olhava fixamente para o Turíbio, enquanto que os dedos do ser teclavam um painel na horizontal que lembrava o teclado de um piano.

Desenho do UFO observado por Toríbio Pereira, feito
pelos pesquisadores da SBEDV. Créditos: Portal Fenomenum
Foi então que viu um pequeno e estranho ser, de aproximadamente 1,50 m de altura, examinando o motor da máquina. Ele estava de cócoras na plataforma de um objeto do tamanho de um Karman-Ghia, entre o barranco e a máquina de Turíbio, fora do ângulo de visão de quem visse pela estrada. Sentados na mesma plataforma haviam outros dois seres semelhantes ao primeiro.

(Obs.: O trator estava estacionado na parte mais alta do barranco e o objeto estava flutuando na parte mais baixa, onde, consequentemente, o Turíbio estava vendo o objeto por cima. A cúpula estava aproximadamente um metro abaixo das rodas do trator e na distância aproximada de oito metros.)

Quando os seres perceberem a presença do Toríbio, aquele que estava na plataforma, olhou fixamente para ele apontou para o motorista uma pequena arma de cano grosso e cabo em ângulo reto, e disparou um raio de luz, que o atingiu o tronco, na altura do estômago, próximo do peito, imobilizando-o. Esse raio (uma espécie de bolinha luminosa) tinha um movimento contínuo de ida e volta, ora aumentando até o máximo, ora diminuindo até o completo desaparecimento. Toríbio acha que o ser o atacou porque teria se assustado como o fato dele ter acabado de retirar a vareta do diferencial.

Apesar de completamente paralisado e sentindo fortes dores no peito, suas faculdades de percepção não foram afetadas, a ponto de poder observar tudo o que se passava conscientemente. Através da cobertura transparente do veículo, reparou bem num dos homenzinhos que estava sentado num dos quatro banquinhos sem encosto dentro da nave e defronte a uma “caixinha” ou “pianinho” no qual teclava com os dedos de ambas as mãos, sempre com os olhos fitos no motorista, durante todo o tempo, cerca de um minuto e meio.

Um dos que estavam na plataforma recolheu porções de terra do barranco com uma conchinha cor de alumínio e as depositou no interior do objeto. Seus movimentos eram serenos, sem nenhuma pressa, como filme em câmara lenta. Terminada essa operação, os dois que estavam sentados se levantaram e entraram no disco voador. O outro interrompeu a ação da arma e também se recolheu ao aparelho. Cada qual se sentou no seu respectivo banquinho, e então a plataforma foi “absorvida” e dobrou-se para cima até encostar-se no casco, deixando ver o bojo, na parte inferior. Uma cúpula transparente envolveu os homenzinhos. O objeto, que flutuava a uns cinco centímetros do chão, elevou-se silenciosamente no ar, tomando certa altura, parando e em seguida desaparecendo em alta velocidade.

Sentindo-se um pouco mais aliviado da terrível pressão no peito, quase insuportável, provocada pelo raio de luz, Toríbio desceu com dificuldade e saiu em busca de auxílio, mas não conseguia correr no estado de fraqueza em que se encontrava. Daí a pouco se encontrou com o colega Ismael, caminhoneiro que o levou até a Prefeitura, onde todos que o viram estranharam sua “palidez de defunto” e suas fundas olheiras. Traumatizado, sentia vontade de chorar.

Relatando o fato ao seu chefe, este, não o levando a sério, ordenou que retornasse ao trabalho. No caminho, Toríbio passou em sua casa, onde entrou “chorando”, segundo declarou sua esposa. Meia hora depois, o prefeito da cidade levou-lhe calmantes e leite, animando-o a reassumir o trabalho para “ajudar a esquecer a ocorrência”. Como o estado emocional de Toríbio se agravava, à tarde, às 14:00, por ordem do delegado de Polícia Alderigo Ghan Coqueiro e a pedido do major Gilberto Zani, do IV COMAR, (OBS. Quarto Comando Aéreo Regional, de São Paulo, que na época tinham um grupo de pesquisas ufológicas, o SIOANI – Sistema de Investigação de Objetos Aéreos não Identificados, comandado pelo Major Brigadeiro José Vaz da Silva.) Toríbio foi levado a uma fazenda, em local não revelado, onde permaneceu isolado do público e sob forte proteção policial, durante três dias. Tomava calmantes para os nervos e soníferos para poder conciliar o sono.

Turíbio, indicando o local onde o caso ocorreu. Imagem retirada dos boletins da SBEDV. Créditos: Portal Fenomenum
Ao longo dos 18 dias que se seguiram ao episódio, Toríbio emagreceu muito, perdendo 13 kg, o que ele atribuiu à falta de apetite. Onze semanas depois, quando entrevistado por Walter Bühler, da SBEDV, já havia recuperado 5 kg, mas ainda sentia “formigamento” na parte posterior do flanco esquerdo. Por último, declarou que, desde então, tinha “um certo receio de relâmpagos”, que o enervavam tremendamente.

Objetos estranhos continuavam aparecendo quase que diariamente em Lins.

Em 03 de outubro, no dia seguinte ao contato imediato de Toríbio, um aparelho parecido com que este descrevera, ou seja, um “Karmann-Ghia”, foi visto pelo comerciante Milton Mioto, residente em Guapiranga, distrito de Lins. Mioto, ao sair à noite com sua esposa Nair Bisiak Mioto, foi surpreendido por uma semicircunferência luminosa. Pensando tratar-se de uma estrela que se deslocava, não deu muita importância ao fato. Logo após, porém, por volta das 20:30, verificou que não era estrela e sim um objeto diferente que perseguia o veículo na estrada que liga Guapiranga a Lins. Nervoso, Mioto procurou estacionar o carro quando encontrou dois de seus amigos, os quais também chegaram a ver o objeto luminoso.

Às 04:00 da madrugada de 04 de outubro, o mesmo objeto foi visto pelo repórter José Duarte, que, assustado, chamou o diretor da Rádio Alvorada e alguns fotógrafos que por ali se encontravam. Pretendiam dar o verdadeiro “furo”, o que infelizmente não ocorreu, pois o disco voador já havia desaparecido. O fato ocorreu nas imediações da Estrada do Sabino, em Lins, e foi imediatamente comunicado aos dois membros do CBPCOANI, o ufólogo Jorge Genari e o engenheiro Augusto Massaia Katsuda, ambos de Araçatuba, que se encontram em Lins para pesquisar o Caso Toríbio Pereira e acompanhar a onda ufológica.

Quase uma década depois, em 1977, o ufólogo Jaime Lauda visitou Toríbio em sua residência no município de Ferraz de Vasconcelos, limítrofe ao bairro de Guaianazes, extremo leste da cidade de São Paulo. Enfrentando dificuldades para sobreviver com os parcos rendimentos de um trabalho humilde, continuava vivendo em estado de pobreza. De estatura mediana, cabelos e olhos negros, de descendência indígena e com precária formação escolar, era uma pessoa simples e boa o suficiente para conquistar a simpatia dos que dele se aproximavam. Lauda contou com a assessoria dos ufólogos Guilherme Willi Wirz e Carlos Alberto Reis, sem os quais, admitiu, o seu delírio teria chegado “às raias da fascinação descabida”.

Toríbio contou a Lauda que anos depois, já morando em São Paulo, foi novamente procurado pelos seres. Na ocasião, trabalhava numa fábrica de papéis da zona leste. Certo dia, passava pelo Viaduto Alcântara Machado quando viu o tal “Karmann-Ghia” suspenso sob a marquise. Telepaticamente, os seres disseram que somente ele os estava vendo, e aproveitaram para revelar aspectos de sua natureza, espécie e cultura. Disseram que vinham de um outro mundo, porém de “um mundo dentro deste mundo, uma dimensão diferente”, talvez paralela. Eram andróginos, ou seja, homem e mulher ao mesmo tempo. Chegaram até a mostrar como se reproduzem: “Retiram um líquido da coxa com uma espécie de seringa, depositam-no numa incubadora e assim fazem nascer outro igual a eles”. Os seres pretendiam fazer experiências com Toríbio, mas desistiram porque sua saúde andava um tanto debilitada. Eles o aconselharam que deveria se cuidar melhor.

O único desejo de Toríbio era permanecer no anonimato e esquecer tudo o que se passara com ele e sua família, que havia sofrido o descrédito de muitos. Concluiu Lauda: “Estive com Toríbio outras vezes, após o nosso encontro inicial. Confirmei pormenores importantes conhecendo sua esposa e filhos, os quais, sem dúvida, deixaram patente a boa impressão que originalmente havia tido. A publicação do caso pelo Boletim da SBEDV, de Bühler, ajudou a criar uma conscientização mais séria e formal”.

Fontes

Livros:
  • BULHER, Walter e PEREIRA, Guilherme. O Livro Branco dos Discos Voadores. Petrópolis: Ed. Vozes, 1983.
  • B64 - PEREIRA, Jader. Tipologia dos humanóides extraterrestres. Coleção Biblioteca UFO, nº 1, Março 1991.
Boletins:
  • B38 Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores - Edição 66-68.
  • B63 Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores - Edição 1975.
Artigos de Revistas: SBEDV. Contatos com extraterrestres no Brasil. Revista UFO, Campo Grande, nº 1, p.5 p.11, março 1988.

Documentos Oficiais: Boletim do SIOANI 002.

http://www.fenomenum.com.br/ufo/casuistica/1960/turibio

https://ufo.com.br/artigos/a-aeronautica-pesquisou-casos-ufologicos-no-interior-de-sao-paulo.html

http://www.claudiosuenaga.com.br/ufos-as-evidencias-parte-2/

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