quinta-feira, 26 de abril de 2018

Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil: Caapora (Ou Caipora)

O Brasil é dono de um rico folclore, resultado da junção de culturas e tradições de diferentes povos, com destaque para o indígena, africano e europeu. Desta forma, surgiram diversas histórias mitológicas que envolvem seres e criaturas fantásticas que há séculos assombram e maravilham os brasileiros.

Nesta Enciclopédia, conhecemos um monte de lendas de Pindorama, continuando com a mesma para mai uma, que definitivamente é um mito família, existe o caso de uma Tia-Avó minha que se perdeu por causa desta Criatura.

No folclore brasileiro, existe uma entidade representada como um pequeno índio de pele escura, ágil e nu. Seu nome é Caapora, ou Caipora, como ficou mais conhecido, devido a um seriado Brasileiro dos anos 90.



Minha Tia-Avó Virou Prisioneira Do Caipora.

Na infância, ouvi de minha tia um curioso causo que aconteceu com sua tia (Minha Tia-Avó neste caso) Essa é uma história bem antiga, quando minha tia era criança ouviu de seus tios essa história, da vez que a Caipora a levou a Tia (Esqueci o nome) para dentro do mato, a prendendo por três dias. Essa Tia-Avó, tinha saindo de casa, indo ao mato para pegar lenha seca, que seria usada no fogão a lenha, ao adentrar na mata, conta que uma voz a chamou para o interior da mata. A voz dizia que tinha bastante lenha seca.

De tanto seguir a voz, que acabou perdendo o caminho.

Seu Marido, preocupado com o sumiço da esposa, imaginou o que poderia ter acontecido com a mesma; Foi obra do Caipora. Munido com uma espargida, e um rolo de fumo, e cachaça (Observação: Não lembro com clareza se era uma garrafa de cachaça, ou conhaque, minha tinha apenas falou de uma garrafa de bebida forte).

E dito, que ofereceu um bom pedaço de fumo para a entidade, pedido para que devolvesse sua esposa.

Segundo o que minha tia conta, Caipora aceitou o presente e indicou a meu Tio-avô aonde sua esposa estaria, "dormindo em pé", encostado em uma jaqueira. Na verdade ele não a encontrou dormindo e sim em transe, hipnotizada, para tirar deste transe, teria de passar o fumo, que havia trazido bastante, nos olhos, para acorda-la. A Tia que esqueci o nome acordou assustada querendo ir embora.

Segundo o que ouvi desta história, quando minha tia perguntou o que aconteceu com ela nos 3 dias perdidas, ela apenas relata que via, de vez em quando o Caipora lhe chamando, e quando parava para descansar O Caipora lhe encarava.

Com o fim desta narrativa perguntei a essa tia se a Caipora era igual a que era vista no Seriado Castelo Rá-Ti-Bum. Não não era, Se assemelhava mais um a Velho, do que uma índia de pele vermelha, imortalizada no seriado.

A Lenda.

Caipora é uma entidade da mitologia tupi-guarani (Como a maioria). A palavra “Caipora” vem do tupi ka'apora, formado de ka'a, "mato" e pora "habitante de". Segundo o Dicionário do Folclore Brasileiro de Câmara Cascudo, distingue-se do curupira por ter pés normais. Há muitas maneiras de descrever a figura que amedronta os homens e que, parece, coloca freios em seus apetites descontrolados pelos animais. Pode ser um pequeno caboclo, com um olho no meio da testa, coxo e que atravessa a mata montado num porco selvagem; um índio de baixa estatura, ágil; um homem peludo, com vasta cabeleira. Em geral, também não é representado peludo como o curupira, mas glabro como um índio.

Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, "ser caipora é o mesmo que ter azar, ter sorte madrasta, ser perseguido pelo destino (...). Nas lendas tupis, o caapora é representado ora como uma figura de um pé só, à maneira do saci, ora com os pés virados para trás, simbolizando por isso, como diz João Ribeiro, 'a pessoa que chega tarde e nada alcança'". Algumas lendas dizem que Caipora é aparentado do Curupira, assim como seu familiar de pés contrários, protege os animais da floresta. 

Habitante das florestas, reina sobre todos os animais e ele destrói os caçadores que não cumprem o acordo de caça feito com ele. Geralmente e descrito nu, com uma tanga cobrindo suas vergonhas. Vive montado numa espécie de porco-do-mato e ele carrega uma vara. Os índios acreditavam que o Caipora temesse a claridade, por isso protegiam-se dele andando com tições acesos durante a noite.

Em Algumas partes do Brasil, o Caipora é considerado um canibal implacável, (Diferente do Curupira que prega peças), o desafortunado que por ele for visto caçando, até mesmo um minusculo inseto e devorado pelo mesmo sem piedade

No imaginário popular em diferentes regiões do País, a figura do Caipora está intimamente associada à vida da floresta. Ele é o guardião da vida animal. Apronta toda sorte de ciladas para o caçador, sobretudo aquele que abate animais além de suas necessidades. Afugenta as presas, espanca os cães farejadores, e desorienta o caçador simulando os ruídos dos animais da mata. Assobia, estala os galhos e assim dá falsas pistas fazendo com que ele se perca no meio do mato. Mas, de acordo com a crença popular, é sobretudo nas sextas-feiras, nos domingos e dias santos, quando não se deve sair para a caça, que a sua atividade se intensifica.

Mas há um meio de driblá-lo. O Caipora aprecia o fumo e cachaça. Assim, reza o costume que, antes de sair numa noite de quinta-feira para caçar no mato, deve-se deixar fumo de corda no tronco de uma árvore e dizer: "Toma, Caipora, deixa eu ir embora". A boa sorte de um caçador é atribuída também aos presentes que ele oferece. Assim, por sua vez, os homens encontram um meio de conseguir seduzir esse ente fantástico, dominando com seus assobios os animais da mata. Indo o caçador munido de fumo e Cachaça e encontrando o Caipora, se este pedir-lhe e for satisfeito, pode contar que será daí em diante feliz na caça. Por outro lado, detesta o alho e a pimenta, capazes de provocar-lhe cólera.

Também se diz que o caipora é capaz de ressuscitar os animais mortos sem sua permissão, apavorando os caçadores. Faz isso com uma simples ordem verbal, ou com o contato do focinho do caititu (suíno selvagem) que cavalga, ou com uma vara de ferrão, ou ainda com um galho de japecanga (Smilax sp., trepadeira espinhosa medicinal, de efeito sudorífero, depurativo e anti-sifilítico, cujos frutos eram usados pelos índios como tintura).

No sertão do Nordeste, também é comum dizer que alguém está com o Caipora quando atravessa uma fase de empreendimentos mal sucedidos, e de infelicidade, como se supõe que seja o caso do caçador perseguido pelo caipora propriamente dito.

Enquanto o termo curupira referia-se a uma entidade mágica desde tempos pré-cabralinos, o termo caapora, na origem, referia-se a índios bravios, não assimilados, em contraste com os índios aldeados das missões. O termo caipira tem a mesma origem e também foi usado para designar índios selvagens e depois uma assustadora entidade mágica da selva, embora mais tarde tenha adquirido, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o significado de roceiro rústico (caracterizados pela agricultura de subsistência, pela cultura itinerante e por não terem a posse da terra) e, mais recentemente, o de qualquer natural do interior.

No Ceará, segundo Câmara Cascudo, aparece com cabeleira hirta, olhos de brasa, cavalgando um caititu e agitando um galho de japecanga Engana os caçadores que não lhe trazem fumo e cachaça e surra impiedosamente os cachorros.

No Rio Grande do Norte e Paraíba, é tido como inimigo dos cães de caça. Obriga-os a correr atrás dele, para fazer com que os caçadores o sigam, mas desaparece de repente, deixando os cães tontos e os caçadores perdidos. Anda sempre à cavalo, ou montando um veado ou um coelho.

Em Pernambuco, apresenta-se com um pé só, redondo como o do pé-de-garrafa, e traz consigo sempre um cão a que dão o nome de Papa-Mel.

Em Sergipe, quando não o satisfazem, mostra-se gaiato: brincando, faz o viajante rir até cair morto e é conhecido como "espírito cômico", ou o mata de cócegas.


Na Bahia, aparece sob a forma da caiçara, cabocla pequena, quase negra, que anda montada num porco. Também como um negro velho e como um negrinho em que "só se vê uma banda".

Em Minas Gerais e na Bahia, ao longo do rio São Francisco, é um caboclinho encantado, habitando as selvas, com o rosto redondo e um olho no meio da testa.

No Rio de Janeiro, informa Félix Ferreira, na fazenda de Santa Cruz, da antiga propriedade dos jesuítas, é crença geral entre os que ali são nascidos, que o caapira ou caipora, como é mais comum, tem por seu companheiro o saci-pereira, um pássaro noturno de um pé só, que anda a desoras a cantar pelas estradas: "Saci-pereira, minha perna me dói!" Há uma parlenda infantil Saci-pererê, de uma perna só, com a variante Saci-pererê de uma banda só (Cachoeira, 1933).

Para os caipiras do Vale do Paraíba, ou piraquaras, a caipora é verde e cabeluda.

No Rio Grande do Sul, o caipora tem os pés para trás e é chamado também carambola (Luís Carlos de Morais, Vocabulário sul-riograndense).

No Paraná, segundo Câmara Cascudo, o caipora é um gigante peludo. Essa crença é possivelmente mais antiga que o caipora confundido com o curupira.

Em Monstros e monstrengos do Brasil, Afonso de Escragnolle Taunay reproduz o seguinte Relato do bicho ou monstro que dizem fora trazido da América para esta capital, publicado em Lisboa, em 1807:

"Em São Paulo e em outras partes da América meridional há uma antiga tradição de que se acham naqueles sertões tribos de povos selvagens da grandeza de gigantes, cobertos pela maior parte de cabelos e carnívoros.

Estes homens são conhecidos pelo nome de caipiras, que quer dizer 'selvagem dos bosques', porque cai, na língua do país, significa 'bravio' e pira, 'árvore', e como ali há um uso de fazerem os adjetivos substantivos, designam o homem bravio que vive entre as árvores com o nome de caipira. Outras pessoas dizem que cai significa macaco e que caipiras são macacos grandes que vivem no interior dos bosques; e asseguram que em São Paulo se põe medo às crianças com caipiras, como entre nós com o papão.

Eu mesmo ouvi dizer a um sujeito condecorado, natural daquele país, que a existência dos caipiras era um fato bem averiguado e que haverá pouco mais de trinta anos que os caçadores das vizinhanças de São Paulo haviam haviam morto um.

Também se diz que outros selvagens, conhecidos pelo nome de caiporas, de estatura baixa, mas que se não têm visto nunca mais de que um só por cada vez (montado em um porco bravo, que serve de guia a um rebanho inteiro de porcos).

Os tais caiporas, segundo a opinião de alguns habitantes daquelas terras, são os filhos dos caipiras, porque, como estes são carnívoros, domesticam os porcos bravos e põem em cada rebanho um de seus filhos para conduzir estes animais."

Na Literatura.

A palavra caipora e seus derivados como "caiporismo" apareceram na literatura e teatro de revista.

Em 1870, Machado de Assis explicou o termo em O Rei dos Caiporas como um indicativo da fatalidade de um homem. E ainda os dicionários não trazem o termo, mas ele corre já pela salas e ruas e adquiriu direito de cidade.

O direito de cidade apareceu na peça O Zé Caipora de Oscar Pederneiras (1860-1890), encenada no Rio de Janeiro, sobre a história de um homem azarado que se envolvia em muitas peripécias.

O escritor Aluísio de Azevedo no conto Polítipo (1895) descreve o suicídio de um sujeito azarado chamado Boaventura da Costa, como "jamais o caiporismo encontrou asilo tão cômodo para as traiçoeiras manobras como naquele corpinho dele".

Em 1919, Lima Barreto usou o termo em Coisas do reino do Jambom. Ao relacionar superstições aos capuchinhos italianos, mencionou que você anda caipora; precisa ir aos barbudinhos ou rezar nos barbadinhos.

Caiporas são guardiões na Escola de Magia e Bruxaria do Brasil, a CasteloBruxo. O universo da magia no Brasil começou a se desenvolver nos contos escritos pela inglesa J. K. Rowling no seu site Pottermore.

Na antropologia e Dicionários.

Em Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freyre incluiu o caiporismo em uma nota em que o menciona como uma mitologia rústica dos recifenses.

Em Dicionário do folcore brasileiro, Luís da Câmara Cascudo diferencia caipora de caguira (pronuncia-se cagüira). O caguira é descrito como um "termo de São Paulo na acepção de pessoa infeliz. Sua infelicidade difere essencialmente da do caipora porque é transitória ou, no pior dos casos, intermitente, enquanto a do caipora é perene, interminável, eterna. O caipora é infeliz por ter sido avistado pelo duende vingativo: o caguira o é incidente e transitoriamente, em determinado momento, pelas dificuldades criadas por competidores em seus interesses".

Em Conceito de civilização brasileira (1936), Afonso Arinos de Melo Franco, em um contexto de industrialização e o progresso alimentava o sonho das elites, o caipora representava uma "crença bárbara" e teria repercutido mal na identidade nacional.

Na Televisão.

A Caipora foi um dos personagens do programa infantil Castelo Rá-Tim-Bum. Neste programa, a Caipora aparecia toda vez que alguém assobiava, e só desaparecia quando alguém adivinhava a palavra secreta que ela havia escolhido. Ela contava histórias e lendas indígenas, sempre protagonizadas por dois indiozinhos. Era interpretada por Patrícia Gasppar.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Caipora

https://www.suapesquisa.com/folclorebrasileiro/lenda_caipora.htm

http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Caapora

https://www.significados.com.br/personagens-do-folclore-brasileiro/

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