domingo, 1 de abril de 2018

Domingo de Páscoa.

Páscoa ou Domingo da Ressurreição é uma festividade religiosa e um feriado que celebra a ressurreição de Jesus ocorrida três dias depois da sua crucificação no Calvário, conforme o relato do Novo Testamento. É a principal celebração do ano litúrgico cristão e também a mais antiga e importante festa cristã. A data da Páscoa determina todas as demais datas das festas móveis cristãs, exceto as relacionadas ao Advento. O domingo de Páscoa marca o ápice da Paixão de Cristo e é precedido pela Quaresma, um período de quarenta dias de jejum, orações e penitências.

O termo "Páscoa" deriva, através do latim Pascha e do grego bíblico Πάσχα Paskha, do hebraico פֶּסַח (Pesaḥ ou Pesach), a Páscoa judaica.

A última semana da Quaresma é chamada de Semana Santa, que contém o chamado Tríduo Pascal, incluindo a Quinta-Feira Santa, que comemora a Última Ceia e a cerimônia do Lava pés que a precedeu e também a Sexta-Feira Santa, que relembra a crucificação e morte de Jesus. A Páscoa é seguida por um período de cinquenta dias chamado Época da Páscoa que se estende até o Domingo de Pentecostes.

Mas sabemos bem que todo mundo gosta da Páscoa, como boa desculpa para cometer o pecado da gula, apenas para com o pretexto de devorar chocolate, não é mesmo?


A Páscoa cristã está ligada à Páscoa judaica pela data e também por muitos dos seus simbolismos centrais. Ao contrário do inglês, que tem duas palavras distintas para as duas festas (Easter e Passover respectivamente), em português e em muitas outras línguas as duas são chamadas pelo mesmo nome ou nomes muito similares. Os costumes pascais variam bastante entre os cristãos do mundo inteiro e incluem missas matinais, a troca do cumprimento pascal e de ovos de Páscoa, que eram, originalmente, um símbolo do túmulo vazio. Muitos outros costumes passaram a ser associados à Páscoa e são observados por cristãos e não-cristãos, como a caça aos ovos, o coelho da Páscoa e a Parada da Páscoa. Há também uma grande quantidade de pratos típicos ligados à Pascoa e que variam de região para região.

Etimologia.

Nas línguas de origem grega e latina, o nome utilizado para Páscoa é derivado do grego Πάσχα (Pascha), um termo que derivou, através do aramaico, do hebraico פֶּסַח (Pesach ou Pesaḥ), um termo utilizado originalmente para designar um festival judaico comemorando o Êxodo e conhecido em português como Páscoa judaica. Já nos primeiros anos da década de 50 do século I, Paulo, escrevendo de Éfeso aos cristãos de Corinto utilizou o termo para fazer referência a Cristo e é improvável que os efésios e coríntios tenham sido os primeiros a ouvir o Êxodo 12 interpretado como uma referência à morte de Jesus e não a um ritual de passagem judaico. Quase todos os países falantes de línguas não-inglesas utilizam nomes derivados de Pascha para a festa.

A Última Ceia, celebrada por Jesus e seus discípulos, era uma
"sêder de Pessach" ("ceia de Páscoa"). Os primeiros cristãos
também celebravam esta refeição para comemorar a morte
e ressurreição de Jesus.
O termo em inglês é Easter, cognato com alemão moderno Ostern, derivado do inglês antigo Ēastre ou Ēostre. A teoria geralmente aceita defende que ele era originalmente o nome de uma deusa anglo-saxônica, Ēostre, uma forma do termo indo-europeu encontrado em muitos lugares para a deusa do amanhecer.

Importância Teológica.

O Novo Testamento ensina que a ressurreição de Jesus, celebrada pela Páscoa, é o fundamento da fé cristã. A ressurreição estabeleceu Jesus como sendo Filho de Deus e é citada como prova de que Deus irá julgar o mundo com justiça. Deus «regenerou os cristãos para uma viva esperança pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos» (I Pedro 1:3). Estes, pela fé na obra de Deus, são espiritualmente ressuscitados com Jesus para que possam seguir para uma nova vida eterna.

A Páscoa está ligada à Páscoa judaica e ao Êxodo, relatado no Antigo Testamento, através da Última Ceia e a crucificação que precederam a ressurreição. De acordo com o Novo Testamento, Jesus deu à refeição pascal um novo significado, pois ele preparava a si e aos seus discípulos para morte quando durante a ceia no cenáculo. Ele identificou o pão (matzah judaico) e o vinho como sendo seu corpo, que logo seria sacrificado, e seu sangue, que seria derramado. Diz Paulo, "Purificai o velho fermento, para que sejais uma nova massa, assim como sois sem fermento. Pois, na verdade, Cristo, que é nossa Páscoa, foi imolado.", fazendo referências aos requisitos judaicos de que não haja fermento na casa e do sacrifício do cordeiro pascal (korban), alegoricamente identificado como Jesus.

Uma interpretação do Evangelho de João é que Jesus, como cordeiro pascal, foi crucificado, grosso modo, no mesmo horário que os cordeiros estavam sendo sacrificados no Templo, a tarde de 14 Nisan. As instruções na Bíblia especificam que ele deve ser imolado «a tardinha» (Êxodo 12:6), ou seja, no crepúsculo. No período romano, porém, os sacrifícios eram realizados no meio da tarde.

O Cordeiro Pascal, uma das refeições tradicionais judaicas durante a Páscoa. Ao re-interpretar o significado desta celebração, os cristãos identificaram Jesus como sendo o cordeiro imolado, criando o símbolo do Cordeiro de Deus.

Esta interpretação, porém, inconsistente com a cronologia nos evangelhos sinóticos. Ela assume que o texto de João 19:14 ("Era a parasceve e cerca da hora sexta"), literalmente traduzido, é obrigatoriamente uma referência ao 14 de Nisan (o dia de preparação para a Páscoa judaica) e não ao Yom Shishi (a sexta seguinte, dia de preparação para o sabá da semana do festival da Páscoa judaica) e que o desejo dos sacerdotes de estarem puros para «...poderem comer a páscoa» (João 18:28) era uma referência obrigatória à refeição do cordeiro de Páscoa e não às demais feitas durante as oferendas públicas do festival da Páscoa (chamado também de "Festival do Pão sem Fermento"), como comanda Levítico 23:8.

Cristianismo Primitivo.

Os primeiros cristãos, judeo-cristãos e gentios, certamente conheciam o calendário hebraico e não existem evidências diretas de que eles celebrassem nenhum tipo específico de festival anual cristão. A Páscoa era provavelmente um aspecto da Páscoa judaica na qual os judeo-cristãos, os primeiros a comemorarem-na, celebravam a ressurreição de Jesus.

Evidências diretas começam a aparecer na metade do século II. Talvez a mais antiga fonte primária sobrevivente a fazer referência à Páscoa seja uma homilia pascal do meio do século II atribuída a Melito de Sardis, que apresenta o evento como uma festa já consolidada (e não uma "novidade"). Evidências de um outro tipo de festival anual cristão, a comemoração dos mártires, começam a aparecer mais ou menos na mesma época.

Cordeiro Pascal, da artista portuguesa Josefa
de Óbidos, pintado entre 1660-1670. Atualmente se encontra
no Museu de Évora, em Portugal.
Enquanto os dias reservados aos mártires (em geral as datas de seus respectivos martírios) eram celebrados em datas fixas utilizando o calendário solar local, a data da Páscoa era determinada através do calendário lunissolar judaico, o que é consistente com o fato de a festa da Páscoa ter sido incorporada ao cristianismo durante seus primeiros anos, o chamado período judaico, mas mesmo assim a questão não está livre de controvérsias.

O historiador eclesiástico Sócrates Escolástico atribui a observância da Páscoa pela igreja à perpetuação de seu costume, "da mesma forma que outros costumes foram criados", afirmando que nem Jesus e nem seus apóstolos desejavam manter este ou qualquer outro festival. Embora ele descreva em detalhes a celebração da Páscoa como sendo derivada de costumes locais, ele insiste, por outro lado, que a festa era de fato universalmente observada

Data da Páscoa.

A Páscoa, diferente de outras datas ela não é fixa (Igual ao Natal, Halloween (Ou Dia do Saci), entre outros). É uma das 4 festas móveis do Calendário Civil (Carnaval, Sexta-Feira Santa, Páscoa e Corpus Christi), ou seja você pode comemorar o Natal em Março quanto em Abril. Mas por que diabos isso acontece

O cálculo da data da Páscoa, também conhecido como Computus em latim, é fundamental no calendário cristão desde os primórdios da cristandade, tornando-se definido na Idade Média.

O Primeiro Concílio de Niceia ocorrido em 325, (Da qual a maioria deve ter conhecido pelo filme O Código da Vinci) estabeleceu a data da Páscoa como sendo o primeiro domingo depois da lua cheia (a chamada lua cheia pascal) após o início do equinócio vernal (Primavera no hemisfério norte, outono no hemisfério sul), ou seja, é equivalente à antiga regra de que seria o primeiro Domingo após o 14º dia do mês lunar de Nissan. Poderá assim ocorrer entre 22 de Março e 25 de Abril. Os dias extremos deste intervalo correspondem muito raramente a dias de Páscoa. A última vez que ocorreu a 22 de Março foi em 1818 e a próxima será em 2285. Menos raras são as Páscoas a 23 de Março (anos 1913, 2008 e 2160) e 25 de Abril (anos 1943, 2038 e 2190).

Do ponto de vista eclesiástico, o equinócio da Primavera acontece em 21 de março (embora ocorra no dia 20 de março na maioria dos anos do ponto de vista astronômico) e a "lua cheia" não ocorre necessariamente na data correta astronômica. Por isso, a data da Páscoa varia entre 22 de março e 25 de abril (inclusive). Os cristãos orientais baseiam seus cálculos no calendário juliano, cuja data de 21 de março corresponde, no século XXI, ao dia 3 de abril no calendário gregoriano utilizado no ocidente. Por conseguinte, a Páscoa no oriente varia entre 4 de abril e 8 de maio.

Distribuição da Data Pascal. 19 de Abril e o dia em que a Páscoa cai com mais frequência.

A Controvérsia da Páscoa.

Logo no início da vida da Igreja Católica no I século, disputas surgiram sobre qual seria a data apropriada para o feriado da Páscoa. Em conjunto, elas passaram a ser conhecidas como controvérsias sobre a Páscoa. A Controvérsia da Páscoa é um termo utilizado para descrever um conjunto de controvérsias relacionadas com a data apropriada para se celebrar o feriado cristão da Páscoa. Até agora, a disputa teve quatro fases distintas e ainda não está completamente resolvida.

Primeira Fase.

A principal preocupação era então se os cristãos deveriam seguir as práticas do Antigo Testamento. Eusébio escreveu em sua História Eclesiástica (livro V, cap. 23):

“Uma questão de grande importância surgiu naquele tempo (do Papa Vítor I, por volta de 190 D.C). As dioceses de toda a Ásia, de acordo com uma tradição antiga, alegavam que o décimo-quarto dia da lua [de Nisan], no qual os judeus são comandados a sacrificar o cordeiro, deveria ser sempre observado como a festa da pasch provedora de vida [epi tes tou soteriou Pascha heortes], argumentando que o jejum deveria terminar naquele dia, qualquer que fosse o dia-da-semana em que ocorresse. Porém, este não era o costume nas igrejas do resto do mundo terminar o jejum neste dia, pois eles observavam a prática - que por tradição apostólica prevaleceu até hoje [tempo de Eusébio] - de terminar o jejum em nenhum outro dia a não ser o da ressurreição de Jesus.”
 
— História Eclesiástica, Eusébio de Cesareia.

Uma carta de Ireneu de Lyon mostra a diversidade das práticas sobre a Páscoa que existiam até pelo menos o tempo do Papa Sisto I (ca. 120). Além disso, Ireneu afirma que São Policarpo observava o costume quartodecimano, o que daria suporte para a disputa, pois Policarpo foi um discípulo direto do apóstolo João.

A diferença na prática se tornou uma controvérsia eclesiástica quando o bispo de Roma Vítor tentou declarar a prática de celebrar no Nisan 14 herética e excomungar todos que a seguiam. Por conta disto, Ireneu e Polícrates de Éfeso escreveram para Vítor, o primeiro lembrando-o de seu predecessor, Aniceto, e sua postura mais tolerante, e Polícrates defendendo a prática asiática.

Polícrates (190 D.C) notou enfaticamente que ele seguia a tradição que lhe fora passada:
“Nós observamos o dia exato, sem tirar nem por. Pois na Ásia grandes luminares também caíram no sono, do qual devem despertar novamente no dia da volta do Senhor, quando ele virá em toda sua glória do céu e irá procurar por todos os santos. Dentre eles estão Filipe, um dos doze apóstolos e que dormiu em Hierápolis, suas duas filhas virgens e idosas, e outra filha, que viveu no Espírito Santo e que agora descansa em Éfeso. E, adicionalmente, João, que foi tanto uma testemunha quanto um professor, que descansou no peito do Senhor e, sendo um padre, vestiu a placa sacerdotal. Ele também caiu no sono em Éfeso. E Policarpo de Esmirna, que foi bispo e mártir; e Tráseas, bispo e mártir de Eumênia, que dormiu em Esmirna. Por que precisaria eu mencionar o bispo e mártir Sagaris, que se deitou em Laodiceia, ou o abençoado Papírio ou Melito de Sardes, que viviam juntos no Espírito Santo, que repousa em Sardes, esperando o episcopado do céu, quando ele se levantará dos mortos? Todos estes observavam o décimo-quarto dia da Páscoa judaica de acordo com o evangelho, não desviando em nenhum aspecto, mas segundo a regra de fé. E eu também, Polícrates, o menos importante de todos, faço também de acordo com a tradição de meus parentes, alguns dos quais eu segui muito de perto. Pois sete deles fora bispos e eu sou o oitavo. E meus parentes sempre observaram o dia que as pessoas separavam o fermento. Eu, portanto, irmãos, que viveu sessenta e cinco anos no Senhor e encontrei com irmãos em todo o mundo, e que já li todas as escrituras, não me assusto fácil com palavras terríveis. Pois os que são maiores que eu disseram 'Nós devemos obedecer a Deus ao invés dos homens...' Eu poderia mencionar bispos que estavam presentes, que eu mesmo convoquei a seu pedido, cujos nomes eu deveria escrever e que certamente seriam uma multidão. E eles, admirando minha pequeneza, consentiram com esta carta, sabendo que eu não porto esses cabelos brancos em vão e sempre governei minha vida pelo Senhor Jesus.”
  — História Eclesiástica,  Eusébio de Cesareia.
De acordo com Eusébio, uma quantidade de sínodos foram convocados para lidar com a controvérsia e, segundo ele, todos decidiram apoiar a Páscoa no domingo:
“Sínodos e conferências de bispos foram convocadas e, sem vozes dissidentes, propuseram um decreto da Igreja, na forma de cartas endereçadas para os cristãos onde quer que estivessem, afirmando que eles nunca, em dia diferente do dia do Senhor, deveriam celebrar o mistério da ressurreição d'Ele dos mortos e que somente neste dia eles deveriam observar o final do jejum pascal.”
  — História Eclesiástica,  Eusébio de Cesareia.
Um sínodo palestino, sob a direção dos bispos Narciso e Teófilo, emitiram "uma enorme revisão da tradição sobre a festa de Páscoa (começando na véspera do domingo) que tinha sido passada a eles, sem falhas, desde o tempo dos apóstolos", concluindo:
“Empenhem-se também em enviar para o exterior cópias da nossa epístola para todas as igrejas, para que os que facilmente enganam suas almas não sejam capazes de nos culpar. Nós queríamos também, sabe, que em Alexandria também se observasse a festa no mesmo dia que nós mesmos. Pois as cartas pascais foram enviadas por nós para eles e deles para nós - de modo que nós observamos o dia sagrado em uníssono e juntos.”
  — História Eclesiástica,  Eusébio de Cesareia.
A excomunhão dos asiáticos por Vítor foi aparentemente revogada e os dois lados se reconciliaram como resultado das intervenções de Ireneu e de outros bispos:
“Vítor, chefe da igreja de Roma, tentou em um único ato eliminar da unidade todas as dioceses asiáticas.... Mas esta não era a vontade de todos os bispos: eles responderam com um pedido para que ele voltasse sua mente para coisas que fomentassem a paz e a unidade e o amor para com os seus vizinhos. Nós ainda temos conosco as palavras destes homens que, de maneira veemente, refutaram Vítor.”
No final, um método uniforme de computar a data da Páscoa não foi formalmente proposto até o Primeiro Concílio de Niceia, em 325 D.C.

O que é os Quartodecimanos?

Quartodecimanismo (do Vulgata latina, quarta decima citada em «No primeiro mês, aos quatorze dias do mês, à tardinha, é a Páscoa de YHWH...» (Levítico 23:5) significando "quatorze") se refere ao costume de alguns cristãos antigos de celebrar o feriado da Pessach (Páscoa judaica) começando na véspera do dia 14 de Nisan (ou Abib no calendário da Bíblia hebraica), cujo crepúsculo é conhecido biblicamente como a "Passagem do Senhor".

A moderna Pessach judaica e a Festa do pão sem fermento dura sete dias, começando no pôr-do-sol no começo de Nisan 15. O Judaísmo reconhece o início de cada dia no pôr-do-sol, não à meia-noite como é comum no ocidente. A Lei bíblica sobre a Pessach é tida como uma ordem perpétua (veja Êxodo 12:14) e, para alguns, também aplicável em alguma medida aos prosélitos (veja Êxodo 12:19). Porém, há grande controvérsia sobre o que significa observar a Lei bíblica no Cristianismo.

O Evangelho de João, por exemplo em «"Era a Parasceve e cerca da hora sexta."» (João 19:14), «Os judeus, porém, como era a Parasceve, e para que os corpos não ficassem na cruz ao sábado...» (João 19:31) e «Ali, pois, por causa da Parasceve dos judeus, e por estar perto o túmulo, depositaram a Jesus.» (João 19:42), insinua que Nisan 14 teria sido o dia em que Jesus foi executado em Jerusalém. Os Evangelhos sinópticos colocam a execução no primeiro dia do "festival do pão sem fermento" (por exemplo, em Mateus 26:17), geralmente compreendido como sendo Nisan 15 se for uma festa de sete dias (como dito em Levítico 23:6), o que nos leva a uma cronologia contraditória, origem de toda a controvérsia.

Na era apostólica (durante a vida ou imediatamente após a morte dos apóstolos), a Páscoa era sempre celebrada no meio do mês judaico de Nisan. Por volta da metade do século II D. C, a prática na província romana da Ásia era pelo jejum pré-Páscoa terminar na véspera do décimo-quarto dia de Nisan, o dia em que o sacrifício da Pessach já teria sido feito quando o Segundo Templo ainda existia e "o dia em que as pessoas se livravam do fermento" (os Judeus, os judeus prosélitos e os judeo-cristãos). Nisan 14 em si era regularmente, ainda que de forma confusa, também chamado de Pessach. Tecnicamente, ele é o dia da preparação para o festival de sete dias do "pão sem fermento", que começa em Nisan 15, hoje em dia também chamado de Pessach. O costume asiático ficou conhecido como Quartodecimanismo entre os ocidentais latinos. Melito de Sardis foi talvez o mais notável dos quartodecimanistas.

A prática em outros lugares era continuar o jejum até a véspera do domingo seguinte, enquanto que quartodecimana permitia que a festa - sempre em Nisan 14 - poderia cair em qualquer dia da semana. Fora da Ásia romana, os cristãos desejavam associar a Páscoa ao domingo, o dia em que Jesus teria ressucitado da morte segundo os Evangelhos. e que já havia muito era considerado dia santo pela comunidade. De acordo com os escritos de Ireneu de Lyon (202 D.C), a Igreja romana celebrava a Páscoa no domingo já no tempo do Papa Sisto I (115 - 125 D.C).

Ireneu, que seguia o costume de festejar aos domingos, também afirmou, porém, que o bispo Policarpo (um discípulo do apóstolo João de Esmirna (69-155 D.C), na Ásia Menor, uma das sete igrejas da Ásia, era um quartodecimano, celebrando a Páscoa em Nisan 14. Logo em seguida, Aniceto se tornou bispo de Roma por volta de 155 D.C e Policarpo visitou a cidade. Entre os tópicos discutidos entre eles estava esta divergência de costumes. Mas, notou Ireneu:
“Aniceto não conseguiu persuadir Policarpo a deixar a observância [quartodecimana] alegando que ela sempre teria sido praticada por João, discípulo do Senhor e por outros apóstolos com quem ele tinha conversado. Também Policarpo não foi capaz de persuadir Aniceto a observar o mesmo costume: Aniceto alegou que precisava seguir o costume dos anciãos antes dele.”
— História Eclesiástica, Eusébio de Cesareia.
Nem Policarpo e nem Aniceto foram capazes de persuadir um ao outro em suas posições, mas nenhum deles também considerou o assunto de importância suficiente para justificar um cisma. De fato, Ireneu relatou que "Aniceto cedeu a Policarpo durante a celebração da Eucaristia, como forma de mostrar respeito". Aniceto e Policarpo partiram em paz, deixando, contudo, a questão sem solução.

Segunda Fase.

O segundo estágio da controvérsia sobre a Páscoa se centrou no Primeiro Concílio de Niceia, realizado em 325 D.C. Dado que o grande festival da Páscoa deveria ser sempre celebrado no domingo e não deveria obrigatoriamente casar com uma dada fase da lua que pudesse ocorrer em qualquer dia da semana, uma nova disputa surgiu sobre como determinar o próprio domingo. Um pouco antes do Concílio, em 314 D.C, um concílio provisional realizado na cidade galesa de Arles havia decidido que a Pasch do Senhor deveria ser observada no mesmo dia no mundo inteiro e que à cada ano o bispo de Roma deveria enviar cartas ditando a data da Páscoa.

Os cristãos siríacos sempre observaram o seu festival de Páscoa no domingo seguinte à celebração judaica da Pessach. Por outro lado, em Alexandria - e, aparentemente, pelo resto do Império Romano - os cristãos calculavam a data Páscoa por si mesmos, sem prestar atenção aos judeus. Desta forma, a data da Páscoa como mantida em Alexandria e em Antioquia (principal centro cristão na província romana da Síria) nem sempre batiam. As comunidades judaicas de alguns lugares, possivelmente incluindo Antioquia, usavam métodos para fixar o mês de Nisan que algumas colocava o décimo-quarto dia antes do equinócio vernal. Os alexandrianos, por outro lado, aceitavam como princípio primeiro que o domingo que seria determinado como sendo de Páscoa deveria necessariamente ocorrer após o equinócio.

O Concílio de Niceia julgou que todas as igrejas deveriam seguir uma regra única para a Páscoa, que deveria ser computada de forma independente do calendário judaico, como era feito em Alexandria. Porém, ele não fez nenhuma menção sobre os detalhes deste cômputo e passaram-se algumas décadas até que o cálculo alexandrino se estabilizasse numa forma final. E passaram-se séculos até que elas se tornassem norma por todo o Cristianismo.

Terceira Fase.

Os missionários romanos chegando na Britânia no tempo do São Gregório, o Grande encontraram os cristãos britânicos e os missionários irlandeses, que evangelizaram os ingleses a partir do norte, aderindo a um sistema de computação da data da Páscoa que diferia do que era usado no mundo mediterrâneo. Este sistema britânico-irlandes, pela evidência nos deixada pelo venerável Beda, fixava a Páscoa no domingo que estivesse no período de sete dias entre o décimo-quarto e o vigésimo dia do mês lunar, de acordo com um ciclo de 84 anos. Estas datas limite (14-luna e 20-luna) foram confirmados por São Columbano. Esta diferença no cômputo poderia levar à discrepâncias entre os britânicos e irlandeses frente ao método alexandrino.

Este ciclo de 84 anos (chamado de latercus) cedeu ao cômputo alexandrino em estágios. Em algumas partes do sul da Irlanda, ele possivelmente já era adotada na primeira metade do século VII D.C. Entre os ingleses do norte, o uso do cômputo alexandrino ao invés do ciclo foi decidido no Sínodo de Whitby, realizado na abadia de mesmo nome em 664 D.C. O cômputo alexandrino foi finalmente adotado nas colônias irlandesas no norte das ilhas britânicas no final do século VIII D.C.

Quarta Fase.

Após a promulgação do calendário gregoriano em 1582, a cristandade ocidental passou a seguir um método diferente de computar a data da Páscoa do que até então era aceito. A maior parte das igrejas ortodoxas continuaram a seguir a prática antiga (alexandrina) e esta diferença permanece até hoje, a despeito de diversas tentativas de alcançar um método comum. Em 1997, o Conselho Mundial de Igrejas propôs uma reforma do método num encontro em Alepo, na Síria: a Páscoa seria definida como sendo o primeiro domingo após a primeira lua cheia astronômica posterior ao equinócio vernal como determinado no meridiano de Jerusalém. A reforma seria implementada a partir de 2001, uma vez que naquele as datas da Páscoa no ocidente e no oriente coincidiram. Porém, até outubro de 2010 ela ainda não havia sido implementada.

Posição no Ano Litúrgico.

Cristianismo Ocidental.

No cristianismo ocidental, a Páscoa é precedida pela Quaresma, um período preparatório de jejuns e penitências que começa na Quarta-Feira de Cinzas e dura quarenta dias (sem contar os domingos). A semana antes da Páscoa, conhecida como Semana Santa, é muito especial na tradição cristã. O domingo anterior é o Domingo de Ramos. Os três dias antes da Páscoa, conhecidos como Tríduo Pascal, são a Quinta e a Sexta-Feira Santa mais o Sábado de Aleluia.

Muitas igrejas começam a celebrar a Páscoa no fim da noite do Sábado de Aleluia na chamada Vigília Pascal. Em alguns países, a Páscoa dura dois dias, com a adição da chamada "Segunda-Feira de Páscoa".

A semana começando com o Domingo de Páscoa é chamada de Semana de Páscoa (ou Oitava da Páscoa) e cada dia é sucedido pelo sufixo "pascal" (ou "da Páscoa"). O Sábado de Páscoa é, portanto, o sábado depois do Domingo de Páscoa (e não o Sábado de Aleluia, antes dele). A Época da Páscoa começa no domingo e vai até o Domingo de Pentecostes, sete semanas depois.

Cristianismo Oriental.

No cristianismo oriental, a preparação espiritual para a Páscoa começa com a Grande Quaresma, que começa na Segunda-Feira Limpa e dura quarenta dias seguidos (inclusive os domingos). A última semana da Grande Quaresma (depois do quinto domingo da Grande Quaresma) é chamada de Semana de Ramos e termina com o Sábado de Lázaro. As vésperas deste dia encerram oficialmente a Grande Quaresma, embora o jejum continue ainda na semana seguinte. Depois vêm o Domingo de Ramos, a Semana Santa e, finalmente, a Páscoa. O período de jejuns se encerra imediatamente depois da Divina Liturgia da Páscoa.

A Vigília Pascal começa com o Serviço da Meia-Noite, que é o último do Triodion da Quaresma e é sincronizado para acabar pouco antes da meia-noite do Sábado de Aleluia. Quando o relógio marca a meia-noite, a celebração da Páscoa começa, que abrange as matinas pascais, as horas pascais e a Divina Liturgia Pascal. Este sincronismo garante que a liturgia da Páscoa ocorrerá mais cedo que qualquer outra liturgia matinal no ano litúrgico, garantindo assim sua preeminência entre as Festas das Festas.

A época litúrgica que vai da Páscoa até o domingo de Todos os Santos (o domingo depois do Pentecostes) é conhecido como Pentecostarion (os "cinquenta dias"). A semana que começa no Domingo de Páscoa é chamada de Semana Brilhante, durante a qual não se jejua (mesmo às quartas e sextas).

Observância.

Cristianismo Ocidental.


Cartão postal de 1915. Uma tradição ocidental
de origem não religiosa, o Coelho da Páscoa,
assim como o Papai Noel, representa a tradição de
trocar presentes em datas festivas. Para algumas
denominações, é o retrato da secularização
e comercialização da festa da Páscoa.
O festival da Páscoa é observado de diferentes formas entre os cristãos ocidentais. A observância litúrgica tradicional, praticada por católicos, luteranos e alguns anglicanos, começa na noite do Sábado de Aleluia com a Vigília Pascal. Esta, considerada a mais importante liturgia do ano, começa numa escuridão total com o fogo pascal e o acendimento do Círio Pascal (símbolo do Cristo ressuscitado) e o canto do Exultet, uma proclamação de Páscoa atribuída a Santo Ambrósio.

Depois deste serviço de luz, seguem-se diversas leituras do Antigo Testamento. Elas contam as histórias da criação, o sacrifício de Isaac, a travessia do Mar Vermelho e profecia da vinda do Messias. Esta parte do serviço litúrgico culmina com o canto do Gloria, do Alleluia e finalmente com a proclamação do "boa nova" (evangelion) da ressurreição. Neste ponto, as luzes são novamente acesas e os sinos bradam (de acordo com os costumes locais).

O foco então se volta do púlpito para a pia batismal. Nos tempos antigos, a Páscoa era considerada o período ideal para que os convertidos recebessem o batismo e esta prática continua entre os católicos romanos e na Comunhão Anglicana. Havendo ou não batismos neste momento, é tradicional que a congregação renove seus votos batismais, um ato que é geralmente selado com o aspergimento da água benta da fonte. O sacramento da Confirmação é também celebrado durante a Vigília.

A Vigília de Páscoa termina com a Eucaristia (conhecida também como "Comunhão" em algumas tradições).

Algumas igrejas preferem realizar a vigília bem cedo no domingo ao invés da noite de sábado para refletir o relato evangélico das mulheres chegando ao túmulo na manhã do primeiro dia da semana (o domingo). Estes serviços, conhecidos como "Serviços do Amanhecer", geralmente ocorrem ao ar livre (o cemitério, jardim ou estacionamento da igreja em geral). O primeiro deles ocorreu em 1732 entre os irmãos singulares da Igreja Morávia em Herrnhut, Saxônia. O costume foi depois exportado por missionários para diversas cidades no mundo.


Outras celebrações ocorrem também no próprio Domingo de Páscoa. Tipicamente, estes serviços seguem a ordem de um domingo normal de cada congregação, incorporando elementos mais festivos. A música, em particular, geralmente é mais alegre; a incorporação dos metais na orquestra para incrementar os instrumentos habituais dos músicos da congregação é bastante comum. Além disso, é bastante comum que toda a igreja seja decorada com faixas e flores.

Cristianismo Oriental.

Para os cristãos orientais, todas as demais festas do calendário são secundárias em relação à Páscoa, inclusive o Natal, o que se reflete na rica gama de costumes pascais na cultura de países tradicionalmente de maioria ortodoxa. Os católicos orientais também enfatizam a Páscoa em seu calendário e tem costumes muitos similares.

Isto não quer dizer que os demais elementos do ano litúrgico cristão sejam ignorados, mas que, ao invés disso, eles são vistos não apenas como sendo preliminares mas também como sendo iluminados pelo clímax da ressurreição, um evento que realiza e frutifica tudo o que veio antes. A Páscoa é o ato primário que completa o objetivo do ministério de Jesus na terra - derrotar a morte com sua morte e exaltar e purificar a humanidade assumindo voluntariamente suas fragilidades e depois superando-as. Este credo é resumido pelo Troparion Pascal, cantado repetidamente durante a Páscoa até a Apodosis da Páscoa, que é a véspera do dia da Ascensão.

A preparação para a Páscoa começa com a Grande Quaresma. Além dos jejuns, da distribuição de esmolas e da oração, os cristãos ortodoxos se privam de toda forma de entretenimento e atividades mundanas não essenciais, gradualmente eliminando-as até a Grande e Santa Sexta-Feira, o mais austero dia do ano. Tradicionalmente, na noite do Grande e Santo Sábado celebra-se o o Ofício da Meia-Noite (vide Vigília Pascal).

Quando ele termina, todas as luzes da igreja são apagadas e todos esperam no escuro e em silêncio a chegada da meia-noite. Então, uma nova chama é acesa no altar (ou o sacerdote acende sua vela a partir da lâmpada perpétua que fica acesa lá) e acende as velas acesas pelos diáconos e outros assistentes, que então acendem as velas trazidas pelos fieis (uma prática que se originou no antigo ritual do recebimento do Fogo Sagrado na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém). Então, o padre e a congregação seguem em procissão com a cruz circundando (por fora) a igreja, segurando as velas e cantando. Ela tem por objetivo simbolizar o trajeto das Portadoras de mirra ao túmulo de Jesus «muito cedo» (Lucas 24:1). Depois de rodear o tempo de uma a três vezes, a procissão pára em frente às portas fechadas. Na tradição grega, o padre faz uma leitura dos evangelhos (Marcos 16:1-8). Nas demais tradições e depois da leitura na grega, ele faz o sinal da cruz com o turíbulo ali (as portas fechadas simbolizam o túmulo ainda fechado).

Ele e os fieis cantam o Troparion Pascal e todos os sinos e semantra tocam. Todos entram no edifício e as matinas pascais começam imediatamente, seguidas pelas horas pascais, culminando depois na Divina Liturgia de Páscoa. O ponto alto da liturgia é a homilia pascal de São João Crisóstomo, que a congregação escuta de pé.

Logo depois da dispensa, o padre geralmente abençoa cestos e ovos de Páscoa trazidos pelos fieis e que geralmente contém alimentos que eles não podiam comer durante o jejum da Grande Quaresma. Logo depois da liturgia, é tradicional em algumas regiões que a congregação faça uma refeição coletiva, essencialmente uma forma de Ágape, apesar de ocorrer às duas da manhã ou ainda mais tarde.

Catedral Ortodoxa Grega da Anunciação da Virgem Maria, Toronto, Canadá.
Na manhã seguinte, o Domingo de Páscoa, não há Divina Liturgia, uma vez que ela já foi celebrada durante a madrugada. Ao invés disso, à tarde, é geralmente o costume celebrar-se um "Ágape Vespertino". Neste serviço, vem se tornando tradicional nos últimos séculos que o padre e alguns membros da congregação leiam uma parte do Evangelho de João (João 20:19-25 e, em alguns lugares, também João 20:26-31) no maior número de línguas que os fieis conseguirem, um símbolo da universalidade da ressurreição.

Durante o resto da semana, conhecida como "Semana Brilhante", é proibido jejuar e o habitual cumprimento pascal é "Cristo ressuscitou!", para o qual a resposta é "Verdadeiramente Ele ressuscitou!". Os serviços litúrgicos nesta semana são idênticos aos da Páscoa, exceto que ocorrem nos horários normais e não à meia-noite. As procissões ocorrem ou depois das matinas ou depois da Divina Liturgia.

Grupos Não-Observantes.

Juntamente com as comemorações do Natal e do Advento, muitas tradições pascais foram alteradas ou até mesmo abandonadas completamente pelas diversas denominações surgidas no decorrer da Reforma Protestante, geralmente sob o argumento de serem "pagãs" ou "papistas" (e, portanto, maculadas), por muitos movimentos puritanos. Porém, algumas das igrejas e movimentos da Reforma (luteranos, metodistas e anglicanos, por exemplo) preferiram manter grande parte das observâncias do já estabelecido ano litúrgico juntamente diversas tradições associadas. Nas igrejas luteranas, por exemplo, não apenas as datas da Semana Santa são observadas, mas também o Natal, a Páscoa e o Pentecostes são comemorados com festivais de três dias (o próprio e os dois seguintes).

Entre muitas outras tradições reformistas e contra-reformistas, porém, a situação foi bastante diferente, resultando que anabatistas, quacres e puritanos congregacionistas e presbiterianos passaram a considerar estes festivais como uma abominação. A rejeição puritana das tradições pascais está fundamentada parcialmente na interpretação de II Coríntios 6:14-16 e parcialmente na crença de que se uma prática ou festa religiosa não está diretamente na Bíblia então ela deve ser um desenvolvimento posterior e não deve ser considerada parte da prática cristã autêntica, sendo desnecessária no mínimo e pecadora no limite.

Alguns grupos cristãos rejeitam a celebração da Páscoa por causa de suas raízes pagãs (reais ou percebidas) e ligações históricas com as práticas e autorizações derivadas da Igreja Católica "Romana". Finalmente, vários grupos cristãos não-conformistas que ainda celebram o evento preferem chamá-lo de "Dia da Ressurreição" (ou "Domingo da Ressurreição") pelos mesmos motivos e também como uma forma de rejeitar os aspectos seculares e comerciais que o feriado adquiriu nos séculos XX e XXI.

As Testemunhas de Jeová defendem um ponto de vista similar, realizando um serviço anual comemorando a Última Ceia e a subsequente execução de Cristo na noite do 14 de Nisan. As Testemunhas de Jeová acreditam que versículos como Lucas 22:19-20 e I Coríntios 11:26 são mandamentos para que se relembre a morte de Cristo e não a sua ressurreição, o que eles fazem anualmente.

Os quacres, como parte de seu histórico "testemunho contra o tempo e as épocas", não celebram a Páscoa e nem nenhum outro feriado cristão, acreditando ao invés disso que "todos os dias são dias do Senhor". Mais do que isso, eles acreditam que a elevação de um dia acima dos outros sugere que atitudes não-cristãs sejam aceitáveis nos demais dias. Nos século XVII e XVIII, ele foram perseguindo justamente por isso.

Cruzes simples (e não crucifixos) são preferidas pelos
protestantes não-conformistas para representar o milagre
da ressurreição.
Alguns grupos cristãos acreditam que a Páscoa seja um evento a ser comemorado com grande alegria, mas dando menos ênfase ao dia propriamente dito, mas à lembrança da alegria no evento que ela comemora. Neste contexto, estes movimentos ensinam que todos os dias e todos os sabás devem ser santificados de acordo com os ensinamentos de Jesus. Judeo-cristãos, membros do Nome Sagrado e armstrongistas (como a Igreja Viva de Deus) geralmente rejeitam a Páscoa em prol da observância do 14 de Nisan e a celebração da chamada Pessach cristã. Isto é especialmente verdadeiro para grupos que celebram a lua nova ou os altos sabás anuais além do Sabá no sétimo dia. Eles defendem estes costumes textualmente fazendo uma referência ao trecho «Ninguém, portanto, vos julgue pelo comer, nem pelo beber, nem a respeito de um dia de festa, ou de lua nova ou de sábado, as quais coisas são sombras das vindouras, mas o corpo é de Cristo.» (Colossenses 2:16-17) de Colossenses.

Celebrações Pelo Mundo.

Em países onde o cristianismo é uma religião estatal ou nos quais há uma grande população cristã, a Páscoa é geralmente um feriado nacional. Como ela cai sempre num domingo, muitos países também fazem da segunda-feira seguinte um feriado também. Algumas lojas, shoppings e restaurantes também fecham neste dia. A Sexta-Feira Santa, que ocorre dois dias antes do Domingo de Páscoa, é também um feriado em muitos países. É também feriado em doze estados norte-americanos e, naqueles onde não é, muitas instituições financeiras, as bolsas de valores e as escolas públicas fecham. Entre os bancos que normalmente abrem aos domingos funcionam na Páscoa. A data é comemorada em muitos lugares com paradas e procissões, sendo a Parada de Nova Iorque a mais conhecida.

Na Escandinávia, a Sexta-Feira Santa, o Domingo e a Segunda de Páscoa são feriados, e os dois primeiros são também feriados bancários. Para a maior parte do comércio, são dias de folga também, exceção feita apenas aos shoppings, que geralmente abrem por meio período. Muitos empresários dão aos funcionários quase uma semana de folga, a chamada "Folga de Páscoa".

Na Comunidade das Nações, a Páscoa raramente é considerada um feriado, assim como todas as demais celebrações que caem num domingo. No Reino Unido, tanto a sexta quanto a segunda são feriados bancários. Contudo, no Canadá, o Domingo de Páscoa é feriado, assim como a segunda-feira seguinte. Na província de Quebec, tanto a sexta quanto a segunda são feriados facultativos, mas a maior parte das empresas concede os dois aos funcionários.

O Coelho e o Ovo de Páscoa.

Este post Wikipédiano não poderia ficar sem a razão principal da festa Pascal, ele mesmo os deliciosos e tentadores Ovos de Páscoa.

Ovo de Páscoa é um ovo, normalmente de galinha, inteiro ou esvaziado de seu conteúdo interno, pintado com gravuras ou com várias cores, para simbolizar a ressurreição de Cristo e adorar a páscoa, em muitos países. A tradição mais antiga consiste em utilizar ovos de galinha tingidos e depois pintados, mas o costume moderno consiste em trocar os ovos decorados por Ovos de chocolate.

O Coelho da Páscoa é um popular personagem lendário de características antropomórficas que distribui presentes análogo ao Papai Noel em muitas culturas. 

A tradição do Coelhinho da Páscoa foi trazida para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e o início do século XVIII. No sul do Brasil, nas regiões bilíngues, o Coelhinho da Páscoa também é chamado de Osterhoos no dialeto Hunsriqueano Riograndense (Riograndenser Hunsrückisch), e Osterhase no Alemão padrão.

Existe também a lenda de que uma mulher pobre coloriu alguns ovos de galinha e os escondeu, para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram os ovos, um coelho passou correndo. Espalhou-se, então, a história de que o coelho é que havia trazido os ovos. Desde então as crianças sempre acreditaram no coelhinho da páscoa, a história que seus pais contavam para elas. O Coelhinho da Páscoa é a principal atração entre as crianças.

Caça aos ovos numa gravura de 1889. Diversas tradições
não cristãs sobre a Páscoa foram adotadas por cristãos
durante os séculos, inclusive as caçadas, a história do
coelho da Páscoa e os ovos de chocolate.
No Antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antiguidade consideravam o coelho como o símbolo da Lua, portanto, é possível que ele tenha se tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa. O certo é que os coelhos são notáveis por sua capacidade de reprodução, e geram grandes ninhadas, e a Páscoa marca a ressurreição de Jesus Cristo, vida nova, tanto entre os judeus quanto entre os cristãos. Antes da décima praga que Deus mandara sobre o Egito, Deus pediu a Moisés que matasse um cordeiro e passasse o seu sangue nas portas das casas dos Hebreus, para que quando a praga da morte de todos os primogênito viessem não matasse nenhum dos israelitas. Segundo a Bíblia sagrada, Deus pediu a Moisés, o líder do povo israelitas na saída do Egito, que fizesse uma festa, e, essa festa foi justamente a páscoa. Por isso a páscoa é conhecida Biblicamente como "a festa da libertação". Já no novo testamente, quando João Batista viu Jesus ele disse: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." Por isso, para os cristãos, Jesus é o cordeiro pascal. Pois ele foi o único que com sua morte libertou a humanidade do cativeiro do pecado.

Atualmente, vende-se chocolate em formato de ovo, recebendo, portanto, o mesmo nome. Geralmente oco, mas também com recheios ou brinquedos dentro. Costuma ser envolto por cambiantes papéis laminados, e também distribuído como presente aos amigos e crianças nas festividades da Páscoa Cristã.

O ovo é símbolo bastante antigo, anterior ao Cristianismo, que representa a fertilidade e o renascimento da vida. Muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no Equinócio da Primavera (21 de Março) era um costume que celebrava o fim do Inverno e o início da primavera. Para obterem uma boa colheita, os agricultores enterravam ovos nas terras de cultivo.

Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, a cultura pagã de festejo da Primavera foi integrada na Semana Santa. Os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Cristo. O ovo de chocolate ou ovos de Páscoa, que são uma tradição milenar, passou à ser relacionada ao cristianismo. Costumava-se pintar um ovo oco de galinha de cores bem alegres, pois a Páscoa é uma data festiva que comemora a ressurreição de Jesus Cristo, sendo o ovo um símbolo de nascimento. Outros povos como os gregos e os egípcios também coloriam ovos de galinha oco, porém, em datas diferentes.

Colorir e decorar ovos é um costume também bastante antigo praticado no Oriente. Nos países da Europa de Leste, os ortodoxos tornaram-se grandes especialistas em transformar ovos em obras de arte. Da Rússia à Grécia, os ortodoxos costumam pintar os ovos de vermelho. Já no Brasil, o doce domintante é o chocolate. A tradição é tão forte que a Quinta-feira Santa é conhecida por Quinta-feira de páscoa, dia de comer o Ovos da Páscoa. Na Bulgária, em vez de se esconder os ovos, luta-se com eles na mão. Há verdadeiras batalhas campais. Toda a gente tem de carregar um ovo e quem conseguir a proeza de o manter intacto até ao fim será o mais bem sucedido da família até à próxima Páscoa.

Das tradições da Europa Oriental, o hábito passou aos demais países. Eduardo I de Inglaterra oferecia ovos banhados em ouro aos súditos preferidos. Luís XIV de França os mandava, pintados e decorados, como presentes. Isso iniciou a moda de fazê-los artificiais, de madeira, porcelana e metal, contendo surpresas aos presenteados. Seu sucessor Luís XV presenteou sua amante 33 anos mais jovem, Madame du Barry, com um enorme ovo, o qual continha uma estátua de Cupido. Essas tradições inspiraram também Peter Carl Fabergé na criação dos famosos e valiosos Ovos Fabergé.

Os ovos de chocolate vieram dos Pâtissiers franceses que recheavam ovos de galinha, depois de esvaziados de clara e gema, com chocolate e os pintavam por fora. Os pais costumavam esconder ovos nos jardins para que as crianças os encontrassem na época da Páscoa. Com melhores tecnologias, a partir do final do século XIX, se difundiram os ovos totalmente feitos de chocolate, utilizados até hoje.

Números, Tamanhos e Pesos.

A numeração não é padronizada, e segundo o levantamento do IDEC uma mesma marca pode apresentar ovos do mesmo número com gramatura variada. É possível, por exemplo, encontrar ovos de tamanho 20 de 300 a 350 gramas, uma diferença de 25%. Ainda, segundo o IDEC, ovos recheados com brinquedos costumam ter menos chocolate que os números equivalentes sem brindes.

O número serve apenas como indicação de tamanho do ovo, mas a espessura pode variar, e mesmo o tamanho não é padronizado - cada marca usa o que melhor lhe convier.

É importante lembrar que o InMetro exige que fabricantes informem nas embalagens o peso líquido (peso do chocolate em si) e bruto (peso total com embalagem e brinde) dos ovos.

A Páscoa no Mundo.

Bélgica e França.

Nesses países, os sinos das igrejas não tocam entre a Sexta-Feira da Paixão e o Domingo de Páscoa. Diz a lenda que os sinos voam para Roma até a Páscoa e, no caminho de volta, deixam cair ovos, que as crianças devem encontrar. As crianças belgas fazem ninhos de palha e os escondem na grama, esperando que o coelho da Páscoa os encha de ovos.

Bulgária.

Os búlgaros colorem ovos cozidos na Quinta-Feira Santa, após a missa. Os pães pascais também são uma tradição muito forte: podem ser pequenos ou grandes, mas sempre decorados. O pão é chamado "kolache" ou "kozunak". Seu sabor é semelhante ao do panetone brasileiro. Um desses pães é especialmente decorado incrustando-se ovos vermelhos nele (sempre em números ímpares) e levado à igreja na madrugada de sábado, para uma sequência de liturgias. Após esses eventos, os pães e ovos são abençoados e levados de volta para casa. Com esses alimentos presenteiam-se amigos turcos da família (que se sentem muito honrados e retribuem com dinheiro), os chamados pais espirituais (padrinho e madrinha), pais biológicos e todos os outros parentes e amigos.

Os ovos são quebrados após a missa da meia-noite e durante os próximos dias. Um dos ovos é quebrado na parede da igreja (e esse é o primeiro ovo a ser comido após o jejum da Quaresma). Outro ritual, o da quebra de ovos, acontece após o almoço de Páscoa. Cada pessoa escolhe um ovo e, então, cada um a sua vez, bate seu ovo contra o dos outros. Aquele que ficar com o seu ovo inteiro por último terá um ano de sorte.

Estados Unidos.

A atividade mais comum nos países é a caça ao ovo de Páscoa. Os ovos cozidos, decorados com tintas, são escondidos e as crianças devem encontrá-los. Em comunidades menores, as crianças da cidade se reúnem em praças para encontrar os ovos, escondidos por todo lugar.

A Páscoa na Casa Branca, sede do governo norte-americano, reúne pessoas de todo o país. A tradição vêm do início da década de 1870, quando crianças brincavam, durante a Páscoa, no gramado do Capitólio, em Washington D.C. Elas levavam seus ovos cozidos e os rolavam na grama para ver quem conseguia mandar o ovo mais longe. Em 1877, uma lei proibiu a atividade, mas o presidente Rutherford Hayes, em 1878, liberou o gramado sul da Casa Branca para a rolagem de ovos.

Hoje, o evento (gratuito) tem ingressos colocados à disposição de crianças entre 3 e 6 anos, acompanhadas dos pais, que participam de diversas brincadeiras em volta da Casa Branca, até seu momento de rolar ovos no gramado. O Presidente realiza um caça aos ovos nos jardins da Casa Branca para crianças pequenas (Imagina o Trump caçando Ovos na Casa Branca, provavelmente veremos essas cenas durante seu mandanto)

México.

Nesse país é popular a "malhação de Judas", o apóstolo que traiu Jesus. Ao meio-dia do Domingo de Páscoa, bonecos representando Judas são socados, enforcados e queimados. Em algumas cidades, Judas também é representado por uma piñata, um jarro cheio de doces que as crianças devem tentar quebrar, espalhando doces para todos os presentes.

Oriente Médio.

A cerimônia do lava-pés é um dos pontos altos da comemoração. Na Quinta-Feira Santa, os padres convidam mendigos a entrar e lavam seus pés e lhes dão presentes, para lembrar o ato de Jesus Cristo.

Suécia.

Os suecos mantêm uma relação extremamente solene com a Semana Santa. Fazer casamentos e batizados nessa época é considerado inapropriado. Mas esse quadro, aos poucos, vem mudando: já há alguns anos os cinemas estão abrindo na Sexta-Feira da Paixão. Devido ao clima do país, as palmas do Domingo de Ramos costumam ser substituídas por ramos de salgueiro. De tão ligada a essa liturgia, a folha de salgueiro ficou conhecida como "palma" pelos suecos.

As tradições pascais da Suécia e de outros países escandinavos lembram muito o Halloween norte-americano. Na Quinta-Feira Santa ou na véspera da Páscoa, as crianças suecas vestem-se como bruxos e visitam seus vizinhos, deixando um cartão decorado (a "carta de Páscoa") e esperando receber um doce ou dinheiro em troca.

Esse costume tem origem numa lenda local, que dizia que, durante a Páscoa, a atividade de bruxas e bruxos crescia muito. A tradição das "cartas" é especialmente difundida no oeste da Suécia, onde também é costume colocar essas cartas nas caixas de correios ou por debaixo das portas sem ser visto. A identidade de quem enviou o cartão é sempre secreta. Os suecos também entregam ovos cozidos decorados durante a Páscoa, mas nem de longe tão elaborados como em outros países da Europa.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1scoa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Controv%C3%A9rsia_da_P%C3%A1scoa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Quartodecimanismo

https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1lculo_da_P%C3%A1scoa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vig%C3%ADlia_pascal

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ovo_de_P%C3%A1scoa

https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelhinho_da_P%C3%A1scoa

Nenhum comentário:

Postar um comentário