O caso da Floresta de Rendlesham, também conhecido como Caso Bentwaters, é considerado o "Caso Roswell da Inglaterra". As ocorrências principais se deram nos dias 26 e 27 de dezembro de 1980, envolvendo pessoal da Força Aérea norte-americana (USAF), que naquela época da Guerra Fria utilizavam as bases de Bentwaters e Woodbridge da Real Força Aérea britânica (RAF). O principal nome da ocorrência é o do coronel Charles Halt, segundo em comando da base. Os dois governos envolvidos sempre foram acusados de acobertar as informações mais importantes sobre o evento e recentemente surgiram ainda mais indícios nesse sentido.
O Local do Incidente.
A Floresta de Rendlesham é propriedade da Comissão Florestal e consta de aproximadamente 15 km2 (1.500 hectares) de plantações de frondosas coníferas intercaladas com zonas de planícies e zonas úmidas. Está localizado no condado de Suffolk, a cerca de 13 quilômetros a leste da cidade de Ipswich. O incidente ocorreu nas proximidades de duas bases militares (atualmente abandonadas). A RAF Bentwaters, que está situada justo ao norte do bosque, e a RAF Woodbridge, que se estende no bosque do oeste. Nesse momento, ambas estavam sendo utilizados pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e estavam sob o comando do Coronel Gordon E. Williams.
A base era dirigida pelo comandante Coronell Ted Conrad, e seu adjunto era o Tenente Coronel Charles I. Halt. É justamente Halt quem escreve a nota ao Ministério de Defesa sobre o incidente e sua participação pessoal na segunda noite dos avistamentos o que deu credibilidade ao caso. A guerra fria estava a todo vapor e era grande um temor da U.R.S.S. Mais de 12 mil soldados americanos ocupavam as duas bases e haviam bombas nucleares na instalação de Bentwaters.
Os principais acontecimentos do incidente, incluindo a suposta "aterrissagem", teve lugar no bosque, a quase 1600 metros a leste do Portão Leste da base RAF Woodbridge. O farol de Orford Ness, que os críticos identificam como as luzes vistas fora da costa pelos pilotos de aviões, se encontra a 8 quilômetros mais ao leste dessa localidade.
O local do incidente foi a floresta de Hendlesham que fica entre duas bases militares operadas pelos Estados Unidos. Créditos: Assombrado.com.br |
Era dia 26 de dezembro de 1980, o Natal havia passado e estava um dia lindo com uma bela Lua no céu. O piloto de primeira classe John Burroughs patrulhava o portão leste da Base Aérea de Woodbridge, quando por volta das 3:00 horas ele é convidado a ir dar uma volta de caminhonete com um militar chamado Stevens. Eles logo avistam algo estranho no meio da floresta Rendlesham que fica nos arredores. Rapidamente ele volta e fala com a base militar que havia algo estranho emitindo luzes coloridas no meio da floresta. O controle do local então desloca o sargento Jim Penniston, do 81º Esquadrão da Polícia de Segurança, para verificar o que estava acontecendo.
Inicialmente pensaram que se tratava de um avião derrubado. Então pediram permissão para irem verificar. Stevens ficou tão impressionado com o que viu que abandonou a missão. Então partiram Aviador Edward Cabansag, este último dirigindo a viatura, John Burroughs e Jim Penniston para o bosque.
Ao entrarem no bosque para investigar, viram que havia muito interferência em seus rádios, dificultando a comunicação. Eles viram uma luz, e a medida que se aproximavam da luz, ficava claro que não era um acidente de avião. Não haviam destroços, fumaça ou algo que indicasse algo do tipo.
Após caminharem alguns metros, chegaram em uma clareira e viram um aeronave triangular. Penniston se aproximou e tirou fotos. Ele calculou a aeronave como tendo 2,7 metros de largura por 2,4 metros de altura. Não conseguiu ver motores ou determinar onde era a dianteira ou traseira do objeto. Eles observaram o objeto por cerca de 45 minutos. Penniston levava consigo um bloco de anotações e desenhou o objeto. Os desenhos incluem símbolos estranhos que estariam na dianteira da fuselagem. Eram seis ao todo e teriam até um metro de comprimento.
O objeto então emitiu um lampejo de luz ofuscante e os dois correram para se proteger. O OVNI se elevou em alta velocidade e foi embora, ficando somente na área a luz do farol de Orford Ness, a 8 km de distância.
Os três voltaram para a base para se reportarem. Burroughts e Penniston contaram ao comandante uma história simplificada do que presenciaram. O Comandante então disse para eles deixarem as coisas para lá, soando como uma ameaça velada...
O sargento Penniston foi para a casa e não conseguia dormir. Ele resolveu voltar ao local com gesso para fazer moldes das três marcas de padrão triangular, três metros distantes uma das outras, que haviam no chão. Esse moldes ele guardou com ele e não falou nada para seus superiores militares.
Após o nascer do sol do dia 26, militares retornaram para uma pequena clareira perto do limite da floresta e encontraram três depressões em triângulo, mascas de queimaduras e galhos quebrados nas árvores próximas. Moldes de gesso das marcas foram feitas.
Uma aeronave A-10 que voou pela região ao amanhecer detectou radiação infra-vermelha sendo emitida na floresta.
Às 10:30, a polícia local foi chamada novamente para ver as impressões no chão. Eles disseram que poderiam ter sido feitas por um animal. Mais tarde a polícia descobriria vários relatos de luzes no céu naquela noite, muito provavelmente por causa de um estágio de foguete soviético voltando para a atmosfera. Houve também alvos não identificados nos radares no aeroporto de Heathrow, Londres.
Anotações feitas por Jim Penniston, abaixo, símbolos que estavam na parte dianteira do OVNI |
Duas noites depois, no dia 28 de dezembro de 1980, o OVNI voltou, só que dessa vez o vice-comandante da base, o Tenente Coronel Charles I. Halt, presenciou tudo!
Ele estava em uma festa no clube dos oficiais, quando um dos homens chegou ao local muito nervoso, dizendo que o OVNI tinha voltado. Cansado de ouvir do assunto, ele disse que ele mesmo iria ao local investigar pessoalmente o caso.
Halt partiu com diversos equipamentos, inclusive um micro-gravador com fita cassete que registrou todo o evento. Ao chegar no local ficou sabendo que o OVNI não era mais visível e que misteriosamente alguns holofotes da base militar foram desligados.
Os rádios que eles levavam sofriam interferência, assim como aconteceu duas noites antes, no primeiro contato. Halt via que as árvores estavam machucadas e ordenou para um subordinado tirar fotos de tudo. Havia radiação no local perto da aterrizagem. Além disso havia muito barulho produzido pelos animais que estavam num estábulo de uma fazenda próxima a floresta.
Eles então veem uma luz vermelha que está a uma distância de 150 metros na floresta que vem se aproximando. Essa luz vinha na vertical e na horizontal e deixava vazar algo que parecia ser metal derretido. O OVNI então explodiu em silêncio e se partiu em múltiplos objetos brancos. O que sobrou dele foi em direção aos homens com um feixe de luz, que chegou bem próxima a eles. De repente a luz sumiu e foi em direção a base e iluminou onde ficavam as armas nucleares.
O soldado John Burroughs também presenciou este segundo contato. Ele e o soldado Adrian Bustinza chegaram ao local e Burroughs avistou uma luz azul no meio da floresta. Eles pediram permissão ao Tenente-Coronel e foram até a luz investigar. Assim que o soldado se aproximou da luz azul ela sumiu. Bustinza então falou para ele que ele foi envolvido pela luz azul e desapareceu por alguns segundos!
O Memorando Halt.
Todos os envolvidos foram interrogados por agências secretas do governo britânico. Essa investigação é controversa até hoje. Parece que o governo sabia do assunto e tentou abafar, fazendo todos os envolvidos acreditar que o que viam eram as luzes de um farol. Um acobertamento ocorrendo.
O Tenente Coronel Charles I. Halt foi intimado a descrever a experiência vivida duas semanas depois escrevendo um memorando que ficou conhecido como o "Memo Halt". O memorando é de 13 janeiro de 1981 e intitulado como "Luzes inexplicáveis". Segue tradução:
1. Nas primeiras horas de 27 de dezembro de 1980 (aproximadamente às 3h) dois patrulheiros da polícia de segurança da USAF viram luzes incomuns próximas ao portão traseiro da [base da] RAF Woodbridge. Achando que uma aeronave poderia ter se acidentado ou sido derrubada, eles pediram permissão para sair para investigar. O chefe de voo em serviço respondeu e permitiu que três patrulheiros prosseguissem a pé. Os indivíduos relataram ver um estranho objeto brilhante na floresta. O objeto foi descrito como sendo metálico em aparência e triangular em forma, com aproximadamente de dois a três metros na base e aproximadamente dois metros de altura. Iluminava toda a floresta com uma luz branca. O objeto em si tinha uma luz vermelha pulsante no topo e luzes azuis nas bordas inferiores. O objeto estava pairando ou [pousado] em pernas. Quando os patrulheiros se aproximaram do objeto, ele manobrou por entre as árvores e desapareceu. Neste momento, animais em uma fazenda próxima ficaram agitados. O objeto foi avistado rapidamente aproximadamente uma hora depois próximo ao portão traseiro.
2. No dia seguinte, três depressões de 1½" [3,8 cm] de profundidade e 7" [17,8 cm] de diâmetro foram encontradas onde o objeto foi avistado no chão. Na noite seguinte (29 de dezembro de 1980), radiação foi procurada na área. Leituras de 0,1 miliroetgens foram encontradas com picos de radiação nas três depressões e no centro do triângulo formado pelas depressões. Uma árvore próxima tinha leituras moderadas (0,05 a 0,07) no lado em direção às depressões.
3. Mais tarde, uma luz vermelha parecida com o sol, foi vista pelas árvores. Se movia pela região e pulsava. Em um ponto, parecia soltar partículas brilhantes e então se separou em cinco objetos brancos separados e então desapareceu. Imediatamente depois, três objetos parecidos com estrelas foram notados no céu, dois ao norte e um ao sul. Todos estavam a cerca de 10° do horizonte. Os objetos se moviam rapidamente em movimentos agudos angulares e tinham luzes vermelhas, verdes e azuis. Os objetos ao norte pareciam ser elípticos por monóculos 8×12. Então, transformaram-se em círculos completos. Os objetos ao norte permaneceram no céu por uma hora ou mais. O objeto ao sul foi visível por mais duas ou três horas e lançava um feixe de luz de tempos em tempos. Vários indivíduos, incluindo o que assina, testemunharam as atividades nos parágrafos 2 e 3.
A demora de duas semanas entre o incidente e o relatório, poderia explicar os erros com as datas e as horas. Quando memorando foi feito, três semanas após os acontecimentos, as datas estavam incorretas e o Ministério da Defesa britânico verificou a noite errada. Talvez o equívoco tenha ocorrido porque Halt fez o documento a partir de lembranças. Os eventos aconteceram nas noites de 24–25, 25–26 e 26–27, mas o documento coloca os primeiros eventos na noite de 26–27. Quando o erro foi percebido, Nick Pope, que investigou o caso, constatou que a fita do radar havia sido destruída. A investigação original estava irremediavelmente errada e comprometida.
Devido à localização da base, na Inglaterra, o memorando foi direcionado ao Ministério da Defesa, que fez verificações rápidas e concluiu que o documento não tinha importância para fins de defesa e encerrou o caso.
O documento foi liberado ao público em virtude da Lei de Liberdade de Informação.
Proporções Aumentadas (Quem Conta um Conto, Aumenta um Ponto).
O caso todo só viria a público três anos mais tarde, através de uma matéria no popular tablóide inglês “News of the World’s”.
No dia 02 de outubro de 1983, o referido jornal publica uma matéria sob o título sensacional de "OVNI aterrissa em Suffolk - e isso é oficial". A matéria foi baseada em um relato de um ex-piloto norte-americano, utilizando o pseudônimo de Art Wallace (supostamente para se proteger contra o castigo da USAF), embora seu verdadeiro nome era Larry Warren. Contou ao tablóide uma história de proporções fantásticas. Relatou que presenciara o “Wing Commander” da base Woodbrigde, Gordon Willians, manter um contato direto com três humanóides que saíram do objeto pousado na Floresta Rendlesham. Com ele, havia dezenas de militares e várias testemunhas civis. Para provar o que estava dizendo ele mostrou o "Memorando Halt".
A história de Warren norteou os passos da pesquisadora Brenda Butler, que reproduziu o contato em detalhes em seu livro “Sky Crash”. De lá para cá, ganhou contornos ainda mais intrigantes. Alguns desenhos creditados a Jim Penniston mostram como seria o objeto triangular, em todos os ângulos de visão possíveis. Retratam ainda símbolos que o soldado teria visto na fuselagem da nave.
Revelação do caso pelo tabloide Britânico, e o Memorado destacando em vermelho para dar mais credibilidade |
- A História de Larry Warren.
Ele descreveu que os oficiais da Força Aérea, conversavam com três pequenas figuras semelhantes à crianças. Warren disse que parecia que algum tipo de protocolo estava sendo decretado, mas antes que pudesse testemunhar mais, ele foi mandado embora da cena. No dia seguinte, ele foi levado para prestar depoimento com várias outras testemunhas e lhe mostraram filmagens de militares interagindo com OVNIs que talvez, remontem à década de 1940.
Depois disso, as memórias de Warren ficam desconexas. Ele se lembra de estar em uma instalação subterrânea com um pessoal médico e de estar em algum tipo de refeitório sozinho.
Ele acha que essas memórias podem ter sido implantadas nele, usadas em uma tentativa de embaçar sua recordação real do avistamento do OVNI.
A história de Warren é um pouco diferente da descrita no Memorando Halt e enfureceram as outras testemunhas. Eles disseram que a história foi uma invenção pura e que nada do que ele disse pode ser acreditável. Apesar de que sua história se encaixe com alguns dos eventos descritos pelos outros, ele é o único a dizer que viu alienígenas. Além disso, ninguém reconhece que ele tenha estado no local no momento do incidente. Warren permanece firme, no entanto, que o que ele disse é verdade.
Enquanto os relatórios dessas testemunhas altamente treinadas são convincentes, as discrepâncias em suas histórias intrigam.
Larry Warren foi o responsável por vazar o Memorando Halt e por divulgar a história para o público. Créditos: Assombrado.com.br |
- A Fita Gravada pelo Tenente Coronel Charles I. Halt.
Em dezembro de 1980, testemunhas afirmaram ter visto luzes coloridas e brilhantes provenientes de uma base da RAF na Floresta de Rendlesham, perto de Woodbridge, Suffolk. Militares da base aérea que investigaram, alegaram ter visto luzes em movimento através das árvores, assim como uma luz brilhante de um objeto não identificado. Alguns até afirmaram ter visto um objeto metálico cônico flutuando acima das árvores. A polícia registrou o incidente como um OVNI.
Às vezes chamado de "Roswell britânico", despertou o interesse de todo o mundo, e no decorrer dos anos os pesquisadores, autores e produtores de televisão têm tentado descobrir o que aconteceu. Agora, no entanto, alguém se apresentou alegando ser a chave do mistério. Peter Turtill, 66 anos, de Ipswich, disse que o "OVNI" foi realmente um caminhão cheio de fertilizantes que foi incendiado. Ele alegou que ia para casa depois de pegar um caminhão emprestado de um amigo quando ele quebrou perto da base aérea da USAF em Rendlesham em dezembro de 1980.
Ele disse: "Para o meu horror eu estava carregando adubo roubado, então reboquei para fora da estrada, dentro da floresta, e ateei fogo para destruir as provas do crime. "O caminhão tinha um corpo de alumínio, o metal queimando com os fertilizantes fez algumas chamas de cor diferente entre as árvores. "Alguns dos aviadores da base pensaram que era uma cruz multi-colorida do espaço, e com os pneus do caminhão estourando ficaram um pouco nervosos".
"Eles tinham armas e eu não queria ficar em seu caminho por isso reboquei o veículo em chamas para fora da estrada. "Eu admito que provavelmente parecia circular espetacularmente através da floresta, parecendo uma nave espacial." Sua afirmação foi recebida com desdém imediato pelos ufólogos. Brenda Butler, uma ufóloga, disse: "Eu não entendo o que ele está dizendo. Apareceram muitas testemunhas"."Ele teria que mostrar uma enorme quantidade de provas para chamá-los de mentirosos. Por que ele esperou 29 anos para aparecer? "
Governo Britânico libera documentos do Caso Rendlesham mas não esclarece dúvidas.
No final de 2002, veio a público uma informação há muito aguardada pela comunidade ufológica internacional. O Ministério da Defesa Britânico liberou o todos os documentos oficiais do incidente em Rendlesham.
Parte dos documentos já era conhecida do público, comentada em livros como “Sky Crash”, de Brenda Butler (com a co-autoria das pesquisadoras Jenny Randles e Dot Street), de 1984, e mais recentemente em 2000, “You Can’t Tell the People”, de Georgina Bruni. Esta última conseguiu publicar boa parte dos arquivos agora liberados, mas desde "Sky Crash" a comunidade ufológica já tinha em mãos o mais importante dos papéis: o memorando do “Deputy Base Comander” da Base Aérea de Woodbrigde, Tenente-Coronel Chales Halt. Apesar de ser mantido em segredo na Inglaterra, acabou sendo liberado pela Lei de Liberdade de Informação (FOIA) nos Estados Unidos. O documento descreve e atesta oficialmente o ocorrido, embora erre na data dos dois episódios.
“Cover up” até contra o governo Britânico.
A maior parte do arquivo Rendlesham é composta apenas por correspondência pública. Sucessivamente, oficiais de alta patente encarregados da questão respondiam às cartas inquiridoras de ávidos pesquisadores de UFOs – e algumas vezes de superiores ou outros órgãos militares – remetendo o memorando original de Charles Halt e o comentário de que não houve no episódio fato algum que merecesse precaução relativa à defesa da Nação. Isso explicaria não existir menção a uma investigação mais aprofundada. Explicaria?
É curioso reparar que mesmo se toda a história nada mais fosse que um engodo ou erro de interpretação, o memorando original e as testemunhas faziam afirmações fantásticas. Um membro da equipe de Halt, Ray Gulyas, obteve fotos do local do suposto pouso e das árvores aparentemente queimadas. Além disso, o fato teria ocorrido ao lado de duas das mais importantes bases militares inglesas, ambas há muito conhecidas pelo emprego de tecnologias avanças. Foi no eixo Woodbridge-Bentwaters que no passado os ingleses desenvolveram o radar, por exemplo.
A gravação de Halt, as suspeitas – ainda que fossem infundadas – de radioatividade acima do normal, por si só teriam gerado preocupação em qualquer lugar do mundo. Ainda mais quando se lê a troca de ofícios que consta no relatório tornado público, onde um estudo preliminar confirma leituras de radioatividade muito acima da radiação de fundo (documento DI52, de 23 de fevereiro de 81).
Não demoraram a surgir suspeitas de uma grande operação de acobertamento. E se elas forem tomadas literalmente, o “cover up” valeria também contra o governo Britânico.
Apesar dos documentos recém liberados destacarem que não houve contato de radar com possíveis UFOs, a pesquisadora Brenda Butler garantiu que sim, através de um operador civil de radar na estação de Watton-Norfolk. Contudo, já não seria tão fácil verificar isso com o radar de Bentwaters. Dois dias após o episódio, conforme descreve outro documento, datado de 16 de fevereiro de 1981, o Comandante em Chefe da Força Aérea Norte-americana na Europa, General Gabriel, por “acaso” visitou (a expressão utilizada no ofício é “who happened to be visiting the station”) a estação e requisitou – no que foi atendido – a entrega das fitas de gravação das leituras de radar dos referidos dias.
Erros Administrativos.
A Revista Vigília contatou por e-mail o ex-funcionário do MoD que cuidou de uma pasta no Ministério (denominada Secretariat) exclusivamente dedicada ao assunto OVNI nos anos de 91 a 94: Nick Pope (http://www.nickpope.net). Autor pró-UFOs desde que deixou seu trabalho (embora diga que continua ligado ao MoD, mas ressalte não poder revelar sua função atual), Pope deu suporte à pesquisadora Georgina Bruni nas investigações que se transformaram no livro “You Can’t Tell The People”, primeira obra a revelar parte dos arquivos secretos do caso Rendlesham. Bruni concluiu haver um gigantesco esforço de acobertamento, no que Pope discorda.
“Eu concordo que é impar que as declarações das testemunhas Burroughs, Penniston, Cabansag, Buran e Chandler [nota do editor: membros do grupo de Charles Halt] não foram passadas ao MoD pela USAF. Provavelmente deveriam ter sido, como deveriam as fotografias feitas por Ray Gulyas. Mas eu acredito genuinamente que foram erros administrativos ao contrário de um acobertamento”, destacou.
Nick Pope não descarta a natureza insólita do fenômeno. Sua posição se apóia justamente nos ofícios que tratam da radioatividade e do confisco das gravações de radar pela USAF. “Tal tipo de gente não visita por acaso bases militares”, comentou sobre a atitude do Comandante em Chefe da Força Aérea Norte-americana na Europa, General Gabriel.
Pope não crê no alegado encontro com alienígenas do “Wing Commander” Gordon Willians. Além de não ter visto nenhum documento a respeito quando trabalhava no Secretariat, teve a chance de ouvir a negativa pessoalmente de Willians, encontro no qual que estava acompanhado de Georgina Bruni.
Teoria cética: O Farol.
No lado oposto, o astrônomo amador e cético Ian Ridpath desenvolveu uma engenhosa teoria para o caso. Seu artigo foi inicialmente publicado no jornal inglês “The Guardian”, logo após a liberação da gravação de Charles Halt com a narrativa dos acontecimentos na segunda noite. O texto foi reproduzido em diversos sites céticos, e uma versão atualizada encontra-se no site de Ridpath (http://www.ufoskeptc.com).
Para o astrônomo, o que os soldados viram foi uma sucessão de eventos naturais combinados com erros de interpretação. Consultando a Associação Astronômica Britânica, descobriu que por volta das 3 horas da madrugada de 26 de dezembro de 1980, um meteoro extremamente brilhante entrou na atmosfera e pôde ser visto ao sul da Inglaterra. Para ele, estava explicado o contato inicial que deu início ao mistério.
Por telefone, Ridpath contatou um sitiante que morava a cerca de uma milha do suposto local dos acontecimentos, Vince Thurkettle, não compreendia porque aquela história havia tomado proporções tão assustadoras. O morador afirmou que o que os soldados viram na noite de 27 de dezembro foi apenas o Farol de Oxford Ness, na costa de Suffolk, 5 milhas além da floresta.
Em 1983, Ridpath visitou pessoalmente a floresta, logo após a publicação da notícia no tablóide “News of the World”. Embora as depressões no solo já não existissem tanto tempo depois, Thurkettle garantia ter sido testemunha ocular do que considerava serem apenas tocas de coelhos. Também as marcas nas árvores tinham, para Ridpath, auxiliado pelo sitiante, uma explicação alternativa: marcações feitas por lenhadores nas árvores a serem derrubadas. Ele próprio viu numerosas dessas marcas, recobertas com resina de pinho, o que daria, segundo Ridpath, a nítida impressão de queimaduras por algum tipo de explosão.
Certa noite, Ridpath visitou a floresta acompanhado de um cinegrafista da TV BBC. Eles filmaram o farol de Oxford Ness piscando por entre as árvores com um forte feixe de luz, poucos metros acima do nível do solo, já que o local é mais elevado em relação à costa. Conforme se deslocavam na floresta, a luz parecia caminhar entre as árvores. O cinegrafista, antes cético quanto à hipótese do farol, segundo Ridpath agora ficara convencido diante do espetáculo.
Bastante completa, a teoria do astrônomo amador trata também dos registros de radioatividade. Segundo ele, o Serviço de Proteção Radiológica Nacional indicava que leituras como as obtidas pelo Tenente Coronel Charles Halt podiam ser obtidas a partir de fontes naturais, como os raios cósmicos ou a própria radiação natural da Terra, contrariando as consultas especializadas apresentadas nos documentos recentemente liberados.
Ian Ridpath conversou com a Revista Vigília por e-mail e afirmou que os documentos apenas reforçam sua teoria. “A liberação dos arquivos do MoD sobre o caso não fizeram diferença para minhas conclusões, embora tenham possibilitado uma visão sobre como o MoD lida com relatos de UFOs e investigadores de UFOs. O conteúdo do arquivo pode fazer a diferença para aqueles que esperavam revelações sensacionais”, disse.
A Visão Alternativa de Vallee
Encarando o episódio sob uma ótica diametralmente oposta à do cético Ian Ridpath, o físico francês e famoso pesquisador ufológico Jacques Vallee também já comentou o caso. Em sua obra “Revelations: Alien Contact and Human Deception”, a conclusão é de que a história é uma farsa, mas muito mais complexa do que se poderia imaginar. Pressupondo real o relato transmitido à comunidade ufológica por Larry Warren, Vallee acha que tudo seguiu uma “pontuação teatral”, em seqüência perfeita, com uma série de convidados para observarem uma cena armada.
“Não é isto que costuma suceder quando um Ufo real aterrissa. Mas é, exatamente, a seqüência de ações que alguém pode esperar quanto às reações dos homens quando um estímulo pré-arranjado está sendo testado”, avaliou.
Para o pesquisador, cujas teorias mais recentes são vistas com cautela pelos pesquisadores de UFOs mais tradicionais, os militares americanos arregimentaram aparelhos ou uma coleção deles que se pareciam com discos voadores, destinados a testes psicológicos da arte da guerra. Segundo Vallee, eles estariam sendo ativamente empregados para testar militares. A especialização é tanta que, na sua opinião, pode-se controlar as experiências e conter as suas repercussões se há uma extrapolação da estória.
Outros Casos.
Mais casos nas proximidades da Floresta de Rendlesham, mas o que poucos sabem, mesmo dentro da Ufologia Mundial, é que o local foi palco de outros acontecimentos igualmente misteriosos.
Um deles aconteceu em 1983, no final de outubro, na vila de Hollesley. Essa localidade dista a poucos quilômetros de Rendlesham, e as testemunhas deste caso descrevem como observaram, à noite, um grande objeto triangular escuro pairando sobre a vila por cerca de 15 minutos. O UFO possuía luzes nos vértices que lançavam alternadamente flashes de luzes, e Ron Macro, uma das pessoas que viu o objeto, afirmou que as luzes se mantiveram fixas o tempo todo e eles ouviram um som agudo vindo do intruso. Outras testemunhas foram Pauline Osborne e Debbie Foreman, que dirigiam por Hollesley quando o UFO surgiu, e ao se aproximarem do ponto sobre o qual o objeto pairava o motor começou a falhar, as luzes do veículo a enfraquecer, e finalmente este deixou de funcionar. As pessoas de Hollesley cobraram uma explicação da RAF, porém não obtiveram resposta além da declaração do capitão McCollom, que afirmou: "Nada foi observado no radar, não posso dizer mais nada além disso".
Dez meses depois outro caso ainda mais estranho aconteceu, desta vez diretamente sobre a Floresta de Rendlesham. A ocorrência envolveu a tripulação de um pequeno avião Britten-Norman Trislander, que experimentou uma colisão com um objeto não identificado. A aeronave teve vários danos, felizmente não o suficiente para deixar a tripulação em perigo, que pôde aterrissar sem muita dificuldade. A própria Autoridade Civil de Aviação da Grã-Bretanha se envolveu no caso, e acabou liberando um relatório sobre o incidente de 24 de agosto de 1984. Está descrito como o avião enfrentou uma leve turbulência quando a tripulação sentiu um impacto. Foi constatado após o pouso que a hélice do motor da esquerda fora atingida, e um de seus pedaços chegou a penetrar na cabine e sair pela janela. Foram encontrados vários buracos na fuselagem e danos no motor e aileron. Três pedaços de metal que não faziam parte do avião foram encontrados, incluindo um pequeno cilindro magnético. O relatório termina com: "O UFO não foi identificado, e não há informação sobre sua natureza ou origem". É importante salientar que no relatório o termo UFO não foi utilizado como sinônimo de nave alienígena, mas chama atenção a colisão ter ocorrido justamente sobre a Floresta de Rendlesham.
O Código Binário Recebido por Jim Penniston.
Penniston teria se aproximado do objeto pousado o bastante para desenhar detalhes em um bloco de anotações. Ele teria desenhado símbolos estranhos que vira na fuselagem do objeto e, segundo ele, pareciam-se com hieróglifos.
Além disso, ele teria também tocado o objeto. Ao tocá-lo, ele surgiram uma série de zeros e uns em sua cabeça – aparentemente sem sentido algum. Ao tirar a mão do objeto, a “mensagem” terminou. Após isso, o objeto decolou e foi embora.
Penniston ficou atordoado pela sequência de números e se sentiu compelido escrevê-la. Os números “aparentemente sem sentido” são códigos binário.
As páginas com o código permaneceram em segredo por trinta anos. Em outubro de 2010, junto ao History Channel, Penniston confiou o código ao programador Nick Ciske. O código foi decifrado conforme a tabela ASCII (American Standard Code for Information Interchange, Código Padrão Estadunidense para o Intercâmbio de Informação), uma codificação de caracteres de oito bits.
Aqui a mensagem decifrada:
52° 09′ 42.532″ N
13° 13′ 12.69″ W
“Exploração da contínua da humanidade para o avanço interplanetário”.
É claro que a interpretação do código levantou um grande debate entre os conhecedores do assunto e até numerólogos. Alguns fizeram conversões diferentes e tiraram suas próprias conclusões sobre “uma mensagem sobre o futuro da humanidade”.
Alguns especialistas extraíram algoritmos de círculos em plantações para criar imagens a partir do código de Penniston. As imagens parecem mostrar seres bípedes ou animais. Por serem de resolução extremamente pequena, acabam sendo muito subjetivas e abertas a interpretações.
As coordenadas correspondem a uma ilha submersa na costa oeste do Reino Unido, conhecida como a ilha do Brasil (Hy Brasil) ou a lendária Ilha de São Brandão.
A partir de meados do ano 1300 e por mais de cinco séculos circularam na Europa boatos a respeito de uma ilha mágica – Brasil, Hi-Brasil, Hy-Brazil, Brasile, etc -, com cidades cobertas de ouro e natureza exuberante, uma espécie de Jardim do Éden ou Xangrilá. Ela apareceu em alguns documentos até 1870.
Vários mapas mostravam situavam a ilha no Atlântico Norte, geralmente próximo à Irlanda. Expedições da França e da Inglaterra partiram em busca desta terra maravilhosa e voltaram de mão vazias. Era crença, na época, que ela surgia apenas de sete em sete anos; outros diziam que ficava oculta dos olhos humanos pela neblina; e poucos achavam que ela simplesmente não existia.
Em 1675, entretanto, o respeitado navegador Capitão John Nisbet relatou que em setembro de 1674, retornando da França para a Irlanda, encontrou acidentalmente a fabulosa Ilha de Hi-Brasil, após atravessar um espesso nevoeiro.
A notícia se espalhou e todos queriam sair em busca da terra paradisíaca, mas logo um certo Mathew Calhoon deu entrada numa petição oficial ao Rei Charles I reclamando a posse da Ilha de Hi-Brasil. Não ficou claro em que bases Mathew pleiteava o território, mas prevaleceu o bom senso e foram assegurados os direitos do verdadeiro descobridor daquela terra, o Capitão Nisbet. Mas isto pouco importou, porque a ilha jamais voltou a ser encontrada.
Várias ilhas “misteriosas” no Oceano Atlântico foram identificadas e hoje são pontos geográficos comuns em nossos mapas, como ocorreu com a mística Saint Bredan. A Ilha de Hi-Brasil, entretanto, não foi localizada. Considera-se hoje que ela nunca existiu ou foi uma formação vulcânica temporária que fumegava e produzia o citado nevoeiro, derramando lava em brasa – daí viria o nome “brasil”. Embora especuladores e até algumas seitas queiram vincular esta ilha ao nosso país, cientificamente não existe qualquer relação.
Mapas que mostram a Ilha de Hi-Brasil: Dalorto de 1325, Catalão de 1350, Pizigani de 1367, Canepa de 1489, Gutierrez de 1562, Wagenhaer de 1583, Mercator de 1595, Magini de 1597, Blaeu de 1617 e diversos outros.
Um Verdadeiro Arquivo X em Aberto.
Não há dúvidas sobre um ponto importante a respeito do incidente em Rendlesham. Ao contrário do também famoso caso Roswell, trata-se de um episódio extremamente bem documentado e com muitas testemunhas ainda vivas. Mesmo assim, isso não foi suficiente para chegar a uma comprovação definitiva.
Tomar literalmente a teoria cética de um de seus maiores críticos, Ian Ridpath, pareceria zombar da maior parte dos militares envolvidos. Eles já deveriam estar acostumados às luzes do farol de Oxford Ness, e provavelmente até com as marcas feitas pelos lenhadores nas árvores. E há também um problema quanto à conclusão – contrária à de Ridpath – à qual chegou a investigação oficial do MoD acerca da radioatividade.
O fato de o Ministério da Defesa não ter conseguido acesso às fitas de radar, às fotografias e em nenhum momento aparecerem, nos arquivos liberados, transcrições da tomada de depoimentos das testemunhas – procedimento padrão em qualquer organismo militar –, continua conferindo à história ares conspiracionistas, a despeito dos indícios de erros administrativos que possam ter se sucedido no intrincado episódio.
Dessa forma, talvez precisemos – como em Roswell – de mais algumas décadas para montar todas as peças desse complicado quebra-cabeça.
Fontes. 185 de 186
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