sábado, 14 de dezembro de 2019

Dossiê História Oculta #008. O Continente Perdido de Lemúria.

Há duas histórias: A Oficial, que é mentirosa, e a Verdadeira, que é secreta.
Honoré de Balzac.

Lemúria é um dos continentes extintos, considerados por muitos como o paraíso perdido, semelhante a Atlântida, outro continente perdido. Até hoje, historiadores, antropólogos, geólogos, biólogos entre outros estudantes e cientistas, fazem especulações se realmente existiu tal terra desaparecida.

Assim, Lemúria virou muito mais que um mito, uma possibilidade teórica sobre hipóteses do segredo da formação das civilizações no mundo. A noção de Lemúria surgiu primeiro aos cientistas da metade do século 19, quando o grande entusiasmo pelos novos métodos de classificação e análise biológica apareceu para revelar algumas coincidências estranhas.

A palavra Lemúria foi tirada do termo lêmure, e se refere aos que têm habitat limitado com a África, Sul da Índia e Malásia; animais pré-históricos que na Idade Eocena provavelmente habitaram todo o Hemisfério Norte. Assim, a área que Lemúria deve ter ocupado entende-se o arquipélago malásio, através da costa Sul da África até Madagascar.

Alguns acreditam que Lemúria poderia ter sido "o berço da raça humana". Essa especulação ajusta-se às teorias contemporâneas sobre como a humanidade se espalhou por todo o mundo, numa série de migrações. A partir dessa teoria, criou-se o mito que Lemúria poderia ter sido o Éden, o Paraíso perdido, onde a humanidade surgiu. A ideia foi então adotada pelos ocultistas da época e consequentemente foi incorporada à cultura pop.

Evolução da Ideia.

Originalmente, a Lemúria foi concebida como uma ponte de terra, agora submersa, o que levaria em conta certas descontinuidades na biogeografia. Essa ideia tornou-se obsoleta pelas teorias modernas da tectônica de placas. Continentes submersos como Zelândia no Pacífico, Mauritia e o Planalto de Kerguelen no Oceano Índico existem, mas nenhuma formação geológica sob os oceanos Índico ou Pacífico conhecida poderia ter servido como uma ponte de terra entre continentes.


Origens Científicas.
  • Postulação.
Em 1864, a obra Os Mamíferos de Madagascar, do zoólogo e biogeógrafo Philip Sclater, apareceu no The Quarterly Journal of Science. Usando uma classificação que ele chamou de lemuróideos, que incluí grupos de primatas relacionados, e intrigado com a presença dos fósseis destes animais tanto em Madagascar quanto na Índia, mas não na África ou no Oriente Médio, Sclater propôs que Madagascar e Índia já teriam feito parte de um continente maior (ele estava correto nisso, embora na realidade fosse o supercontinente Pangea).

As anomalias da fauna de mamíferos de Madagascar podem ser melhor explicadas supondo-se que ... um grande continente ocupou partes dos oceanos Atlântico e Índico ... que este continente foi dividido em ilhas, das quais algumas se amálgama ... África, alguns ... com o que é hoje a Ásia; e que em Madagascar e nas Ilhas Mascarenhas temos relíquias existentes deste grande continente, para o qual ... eu deveria propor o nome Lemúria!
  • Paralelos.
A teoria de Sclater não era incomum para o seu tempo; "pontes de terra", reais e imaginárias, fascinaram vários contemporâneos de Sclater. Étienne Geoffroy Saint-Hilaire, também observando a relação entre os animais na Índia e em Madagascar, sugeriu um continente meridional cerca de duas décadas antes de Sclater, mas não deu um nome a ele.

Cultura Popular.

A ideia da Lemúria foi subsequentemente incorporada na filosofia da Nova Era da teosofia e, subsequentemente, na crença geral marginal. Os relatos da Lemúria aqui são diferentes. Todos compartilham uma crença comum de que um continente existiu nos tempos antigos e afundou sob o oceano como resultado de uma mudança geológica, muitas vezes cataclísmica, como a mudança dos polos, que tais teóricos antecipam irá destruir e transformar o mundo moderno.
  • Espiritismo.
No livro A Caminho da Luz, do autor espiritual Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier em 1938, no seu capítulo V, que trata da Índia, onde o autor fala dos Arianos Puros, cita o antigo continente da Lemúria, que teria sido arrasado, em parte pelas águas dos Oceanos Pacífico e Índico, e de cujas terras ainda existem porções remanescentes como a Austrália. Ainda na mesma obra, no capítulo IX, que trata das grandes religiões do passado, o autor menciona grandes coletividades que floresciam na América do Sul, então quase ligada a China pelas extensões da Lemúria.

Considerando-se essas informações, levanta-se a hipótese de os vestígios remanescentes da antiga Lemúria serem, o que se conhece na configuração geológica atual, como as porções do continente Australiano, as diversas ilhas da Indonésia, Malásia, Filipinas, estendendo-se mais ao norte, Taiwan, aproximando-se da China pela mesma placa continental. Estendendo-se para o leste e para o sul, temos o vasto continente submerso da Zelândia que no passado foi ligado a Austrália e ao sul à Antártida, sendo a Antártida num passado remoto, ligada a América do Sul. A mesma obra ainda cita a Atlântida, no seu capitulo III, ao se referir as grandes migrações das raças adâmicas, onde informa que após estabelecerem-se na Asia, atravessam o istmo de Suez, onde se estabelecem na região do Egito e posteriormente encaminhando-se igualmente para a longínqua Atlântida, de que varias regiões da América guardam assinalados vestígios. Ainda cita no capitulo IX de maneira clara que a Atlântida era ligada à America do Norte, e esta por sua vez ligava-se a China.
  • Na Ufologia.
A Lemúria surgiu como teoria científica na segunda metade do século XIX, propondo a ideia de que um continente perdido antes existira no Oceano Índico ou no Pacífico. A teoria foi totalmente desacreditada quando ficou comprovada a existência das placas tectônicas e da deriva dos continentes, embora certas correntes místicas ainda defendam sua existência, berço de uma civilização primordial muito avançada. O mito da Lemúria, entretanto, ressurgiu em tramas publicadas a partir de 1945 na revista Amazing Stories. O editor e escritor de ficção científica Ray Palmer recebeu a carta de um homem alegando que havia decifrado uma antiga linguagem, e o editor escreveu ao autor da carta, Richard Sharp Shaver, pedindo esclarecimentos.

Richard Shaver, morador da Pennsylvania, respondeu prontamente, alegando ter realizado essa e outras descobertas a respeito dos mistérios do mundo, escutando mentalmente as comunicações de seres vivendo em extensas cavernas nos subterrâneos da Terra. Shaver não era um bom escritor, mas Palmer sentiu o potencial das histórias e os dois passaram a construir uma narrativa juntos. A história foi finalmente publicada na edição de março de 1945 de Amazing Stories, sob o título I Remember Lemuria (Eu Lembro de Lemúria). O sucesso foi estrondoso, levando Palmer e seus colaboradores a, sempre se baseando no relato de Shaver, prosseguir com a publicação de muitas sequências para essa história. Shaver sempre assegurou que suas comunicações com seres dos mundos subterrâneos eram reais, o que deu uma enorme contribuição para a popularidade das tramas, coletivamente reunidas sob o título de O Mistério de Shaver.

A publicação de Ray Palmer recebia poucas dezenas de cartas por mês, e com a publicação das histórias de Shaver as correspondências chegaram a 50.000. Além disso, muitos dos leitores passaram a narrar suas próprias experiências estranhas, como a de uma mulher que, servindo na França durante a Segunda Guerra Mundial, se encaminhou aos subterrâneos de um velho edifício pelo elevador. Ela alegou ter sido capturada por criaturas monstruosas que viviam em profundas cavernas, sendo libertada por entidades benignas e muito semelhantes aos seres humanos. O escritor Harlan Ellison aparentemente se inspirou nesse estranho relato para escrever o conto The Elevator People (O Povo do Elevador), no qual descrevia como havia centenas de prédios nos Estados Unidos cujos elevadores iam mais fundo que o porão destes. Ellison, contudo, era crítico das histórias do Mistério de Shaver e da insistência de Palmer em publicá-las. Shaver, em seus relatos, diferenciava os habitantes do submundo em dois grupos, os maléficos Deros e os benignos e semelhantes aos humanos Teros.
    A edição de março de 1945 trouxe a primeira
    das histórias de Richard Shaver
  • O Mistério de Shaver e os Discos Voadores.
O próprio Ray Palmer ficou curioso quanto à insistência de Richard Shaver em qualificar seu relato como totalmente factual, e finalmente decidiu visitá-lo na Pennsylvania. Após a refeição Shaver convidou o editor a ficar em um dos quartos, porém este depois alegou que, ao longo da noite e da madrugada, ouviu vozes falando sobre o assassinato de uma mulher. Palmer alegou que conseguiu distinguir cinco vozes, de homens, mulheres, crianças e de um homem velho e rude, e escutou menção ao fato de tudo isso ocorrer a mais de 6 quilômetros abaixo do solo. Palmer ficou aterrorizado e, quando contou a Shaver sobre a experiência, este comentou que pedira ao seres para não incomodá-lo muito. Palmer depois alegaria que a experiência o havia convencido da realidade dos contatos de Shaver. As dúvidas quanto à sanidade de Richard Shaver foram diminuindo progressivamente o interesse em suas histórias, e Palmer passou a se dedicar ao estudo dos discos voadores após o avistamento de Kenneth Arnold em 24 de junho de 1947. Palmer esperava conseguir provar as experiências de Shaver pelo estudo ufológico, defendendo que os UFOs viessem dos subterrâneos do planeta. Contudo, logo essa ideia entrou em desuso, e o Mistério de Shaver permanece como uma curiosidade para os estudiosos.

Fontes.                                                                                                                                            174 de 186

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lem%C3%BAria       

https://brasilescola.uol.com.br/mitologia/lemuria-mito-paraiso-perdido.htm

https://ufo.com.br/noticias/o-misterio-da-lemuria-e-sua-repercussao-na-ufologia-e-na-ficcao.html

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