domingo, 22 de dezembro de 2019

Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil. Comadre Fulôzinha

Dizem que ela é uma caboclinha ágil, com olhos escuros e vivos, de longa cabeleira negra. Quando quer, sabe ser muito malvada!

Comadre Fulozinha é uma criatura do folclore brasileiro. Seu nome deriva provavelmente da pronúncia regional de Comadre Florzinha Comadre Fulozinha, ou Cumade Fulôzinha e ela é muitas vezes confundida com a Caipora, sendo ambas consideradas uma variação da mesma lenda. Em alguns lugares, acredita-se que ambas sejam o mesmo ser.

A Comadre pode assustar quem esteja andando a cavalo na mata sem lhe deixar uma oferenda. Ela amarra o rabo e a crina do animal de tal forma que ninguém consegue desatar os nós. A ela também são atribuídos "causos" semelhantes contados pelos anciãos das regiões rurais, onde os rabos dos cavalos no estábulo amanhecem amarrados da mesma maneira. Em algumas regiões também é conhecida como uma entidade que protege a floresta, daí sua semelhança com a Caipora.

Segundo alguns, no entanto, ela não gosta de ser confundida com esta, dando em quem as confunde uma surra com urtiga, uma planta que causa muita coceira, ou com seus longos cabelos. Até hoje são comuns relatos de pessoas que presenciam suas aparições nas zonas de floresta.

No culto da Jurema na Paraíba ela é considerada uma entidade divina e tem caráter ambíguo, agindo para o mal e para o bem.

Representação.

Segundo a lenda, Comadre Fulozinha é o espírito de uma cabocla de longos cabelos negros, que lhe cobrem todo o corpo. Ágil, vive na mata defendendo animais e plantas contra as investidas dos destruidores da natureza. Gosta de receber presentes, principalmente papa de aveia, confeitos, fumo e mel. Quando agradada, logo faz que a caça apareça para quem lhe ofereceu o agrado e permite que este consiga sair da mata, alguns idosos afirmam conversar com ela.

Tem personalidade zombeteira, algumas vezes malvada, outras vezes prestimosa. Diz-se que corta violentamente com seu cabelo aqueles que a mata adentram sem levar uma quantidade de fumo como oferenda e também lhes enrola a língua. Furtiva, seu assovio se torna mais baixo quanto mais próxima ela estiver, parecendo estar distante. Ela também gosta de fazer tranças e nós na crina e no rabo dos cavalos. Somente ela os consegue desfazer, se for agradada com fumo e mel.

Outros contam que a Comadre Fulozinha era uma criança que se perdeu na mata quando ainda era pequena e morreu procurando o caminho de volta para casa. Seu espírito passou a vagar pela floresta em busca do caminho de volta.

Se me chamar de Florzinha ou Caipora o bicho pegar pro seu lado. Créditos: Gustavo Santiago.
Outro conselho importante: não é nada bom de invocá-la clamando por “Comadre Florzinha” – aparentemente ela não gosta dessas formalidades. E evite a todo custo chamá-la de “caipora”, pois ela parece ficar bastante irritada quando confundida com outra assombração da floresta. A Cumade detesta criança malcriada, cheia de manha e pantim e pode fazer todo tipo de presepada com os jovens que não respeitam os mais velhos.

Existem relatos de que ela castiga meninos e meninas teimosos e maluvidos que vagam pelas matas, fazendo no cabelo deles as mesmas tranças que faz nos pelos dos animais domésticos. E não é só isso: conta-se que Fulôzinha já puniu uma garota que xingou a mãe colocando-a em cima do telhado da casa da família, de onde a danada só conseguiu descer depois de muito choro e pedidos de desculpa.

E de onde veio a Cumade Fulôzinha? Em alguns lugares do interior de Pernambuco, pessoas acreditam que ela já foi uma menina de carne e osso. De acordo com essa versão, muito nova, Fulôzinha ficou órfã de mãe e passou a sofrer com os maus tratos do pai. Ele bebia muito e a espancava sempre sem motivo.

Certa vez, ao chegar em casa com fome e embriagado, não encontrou a filha e nem a comida pronta. A menina havia ido passear pelo mato, como fazia todos os dias. Adorava sentar na campina e passar horas fazendo e desfazendo tranças nos seus enormes cabelos. Admirava a beleza dos animais e por eles sentia grande amor e carinho. Não gostava de imaginar que existissem pessoas capazes de fazer mal a tão inocentes criaturas. Ao retornar para casa, encontrou o pai que a aguardava. Percebeu de ódio nos olhos dele e tentou fugir, mas não conseguiu.

Ele bateu até ela desfalecer e a enterrou viva no meio do mato. Depois dessa morte violenta, o espírito da menina não teve mais sossego, e muito fez para perturbar o pai com várias manifestações fantasmagóricas. Tanto que ele acabou se matando. Mesmo assim, o fantasma jamais conseguiu a paz desejada, pois sabia que havia se deixado tomar pelo mesmo ódio que a levou à morte. Então, como uma forma de se redimir pelo seu erro, jurou proteger os animais da mata de qualquer caçador que só quisesse se divertir à custa dos bichos.

Fontes.                                                                                                                                            179 de 186

https://pt.wikipedia.org/wiki/Comadre_Fulozinha

https://www.orecifeassombrado.com/assombracoes/tenha-medo-da-cumande-fulozinha/

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