terça-feira, 8 de maio de 2018

O Caso Barra da Tijuca.

OVNI é um estímulo visual que provoca um relato, por um ou mais indivíduos, de alguma coisa vista no céu e que o observador não identifica como tendo uma origem natural ordinária, parecendo suficientemente enigmática a ponto de comprometê-lo a fazer um relatório a polícia, autoridades do governo, para a imprensa, ou a representantes de organizações civis devotadas ao estudo desses objetos. Essa é a definição acadêmica para OVNI, expressa no Relatório Condon, produzido por um grupo de pesquisadores da Universidade do Colorado, sob direção científica do físico nuclear Dr. Edward Condon e financiado pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Foi endossado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

A grande enciclopédia dos OVNIs e relacionados chegou em Maio. E a 2° Postagem deste mês e de um caso fantástico, classificado na Escala Hynek de um CE I (Contato Imediato de 1° Grau): O Caso Barra da Tijuca.

Neste mundo existe Normas, Convenções que determinam sobre alguns assuntos em específicos. Existem para tudo e para todos. Normas que regulamentam um evento, seja suas regras ou acordos.

O nascimento da Ufologia Brasileira (por essas normas discutidas e debatidas por pesquisadores) Deu se no dia 08.05.1952. Assim como a Ufologia Mundial, que nasceu a partir do avistamento de Kenneth Arnold em 24 De Junho de 1947, a Brasileira nasceu do Caso Barra da Tijuca.

1° Disco Voador No Brasil.(#SQN)

Relatos de Discos voadores no Brasil são bem anteriores a 1952, Durante o Brasil Império, temos o Caso Levenger (Vai ter Post) de 1846 e Durante os primeiros anos da República, Ubirajara Franco Rodrigues (Famoso Ufólogo do Caso Varginha) encontrou um relato de 1899 em um antigo livros de Registro de uma fazenda. Foi de Fato mesmo, depois da Onda de 1947, principalmente relacionada ao Caso Roswell, que os pratos que voam se tornaram populares (Mesmo havendo um esfriamento do caso na época, sendo redescoberto 30 anos depois).

Em 17 de Maio de 1952, a Extinta revista o Cruzeiro trazia em um encarte com o Título Bastante chamativo: "EXTRA. Disco Voador na Barra da Tijuca".

O texto abaixo do Titulo informava:
"O Cruzeiro apresenta, num furo jornalístico espetacular, a mais sensacional documentação jamais conseguida sobre o mistério dos discos voadores. O estranho objeto veio do mar, com enorme velocidade, e foi visto durante um minuto, de cor cinza-azulado, absolutamente silencioso, sem deixar rastros de fumaça ou de chamas. Relato completo da fascinante aparição na Barra da Tijuca".  
Reportagem de Ed Keffel e João Martins. 

Mais abaixo, do lado esquerdo das fotos de Ed Keffel e João Martins, de terno e gravata, o texto informava: "Fantástico mas real! O disco voador sobrevoando a Pedra da Gávea, vendo-se a sua parte inferior".

A edição saiu em 08 De Maio de 1952, mas a data da capa constava 17 De Maio de 1952, o que é comum, até nos dias de hoje, lançar as revistas nas bancas com data futura.

(Data de Cobertura como vimos em Um Presente Para O Homem Que Tem Tudo. 1° Parte.)

Além dessa edição, a revista "O Cruzeiro" escreveu sobre esse caso por diversas vezes, como em 02 De Novembro de 1954, 16 De Novembro de 1957, 31 De Outubro de 1959 e 12 De Dezembro de 1973. Jornais e revistas ao redor do mundo também publicaram o conteúdo da revista. Diversos boletins ufológicos também publicaram o fato, tais como a APRO e a Inforespace. Em outras palavras, as fotos de Ed Keffel e João Martins talvez foram as mais publicadas em toda a história da Ufologia.

O artigo informa que, em 07 De Maio de 1952, entre 16:00 e 16:30 horas, os repórteres Ed Keffel e João Martins estavam na Barra da Tijuca fotografando casais apaixonados.

Em 12 De Dezembro de 1973, a revista, em um artigo escrito por Júlio Bartolo, informava que os repórteres estavam na Barra da Tijuca localizando um estrangeiro que se parecia com Hitler. (A Teoria de Hitler no Brasil vem desde aquela época) Um outro artigo menciona que eles estavam atrás do foragido Luis Carlos Prestes. Aí já começam as divergências sobre este caso, sobre o que eles estavam fazendo no local.

Saíram por volta das 12:00 horas. Por volta das 13:00 horas, atravessaram a pequena laguna no barquinho "Piaba". Ed Keffel e João Martins chegaram no Bar do Compadre, de propriedade de Antônio Teixeira, na Ilha dos Amores, na Barra da Tijuca.

Almoçaram camarões. Por diversas vezes, se levantaram para acompanhar as acrobacias da esquadrilha da Força Aérea Brasileira. Depois sentaram na areia e ali ficaram conversando. Por volta das 16:00 horas, em um certo instante, um disco voador apareceu vindo do mar. João Martins pediu para o Ed Keffel bater as fotos. A primeira foi contra o Sol. A segundo acima do morro Dois Irmãos. A terceira na Pedra da Gávea. A quarta sobre o morro que desce para o mar, onde tinha uma Palmeira. A quinta e última, o objeto retorna para o mar, tendo no fundo as ilhas Alfavaca e Pontuda.
Plotando isso em um mapa (ao lado), podemos verificar que o objeto fez um círculo quase que perfeito ao redor dos dois repórteres .Veio do mar e retornou para o mar. Era totalmente silencioso. Tudo durou aproximadamente um minuto.

Eles ligaram para a redação e informaram o fato. Ainda procuraram por testemunhas, mas nada. O pescador Claudionor, o Nonô, nada vira. O dono do bar, também. Dois casais que ali estava comendo camarões também nada viram. Voltaram correndo para a redação. João Martins dirigiu o carro a "mil por hora". Esperaram uma "eternidade", aguardando a revelação do filme. Os diretores Leão Gondim de Oliveira e Accioly Netto, José Amádio, Milton D’Ávila, Ari Vasconcelos, a turma do laboratório, todos compartilhavam da nossa ansiedade. E quando por fim o filme foi tirado do fixador, e lá na película surgiram as imagens do disco, o entusiasmo foi geral. A imediata ampliação dos negativos veio confirmar nosso relato, sem possibilidade de dúvidas. Até o adido da Aeronáutica da embaixada americana, o coronel Hughes, estava aguardando a revelação. Finalmente lá estava o disco voador documentado em cinco fotos. Mandaram parar as máquinas e fizeram rapidamente um encarte extra. Não houve tempo para mudar a capa.

A notícia explodiu rapidamente. Em 08 De Maio de 1952, as rádios e TVs (Sim, Tvs, foram nos anos 50 que elas foram introduzidas no Brasil) noticiavam para todo o Brasil o feito dos repórteres. A redação de O Cruzeiro foi a loucura.

A Era dos Discos Voadores no Brasil.

O 08 De Maio de 1952 ficou na História da Ufologia Brasileira, foi um Marco, pois diferente da Mundial (Kenneth Arnold) que contou com um relato, Está tinha fotos nítidas, além de uma chancela de fazer os Norte-Americanos ficar com Inveja. Na Redação do Cruzeiro, além de contar com o corpo de Repórteres, tinha:
  1. O Ministro da Guerra, General Ciro do Espirito Santo Cardoso;
  2. O Chefe da Casa Militart da Presidência, O General Aguinaldo Caiado de Castro;
  3. Os Majores Arthur Peralta e Fernado Hall;
  4. O Capitão Múcio Scevola;
  5. E o técnico em fotografias Raul Alfredo da Silva, todos do Estado Maior da Aeronáutica 
Querem Argumento da Autoridade maior do que este?! Como no Bom Internetês Só Que Não!

Assim a notícia foi para as bancas de jornais. A revista esgotou rapidamente. Nos dias seguintes, alguns Oficiais da Aeronáutica, chefiados e orientados pelo Coronel. João Adil de Oliveira, (No ano de 1954, foi designado pelo Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Eduardo Gomes, para chefiar a primeira "Comissão de Investigação sobre os Discos voadores" criada no Brasil) estiveram o local e os repórteres fizeram as fotos, e com o auxílio de dois modelos, tentaram reproduzir a mesma sequência de Keffel, utilizando tampas, calotas e discos de Papelão. (No final de 2008 os documentos gerados nesta investigação finalmente tornaram-se desclassificados e podem ser acessados no link Abaixo ↓)

Esta investigação da FAB indiretamente deu origem às primeiras controvérsias em torno do caso. No dia em que estes agentes estiveram no local fazendo os testes, repórteres estrangeiros estiveram no local entrevistando os pescadores que mencionaram a presença dos militares fazendo testes com réplicas de papelão e tampas de panela. Os repórteres publicaram a notícia de que tudo era falso. Como não houve manifestação imediata dos autores da foto a polêmica aumentou.

Se as fotos do Caso Barra da Tijuca deram a volta ao mundo, também o mesmo aconteceu com a veracidade das mesmas. Muito se questionou as divergências das sombras, no objeto e na paisagem. O próprio diretor Leão Gondim de Oliveira contratou o perito Carlos de Melo Éboli, da Polícia Técnica, para a elaboração de um laudo técnico. Realmente, as sombras eram divergentes.

Em janeiro de 1955, a revista Ciência Popular n° 76, divulgou que as fotos eram falsas. Em outubro de 1957, na n° 109, da mesma revista divulgou novamente a mesma coisa (enviado por Rodolfo Heltai). O texto foi publicado assim:

"Aqui no Brasil, 'O Cruzeiro', sem favor, uma das mais esplêndidas revistas no gênero, inclusive pelo seu quadro de excelentes jornalistas, durante várias semanas, também explorou tais fotografias, desta feita obtidas na Barra da Tijuca por dois de seus repórteres, os Srs. João Martins e Ed Keffel. Fotografias completamente falsificadas, como afirmamos em nossa edição de janeiro de 1955 (Ciência Popular nº 76), e agora tornamos a declarar".

"Para nós, 'O Cruzeiro', após despertar a curiosidade de seus inúmeros leitores, iria mostrar como conseguiria falsear a verdade, e assim pôr um ponto final nessa mania de 'discos voadores'. Mas aconteceu o imprevisto, é o que supomos, com a entrada em cena de alguns Oficiais da Aeronáutica, exatos cumpridores de seus deveres, magníficos pilotos, mas jejunos inteiramente em conhecimentos científicos".

"Para esses oficiais, a reportagem de 'O Cruzeiro' calhara às mil maravilhas. E eles deitaram conferências, deram entrevistas e até foram à Campinas recolher um estanho desconhecido aqui na Terra, segundo parecer de um 'químico' campineiro, que com as asnices que proferiu apenas patenteou nada entender de sua especialização. Só assim se explica que tenha 'O Cruzeiro' permanecido num embuste tão grosseiro, que não o perceberam apenas os tolos e os incultos".

"Temos plena convicção do que afirmamos, porque essas fotografias falsificadas de 'O Cruzeiro' foram feitas na presença de amigos nossos, pessoas de grande valor moral, e que os repórteres consideraram simples pescadores. Os nossos amigos lá estavam na Barra da Tijuca, naquela ocasião, não a pescar, mas satisfazendo um hobby".

O Dr. Olavo Fontes (Vide Caso Villas-Boas), médico e ufólogo enviou o artigo original da Revista O Cruzeiro e as respectivas fotos para a APRO (entidade de pesquisa ufológica americana muito ativa na época) e estas acabaram sendo incluídas no relatório Condon.

O Relatório Condon, criado para analisar relatos de UFOs e encabeçado pelo físico da Universidade do Colorado, Edward Condon, investigou o Caso da Barra da Tijuca. O relatório, que foi solicitado pela Força Aérea Norte-Americana (USAF) e foi publicado em 1968, só atentou para a fraude em uma foto. Nesta foto (a quarta) aparece além do UFO no céu, uma palmeira na paisagem que serviu como referencial para se estudar a fotografia. Nela, a iluminação do UFO está para o lado direito e a palmeira abaixo e sua vegetação circundante estão com a iluminação para o lado esquerdo. A posição da sombra no UFO nesta foto só seria possível se o Sol estivesse dentro do mar.

Ou seja, para que isto acontecesse era necessário que houvesse dois Sóis em pontos diferentes. 

Em dezembro de 1981, em correspondência com Carlos Alberto Reis, William H. Spaulding, diretor da extinta organização ufológica GSW (Ground Saucer Watch), informou que já tinha analisado as fotos de Keffel e que as sombras eram completamente divergentes, principalmente na quarta foto, que apresenta distorção atmosférica em seu ambiente, onde aparece uma palmeira, sendo que o ambiente foi iluminado da direita para a esquerda, quase que de frente, com o Sol ligeiramente deslocado e o objeto foi iluminado da esquerda para a direita. A GSW também descobriu que a vegetação está ao longe e o UFO está próximo da câmera, acusando que na verdade o propalado disco voador não era nada mais do que um modelo de pequenas dimensões.

Conclusão: foi usado um modelo de aproximadamente 40 centímetros de diâmetro. Carlos Reis publicou essa matéria na revista Planeta, nº 138-C, em março/84. Novamente a polêmica voltou à baila, tendo de um lado os defensores da autenticidade e do outro os defensores da fraude.


Na época da publicação do Relatório Condon, o falecido ufólogo Olavo Fontes tentou explicar a incongruência da iluminação dessa quarta fotografia ao afirmar que umas galhas da palmeira estavam quebradas e, dessa forma, faziam uma sombra em seu tronco do outro lado. Segundo ele, a sombra da palmeira era divergente da do UFO porque na verdade essa galha estava criando uma sombra particular. O jornalista João Martins, protagonista do caso junto com o fotógrafo Ed Keffel, tentou explicar que os ventos vindos do mar tinham clareado um lado do tronco da palmeira - devido ao salitre - e dessa forma a sombra do lado oposto em verdade não era sombra, mas uma área mais escura. Estas afirmações de certa forma seriam até aceitáveis para investigações preliminares, mas está no próprio Relatório Condon, como se explica todo o resto da vegetação que tem iluminação divergente da do UFO?

Fraude.

Claudeir Covo, Ufólogo e Engenheiro Eletrônico,
Combateu ferrenhamente Farsas e Embustes no Campo
Ufológico, mesmo que tais casos seja clássicos
Fraude e Ufologia podem ser comparados a Gêmeos Siamenses. Não e apenas uma arrumação jocosa de palavras, é de fato uma constatação. No meio cético (considerando alguns mais radicais), que imputam paranoias governamentais e contatos via telefone procurando por Bina em todos os casos, as fraudes são sempre mencionadas quando se quer desbancar um estudo aprofundado sobre o assunto, e como dito tempos atrás em outro Post do por que a Ufologia ainda está minada no Campo da Pseudociência, são as centenas de Fraudes que e presente no mesmo.

O Caso Barra da Tijuca divide de certa formas os ufólogos. De um lado existe os defensores (ou Team #EuQueroAcreditar) que via as provas como genuínas grande em parte levada a emoção e Zeitgeist da Época. Do outro os contestadores (ou Team #IssoéUmaFraude) da qual leva luzes da razão para esses clássicos casos. (Vide Caso da Ilha Trindade)

Para adicionar um tempero amargo neste Contestado Ufológico, o falecido Ufólogo Paulista Claudeir Covo (1950 - 2012) do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA) conseguiu provar que o caso era na verdade uma farsa. 32 anos (07 De Maio de 1984) depois do evento envolvendo protagonizado por Ed Keffel e João Martins, que ao baterem suas fotos, assinou a certidão de nascimento da Ufologia Brasileira, Claudeir Covo preparou um modelo, em escala, e viajou para a Barra da Tijuca. O local estava bem diferente, mas os referenciais ainda estavam lá. Trinta e dois anos depois, no mesmo mês, no mesmo dia, no mesmo horário, no mesmo local e na mesma posição, para ter certeza do Sol estar na posição correta.

Em seu experimento suas dúvidas foram sanadas, as sombras geradas pela luz do Sol no ambiente e no objeto são divergentes. Primeiro foi fotografado o ambiente, depois foi sobreposta a imagem do objeto, ou vice-versa. O objeto, provavelmente, foi iluminado por iluminação artificial.

Assim, Claudeir iniciou um longo estudo, analisando não só as sombras divergentes, mas o que deve ter acontecido desde que João Martins e Ed Keffel tiveram a ideia de fabricar tais fotos.

Pessoas do laboratório fotográfico da revista "O Cruzeiro" informaram que a dupla passou aproximadamente um mês, indo e voltando à Barra da Tijuca, bolando como iriam "fabricar" tais fotos. Tudo isso com o conhecimento da diretoria. O João Martins é que foi o mentor desse plano. 
Muitos disseram que a revista estava com a vendagem muito baixa e por isso resolveram lançar essa "bomba", para aumentar a vendagem. Outros disseram que "O Cruzeiro" fez a brincadeira para depois mostrar a realidade ao público, mas como alguns oficiais da Aeronáutica entraram e endossaram a autenticidade das fotos, a revista resolveu assumir a publicação na íntegra, da forma que foi publicada. O próprio João Martins disse a um amigo que tudo foi uma brincadeira e nunca imaginou a grande repercussão do caso.
Ed Keffel tinha na sua máquina fotográfica, uma Rolleiflex, um filme com doze poses. 
Nas seis primeiras poses, Keffel fotografou dois elementos do Hotel onde estava residindo (duas fotos), uma paisagem (uma foto), um aspecto de um companheiro da redação (uma foto), um casal de namorados (uma foto) e o dono do restaurante (uma foto). Na sétima foto, batida pelo dono do bar, no local onde apareceu o "disco voador", aparecem os dois repórteres almoçando (SIC). Nas cinco últimas fotos aparece o "disco voador". 
Para começar entender a trama, é necessário ver as fotos sem cortes. As fotos foram publicadas, diversas vezes, com cortes. Em quase todas as cinco fotos, temos da metade para baixo algo conhecido e da metade para cima o céu limpo com o "disco voador". Isso é típico de fotomontagens. É a grande maioria das fotomontagens ufológicas utiliza a metade da foto de cima com o céu limpo e sem nuvens



Como passaram praticamente um mês estudando o local, bem como fizeram várias experiências com modelos em laboratório, é muito provável que antes fotografaram o modelo e depois foram para o local fotografar o ambiente. Como foram diversas vezes ao local, provavelmente estavam aguardando um dia propício, sem muitas nuvens no céu.
João Martins, em suas reportagens, sempre utilizava os veículos da empresa, com motorista próprio. No dia que Keffel fez as fotos do "disco voador", eles estavam com o carro do João Martins. Parece que aqui eles queriam o menor número de testemunhas. 
Alguns militares da Aeronáutica utilizaram um modelo e uma tampa de panela, e foram no mesmo local onde Keffel fez as fotos. Queriam reproduzir as cinco fotos em um minuto, atirando o modelo para o alto. Ora, não conseguiram absolutamente nada, pois se João Martins e Ed Keffel tivessem jogado um modelo para o ar, para assim fotografar, as sombras estariam todas corretas e isso não aconteceu. Por outro lado, mesmo sendo o local um tanto quanto ermo, haviam testemunhas no local, que certamente iriam por a "boca no mundo", após a publicação das fotos. 
Em seus estudos, os militares falharam em identificar as divergências nas fotos 4 e 5. Nas fotos 1, 2 e 3, as sombras praticamente estão corretas. Também falharam em querer jogar um modelo para o ar, e em um minuto, sem o objeto atingir o chão, reproduzir as cinco fotos iguais as de Keffel (SIC). Isso só seria possível se o modelo fosse teleguiado (ou fosse algum bumerangue vivo). Mas, do ponto de vista técnico, o erro mais gritante foi calcular a distância do objeto em cada uma das fotos de Keffel.


Esse estudo da FAB poderia até ser interessante, se não fosse um pequeno detalhe: QUAL O DIÂMETRO DO DISCO VOADOR? Isso a revista "O Cruzeiro" e nem a FAB nunca divulgaram. E nem poderiam, pois nas fotos do Keffel não temos elementos técnicos de referência para calcular o diâmetro, a distância e nem a altura.



Calcularam corretamente a inclinação do Sol em relação à linha do horizonte (nível do mar), de 27 graus e 30 minutos, mas na hora de desenhar a perspectiva, cometeram alguns erros, principalmente na foto 5.

Foto Original                                                                                  Desenho da FAB
A própria revista "O Cruzeiro", talvez para chamar a atenção das pessoas da FAB que fizeram os cálculos e as perspectivas, fez questão de publicar, somente na quinta foto, o desenho em cima da foto. Os outros desenhos foram publicados separados das fotos. É só comparar a sombra no desenho e a sombra na imagem do objeto. Qualquer leigo poderia perceber esse grave erro. Não é necessário ser um especialista em fotos para ver isso.  
Continuando o raciocínio para tentar entender o que realmente aconteceu, ou seja, como a trama foi armada, devemos voltar novamente às 12 poses do filme de Ed Keffel. Um fotógrafo profissional que se preze, não sai por aí fotografando coisas particulares com um filme de propriedade da empresa para qual trabalha. Foi o que aconteceu.


Na Investigação Covo levanta importantes questões, sobre as 7 fotografias restantes (1 Ao 7), fotografias particulares que nunca foram publicadas. A relevância está nas 5 fotografias (8 A 12) do suposto disco voador, dentro da continuação do filme disponível na máquina. O Mesmo elabora um interessante raciocínio que ele usar neste caso. 
Hoje temos filmadoras de vídeo, com baterias e fitas com longa duração. Antigamente não era assim. Quem chegou a filmar um casamento com uma película de 8 mm entenderá melhor o seguinte raciocínio. Imagine que você tem que filmar um casamento que vai durar 30 minutos e você só tem uma película de 3 minutos de duração. Você tem que filmar apenas 3 minutos, pegando as cenas mais importantes que vão acontecer durante o casamento de 30 minutos. Para você conseguir distribuir corretamente e gravar as cenas principais, você tem que saber todas as cenas do casamento com antecedência, para assim documentar os melhores momentos.
Ed Keffel só tinha 5 negativos disponíveis em sua máquina fotográfica. Ele tinha que saber com antecedência o que ia acontecer. E sabia. Estava tudo programado. Levaram mais de um mês programando tudo. Primeira foto, a noiva entrando na igreja, ou seja, o suposto disco voador entrando em cena, vindo do mar para o continente, depois o morro dos Dois Irmãos, depois a Pedra da Gávea, depois o terreno onde tinha a palmeira e finalmente, último negativo, o suposto disco voador saindo de cena, retornando para o mar. Foi tudo dividido perfeitamente. Em apenas 5 fotos conseguiram registrar o suposto disco voador de perfil, por cima, por baixo e inclinado de lado.
A carta de uma testemunha "fantasma" 

Uma questão crucial sobre o Caso Barra da Tijuca é sobre as possíveis outras testemunhas, que poderiam ter avistado o sobrevoo do "disco voador" sobre o mar. Em seu artigo o ufólogo Claudeir Covo escreve:

"Eles (Ed Keffel e João Martins) ligaram para a redação e informaram o fato. Ainda procuraram por testemunhas, mas nada. O pescador Claudionor, o Nonô, nada vira. O dono do bar, também. Dois casais que ali estavam comendo camarões nada viram."

Baseado no que o ufólogo Covo escreveu e pelo que é narrado na literatura neste caso, é de que não houve outras testemunhas do avistamento de um UFO na região - além dos dois repórteres. No entanto, em um trecho do livro da pesquisadora Irene Granchi (1913 - 2010), "UFOs e Abduções no Brasil", na página 40, ela afirma que recebeu uma carta de um médico que teria sido testemunha da aparição.

Segundo Granchi, a carta do suposto médico descreve que ele se encontrava próximo ao local do avistamento, junto com sua esposa, no mesmo dia e hora da aparição do "disco voador".

Granchi nada mais conta sobre essa suposta testemunha. Na verdade, ela nunca encontrou pessoalmente este médico e nem colheu seu depoimento por outro meio. Sem maiores confirmações, aparentemente esta teria sido uma carta anônima. A pergunta que fica é: existiu essa testemunha?

De lá para cá são 66 anos do episódio, que ainda causa um burburinho na comunidade. Para alguns não devemos taxar o caso como fraudulento, afinal devem referenciar os pioneiros e aceita-los. Outros acham que deviam aceitar o relatório dos militares da FAB que confirmaram o Caso. (Argumento da Autoridade)

O que o esse Caso tem de interessante?! Sim ele tem coisas interessantes que podemos tirar do mesmo. Para os Céticos em relação ao Fenômeno OVNI, e um demonstrativo que toda Ufologia é uma farsa, usada principalmente para se ganhar dinheiro dos Ufólatras. Também mostrar que desde aquela época, forjar fotos de discos voadores é a coisa mais fácil do mundo.

Mesmo que a Velha Guarda da Ufologia se recuse a aceitar que o embrião originário deste estudo (no Brasil) é uma farsa arquitetada por dois jornalistas, apelando para autoridades - que erroneamente - autenticaram o fato, e perpetuar (Ou reafirmar?!) o estigma que a acompanha desde Roswell, e os desenhos do Pica-Pau, uma área que se assemelha a ficção cientifica do que a Ciência de Fato.

Os dois, Ed Keffel e João Martins morreram e nunca confessaram o truque, bem como a revista O Cruzeiro (1928-1975) nunca se retratou publicamente como arquiteta da fraude.

O Cruzeiro além deste embuste, esteve relacionado com outro: O Caso Ilha da Trindade.

Fontes.

http://ricardo-ufologia-omistriodesvendado.blogspot.com.br/2009/01/o-caso-barra-da-tijuca.html (Foi uma das fontes que encontrei que REPOSTOU o Material Original da INFA (Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais) que saiu do ar em decorrência do Falecimento de Claudeir Covo em Maio de 2012.

http://www.fenomenum.com.br/ufo/fraudes/tijuca

http://www.fenomenum.com.br/ufo/governos/documentos/brasil/1950/1952/1952_tijuca.pdf

https://ufo.com.br/noticias/a-fraude-do-caso-barra-da-tijuca-completou-55-anos/

http://www.alemdaciencia.com/nova-analise-da-montagem-fotografica-de-um-disco-voador-no-caso-barra-da-tijuca/

https://www.vigilia.com.br/fotos-famosas-2/

http://ufologiagja.blogspot.com.br/2014/04/seis-fatos-sobre-ufologia-no-brasil.html

http://aliensunitri.blogspot.com.br/2015/03/disco-voador-na-barra-da-tijuca.html

A invenção dos discos voadores: Guerra Fria, imprensa e ciência no Brasil (1947 - 1958)

http://www5.usp.br/28778/discos-voadores-imprensa-e-debate-publico-no-brasil-dos-anos-1940-50/

https://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Condon

https://en.wikipedia.org/wiki/Condon_Committee

https://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Condon

https://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Condon

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