domingo, 27 de maio de 2018

Hilda Furacão. 20 Anos 1° Parte. Criador e Criatura.

Créditos: Rede Globo.
Ano de 2006, não lembro exatamente o dia ou o mês correto, mais me lembro do tal comercial da qual interessou em muito meu pai em busca desta minissérie. Dias depois ele obteve o 1° DVD de três, junto com uma caixa Box para guarda os outros que seriam relançados, pois seu lançamento original foi em 2002.

Ele só obteve os dois DVDs restantes 3 meses depois, o que me deixou bastante curioso em torno do curso da história até então.

Semelhante a  esses DVDs que ainda temos esse post será dividido em 3 partes, por que essa pesquisa rendeu muito, muito mesmo.

Ano de 1998, Ano da Copa do Mundo da França, ano que o Brasil perdeu seu Pentacampeonato, mais ganhou uma eterna fanfic que de tempos em tempos e recontada nos moldes mais modernos possíveis. Uma coisa impensável, (Não nos dias de Hoje) Que quase 2 semanas antes dos inicio dos jogos na Copa, qualquer coisa no Brasil, que estava em busca de seu Pentacampeonato, pudesse chamar mais a atenção do que a competição. 27 de Maio de 1998, final de noite de Quarta-Feira, estreia na Rede Globo a minissérie Hilda Furacão.

Tal minissérie se tornou uma sensação naquele ano. A série que mescla acontecimentos históricos com fictícios se estendeu até o dia 23 de Julho ao longo de 32 capítulos, e foi considerado uma das melhores atrações daquele ano na TV.

Criador e Criatura.

Para falamos de Hilda Furacão de fato, temos que falar de Roberto Drummond, da qual concebeu sua Magnus Opus.

O Criador.

Roberto Francis Drummond, nascido em Ferros, Minas Gerais em 21 de dezembro de 1933 foi, além de talentoso romancista, jornalista, contista e cronista esportivo. Ganhou grande visibilidade no cenário da literatura brasileira ao lançar A morte de D.J. em Paris, obra que o fez ganhar o Prêmio Jabuti de Literatura em 1975. Sua obra de maior notoriedade é, sem dúvida, Hilda Furacão, livro que permaneceu no topo das listas de mais vendidos durante mais de um ano, sendo ainda adaptado para a TV com a minissérie homônima da emissora de televisão Rede Globo, e para o teatro na direção de Marcelo Andrade. Produziu ao todo três livros de contos, sete romances e duas novelas durante sua trajetória como escritor.
Roberto Drummond.

Para traçar o perfil literário de Drummond, usa-se o termo, criado pelo próprio, Literatura Pop, que consiste em uma literatura que busca a proximidade com o simples, o cotidiano comum principalmente à sociedade mineira. Essa linha de produção, segundo o autor mesmo afirmava, procura narrar histórias pelo simples fato de contar. Seria algo feito apenas pelo prazer, tanto de escrever quanto de proporcionar empolgação no leitor. Roberto Drummond gostava de dizer que escrevia para pessoas populares que pudessem ler em horário de folga.

Antes de residir, a partir da adolescência, em Belo Horizonte, a família do escritor viveu em Guanhães, Araxá e Conceição do Mato Dentro. Na capital mineira, inicou no jornalismo na extinta Folha de Minas. Aos 28 anos, passou a dirigir a revista Alterosa, fechada pela Ditadura Militar em 1964. Durante um ano trabalhou no Rio de Janeiro, retornando a Belo Horizonte em 1966, onde passou a escrever colunas esportivas e crônicas.

O sucesso na literatura começou com seu primeiro livro, A morte de DJ em Paris, em 1971. Relançado em 1975, bateu recordes de vendas, recebendo o Prêmio Jabuti de autor revelação. Na década de 80, inicia uma nova fase de sua produção literária, com a publicação de Hitler manda lembranças. Seu maior sucesso foi o romance Hilda Furacão, publicado em 1991 e adaptado para a televisão em 1998 numa minissérie de sucesso da Rede Globo.

Roberto Drummond também fez um programa esportivo diário na TV Bandeirantes de Belo Horizonte. O escritor era fanático torcedor do Clube Atlético Mineiro e criou para o clube a famosa frase:
Se houver uma camisa branca e preta pendurada num varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento. - Roberto Drummond
Em uma análise geral seu trabalho é carregado de referências à sociedade consumista, algumas vezes, como forma de crítica à cultura norte-americana que dita regras de consumo, influenciando também os brasileiros. Essa característica pode ser observada em passagens em que fala sobre personagens de Hollywood e pelo constante uso de marcas famosas (exemplo claro é a marca de refrigerantes Coca-cola, que aparece como título de seu famoso livro Sangue de Coca-Cola).  A crítica inclusive, denomina seus quatro primeiros trabalhos como ciclo da Coca-Cola.

Morreu vítima de problemas cardíacos, no dia da partida entre Brasil e Inglaterra pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2002. Foi homenageado pela prefeitura de Belo Horizonte com uma estátua de bronze em tamanho real na Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi, e pela prefeitura de Ferros com um Centro Cultural em seu nome.

Passados 10 anos da morte de Roberto Drummond, sua obra, sua paixão pelo futebol e seu legado para a literatura nacional foram novamente destacados pelos relançamentos de alguns de seus livros e de um documentário dirigido por Breno Milagres sobre a vida do escritor, além de uma homenagem da torcida atleticana no dia 23 de junho de 2012, durante o jogo Atlético x Náutico, pelo Campeonato Brasileiro, no Estádio Independência.

Obras do autor

Ciclo Coca-Cola. 
  • A morte de D.J. em Paris (1971);
  • O dia em que Ernest Hemingway morreu crucificado (1978);
  • Sangue de coca-cola (1980);
  • Quando fui morto em Cuba (1982);
Outras.
  • Hitler manda lembranças (1984);
  • Ontem à noite era sexta-feira (1988);
  • Hilda Furacão (1991);
  • Inês é morta (1993);
  • O homem que subornou a morte & Outras histórias (1993);
  • Magalhães: navegando contra o vento *O cheiro de Deus (2001);
  • Dia de São Nunca à tarde (publicação póstuma);
  • Os mortos não dançam valsa (publicação póstuma);
  • O Estripador da Rua G (publicação póstuma pela Fundação de Cultura de Belo Horizonte);
  • Uma Paixão em Preto e Branco (publicação póstuma das melhores crônicas de Drummond sobre o Clube Atlético Mineiro).
A Criatura.

Hilda Furacão é uma de suas Magnus Opus, publicado em 1991. Foi adaptado para a televisão, em forma de uma minissérie, pela autora de telenovelas Glória Perez, e exibido na Rede Globo, em 1998, obtendo enorme sucesso. A minissérie colaborou para que Hilda Furacão fosse a obra mais famosa de Roberto Drummond, tendo sido vendido 200 mil exemplares. Hilda Furacão foi escrita com rapidez, se comparada às outras obras do autor: 64 dias, enquanto levou anos para escrever outros livros.

O livro foi baseado na história de juventude da prostituta Hilda Maia Valentim, conhecida na zona boêmia de Belo Horizonte, como Hilda Furacão (Parte 3).

Hilda Furacão passa-se na Belo Horizonte mitológica e sensual do início dos anos 60. Hilda, a Garota do Maiô Dourado, enfeitiçava os homens na beira da piscina em um dos mais tradicionais clubes da cidade, o Minas Tênis. Desprezava todos os pedidos milionários de casamento e por algum motivo secreto muda-se para o quarto 304 do Maravilhoso Hotel, na zona boêmia da cidade. Transformada em Hilda Furacão, a musa erótica tira o sono da cidade. Sua vida de fada sexual cruza-se com os sonhos de três rapazes vindos de Santana dos Ferros: Malthus, que queria ser santo, mas se tornaria frade dominicano, líder político e escritor. Outro, Aramel, o Belo, queria ser ator em Hollywood — torna-se Dom Juan de aluguel. O terceiro, aquele que queria ter sua Sierra Maestra, é o próprio Roberto, narrador da história. Hilda Furacão é o desafio que o santo tem que enfrentar.

O estilo do autor causou suspense quanto à real existência de Hilda Furacão. Roberto Drummond misturou personagens reais a imaginários, oferecendo verossimilhança. Contudo, até falecer em 2002, Roberto preferiu não esclarecer o que é realidade e o que é ficção. Segundo ele, se transformou em refém da Hilda Furacão. Dessa forma, a existência de Hilda continua sendo tema de debates entre os leitores e os moradores de Belo Horizonte – cenário onde a trama acontece. Diferentemente de Hilda, o personagem Malthus tem uma explicação: foi inspirado em Frei Betto, grande amigo de Roberto Drummond. (Todas essas curiosidades serão debatidas em um Post a Parte)

A obra também ganha destaque pelo envolvimento dos personagens com o cenário político da época: retrata o desejo revolucionário comunista, ilustrado no personagem Roberto, e termina um dia após o golpe que deu início à Ditadura Militar no Brasil, ironicamente 1º de abril, Dia da Mentira (Parte 2).

A Minissérie.(Atenção com Spoilers)

A questão central da Minissérie é: O que leva "uma moça de família" da aristocracia mineira a abandonar tudo e se prostituir?

"Hilda Furacão" narra a vida da jovem socialite Hilda Muller, a personagem-título que, aparentemente sem razão plausível, adota a vida promíscua.

Ao som de "Túnel do Amor", de Celly Campello, conhecemos Hilda Müller, que, pronta para se casar, desiste do mesmo, a faixa de Miss Belo Horizonte, após surpreendente revelação da cartomante Madame Janete, e vai parar num prostíbulo de Belo Horizonte. Cercada por prostitutas, vagabundos, travestis e cafetões, ela entra no Maravilhoso Hotel (que existe até hoje) e passa a ocupar o quarto 304. Mas o que levou a rica Hilda Müller a transformar-se na prostituta Hilda Furacão? Dentro desse contexto, o frei Malthus sente que poderia realizar um milagre: exorcizar o demônio de Hilda Furacão.

Uma grande manifestação popular para acabar com os prostíbulos põe em confronto a sociedade defensora da moral e dos bons-costumes, liderados por Loló Ventura, e os habitantes do Maravilhoso Hotel, que se intensifica com as presenças de Maria Tomba-Homem e Cintura Fina. Aumenta o duelo entre Hilda e o frei Malthus. Um conflito que envolve até interesses políticos dos poderosos da região, como Tonico Mendes, o excêntrico dono do Hotel Financial, onde mora com sua onça de estimação, Tereza.

Na tentativa de recuperar a moral de Hilda, frei Malthus escuta de Padre Nelson, seu maior orientador religioso, que se quisesse realmente ser santo, deveria ficar longe do vinho e das mulheres. Padre Nelson revela o que todos já sabiam: havia amor entre Hilda e Malthus.

O roteiro de "Hilda" também estar contextualizado na efervescência política da época, os anos 60.  A trama se inicia no dia 1º de abril de 1959 e se encerra no dia 1º de abril de 1964 (compreendendo um período de 5 anos), um dia após ao Golpe/Regime Militar.

Isso vai ficar para um Próximo Post.

(Hilda Furacão. 20 Anos 2° Parte. Contexto Histórico →)

Fontes.

http://fapam.web797.kinghost.net/admin/monografiasnupe/arquivos/2042014185215VERONICA_VITORIA.pdf (Principal)

http://www.ufjf.br/darandina/files/2016/09/Artigo-Rafael-Senra-Hilda-Furac%C3%A3o-e-o-jornalismo-frustrado-que-virou-literatura.pdf (Principal)

http://revistaquem.globo.com/Quem/0,6993,EQG1458810-2456-1,00.html

https://observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br/historia-da-tv/2017/05/hilda-furacao-estreava-ha-19-anos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_do_Mundo_FIFA_de_1998

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hilda_Furac%C3%A3o_(miniss%C3%A9rie) (Principal)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hilda_Furac%C3%A3o_(livro) (Principal)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tvfolha/tv24059805.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário