segunda-feira, 25 de junho de 2018

Hilda Furacão. 20 Anos 2° Parte. Contexto Histórico.

Créditos: Rede Globo.
Ano de 2006, não lembro exatamente o dia ou o mês correto, mais me lembro do tal comercial da qual interessou em muito meu pai em busca desta mini-série. Dias depois ele obteve o 1° DVD de três, junto com uma caixa Box para guarda os outros que seriam publicados de

Ele só obteve os dois DVDs restantes 3 meses depois, o que me deixou bastante curioso em torno do curso da história até então.

Semelhante a  esses DVDs que ainda temos esse post será dividido em 3 partes, por que essa pesquisa rendeu muito, muito mesmo.

Ano de 1998, Ano da Copa do Mundo da França, ano que o Brasil perdeu seu Pentacampeonato, mais ganhou uma eterna fanfic que de tempos em tempos e recontada nos moldes mais modernos possíveis. Uma coisa impensável, (Não nos dias de Hoje) Que quase 2 semanas antes dos inicio dos jogos na Copa, qualquer coisa no Brasil, que estava em busca de seu Pentacampeonato, pudesse chamar mais a atenção do que a competição. 27 de Maio de 1998, final de noite de Quarta-Feira, estreia na Rede Globo a minissérie Hilda Furacão.

Tal minissérie se tornou uma sensação naquele ano. A série que mescla acontecimentos históricos com fictícios se estendeu até o dia 23 de Julho ao longo de 32 capítulos, e foi considerado uma das melhores atrações daquele ano na TV.

O Contexto Histórico de Hilda.

Para quem leu o Livro ou viu a Minissérie, (ou Ambos) o contexto histórico que Hilda está inserida é o final dos anos 50 (Anos Dourados) e Anos 60 (Pré Ditadura/Regime). O Livro se centra na curiosa estória de amor entre um frade candidato a santo (Frei Malthus), é uma prostituta que abandonou a Alta Sociedade Mineira (Hilda). Além e claro de explorar outras tramas secundárias.

O ponto máximo desta obra, não é uma ficção criada do nada e transcrita devotamente com uma velocidade surpreendente (Hilda Furacão foi escrita praticamente em torno de 2 meses). Seus alicerces são galgados em fatos históricos da Sociedade Brasileira, que envolve o final do governo de Juscelino Kubitscheck que foi de 1956 até 1961, até a deposição de João Goulart pelos militares no golpe de 1964.

Até mesmo eventos mundiais da época da Guerra Fria (Da qual destaco A Revolução Cubana de 1959 (Que serve de Inspiração do Personagem Camarada Lorca), Corrida Espacial, Crise dos Mísseis de 1962) que servem como tramas secundárias.
"O populista Getúlio Vargas, após ser pressionado pelas forças armadas intencionadas em tomar o poder, acabou cometendo suicídio e, com isso, é colocado como candidato à presidência nacional o general Juarez Távora. Este porém, é derrotado e vê assumir o poder o ex-governador de Minas, Juscelino Kubitscheck e o vice Jânio Quadros.
Juscelino teve um governo bem sucedido em certos pontos, facilitou o investimento de empresas multinacionais, promoveu um avanço na indústria e a criação de estradas. 
Essas mudanças, porém, se deram com um endividamento do Estado e um aumento considerável no preço de vida do brasileiro devido à inflação. A conspiração continua, as forças armadas tentavam evitar o fracionalismo e apresentar uma face unificada perante o país, surgindo como um núcleo de eficácia e probabilidade frente a um governo que, apesar do dinamismo de Kubitscheck, era acusado de corrupto e economicamente inepto, permitindo uma inflação até então inédita na história do Brasil. Tal conjuntura permite que o candidato da UDN, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Jânio Quadros, com a bandeira da recuperação econômica e da austeridade, em uma campanha simbolizada por uma vassoura, seja eleito presidente da República em 1961” (LINHARES, 1990, p. 356). 
Jânio Quadros assumiu o cargo em janeiro de 1961, entretanto, não permaneceu nem um ano no poder. Assumiria, então, o vice-presidente João Goulart. Este, entretanto, causava certo receio nos militares, pois o vice era suspeito de manter relações com comunistas. O cenário internacional, com ares de Guerra Fria e a ascensão do Comunismo em Cuba afetavam diretamente a política nacional brasileira. Os movimentos comunistas eram vistos como ameaças tanto aos norte-americanos quanto aos conservadores brasileiros, pois uma posse dos partidários de esquerda poderia colocar em risco seus bens.  
A censura aos meios de comunicação, a prisão de comunistas e perseguições aos que se diziam de esquerda, comuns no período de Vargas, voltavam a ser recorrentes.
Os militares praticamente assumiram o poder e impuseram a censura aos meios de comunicação, prenderam centenas de líderes sindicais e estudantis, ocuparam centros universitários e ameaçaram o funcionamento do Congresso. Em Minas, o Binômio e outros jornais tiveram suas edições apreendidas. Os militares deixaram claro que não aceiravam a posse de Goulart (RABÊLO, 1997, p.39).  
Jango pode assumir, porém na tentativa de reduzir seus poderes e sua influência, foi implantado o parlamentarismo, este malsucedido, fazendo com que o presidencialismo retornasse através de votação popular. Insatisfeitos com o governo de Jango, vários setores da sociedade se manifestaram e instalou-se o caos.  
Na data de 30 de março, deslocaram-se para o Rio de Janeiro tropas militares mineiras, com o argumento de salvar o Brasil do comunismo foi instalado o regime ditatorial em primeiro de abril de 1964 e os militares passaram a tomar conta da política brasileira com perseguições, prisões e morte daqueles que eram considerados subversivos. 
Foi esse o momento escolhido por Drummond para basear sua obra. O autor faz em seu texto citações a inúmeros episódios políticos, como a conturbada troca de governo, os movimentos tanto da elite quanto dos populares e comunistas, as perseguições, censuras e brigas pelo poder que culminaram no golpe militar.  
No período de 50 para 60, a palavra de ordem era Revolução, esta iniciada nos EUA por pessoas que lutavam para quebrar a rigidez de uma sociedade formal e tradicionalista. Por se mostrar radical e ir de encontro à sociedade moralista e ter comportamento considerado subversivo, assim como o próprio Drummond que se autoproclamava comunista convicto, Hilda Furacão é a representação física do termo revolução. Viveu e pregou a mudança, a liberdade de expressão, de viver e de agir da maneira que bem lhe conviesse sem ter a necessidade de prestar contas com relação a isso.  
A observação do contexto histórico é de extrema importância para a compreensão e o envolvimento do leitor com a obra em questão. Talvez seja esse o ponto principal na contribuição para que a obra ficcional de Drummond apresentasse tanta verossimilhança a ponto de ser julgada como real. 
Verônica Vitória de Oliveira Silva "
Um Romance Biográfico?

Uma das Coisas mais curiosa em torno de Hilda Furacão e o fato que Roberto Drummond está no mesmo, o que fez alguns se perguntarem se o Livro seria uma biografia de seus tempos de Juventude. A resposta para isso seria sim e não. Sim, Drummond em sua juventude viveu aquele período pré e pós anos de chumbos. E, Não, não do jeito que está narrado.

Na literatura, um vasto mundo pode ser explorado, o que Drummond fez em Hilda Furacão foi um apenas uma alteração de fatos históricos, pense como se tudo ditado no Livro aconteceu em uma Realidade Alternativa.

O Jovem revolucionário que queria mudar o mundo e servia de Hiperlink para diversos pontos da história (O episódio do cinema que reuniu o alguns personagens de Santana dos Ferros, até o núcleo Urbano (O grupo Político de Roberto e conhecidos), e Hilda, que ajudou Aramel, o Belo, financeiramente para ir a Hollywood, é uma prova disto), as façanhas de Roberto, do Livro/Minissérie, simbolizam uma compensação pelo que o próprio Roberto, o autor não realizou de fato em sua vida (A parte da compra de imigrante e real).

De acordo com Miriam Delgado Senra Duque:
"Os dois jornais e a revista Alterosa foram fechados após o Golpe Militar de 1964, denominado na História do Brasil como Revolução de 64 – “A Redentora”, quando militares depuseram o Presidente João Goulart, exilando-o. Praticamente todos os repórteres tiveram seus direitos cassados e foram obrigados a procurar asilo político em outros países. Roberto Drummond não teve o mesmo fim devido ao fato de a revista Alterosa ser de propriedade da família do Governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, um dos mentores do golpe que derrubou João Goulart do poder. A família Pinto tinha apreço por Drummond que, nesse sentido, apesar da ferrenha posição comunista, acovardou-se e preferiu esconder-se e esconder seu pensamento de esquerda, chegando a queimar os livros que poderiam comprometê-lo, em um ato de desespero. Entre os objetos comprometedores e destruídos nesse período, o narrador do romance destaca um quadro de Ernesto Che Guevara, herói da revolução comunista." 
DUQUE, Miriam Delgado Senra. O decurso do sensorialismo na narrativa de Roberto Drummond. Niterói, 2012. 179 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários) – Universidade Federal Fluminense.  (págs. 105-106). 
Então se Roberto utilizou a movimentação política da época como pano de fundo para seu Livro, e seu engajamento frequente que na realidade, nem foi tanto assim, O que tem de ficção amalgamado com a realidade. Hilda Furacão, que da nome ao título seria uma pessoa real? ou uma peça de ficção?

Em breve no último post sobre Hilda furacão falarei sobre essas Curiosidades.

(←Hilda Furacão. 20 Anos 1° Parte. Criador e Criatura)                                                               (Hilda Furacão. 20 Anos 3° Parte. Curiosidades →)


Fontes.

http://fapam.web797.kinghost.net/admin/monografiasnupe/arquivos/2042014185215VERONICA_VITORIA.pdf (Principal)

http://www.ufjf.br/darandina/files/2016/09/Artigo-Rafael-Senra-Hilda-Furac%C3%A3o-e-o-jornalismo-frustrado-que-virou-literatura.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar_no_Brasil_(1964%E2%80%931985)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Juscelino_Kubitschek

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Fria

https://pt.wikipedia.org/wiki/Universo_paralelo_(fic%C3%A7%C3%A3o)

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