quarta-feira, 20 de junho de 2018

110 anos da Imigração Japonesa no Brasil. 3° Parte.

Cartaz de Propaganda da Imigração de
Japoneses para o Brasil e Peru.
Esse vai ser uma daquelas séries de Posts históricas do Oberhalb Thoth

Em 18 de Junho de 2018 e comemorando no Brasil, os 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil. Japão e Brasil tem uma relação fraternal que vai longe, nossos laços vão além de contradições geográficas, assim posso dizer (Enquanto são 21:00 da noite aqui no Brasil, é 09:00 da manhã ai no Japão).

Estamos matematicamente distantes por 17369 km, em algumas estimativas 1 dia de Viagem de Avião. A última vez que o Brasil foi campeão do Mundo FIFA, foi em território Japonês (Contra a Alemanha). Foi em Terras Brasileiras que os Animes e Tokusatsus se tornaram famosos e populares.

Airton Senna e Zico, se tornaram Esportistas reverenciados pelos Japoneses. Zico, Lendário Jogador do Flamengo, presente em 3 copas do Mundo, Comandou a Seleção Japonesa no Mundial de 2006.

A imigração japonesa no Brasil começou oficialmente no início do século XX, no ano de 1908.

Aspectos sociais.

Cultura.

Uma das contribuições da colônia japonesa no desenvolvimento brasileiro é o campo das artes plásticas, onde a arte dos nipo-brasileiros chega a ser denominada de "escola nipo-brasileira". A constância dos nipo-brasileiros em participar dos salões, exposições e eventos foi decisivo para chamar a atenção, manter contatos entre os artistas.[60] Com a chegada dos imigrantes japoneses pós-guerra, essas atividades tomaram novo impulso – ceramistas, artistas plásticos, artesões, fotógrafos chegaram no Brasil trazendo novidades nas concepções estéticas que ajudaram a "compor e dar novo formato as artes plásticas do Brasil", nas palavras de Antônio Henrique Bittencourt Cunha Bueno.

No final da década de 70, os nipo-brasileiros tinham uma situação diferente no que se diz em matéria de interação, situação contrária se comparada aos tempos da Segunda Guerra Mundial, quando eram vistos com desconfiança pela população e pelo governo, logo, nesses novos tempos, após a guerra, as galerias adquiriam sistematicamente a produção dos abstratos, onde após as primeiras Bienais eram abertas as oportunidades de difusão de suas produções e conquistando a crítica. Havendo colecionadores interessados nesses artistas, tanto no Brasil como no exterior, havendo colecionadores na própria colônia.

O bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, representa um um exemplo da influência japonesa no Brasil, com vários pórticos vermelhos de templos xintoístas. Restaurantes de yakisoba, sushi e sashimi, estabelecimentos de karaokê e supermercados nos quais se pode comprar o nattō e vários tipos de molho de soja. Até mesmo o drinque brasileiro mais famoso, a caipirinha, ganhou uma versão japonesa com saquê: a sakerinha.

Representatividade na Mídia.

Os brasileiros de ascendência japonesa têm pouca visibilidade na mídia brasileira. A presença de nipo-descendentes em comerciais, telenovelas e filmes é rara, e marcada por estereótipos, uma vez que "o padrão de imagem imposto no Brasil ainda é para personagens voltados para atores brancos". Atores de origem oriental reclamam que apenas conseguem papéis caricatos e que remetem ao estereótipo do japonês, como de feirantes e pasteleiros ou de aficionados por tecnologia, praticantes de artes marciais e vendedores de sushi. Em testes para um papel na televisão, há relatos de atores que são obrigados a forçar um "sotaque japonês", mesmo estando a comunidade nipônica na quarta e na quinta geração no Brasil. Dificilmente um ator oriental consegue um papel "normal", que não tenha relação com a sua origem étnica. A atriz Daniele Suzuki, por exemplo, afirma que, por ser de origem japonesa, suas personagens "sempre eram estereotipadas, engraçadas" e que ela "sempre aparecia de quimono".

Artistas, militantes e entidades da comunidade nipônica criticam especialmente a Rede Globo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, em 2016, para a novela Sol Nascente, atores orientais que fizeram teste para os papéis foram dispensados e a emissora escalou artistas brancos para interpretar personagens de origem japonesa na novela. Integrantes da comunidade nipônica acusam a emissora de racismo e de fomentar o "Yellowface", prática semelhante ao "Blackface", quando atores são escalados para interpretar papéis de um grupo étnico ao qual não pertencem. Essa prática não é novidade na Rede Globo: na novela Geração Brasil, de 2014, um ator branco interpretou um sul-coreano e teve de usar fita adesiva para mudar o formato dos olhos. A escolha de atores brancos para interpretarem personagens japoneses causou indignação nas redes sociais.

Demografia

Nikkei (日系?) é uma denominação em língua japonesa para os descendentes de japoneses nascidos fora do Japão ou para japoneses que vivem regularmente no exterior. Atualmente calcula-se que existam 2.950.000 nikkeis ao redor do mundo. Aqueles que vivem em território japonês somam cerca de 350.000.

As maiores comunidades nikkei estão no Brasil (São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul) e Estados Unidos (Califórnia e Havaí). Há também importantes comunidades nikkei na China (131.000), Filipinas (120.000) e Canadá (98.000).

Cada geração nikkei recebe denominação própria:
  1. Issei (imigrantes japoneses);
  2. Nissei (filhos de japoneses);
  3. Sansei (netos de japoneses);
  4. Yonsei (bisnetos de japoneses);
  5. Gossei (trinetos de japoneses);
  6. Rokussei (tetranetos de japoneses);
  7. Shichissei (pentanetos de japoneses). 
De acordo com pesquisa do IBGE do ano 2000, havia 70.932 imigrantes nascidos no Japão vivendo no Brasil (em comparação com os 158.087 encontrados em 1970). Dos japoneses, 51.445 viviam em São Paulo. A maioria dos imigrantes tinham mais de 60 anos de idade, vez que a imigração para o Brasil praticamente terminou em meados do século XX.[71]

Em 2008, o IBGE publicou um livro sobre a diáspora japonesa e estimou que, em 2000, havia 1.405.685 pessoas de ascendência japonesa no Brasil. A imigração japonesa ficou concentrada em São Paulo e, ainda em 2000, 49,3% dos japoneses e descendentes viviam neste estado. Havia 693.495 pessoas de origem japonesa em São Paulo, seguido do Paraná com 143.588. Mais recentemente, os brasileiros descendentes de japoneses estão marcando presença em lugares que costumavam ter uma pequena população desse grupo. Por exemplo, em 1960, havia 532 japoneses ou descendentes na Bahia, enquanto que em 2000, havia 78.449, ou 0,6% da população do estado. O Norte do Brasil (excluindo o Pará) viu sua população japonesa aumentar de 2.341 em 1960 (0,2% da população total) para 54.161 (0,8%) em 2000. Durante o mesmo período, no Centro-Oeste ela aumentou de 3.582 para 66.119 (0,7% da população).

Por todo o Brasil, com mais de 1,4 milhão de pessoas de origem japonesa, os maiores percentuais foram encontrados nos estados de São Paulo (1,9% de descendentes de japoneses), Paraná (1,5%) e Mato Grosso do Sul (1,4%). Os menores percentuais foram encontrados em Roraima e Alagoas (com apenas 8 japoneses). O percentual de brasileiros com raízes japonesas aumentaram em grande parte entre as crianças e adolescentes. Em 1991, 0,6% dos brasileiros entre 0 e 14 anos eram de ascendência japonesa. Em 2000, eles eram 4%, como resultado do retorno dos dekasseguis (brasileiros descendentes de japoneses que trabalham no Japão) para o Brasil.

A população de origem japonesa no Brasil é extremamente urbana. Se no início da imigração quase todos os japoneses estavam na zona rural, em 1958, 55,1% já se encontravam nos centros urbanos. Em 1988, já seriam 90% nos centros urbanos. Esse precoce êxodo rural teve influência direta no perfil ocupacional e no alto nível de escolarização desse grupo. Se em 1958, 56% da população nikkei se dedicava à agricultura, em 1988 esse número havia se reduzido para apenas 12%. Entrementes, aumentou as percentagens de trabalhadores de nível técnico (16%) e administrativo (28%), de setores secundário e terciário.

A cidade de São Paulo tem a maior concentração de nipo-brasileiros - 326 mil segundo o censo de 1988.[75] O bairro da Liberdade, no centro da capital paulista, foi o bairro japonês da cidade, embora hoje só mantenha o comércio e restaurantes característicos, com influência cada vez maior de comunidades chinesas e coreanas. Os municípios paulistas com maior população de nipo-brasileiros são Mogi das Cruzes, Osvaldo Cruz e Bastos.

Outros focos importantes de presença nipo-brasileira são o Paraná, o Rio de Janeiro e Pernambuco. No Paraná, a maioria dos nipo-brasileiros vive na capital Curitiba e em municípios populosos do norte do estado como Maringá, Londrina e municípios de menor porte como Assaí e Uraí, mas com maior porcentagem de nikkeis em sua população.

Em termos relativos, os municípios de Assaí no Paraná e de Bastos em São Paulo são os que possuem maior concentração de nipo-brasileiros – respectivamente, 15% e 11,4% de seus habitantes.

Em 1934, enquanto 10 828 japoneses viviam na cidade, 120 811 trabalhavam no campo. Apesar da origem agrícola da maior parte dos imigrantes japoneses, atualmente cerca de 90% da comunidade nipo-brasileira vive nas cidades.

Economia.

Os imigrantes japoneses aperfeiçoaram as técnicas agrícolas e de pesca dos brasileiros. Ajudaram na difusão de técnicas de produção de alimentos através da hidroponia e da plasticultura. É notável o seu trabalho na aclimatação ou desenvolvimento de vários tipos de frutas e vegetais antes desconhecidos no Brasil, no total trouxeram mais de 50 tipos de alimentos, entre os quais o caqui, a maçã Fuji, mexerica poncã e o morango. Como consequência os estados que receberam os imigrantes tiveram um aumento na renda e a elevação do PIB. Com a oferta de novos alimentos eles mudaram os hábitos alimentares dos brasileiros, pois, introduziram vários produtos que não faziam parte da dieta nacional.

Além das novas tecnologias na área agrícola desenvolvida pelos imigrantes japoneses, outra característica dos agricultores nipo-brasileiros foi a do cooperativismo. Em declaração dada pelo ex-ministro da agricultura do Brasil, João Roberto Rodrigues, resume o movimento cooperativista dos imigrantes japoneses: "Graças ao seu modo de produção, principalmente no segmento de hortifrutigranjeiros, foram instalados cinturões verdes próximos aos principais centros urbanos, garantindo a auto-suficiência em verduras, legumes, frutas e produtos animais como ovos e frangos. A mentalidade associativista, por outro lado, deu origem às grandes cooperativas agropecuárias que serviram de modelo para várias iniciativas de organização do mercado". Outra contribuição fundamental que os agricultores japoneses trouxeram para o país foi a técnica inovadora da agricultura intensiva, sendo isso um resultado de técnicas de plantio desenvolvidas no Japão, pois nesse país, devido à falta de espaço, produzia-se grande quantidade em áreas pequenas e isso não era feito no Brasil que dispunha de grandes áreas para plantio. Em 17 de dezembro de 1956, foi fundada a Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Colonização, que se chamava Federação das Cooperativas de Imigração e Colonização, essa instituição surgiu com o intuito de dar apoio aos agricultores imigrantes japoneses e após isso ela passou a promover o intercâmbio entre esses pioneiros residentes no Brasil com o Japão. Desde 1994, o trabalho foi ampliado, com o treinamento pessoal e o aprimoramento de técnicas aos produtores nikkeis de toda a América Latina.

A concentração de nikkeis em torno da cidade de São Paulo contribuiu para a formação do Cinturão Verde de São Paulo, os nipo-brasileiros se instalaram ao redor da capital pelo fato de que essa comunidade produzia uma quantidade considerável de hortaliças, que é um produto altamente perecível, o local de produção não podia ser muito distante de São Paulo. Os japoneses escolheram produzir hortaliças na região, pois o clima local é ameno e é propício para essa cultura. Mogi das Cruzes se firmou como principal pólo do cinturão, sendo que o Instituto de Economia Agrícola, afirmou que os produtores nikkeis possuem 50% das propriedades rurais dessa região. Atualmente, esse Cinturão Verde abastece toda a Região Metropolitana de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Outro cinturão verde criado por agricultores nipo-brasileiros é o Cinturão Verde de Brasília, esse cinturão foi criado com o objetivo de suprir as necessidades da população do Distrito Federal, pois em 1957, quando a futura capital do Brasil estava sendo construída, o solo da região era muito ácido, o que apresentava uma dificuldade extra para a produção de alimentos, que até então eram trazidos de outras regiões. Foi então que o presidente Juscelino Kubitschek teve a ideia de "importar" famílias japonesas para a região, foi então que o diretor da Novacap, Israel Pinheiro, convidou as primeira famílias para a região. De acordo com a Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste, as principais colônias estão no Riacho Fundo, Incra e Vargem Bonita. Mas há também agricultores nikkeis nas áreas rurais de Taguatinga e Planaltina. Sendo que só a região de Vargem Bonita é responsável por 40% do abastecimento do mercado do Distrito Federal e das 67 chácaras do local, 43 ainda pertencem aos colonos japoneses e seus descendentes.

A fruticultura, anteriormente, restrita às propriedades próximas dos centros consumidores, com a influencia dos imigrantes expandiu-se para as diferentes cidades do interior do Estado de São Paulo e outros estados brasileiros, havendo o emprego das mais avançadas tecnologias a ponto de representar um importante item na balança comercial do país. Trinta e oito municípios com forte influência japonesa de 6 estados brasileiros respondem por 28% do volume das frutas. Dependendo da cultura, a representabilidade chega a mais de 80%. Quarenta e quatro municípios com forte influencia japonesa de quatro estados brasileiros, respondem por 21% do volume das hortaliças, chegando a mais de 90% em alguns produtos. Em 1940, Superintendência dos Negócios do Café emitiu que os japoneses radicados em São Paulo não representavam nem 3,5% da população do estado, mas sua participação na agricultura representava: 100% da produção do rami, seda, pêssego e morango; 99% da hortelã e do chá; 80% da batata e dos legumes; 70% dos ovos; 50% das bananas; 40% do algodão e 20% do café produzidos pelo Estado de São Paulo.

Pelo fato do Brasil ser um país tropical, técnicos e agrônomos brasileiros não acreditavam que fosse possível produzir maçã no Brasil, sendo que o país importava a fruta da Argentina, até que o agrônomo japonês Kenshi Ushirozawa demonstrou ser possível produzir maçã em Santa Catarina com qualidade superior à importada da Argentina. Com base na experiência catarinense a Cooperativa Agrícola de Cotia organizou e implantou um assentamento de produtores rurais no município de São Joaquim, onde seus associados passaram a produzir maçãs, principalmente da variedade Fuji, que logo substituíram as maçãs importadas, na década de 80. Atualmente o Brasil é um grande produtor e exportador de maçãs, sendo que o país exporta principalmente para a Europa. As cooperativas como a Sanjo e a Cooperserra que começaram com produtores japoneses de maçã são responsáveis por grandes marcas de maçã.

Até a década de 70 a maior parte do melão consumido no Brasil era importado da Espanha e do Chile, mas isso mudou na década de 80, quando as importações foram substituídas pelos melões produzidos em território brasileiro, produzidos principalmente pelos agricultores japoneses, associados à Cooperativa Agrícola de Cotia, na região Oeste do Estado de São Paulo. Hoje o Brasil é um grande produtor e exportador de melão.

Na área agrícola deve-se destacar a introdução da pimenta-do-reino na região de Tomé-Açu, no Pará, que viria a ser chamado de "diamante negro" da Amazônia. Através dos imigrantes japoneses Tomé-Açu tornou-se então o maior produtor mundial de pimenta-do-reino, pois com esses imigrantes houve a introdução do cultivo da pimenta-do-reino na região, sendo que os imigrantes importaram as primeiras sementes de Singapura para o Brasil, com a prosperidade alavancada pelos japoneses a população do município mais que triplicou em vinte anos no município, chamando a atenção de muitas pessoas em busca de oportunidades de trabalho, na maioria, migrantes capixabas ou nordestinos. Mesmo suas plantações sendo atacadas pela fusariose, os japoneses não desistiram da pimenta-do-reino, combateram a doença, mas isso abriu a oportunidade para os nipo-brasileiros começarem o cultivo de outras culturas tropicais, como a açaí, também chamado de "diamante negro", onde o Pará se destaca como principal produtor da fruta. O crescimento das exportações do açaí foi de tal forma que chegou a despertar atenção de grandes jornais como o francês "Le Monde" e o norte-americano "The New York Times".

Além dos alimentos trazidos pelos imigrantes japoneses no Brasil destaca-se também a grande expansão da avicultura brasileira que só cresceu de vez quando foram trazidas aves-matrizes do Japão e com a experiência dos imigrantes japoneses nas granjas. A cidade paulista de Bastos foi fundada por colonos japoneses e sua principal atividade é a avicultura sendo que o município possuí o título de "capital do ovo" e o seu principal evento é a Festa do Ovo, que é um evento de repercussão internacional e oficialmente reconhecido pelo governo do Estado de São Paulo e consta no calendário de eventos agropecuários da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e também no Ministério da Agricultura. A avicultura em Bastos, é uma atividade econômica presente desde a chegada dos imigrantes japoneses, atualmente Bastos é a maior produtora ovos do Brasil e da América Latina, sendo que são produzidos 14 milhões de ovos por dia, o que corresponde a 40% de toda a produção do estado e 20% do país.

A contribuição dos japoneses no setor industrial a partir da década de 60 é ressaltada pelo fato de que muitas indústrias do Japão instalaram suas filiais no Brasil, muitas delas associando-se aos empreendimentos nipo-brasileiros. Sendo que não foram implementadas somente a tecnologia, mas também os novos sistemas administrativos que revolucionaram a produtividade de muitas fábricas brasileiras. Além disso, a partir da década de 70, o capital japonês voltou-se para a expansão da fronteira agrícola do país através da exploração da região do cerrado. Também, para a produção de matérias-primas, concentrando-se na exploração dos minérios. A presença da comunidade japonesa também é apontada como motivo para a atração de empresas japonesas no Brasil.

Produção de Fibras.

Embora já houvesse plantações de rami no Brasil desde o ano de 1884, a maior produção dessa cultura aconteceu na cidade paranaense de Uraí, como resultado do trabalho da Companhia de Terras Sul América, que após ser fundada fez a concessão do terreno à Companhia Nambei Toshi Kabushiki Kaisha, que deu início à colonização do que hoje é Uraí. Com o resultado do primeiro cultivo, a produção começou a ser expandida, tendo sido comercializada tanto no Brasil quanto no exterior. Na década de 70, a cidade se tornou a maior produtora de rami do mundo, ganhando o apelido de "Capital Mundial do Rami", sendo que a cultura chegou a ocupar 22% da área total do município e o nikkei Susumo Itimura chegou a ser conhecido como o "rei do rami". Com a concorrência da fibra sintética a produção do rami diminuiu e os produtores rurais da região procuraram a diversificação de culturas.

Além do rami, outra cultura importante para a produção de fibras que teve os japoneses como principais cultivadores foi a juta, pois, os japoneses foram os introdutores da juticultura no Brasil. O pioneiro desse projeto foi o deputado Tsukasa Uyetsuka, que via o potencial da região amazônica como grande produtora de juta, pelo seu clima. A fibra era indispensável ao comércio internacional, usada nos sacos de café e outras mercadorias, por absorver umidade e preservar seus conteúdos, mas poucos países a produziam em larga escala. Em 1930, Uyetsuka comprou 1.500 hectares em Parintins, atualmente denominada de Vila Amazônia, além disso o deputado também criou a Escola Superior de Colonização do Japão (Nihon Koto Takushoku Gakko) criada com o objetivo de formar especialistas no trabalho de colonização, esses estudantes eram conhecidos como koutakusseis, que aprendiam noções de técnicas de cultivo, noções de construção civil e língua portuguesa. No início a juticultura não deu bons resultados, pois a planta não se adaptou muito bem na região, mas com o trabalho de aclimatização feito por Riota Oyama[98] com a criação da "variedade Oyama", fato esse que viabilizou a atividade da juta naquela região, além disso, em 1935, Uyetsuka conseguiu recursos junto a empresas como Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo, e fundou a Companhia Industrial Amazonense, subsidiária no Brasil da Cia. Industrial da Amazônia, criada no Japão. A lavoura de juta atingiu seu auge na década de 1960, com mais de 50 mil agricultores envolvidos no seu plantio e representou mais de um terço do Produto Interno Bruto do Estado do Amazonas, levando o Brasil a autossuficiência de fibra de juta em 1952.

Embora a seda já fosse produzida no Brasil desde a época de D. Pedro I, foi com os imigrantes japoneses que houve um melhoramento da seda produzida no Brasil, sendo esse imigrantes foram os responsáveis por produzirem o melhor fio de seda do mundo e os seus produtos ganharam nomes que homenageiam a cultura nipônica, como Mahô, Gensô e Katakakê. Em 1936, os imigrantes produziram 57% da seda dos Brasil. Em 1940, no Estado de São Paulo, os nipo-brasileiros passaram a produzir 100% da seda do estado. Os imigrantes japoneses fundaram Sociedade Colonizadora do Brasil Ltda, que possui o nome japonês de Burajiru Takushoku Kumiai, abreviada de Bratac, que atualmente é a principal indústria de fiação do país.

A cotonicultura foi a principal cultura que diminuiu a dependência do café como principal produto brasileiro que era exportado. Antes de 1933 o algodão não representava nem 5% das exportações brasileiras. Entretanto, em 1934, sua participação passou a ser de 13% e em 1936 de 16%, sendo que nesse mesmo ano, 1936, os agricultores japoneses produziam 46% do algodão brasileiro. Em 1942, 39,2% do total de nipo-brasileiros se dedicavam ao cultivo do algodão. O principal mercado de exportação brasileiro era o Japão, sendo que entre janeiro e julho de 1939, 51% do algodão saído do porto de Santos tinha por destino o mercado japonês. Por causa do desenvolvimento crescente das relações entre Brasil e Japão, o relator do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos emitiu num relatório que pelo fato de grande parte da produção e da comercialização do algodão no sul do Brasil estar em mãos de japoneses, fazia-o supor que aquele produto tinha mais preferência de compradores japoneses. Na época afimava-se que "grande parte da safra de algodão do sul do Brasil pertence a japoneses e é vendida a industriais nipônicos". A queda na venda ao Japão se deve ao conflito na Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos proibiram a passagem de cargueiros em zonas de conflito. Em 1952, a porcentagem dos imigrantes japoneses que se dedicavam a atividades horti-fruti-granjeiras representava 34,1%, enquanto os que os cafeicultores japoneses tinham baixado para 27,5% e de algodão para 20,5%. Atualmente, o Grupo Maeda, fundado por Takayuki Maeda, o grupo é considerado a maior cadeia verticalizada da cultura no mundo, com atuação desde a genética das sementes até a fiação.

Educação.

Segundo o jornal Gazeta do Povo, "o senso comum é a de que descendentes de japoneses são estudiosos, disciplinados, vão bem na escola, passam no vestibular com mais facilidade e, em boa parte dos casos, têm grandes afinidades com as carreiras de exatas". De acordo com uma pesquisa feita pela USP e da UNESP, os nipo-brasileiros, que são 1,2% da população da cidade de São Paulo, representam 4% nos inscritos no vestibular e cerca de 15% nos aprovados. Nas carreiras mais concorridas, como Medicina e Engenharia, eles chegam a representar, em média, 15% e 20% dos estudantes matriculados, respectivamente. Segundo dados do IBGE, 28% dos nipo-brasileiros possuem o ensino superior completo, enquanto a média nacional está em aproximadamente 8%.O bom desempenho desses estudantes deve-se ao fato de os japoneses carregarem valores como a disciplina, o respeito à hierarquia, o esforço e a dedicação, além do sentimento de que a melhor maneira de ascender economicamente é por meio da educação.

As escolas também tiveram um papel ativo na história da comunidade japonesa no Brasil, pois, enquanto comunidade ocidentais, como alemães e poloneses tinham a igreja como principal núcleo sociabilizante, os japoneses tinham a escola que fazia esse papel, além disso a escola realizava seu papel de reprodutor da cultura de seus ancestrais e mantinham a mentalidade nacionalista, pois os primeiros imigrantes tinham planos de retornar ao Japão. O governo japonês também enviava fiscais para observar a situação das colônias, além de aconselhar as comunidades em seus afazeres e ensino nas escolas. A escola era uma das principais instituições em uma comunidade japonesa agrícola pioneira. O nissei devia receber educação japonesa, para ser um japonês. A escola, portanto, cumpria o papel de formar o nissei segundo os preceitos da educação japonesa, informá-los sobre o Japão e transmitir disciplina. Segundo dados da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, em relação aos imigrantes que desembarcaram no porto de Santos entre 1908 e 1932, maiores de 12 anos, a taxa de pessoas alfabetizadas era de 89,9% entre os japoneses; 71,36% entre italianos e 51,7% entre os portugueses.

A primeira escola japonesa no Brasil foi fundada pelo professor Shinzo Miyazaki em sua residência, no ano de 1914, no ano seguinte foi oficialmente reconhecida. A escola se chamava "Taisho Shogakko". Inicialmente as escolas japonesa ensinavam as matérias relacionadas ao Japão, o motivo disso é que os isseis queriam ensinar o idioma natal aos filhos para quando voltassem ao Japão, pois, na época, eles ainda tinham a esperança de empreender a viagem de volta à terra natal. Posteriormente as escolas fundadas por nipo-brasileiros passaram a incorporar currículos acadêmicos brasileiros.

Desde 1924, com a maior intervenção do governo japonês sobre a imigração, o governo, através do consulado japonês passa a criar entidades de apoio, como escolas e hospitais. Em 1938 havia em São Paulo 294 escolas japonesas, a título de comparação, havia 20 escolas alemãs e 8 italianas. Após a Segunda Guerra, os japoneses passam a ocupar um número crescente de vagas na Universidade de São Paulo. Em 1960, o número era de 10% de alunos de origem japonesa. O ingresso de descendentes de japoneses nas universidades públicas se intensifica na década de 1970. Segundo dados do Datafolha de 1995, 53% dos nipo-brasileiros em idade adulta, ou seja, em idade de terminar uma faculdade, possuíam educação universitária, enquanto no restante da população brasileira 9% da população possuía educação universitária.

Os imigrantes também foram os responsáveis pela inserção do soroban no Brasil, que é um instrumento de cálculo matemático, que facilita a compreensão dos sistemas de numeração, auxiliando na educação matemática, pois, ajuda na melhoria e do desenvolvimento da concentração, coordenação motora e destreza, e da agilidade de cálculos mentais e desenvolvimento do raciocínio lógico. O primeiro divulgador de soroban no Brasil foi o professor Fukutaro Kato, que em 1958 publicou o primeiro livro do gênero no Brasil, intitulado "O Soroban pelo Método Moderno". O soroban foi regulamentado pelo Ministério da Educação em 2002, como instrumento facilitador no processo de inclusão de alunos portadores de deficiência visual nas escolas.

Outro legado dos nikkeys no Brasil foi a introdução do método Kumon, com a abertura da primeira unidade de ensino do método Kumon na América do Sul, em Londrina, em 1977, após a visita ao Japão de um brasileiro, descendente de japoneses, que se impressionou ao conhecer uma unidade do Kumon. Em contato com o instituto japonês, obteve autorização para trazer o método para o país. No Brasil, o método Kumon possui cerca de 100 mil estudantes e constitui uma das principais marcas do Japão na educação brasileira.

Esportes.

Os nipo-brasileiros foram os responsáveis pela introdução e disseminação de esportes, tais como: aikidô, caratê, gateball, jiu-jitsu, kendo, softbol, sumô. Apesar de o beisebol já ser praticado antes da chegada dos imigrantes japoneses foi através desses imigrantes que se deve o desenvolvimento do beisebol no Brasil. Destaca-se também a presença de nipo-brasileiros no judô, que renderam ao Brasil três medalhas olímpicas de bronze, sendo que a primeira foi conquistada por Chiaki Ishii nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972, a segunda por Luiz Onmura nos Jogos Olímpicos de Verão de 1984 e a terceira por Felipe Kitadai nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012. No judô sempre houve ao menos um medalhista nipo-brasileiro em todas as edições dos Jogos Pan-Americanos em que houve a participação do judô brasileiro. O judô não ficou restrito apenas aos nipo-brasileiros, contando com inúmeros lutadores sem descendência japonesa de destaque e após os Jogos Olímpicos de Verão de 2012 o judô se tornou o esporte que mais rendeu medalhas ao Brasil.

No tênis de mesa houve a contribuição dos nikkeis, sendo que a prática desse esporte na colônias foi um dos fatores para o surgimento de muitos mesa-tenistas no Brasil.Um fator para o desenvolvimento do tênis de mesa brasileiro foi o intercâmbio com outros países. E o primeiro país com o qual o Brasil estabeleceu relações foi o Japão, uma das forças do esporte desde a década de 1950. Sendo que o nikkei Ricardo Inokuchi foi o primeiro jogador brasileiro a fazer estágio no Japão, sendo que isso foi possível graças aos contatos que os jogadores brasileiros tinham com japoneses que tinham ligações com o esporte no Japão. Ricardo Inokuchi torno-se uma referência para uma nova geração de jogadores, como Cláudio Kano e Hugo Hoyama, sendo que esse dois nikkeis se encontram entre o dez maiores medalhistas brasileiros em Jogos Pan-Americanos.

Tetsuo Okamoto conquistou a primeira medalha olímpica para a natação brasileira nos Jogos de Helsinque, em 1952, uma medalha de bronze nos 1500 metros livres, Okamoto também quebrou recordes brasileiros e sul-americanos, além de conquista duas medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos Pan-Americanos de 1951. Okamoto foi inspirado a treinar mais após a passagem, no Brasil, do grupo de nadadores japoneses conhecidos como "Peixes Voadores", que contou com a presença do recordista mundial Hironoshin Furuhashi, a passagem desse grupo ajudou a difundir melhor a natação no Brasil. Outros nikkeis de destaque na natação brasileira são: Poliana Okimoto, Rogério Aoki Romero, Lucas Vinicius Yoko Salatta, Diogo Yabe, Tatiane Sakemi, Mariana Katsuno, Raquel Takaya, Cristiane Oda Nakama, Celina Endo, entre outros.

No xadrez também há uma significativa participação nipo-brasileira, sendo que o primeiro campeão brasileiro de xadrez absoluto de origem japonesa foi Roberto Tadashi Watanabe, em 1990. No ano seguinte sagrou-se campeão Everaldo Matsuura, sendo que em 2001 e 2003 Matsuura também foi vice-campeão brasileiro de xadrez, além de representar o Brasil em Olimpíadas de Xadrez. Outro nikkei que se tornou campeão brasileiro de xadrez na categoria absoluto foi Alexandr Hilário Takeda Sakai dos Santos Fier, em 2005. Fier já foi vice-campeão brasileiro em 2011 e representou o Brasil em Olimpíadas de Xadrez. No xadrez feminino destaca-se Juliana Sayumi Terao, campeã brasileira de xadrez na categoria absoluto feminino em 2012, e vice-campeã em 2009, 2013 e 2014. Juliana também representou o Brasil em Olimpíadas de Xadrez. Outro representante da colônia japonesa no Brasil é Edson Kenji Tsuboi, considerado um dos enxadristas mais respeitados e que já representou o Brasil nas Olimpíadas de Xadrez três vezes.

A participação dos nikkeis no futebol é marcada por inovações e participações em grandes times, além de convocações na seleção brasileira e japonesa, um exemplo de nikkei no futebol brasileiro é o de Sérgio Echigo, que atuou no Sport Club Corinthians Paulista, e é considerado o inventor do drible chamado de "elástico", que mais tarde foi aperfeiçoado e popularizado por Roberto Rivellino. Outro pioneiro nipo-brasileiro no futebol foi Alexandre Carvalho Kaneko, mais conhecido como Kaneko, o segundo jogador profissional descendente de japoneses a atuar no futebol brasileiro, atuou no Santos Futebol Clube, na época de grandes jogadores como Pelé, considerado o "pai" do drible denominado "lambreta", também conhecido como "carretilha". Ademir Ueta atuou na Sociedade Esportiva Palmeiras, Ueta conhecido como China, conquistou o título do Brasileiro de Seleções Estaduais por São Paulo, o Torneio Pré-Olímpico Sul-Americano Sub-23, ambos os títulos alcançados em 1968, pelo Palmeiras participou Copa Libertadores da América, além de ser convocado para participar nos Jogos Olímpicos de Verão de 1968 e atuou em times de Portugal e da Venezuela. Também há a participação de jogadores nikkeis nascidos no Brasil, mas que foram convocados para a Seleção Japonesa de Futebol tais como George Kobayashi, George Yonashiro, Marcus Túlio Tanaka e Nelson Yoshimura.

Idiomas.



Os primeiros nipo-brasileiros, chamados de isseis, que são os imigrantes vindos diretamente do Japão, tinham esperança de voltar para sua terra natal após alguns anos trabalhando no Brasil. Em consequência, a maior parte dos imigrantes educou os filhos dentro de casa, onde só se conversava usando a língua japonesa e, após estudar na escola brasileira, as crianças frequentavam os "nihongakus", escolas onde aprendiam a ler e a escrever em japonês.

A língua japonesa é ainda um elemento importante para a identidade cultural dos descendentes de japoneses na cidade de São Paulo. Segundo pesquisa do Datafolha publicada em 2008, 82% dos descendentes de japoneses entrevistados disseram entender "mesmo que um pouco" o idioma japonês. Quase a metade (46%) dos japoneses ou descendentes afirmaram ler em japonês e 43% declararam saber escrever nesse idioma.

De acordo com uma pesquisa com japoneses e descendentes oriundos do Brasil que vivem no Japão, o grau de conhecimento do idioma japonês varia enormemente de geração para geração. Como era de se esperar, os indivíduos nascidos no Japão apresentam alto ou muito alto grau de conhecimento do japonês. Já entre os filhos de japoneses, o maior grupo tem apenas um conhecimento regular do idioma (29%), sendo que 11% não têm nenhum conhecimento e 20% têm um conhecimento muito alto. Entre os netos, o maior grupo tem pouco conhecimento (29%) e a percentagem dos que não têm nenhum eleva-se para 21% e dos que têm muito alto decresce para 12%. Por outro lado, os bisnetos de japoneses ou gerações posteriores apresentam uma intensa polarização: 72% não têm nenhum conhecimento do idioma japonês e 28% o tem muito alto.

Outra pesquisa realizada nas comunidades japonesas de Aliança, em Mirandópolis e de Fukuhaku-mura, em Suzano, ambas no interior de São Paulo, mostrou que o uso da língua japonesa está se perdendo com o passar das gerações. A primeira geração nascida no Brasil, os nissei, declararam alternar entre o uso de português e japonês. Quanto ao uso de japonês em casa, 64,3% dos informantes nissei de Aliança e 41,5% dos de Fukuhaku disseram que falavam japonês na infância. Em comparação, apenas 14,3% da terceira geração, os sansei, informaram ter falado japonês em casa quando eles eram crianças. Isso reflete que a segunda geração foi principalmente educada por seus pais japoneses utilizando o idioma japonês. Por outro lado, a terceira geração não teve muito contato com a língua dos avós e a maioria dela fala somente o português.

O japonês falado no Brasil é diferente daquele usado no Japão. No Brasil, o idioma preservou alguns léxicos que desapareceram no Japão, sobretudo devido à influência da língua inglesa. Por exemplo, no japonês do Brasil, usa-se o termo arcaico "benjoo" para designar "banheiro". Contudo, no Japão essa palavra foi substituída por "otearai", que vem do inglês "toilet". Ademais, o japonês falado no Brasil é uma mistura de diversos dialetos japoneses, sobretudo do oeste do Japão, pois a maioria dos imigrantes eram provenientes dessa área. Somado a isso, a língua dos imigrantes foi bastante influenciada pelo idioma português. Em decorrência, o japonês usado no Brasil é denominado de koronia-go, ou seja, "língua da colônia", e é comumente caracterizada pelos japoneses como "um japonês antigo misturado com português".

Na comunidade nipo-brasileira, o uso da língua japonesa não se limita apenas ao meio de comunicação oral, mas também na forma escrita em publicações, como jornais, que foram interrompidas, juntamente com a proibição de falar japonês em público, no período da Segunda Guerra. Além disso, desde o início da imigração, diferentes manifestações literárias têm sido desenvolvidas na comunidade sob a forma de contos, romances, e poemas.

Após a Segunda Guerra, a língua japonesa volta a ser ensinada na perspectiva de língua de herança, pois os descendentes passaram a dar continuidade aos estudos na escola brasileira, com a presença nikkei nos níveis mais altos do cenário educacional, favorecendo o bilinguismo entre as novas gerações de então. Antes da proibição do ensino de línguas estrangeiras no Brasil, os professores recebiam orientação direta de representantes do governo japonês, no pós-guerra, houve a elaboração de livros didáticos no Brasil e surgem, também, entidades, como a Federação das Escolas de Ensino Japonês no Brasil, a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e a Aliança Cultural Brasil-Japão. Mais tarde, em 1985, as três entidades se uniram para formar o atual Centro Brasileiro de Língua japonesa, com sede em São Paulo.

O idioma japonês falado no Brasil é uma mistura de diversos dialetos com vários vocábulos emprestados da língua portuguesa, além de outros que os japoneses modernos consideram arcaicos ou típicos de linguagem de camponês. Com o retorno dos emigrantes brasileiros do Japão, é provável que o número de falantes do idioma japonês cresça no Brasil.

Os dados mostram que, entre os imigrantes no Brasil, italianos e espanhóis foram aqueles que mais rapidamente adotaram o português como língua, e japoneses e alemães foram aqueles que mais resistiram. A assimilação linguística, então, variava consideravelmente de um grupo ou nacionalidade para outro, pesando a questão da identidade e da similaridade de idiomas. Ademais, tinha influência a força do ambiente (nas regiões onde os imigrantes ficaram reunidos em grupos isolados, a língua materna pode sobreviver por gerações, enquanto que nas regiões onde houve maior fusão entre os imigrantes e os brasileiros, a língua-mãe foi rapidamente suplantada pelo português).

Em relação aos grupos de imigrantes europeus, a miscigenação dos nipo-brasileiros levou tempo maior para acontecer. O casamento com pessoas de origem não japonesa (gaikokujin) não era aceito pela maioria dos imigrantes japoneses (issei), devido às grandes diferenças étnico-culturais: idioma, religião, costumes, tradições e preconceitos dos japoneses contra brasileiros e vice-versa. Outra razão era que eles não queriam criar laços definitivos no Brasil, esperando assim retornar para o Japão. Inicialmente, o casamento entre japoneses e não descendentes era mais raro, apesar de acontecer esporadicamente.

Durante muito tempo, os casamentos entre os imigrantes aconteciam por meio de um costume japonês chamado miai, um casamento arranjado, no qual havia um intermediador entre famílias japonesas. No Brasil, aconteceu algo que não era muito comum no Japão, que era o casamento entre pessoas de províncias japonesas distantes. Uma exceção era com pessoas de Okinawa, pois por séculos havia um certo preconceito entre os okinawanos e japoneses devido às diferenças culturais.

Necessitava-se mostrar que os japoneses também podiam se integrar com o restante da população brasileira e alguns dos que eram a favor da imigração japonesa necessitaram mostrar que os japoneses podiam ter filhos com os brasileiros e gerar filhos tão "brancos" quanto os dos europeus. Na década de 30, organizações culturais financiaram publicações com fotos de homens japoneses casados com mulheres brasileiras e de seus filhos "brancos". A estratégia deu resultados e chegou a receber o apoio de membros da elite brasileira. Em 1932, por exemplo, Bruno Lobo, professor de medicina no Rio de Janeiro, publicou um livro intitulado "De Japonês a Brasileiro", com fotos de famílias de japoneses com brasileiras, com o intuito de comprovar que a união entre os brasileiros e japoneses geraria crianças ditas brancas. Três anos mais tarde, em 1935, um dos defensores da imigração japonesa na Câmara dos Deputados em São Paulo chegou a afirmar que os colonos japoneses eram "até mais brancos que os portugueses".

Depois da guerra, aconteceu entre os integrantes da colônia a prática de combinar casamentos com pessoas do Brasil e do Japão, onde eram enviadas fotografias ao Japão, na esperança de encontrar uma pessoa que aceitasse viajar para o Brasil. No final da década de 60, muitas moças viajaram para o Brasil com a intenção de se casar, mesmo sem conhecer seus pretendentes pessoalmente. Inclusive foram enviadas ao Japão, pessoas que tinham se casado dessa forma para dar seu testemunho através de palestras e buscar jovens que estivessem interessadas em casar e viver no Brasil.

Um censo realizado no final da década de 1950, com cerca de 400 mil integrantes da colônia, revelou que casamentos entre japoneses e não japoneses representavam menos de 2% entre imigrantes e menos de 6% entre os nikkeis. Os imigrantes japoneses raramente se casavam com um não japonês, porém, seus descendentes, a partir das segunda e terceira gerações, começaram cada vez mais a se casar com pessoas de origem não japonesa. Em 1989, para todo o Brasil, o índice de casamento interétnico era de 45,9%. Atualmente, os casamentos entre descendentes e não descendentes superam os 50%.

Segundo pesquisa do Datafolha publicada em 2008, a maioria dos descendentes de japoneses na cidade de São Paulo ainda se relacionavam amorosamente entre si. 66% dos japoneses ou descendentes entrevistados que têm ou tiveram alguma espécie de união estável, têm ou tiveram parceiros pertencentes à comunidade nikkei.

O isolamento étnico dos nipo-brasileiros enfraqueceu a partir da década de 1970. Os descendentes de imigrantes japoneses - cuja maior parte atualmente é a terceira ou quarta geração no Brasil - integraram-se definitivamente à sociedade brasileira. Os bisnetos de japoneses, em sua maioria jovens, estão totalmente integrados no Brasil e 61% são mestiços ou multirracial. Geralmente os vínculos com a cultura japonesa são mínimos: boa parte sabe falar pouco ou nada do idioma japonês, geralmente sabem palavras de uso doméstico. Isso se deve ao fato de que 90% dos yonseis vivem na região urbana, tendem a assimilar mais os costumes brasileiros do que os japoneses.

Política.
Parque Centenário da Imigração Japonesa em Mogi das Cruzes,
 SP. Foi inaugurado em 2008 pelo prefeito nissei Junji Abe.

O decreto nº 383 de 18 de abril de 1938 determinou várias proibições aos estrangeiros, inclusive a de que não poderiam participar de atividades políticas. Nos anos 40, os imigrantes japoneses, alemães e italianos foram perseguidos e tratados como agentes do Eixo, após a guerra, houve a tentativa de proibir a imigração japonesa, através de uma emenda constitucional, ao qual não foi aprovada por um voto e a comunidade nipo-brasileira estava dividida por causa dos acontecimentos envolvendo a Shindo Renmei (Post Anterior). Perseguida e dividida, a comunidade percebeu que deveria mudar sua imagem tanto para a sociedade brasileira, como dentro da própria colônia e uma das formas escolhidas foi através da política.

Nas eleições que ocorreram em 1947, após o fim do Estado Novo, voltaram a ocorrer as eleições municipais, naquele ano, os nisseis (filhos dos imigrantes) entraram como candidatos, e o advogado Yukishigue Tamura ficou como suplente, mas como houve a cassação de candidatos comunistas, Tamura conseguiu uma vaga como vereador, tornando-se então o primeiro nikkei a se tornar vereador no Estado de S. Paulo. Em 1951, Tamura foi eleito deputado estadual, sendo também o primeiro nikkei a assumir essa função. Em 1955, também foi pioneiro entre os nipo-brasileiro, ao se tornar o deputado federal, cargo que assumiu por quatro vezes. Além de Tamura, houve ainda vários representantes da comunidade japonesa que conseguiram os mais diversos cargos políticos. Em 2010, Jorge Yanai, tornou-se o primeiro nikkei a assumir o cargo de senador, representando o estado do Mato Grosso.

Com a presença dos nikkeis na assembléia legislativa de Assembleia Legislativa de São Paulo, houve um aumento de registros em relação ao intercâmbio Brasil-Japão, sendo que ambos os países passaram a receber delegações de deputados, diplomatas, empresários, governadores, presidentes e outras autoridades, no sentido de dinamizar a relação entre os dois países. Com o auxílio dos políticos nipo-brasileiros, muitos investimento feitos japoneses no Brasil puderam ser realizados, tendo como resultado a criação de empresas, como por exemplo, a Usiminas, ou a implantação de industrias dos mais diversos segmentos no Brasil.

No Poder Executivo a primeira presença de um nikkei foi a de Fábio Riodi Yassuda, em 1969, que foi ministro da Indústria e Comércio no governo Médici. Na década de 70, Shigeaki Ueki tornou-se Ministro de Minas e Energia, durante o Governo Geisel. Muitos descendentes de japoneses se destacaram na medicina brasileira, um deles foi o cirurgião cardiovascular Seigo Tsuzuki que foi Ministro da Saúde no governo de José Sarney. Durante o Governo Lula, assumiu como ministro da Secretaria de Comunicação Social, Luiz Gushiken, além de amigo pessoal do presidente, era capaz de mudar uma decisão de Lula.

Religião.


Nipo-Brasileira durante uma celebração Xintoísta
em Curitiba.
Os imigrantes japoneses eram na sua maioria budistas e xintoístas. Nas colônias japonesas houve a presença de padres brasileiros e japoneses para evangelizar os imigrantes. Em 1923, Mons. Domingos Nakamura (1856-1940), sacerdote da Diocese de Nagasaki imigra ao Brasil aos 58 anos para dar inicio a uma incansável atividade pastoral de 17 anos junto à comunidade japonesa radicada no Brasil; trabalhou nos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais. Foi o 1° missionário japonês a trabalhar no exterior. Faleceu com fama de santidade em 14 de Março de 1940 e seu processo de Beatificação foi aberto em 2002. Uma parte dos imigrantes eram descendentes dos kakure kirishitan, que eram católicos japoneses que viviam na clandestinidade quando o catolicismo se tornou ilegal no Japão. Segundo Rafael Shoji, do Instituto para Religião e Cultura da Universidade Nanzan, em Nagoia, esse grupo foi muito importante para a “conversão dos japoneses e nikkeis brasileiros ao cristianismo. Eles ofereceram um tipo de catolicismo com o qual os japoneses puderam se identificar”, entre esse grupo de japoneses católicos estava o monsenhor Domingos Nakamura. Para a comunidade nipo-brasileira foi criada a Pastoral Nipo-Brasileira, uma associação cívico-religiosa, sem fins lucrativos, que trabalha na evangelização e catequese dos japoneses e seus descendentes ou outros, radicados no Brasil, além de outras atividades. Em 2011, Bento XVI nomeou Júlio Endi Akamine como bispo-auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Akamine tornou-se o primeiro nipo-brasileiro a alcançar a posição de bispo, dentro da Igreja Católica no Brasil.

O casamento com pessoas católicas também contribuiu para o crescimento dessa religião na comunidade nipo-brasileira. Segundo dados do IBGE do ano 2000, cerca de 63,9% dos descendentes de japoneses no Brasil são católicos, sendo que a adoção do catolicismo representou o abandono das religiões comumente seguidas no Japão, tais como o budismo e xintoísmo, em nome de uma maior integração na sociedade brasileira.

O budismo chegou ao Brasil com os primeiros imigrantes japoneses, numa época que havia um movimento contrário à vinda de religiosos não cristãos e os monges tinham de se vestir como agricultores. O budismo chegou ao Brasil como forma de preservação da cultura japonesa atualmente está passando por uma fase em que o número de seguidores está diminuindo dentro da comunidade nipo-brasileira. De forma geral, segundo dados do IBGE, observa-se uma queda no número de budistas, sendo que em 1991 havia mais de 230 mil adeptos dessa religião e em 2000 o número caiu para um pouco mais de 214 mil seguidores, sendo que segundo dados de 2000, os seguidores não-orientais representavam a maioria dos budistas brasileiros, mais de 130 mil e os budistas com ancestralidade oriental representavam mais 81 mil pessoas.

Saúde.

Quando os imigrantes japoneses chegaram ao Brasil, o atendimento médico era precário, e os imigrantes enfrentaram dificuldades com a comunicação, não se adaptaram às condições locais e consequentemente contraíram doenças. Essa situação fez com que os imigrantes se organizassem para melhorar a situação e também houve a ajuda dada pelo governo japonês para tentar sanar a situação. Um exemplo dessa mobilização foi a criação do Hospital Santa Cruz, em São Paulo, inaugurado em 1939, com cinco andares e um subsolo, com quase 10 mil metros quadrados de área construída.

Prédio da Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo.
Também nos primeiros tempos da imigração foi importante a criação do Dōjinkai, entidade responsável pela saúde e pelo bem-estar dos imigrantes japoneses no Brasil. O governo japonês enviava médicos ao Brasil para atender os imigrantes, mas esses médicos não eram suficientes para atender toda a população. Além do problema de que naquela época a população brasileira de forma geral tinha um atendimento precário, no caso dos japoneses esse problema era agravado pela não compreensão da língua portuguesa.

Em 1959, foi fundada a Associação de Assistência aos Imigrantes Japoneses, que mudou o nome para Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo, em 1972, que tem como objetivo oferecer assistência social, moral e material aos imigrantes que, de alguma forma, apresentam vulnerabilidade e risco social. Na comunidade nikkei, é conhecida como Enkyo. A instituição é mantenedora do Hospital Nipo-Brasileiro, que foi fundado em 1988, em comemoração aos 80 anos da imigração japonesa, que na inauguração contou com a presença do príncipe Aya-no-miya e do então presidente da República, José Sarney. O hospital teve seu custo dividido com recursos enviados pelo governo japonês e com recursos arrecadados no Brasil, por meio de contribuições de membros da comunidade japonesa, doações de pessoas jurídicas e recursos da Enkyo.

Além do Hospital Nipo-Brasileiro, a Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo é mantenedora de outras instituições de apoio a população em geral, como o Hospital de São Miguel Arcanjo, localizado na cidade de São Miguel Arcanjo, fundado em 2013, se configurado então no único hospital da cidade. Outros exemplos são a Clínica Ortopédica e de Reabilitação Guarulhos, localizada em Guarulhos, o Centro Médico Liberdade, em São Paulo capital, a Assistência Médica Móvel, que tem por finalidade levar assistência médica, realizando consultas e exames a pessoas da Região Metropolitana de São Paulo e cidades do interior paulista, além de conscientizar e orientar o público atendido sobre doenças crônicas, saúde e nutrição. A Beneficência também mantém um projeto para crianças autistas denominada Projeto de Integração Pró-Autista, um centro de tratamento de pessoas com transtornos mentais, Yassuragui Home, em Guarulhos, e também mantém varias casas de repouso em diversas localidades do Estado de São Paulo.

A Beneficência Nipo-Brasileira da Amazônia é uma instituição, criada em 1965, que é mantenedora do Hospital Amazônia, localizado em Belém, do Hospital Amazônia de Quatro-Bocas em Tomé-Açu[ e do Centro de Reabilitação Social, em Ananindeua, que é uma casa de repouso que atende mais de uma centena de idosos.

Atualmente, no Brasil existem aproximadamente 14 mil descendentes de japoneses atuam como médicos, sendo que vários médicos descendentes de japoneses se destacaram na medicina brasileira, como por exemplo o cirurgião cardiovascular Seigo Tsuzuki que foi Ministro da Saúde no governo de José Sarney. Também houve a contribuição do médico inventor Kentaro Takaoka, que inventou o respirador Takaoka, em 1955, antes disso os respiradores artificiais eram grandes e de difícil uso. Em 2005, Takaoka recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o troféu Finep Inventor Inovador.

Há também o caso dos médicos psiquiatras nikkeis que se tornaram proeminentes na área ao qual atuam no Brasil, como por exemplo Içami Tiba, que também atua como escritor com vários livros publicados, Tiba é palestrante com milhares de palestras proferidas em vários países, dezenas de milhares de atendimentos psicoterápicos, também participa com frequência de vários programas na televisão e no rádio, como participante ou em quadros e também como apresentador de programas. Outro reconhecido psiquiatra é Roberto Shinyashiki, que escreveu vários livros que se tornaram best-sellers, onde abordas os temas de carreira, felicidade e sucesso. Além disso Shinyashiki profere palestras tanto no Brasil como no exterior é consultor organizacional e já ministrou cursos de especialização nos EUA, na Europa e Japão.

1° Parte.

2° Parte.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_japonesa_no_Brasil

https://pt.wikipedia.org/wiki/Shindo_Renmei

https://pt.wikipedia.org/wiki/Kasato_Maru

http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL604794-9980,00-CHEGADA+DOS+IMIGRANTES+JAPONESES+NO+NAVIO+KASATO+MARU+FAZ+ANOS+HOJE.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Decass%C3%A9guis_brasileiros

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_nipo-brasileira

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fazenda_Santo_Ant%C3%B4nio_(Rio_de_Janeiro)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_imigra%C3%A7%C3%A3o_japonesa_no_Brasil

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