segunda-feira, 18 de junho de 2018

110 anos da Imigração Japonesa no Brasil. 1° Parte. Imigração e Primeiros Anos

Cartaz de Propaganda da Imigração de
Japoneses para o Brasil e Peru.
Esse vai ser uma daquelas séries de Posts históricas do Oberhalb Thoth

Em 18 de Junho de 2018 e comemorando no Brasil, os 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil. Japão e Brasil tem uma relação fraternal que vai longe, nossos laços vão além de contradições geográficas, assim posso dizer (Enquanto são 21:00 da noite aqui no Brasil, e 09:00 da manhã ai no Japão).

Estamos matematicamente distantes por 17369 km, em algumas estimativas 1 dia de Viagem de Avião. A última vez que o Brasil foi campeão do Mundo FIFA, foi em território Japonês (Contra a Alemanha). Foi em Terras Brasileiras que os Animes e Tokusatsus se tornaram famosos e populares.

Airton Senna e Zico, se tornaram Esportistas reverenciados pelos Japoneses. Zico, Lendário Jogador do Flamengo, presente em 3 copas do Mundo, Comandou a Seleção Japonesa no Mundial de 2006.

A imigração japonesa no Brasil começou oficialmente no início do século XX, no ano de 1908.
Atualmente, o Brasil abriga a maior população de origem japonesa fora do Japão, com cerca de 1,5 milhão de nikkeis (日系?) (termo usado para denominar os japoneses e seus descendentes). Um nipo-brasileiro (em japonês 日系ブラジル人, nikkei burajiru-jin) é um cidadão brasileiro com ascendentes japoneses. Também são consideradas nipo-brasileiras, as pessoas nascidas no Japão radicadas no Brasil.

Oficialmente a imigração japonesa no Brasil teve início no dia 18 de junho de 1908, quando o navio Kasato Maru aportou em São Paulo, trazendo primeiramente 781 lavradores para as fazendas do interior paulista. O fluxo cessou quase que totalmente em 1973, com a vinda do último navio de imigração Nippon Maru, contando-se quase 200 mil japoneses estabelecidos no país.

Atualmente, estima-se que haja mais de um milhão de nipo-brasileiros, cuja maioria reside nos estados de São Paulo e do Paraná. Segundo pesquisa de 2016 publicada pelo IPEA, em um universo de 46.801.772 nomes de brasileiros analisados, 315.925 ou 0,7% deles tinham o único ou o último sobrenome de origem japonesa.

Os descendentes de japoneses chamam-se nikkei, sendo os filhos nissei, os netos sansei, os bisnetos yonsei e assim por diante. Os nipo-brasileiros que foram ao Japão trabalhar a partir do fim dos anos 80 são denominados dekassegui.

Necessidade de emigração no Japão

No inicio do Século XX, o Japão estava sofrendo com a superpopulação. Durante o Período Edo (Xogunato Tokugawa),  o país ficou isolado do Mundo por 265 anos (24/03/1603 até 03/05/1868), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração. Com as técnicas agrícolas da época, o Japão produzia apenas o alimento que consumia, sem praticamente formação de estoques para períodos difíceis. Qualquer quebra de safra agrícola causava fome generalizada.

O fim do Xogunato Tokugawa deu espaço para um intenso projeto de modernização e abertura para o exterior durante a era Meiji. Apesar da reforma agrária, a mecanização da agricultura desempregou milhares de camponeses. Outros milhares de pequenos camponeses ficaram endividados ou perderam suas terras por não poderem pagar os altos impostos, que, na era Meiji, passaram a ser cobrados em dinheiro, enquanto antes eram cobrados em espécie (parte da produção agrícola).

No campo, os lavradores que não tinham tido suas terras confiscadas por falta de pagamento de impostos mal conseguiam sustentar a família. Os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas. As oportunidades de emprego tornaram-se cada vez mais raras, formando uma massa de trabalhadores miseráveis.

A política emigratória colocada em prática pelo governo japonês tinha como principal objetivo aliviar as tensões sociais devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais, permitindo assim a implementação de projetos de modernização.

A partir da década de 1880, o Japão incentivou a emigração de seus habitantes por meio de contratos com outros governos. Antes do Brasil, já havia emigração de japoneses para os Estados Unidos (principalmente Havaí), Peru e México. No início do século XX, também houve grandes fluxos de emigração japonesa para colonizar os territórios recém-conquistados da Coreia e Taiwan. Somente no Brasil, Estados Unidos e Peru se formaram grandes colônias de descendentes de japoneses. Praticamente todos os imigrantes que formaram grandes colônias na Coreia e Taiwan retornaram ao Japão depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

Em abril de 1905, chegou ao Brasil o Ministro Fukashi Sugimura, que visitou diversas localidades no Brasil, sendo bem recebido tanto pelas autoridades locais como pelo povo, parte desse tratamento se deve a vitória japonesa na Guerra Russo-Japonesa, frente ao grande Império Russo. O relatório produzido por Sugimura, onde foi descrito a receptividade dos brasileiros, aumentou o interesse do Japão pelo Brasil. Influenciados por este relatório e também pelas palestras proferidas pelo secretário Kumaichi Horiguchi, começaram a surgir japoneses decididos a viajar individualmente para o Brasil.

Necessidade de imigração no Brasil.

Ryu Mizuno (centro), que organizou a 1° viagem de
Imigrantes Japoneses ao Brasil. Créditos Wikipédia
A economia cafeeira foi o grande motor da economia brasileira desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920. Com a expansão das plantações de café, faltava mão-de-obra na zona rural paulista no final do século XIX e no início do século XX.

A primeira visita oficial para se tentar buscar um acordo diplomático e comercial, com o Japão, ocorreu em 1880. No dia 16 de novembro daquele ano, o vice-almirante Artur Silveira de Mota iniciou, em Tóquio, as conversações para o estabelecimento de um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre os dois países. Mota foi recebido pelo vice-ministro de Negócios Estrangeiros, Kagenori Ueno. O esforço nesse sentido prosseguiu em 1882, com o ministro plenipotenciário Eduardo Calado, que acompanhou Mota, em 1880. Mas o tratado só seria assinado três anos mais tarde.

O Japão, que só tinha se aberto para o comércio mundial em 1846, até então era considerado muito distante física e politicamente do Brasil. O primeiro Tratado da Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão foi assinado apenas em 5 de novembro de 1895. A assinatura desse tratado marcou o início das relações que persistem até os dias de hoje, com exceção dos anos da Segunda Guerra Mundial.

Além disto, a política de imigração brasileira era executada não só como um meio de colonizar e desenvolver o Brasil, mas também de "civilizar" e "branquear" o país com a população europeia. A imigração de asiáticos foi praticamente proibida em 1890. Neste ano, o decreto nº 528 assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.

O preconceito contra o recebimento de imigrantes asiáticos era muito forte. Todos os asiáticos eram considerados raças inferiores que prejudicariam o "branqueamento" que ocorria no Brasil com o recebimento de imigrantes europeus. Havia também o medo do "perigo amarelo", isto é, que as grandes populações de orientais se espalhassem étnica e culturalmente pelas Américas. O medo do "perigo amarelo" tinha sido exacerbado pelo expansionismo militarista do império nipônico que, buscando conquistar terras para colonizar, derrotou a China em 1895 e a Rússia, em 1905 (a terceira derrota de um país europeu em frente a um não-europeu nos tempos modernos, a primeira sendo a Invasão Mongol na Europa em 1241, a segunda a Itália perante a Etiópia em 1896). Finalmente, havia o sentimento de que o imigrante japonês era um "quisto inassimilável" devido a seus costumes e religião.

Francisco José de Oliveira Viana, autor do livro clássico "Populações Meridionais do Brasil" (publicado em 1918), e Nina Rodrigues, criador da Medicina Legal no Brasil, foram os grandes ideólogos do "branqueamento" do Brasil. Oliveira Viana propagava o antiniponismo pois considerava que "o japonês [fosse] como enxofre: insolúvel".

Apesar do preconceito, a necessidade de mão-de-obra era muito grande e a vinda de um navio com imigrantes japoneses começou a ser planejada para 1897. Entretanto houve uma crise de superprodução cafeeira nesta época, os preços internacionais desabaram e a vinda de imigrantes foi então desestimulada.

Por volta de 1901, os preços internacionais do café haviam se recuperado e o governo do Brasil voltou a estudar o recebimento de imigrantes japoneses. O encarregado de negócios da primeira missão diplomática brasileira no Japão, Manuel de Oliveira Lima, foi consultado e deu parecer contrário ao projeto de recebimento de imigrantes japoneses. Escreveu então ao Ministério das Relações Exteriores alertando sobre o perigo de o brasileiro se misturar com "raças inferiores".

Em 1902, o governo da Itália proibiu a emigração subsidiada de italianos para o Brasil. As fazendas de café sentiram uma grande falta de trabalhadores com a diminuição da chegada de italianos e o governo brasileiro aceitou o recebimento de imigrantes japoneses. Em 1907, o Brasil criou a "Lei de Imigração e Colonização" que regularizou a entrada de todos imigrantes e acabou definitivamente com as restrições do decreto nº 528 de 1890.

Em 1906, Ryu Mizuno, presidente da Kokoku Shokumin Kaisha (Companhia Imperial de Emigração) visitou o Brasil, acompanhado de Teijiro Suzuki, que pretendia ir ao Peru e no Brasil trabalhou experimentalmente na Fazenda Tibiriçá. Em novembro de 1907, o empresário Ryu Mizuno firmou um acordo com o Estado de São Paulo. O documento foi assinado, em nome do governo do Estado, pelo secretário de Assuntos da Agricultura, Carlos José de Arruda Botelho. Pelo contrato seriam trazidos 3.000 imigrantes japoneses para trabalhar como agricultores.

A pré-imigração.

Os primeiros japoneses que pisaram em solo brasileiro foram quatro tripulantes do barco Wakamiya Maru que naufragou na costa japonesa, em 1803, que foram salvos por um navio de guerra russo que levou-os em sua viagem. No retorno, a embarcação aportou, para conserto, em Porto de Desterro, atual Florianópolis, no dia 20 de dezembro, permanecendo até 4 de fevereiro de 1804. Ali, os quatro japoneses registraram da vida da população local e da produção agrícola da época.

Com a entrada em vigor da lei nº 97, o Japão enviou o deputado Tadashi Nemoto, em 1894, para uma visita aos estados da Bahia, do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O deputado ficou satisfeito com o que viu e fez um relatórios ao governo e também para as empresas de emigração japonesas, onde ele recomendava o Brasil para os imigrantes japoneses. A partida da primeira leva de japoneses para trabalhar nas lavouras de café em 1897, foi cancelada na véspera do embarque, por causa da crise que o preço do produto sofreu em todo o mundo, e que que se manteria até 1906.

Somente em 1907 chegou ao Brasil um grupo significativo disposto a estabelecer uma colônia. Liderados por Saburo Kumabe, que exercia a profissão de juiz em Kagoshima, o grupo situou-se em 1907 na fazenda Santo Antônio, no atual município de Conceição de Macabu, então distrito de Macaé, no estado do Rio de Janeiro.

A fazenda constituiu-se no século XIX. Sua toponímia deriva da Serra do Santo Antônio e do rio de mesmo nome, nomenclaturas usadas pelos missionários católicos que catequizavam na região para demarcar suas áreas de acesso ao vale do Rio Macabu. Entre 1870 e 1874, formou-se e foi dissolvido na fazenda o Quilombo de Cruz Sena, o último grande quilombo da região Norte Fluminense.

A colônia produziu leite e derivados, além de milho, feijão e arroz. O arroz plantado nas inúmeras várzeas da propriedade, chegando a duas colheitas por ano. Com o passar do tempo os imigrantes foram desistindo do projeto. Outros japoneses foram enviados ao local pela Companhia de Imigração, mas também abandonaram a propriedade. A colônia acabou em 1912, quando Saburo Kumabe e sua família partiram. Vários foram os motivos o fracasso da colônia, tais como a exaustão do solo, falta de investimentos, epidemias de malária e ataques de saúvas nas plantações, o principal problema foi que se tratava de um grupo heterogêneo de pessoas - advogados, professores, funcionários públicos - sem agricultores com experiência em cultivar a terra.

Primórdios da Imigração Oficial.

O Kasato Maru é considerado pela historiografia oficial como o primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses. A viagem de 52 dias começou no porto de Kobe e terminou no Porto de Santos em 18 de Junho de 1908. Diz uma famosa lenda em torno desta data, que quando os 781 Imigrantes desembarcaram no Porto de Santos, viram brilhar nos céus, centenas de fogos de artifícios. A principio, os imigrantes imaginaram que os Brasileiros estavam contentes com a chegadas deles e estavam comemorando.

Pode ser que essa lenda realmente seja verdade, pois Junho e um mês festivo, e os pipocos de fogos celestes são referentes ao São João.

Ao todo vieram 781 pessoas, sendo 186 mulheres que compunham 165 famílias, havia poucas mulheres, pois, em sua grande maioria, os grupos tinham como núcleo marido e mulher e o restante era formado por parentes ou até mesmo conhecidos que não eram membros da família. Esses imigrantes foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista. Naquela época, antes de embarcarem, todos eram obrigados a passar por um processo, no qual faziam exames médicos e tinham aulas básicas de português. Em condições normais, a viagem demorava dois meses.

1° página da lista de Passageiros do Kasatu Maru, trazendo os primeiros imigrantes
japoneses para o Brasil, no ano de 1908. Arquivo Nacional.
O recebimento não foi especialmente caloroso. Apenas um jornalista elogiou os imigrantes dizendo que eles eram "limpos", coisa não muito comum entre os europeus naquela época. A revista carioca "O Malho" em sua edição de 5 de dezembro de 1908 publicou uma charge de imigrantes japoneses com a seguinte legenda: "O governo de São Paulo é teimoso. Após o insucesso da primeira imigração japonesa, contratou 3.000 amarelos. Teima pois em dotar o Brasil com uma raça diametralmente oposta à nossa".

Na primeira leva de imigrantes de 1908, poucos eram agricultores, e assim relatou o presidente do Estado de São Paulo Manuel Joaquim de Albuquerque Lins em sua mensagem ao Congresso do Estado de São Paulo em 1909:
"A imigração japonesa parece não produzir os resultados esperados. Os 781 primeiros imigrantes, introduzidos na vigência do contracto de 6 de Novembro de 1907, deram entrada na Hospedaria da Capital em junho do anno indo; mas, na maioria indivíduos solteiros e pouco habituados á lavoura, esquivaram-se a certos serviços agrícolas, que abandonaram aos poucos. Somente ficaram nas fazendas algumas famílias constituídas por verdadeiros agricultores, que trabalham muito a contendo dos fazendeiros em cujas propriedades se localizaram."
Depois de algum tempo, Kasato Maru foi transformado em navio cargueiro e ainda voltou ao Brasil uma segunda e última vez, em 1917, transportando cargas a serviço da Osaka Shosen Kaisha (OSK) Line.

Em 1942 foi requisitado pela Marinha Imperial do Japão e passou a fazer parte da esquadra japonesa na Segunda Guerra Mundial como navio cargueiro. No dia 9 de agosto de 1945, foi bombardeado por três aviões russos das 11:15 às 14:30. Afundou-se no mar de Bering nas águas russas próximas da Península de Kamchatka. Está atualmente submerso a uma profundidade de 18 metros e em bom estado de conservação.

Somente em 28 de junho de 1910, chegou a Santos outro navio, o Ryojun Maru, trazendo mais 906 imigrantes japoneses, que constituíam 247 famílias, divididas entre 518 homens e 391 mulheres, que foram enviados para trabalhar em 17 fazendas de café no Estado de São Paulo.

Diversos navios vieram para o Brasil no período da imigração. Trinta e três deles foram organizados, catalogados e disponibilizados para consulta por meio dos nomes dos imigrantes japoneses que nele vieram. São 49 províncias diferentes e contempla os anos de 1908 a 1950. Para mais informações o, Bunkyo permite fazer uma pesquisar sobre determinado imigrante.

Apesar de tudo, a imigração de japoneses continuou em ascensão. Em 1914, quando o governo de São Paulo interrompeu a contratação de imigrantes, a população japonesa no Brasil era estimada em apenas 10 mil pessoas. Até 1915, chegaram no Brasil mais 3.434 famílias (14.983 pessoas) de imigrantes japoneses.

Dificuldades dos primeiros tempos

Fotografia de Masataro Yamada e da Esposa no
passaporte,1919. Arquivo Nacional
Os imigrantes japoneses tiveram muita dificuldade em se adaptar ao Brasil. Idioma, hábitos alimentares, modo de vida e diferenças climáticas acarretaram um forte choque cultural.
A maior parte dos imigrantes japoneses tinha a pretensão de enriquecer no Brasil e retornar para o Japão após poucos anos. Uma parcela considerável nunca aprendeu a falar o idioma português.

Os japoneses tinham a expectativa de acumular dinheiro rapidamente, mas recebiam pouco, pois em seus primeiros pagamentos eram descontadas as parcelas da dívida da viagem, mais os gastos com alimentos e remédios, geralmente comprados na própria fazenda. O contrato previa que a estada dos imigrantes nas fazendas deveria ser de cinco anos, porém as más condições fizeram com que boa parte saísse das fazendas no mesmo ano.

Entretanto, através de um sistema chamado de "lavoura de parceria" em contrato com um proprietário de terras, no qual os trabalhadores se comprometiam a desmatar o terreno, semear o café, cuidar da plantação e devolver a área dali a sete anos, quando a segunda colheita estaria pronta. Em troca, ficavam com os lucros da primeira safra, levando em conta que a cultura do café é bianual e também ficavam com tudo o que plantassem além do café. Dessa forma muitos japoneses conseguiram economizar e comprar seus primeiros pedaços de terra. A primeira compra de terra por japoneses no interior de São Paulo ocorreu em 1911. Com a ascensão social e a vinda de parentes, a maioria dos imigrantes japoneses decidiu-se pela permanência definitiva no Brasil.

Outro fator que facilitou a permanência definitiva no Brasil foi que os contratos de imigração eram feitos com famílias. Japoneses solteiros não podiam imigrar sozinhos, como foi permitido com outras etnias. O padrão comum foi a imigração de famílias de japoneses com filhos pequenos ou de casais recém-casados.

A primeira geração nascida no Brasil viveu de forma semelhante a de seus pais imigrantes. Ainda pensando em regressar, os imigrantes educavam seus filhos em escolas japonesas fundadas pela comunidade. A predominância do meio rural facilitou tal isolamento. Cerca de 90% dos filhos de imigrantes japoneses falavam apenas o idioma japonês em casa. Muitos brasileiros de origem japonesa em zonas rurais ainda possuem dificuldades em falar o idioma português.

A partir de 1912, grupos de japoneses passaram a residir na ladeira Conde de Sarzedas em São Paulo. Em 1912, 92,6% dos japoneses dedicavam-se principalmente ao cultivo do café. O local era próximo do centro da cidade e alugar cômodos ou porões de sobrados era o melhor que os pobres imigrantes podiam pagar. Na década de 1920, a rua Conde de Sarzedas já era conhecida como o local preferido de residência dos japoneses que deixavam o campo. Com o crescimento da comunidade, o entorno do bairro da Liberdade tornou-se então um bairro japonês com lojas e restaurantes típicos.

A grande Imigração Nipônica.

Passaporte do Imigrante Japonês de 1921.
Arquivo Nacional.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o fluxo de imigrantes japoneses para o Brasil cresceu enormemente. Entre 1917 e 1940, vieram 164 mil japoneses para o Brasil. A maior parte dos imigrantes chegou no decênio 1920-1930. Destaque-se, a partir de 1930, a presença dos imigrantes chamados kôtakusei, formados pela Kokushikan Kôtô Takushoku Gakkô (Tóquio),instituição onde eles eram preparados, durante cerca de um ano, a fim de virem para o Brasil. Trata-se de um grupo diferente, que vinha com a intenção de se estabelecer permanentemente, com o objetivo não só de trabalhar mas também de pesquisar.

O crescimento da imigração para o Brasil foi estimulado quando os Estados Unidos baniram a entrada de imigrantes japoneses através da United States Immigration Act de 1924. Outros fatores para o crescimento da imigração eram as propagandas de enriquecimento rápido no Brasil divulgados pelo governo do Japão. Outros países, como Austrália e Canadá, também colocaram restrições a entrada de imigrantes japoneses. O Brasil tornou-se então um dos poucos países no mundo a aceitar imigrantes do Japão.

Também houve projetos de restrição de imigração de japoneses no Brasil. Em 22 de outubro de 1923, o deputado Fidélis Reis apresentou um projeto de lei de regulação da entrada de imigrantes com um artigo que dizia: É proibida a entrada de colonos da raça preta no Brasil e, quanto ao amarelo, será ela permitida, anualmente, em número correspondente a 5% dos indivíduos existentes no Brasil.

A imigração de japoneses, entretanto, cresceu durante a década de 1930. Cerca de 75% dos imigrantes japoneses foram para São Paulo, estado que tinha grande necessidade de mão-de-obra para trabalhar nos cafezais. Com a abertura de novas frentes de trabalho, os imigrantes japoneses iam trabalhar também no cultivo de morango, chá e arroz. Pequenas comunidades nipo-brasileiras surgiram no Pará com imigrantes japoneses atraídos pelo cultivo da pimenta do reino.

Na década de 1930, o Brasil já abrigava a maior população de japoneses fora do Japão. Muitos imigrantes japoneses continuaram a chegar neste período, muitos deles atraídos pelos parentes bem sucedidos que já tinham emigrado.

2° Parte.

3° Parte.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_japonesa_no_Brasil

https://pt.wikipedia.org/wiki/Shindo_Renmei

https://pt.wikipedia.org/wiki/Kasato_Maru

http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL604794-9980,00-CHEGADA+DOS+IMIGRANTES+JAPONESES+NO+NAVIO+KASATO+MARU+FAZ+ANOS+HOJE.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Decass%C3%A9guis_brasileiros

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_nipo-brasileira

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fazenda_Santo_Ant%C3%B4nio_(Rio_de_Janeiro)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_imigra%C3%A7%C3%A3o_japonesa_no_Brasil

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