domingo, 27 de maio de 2018

Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil: Cabeça Satânica.

Cabeça Satânica ou Cabeça Errante, Besta Fera (este mito tem lenda própria), Catecate (Bolívia), Ráhu (Índia). É um dos muitos fantasmas do folclore brasileiro. Não se pode indicar com exatidão a época em que esse mito surgiu, sabe-se apenas que é de origem europeia, e certamente tem raízes portuguesas. A versão mais aceita é a de que tenha chegado ao país através dos colonizadores desembarcados em Recife-PE, mas depois foi se espalhado pelas zonas do agreste, sertão e alto sertão, sendo pouco conhecida nas capitais.

Os relatos a seu respeito são variados e assustadores. Alguns a descrevem como sendo a cabeça de uma pessoa de cabelos compridos, a se deslocar rolando ou saltitando pelo chão, mostrando os olhos arregalados e amedrontadores, sempre com um grande sorriso enigmático estampado na face. Outros a apresentam como a cabeça de um cangaceiro de feições rudes e castigadas pelas adversidades, que contempla sorridente a todos os que com ela se deparam. Uma terceira versão a representa como sendo uma cabeça conduzida por outro ser fantasmagórico, que com uma das mãos a segura pelos cabelos, mas a solta assim que se defronta com alguém, para que ela possa perseguir a vítima, que por infelicidade, estava no lugar errado e na hora errada.

Costuma surgir de repente, como se fosse uma pessoa comum, quase sempre de costas para o individuo a quem pretende intimidar. Isso sempre acontece tarde da noite e em lugares onde haja pouca luminosidade, certamente porque a obscuridade aumentará a sensação de pavor. Então aquela pessoa estranha e irreconhecível, se desfaz no chão em poucos segundos, surgindo em seu lugar à assustadora cabeça rolante. Trata-se de uma entidade tão temida pelos habitantes das regiões afastadas, que a simples menção do seu nome já exige o Sinal da Cruz, e costumam evita-lo, mesmo quando a conversa gira em torno de assombrações. Isso porque associam seu nome à encarnação viva do próprio diabo, que costuma sair a noite, para perseguir aqueles que por qualquer motivo, estão perambulando pelas ruas, com ou sem destino.

Dizem que basta um toque dessa entidade maligna, para que a pessoa alcançada adoeça e morra logo em seguida, é considerado sinal de agouro quando ela corre pelas noites a fora, e de repente se detém diante de alguma casa. Nesses casos, tem-se como certo que uma das pessoas que moram ali, acabará morrendo ou contraindo doença grave no prazo de poucos dias. Para que isso não aconteça será necessário que um padre exorcize o local, para depois os moradores nele realizarem uma novena. Essa é, na certeza geral, a única maneira do mal ser afastado definitivamente.

Em algumas regiões essa entidade é também descrita como uma enorme cabeça que surge mostrando seus cabelos e olhos de fogo, sempre gargalhando de forma tenebrosa, espalhando terror e pânico por onde costuma passar. Para proteger-se dos malefícios que essa aparição sempre acarreta, recomenda-se que uma cruz feita da palha do Domingo de Ramos, seja colocada do lado de fora da porta de entrada da casa, como se fosse um amuleto a protegê-la. Mas quando ele não funciona e a sinistra cabeça detém-se diante da casa, fazendo com que seu hálito horrível atravesse as frestas da porta e seja sentido por seus moradores, o recurso é que eles se agarrem a um terço bento e comecem a rezar, mantendo sempre bem fechados todos os ferrolhos de portas e janelas, que possam permitir a entrada da aberração que está do lado de fora.

Provável Origem.

É difícil determinar em que época surgiu esse mito no Brasil. É pouco conhecido até no Nordeste do país, apesar de aparentemente ser originário desta região. É mais relatado nas regiões agreste, sertão e alto sertão, sendo pouco conhecida nas capitais. É mais comum em Pernambuco, Alagoas e Paraíba onde coletamos diversos relatos. Outras menções são dos colonos nordestinos que se mudaram para a região Norte do país. Pode estar relacionado com o mito Europeu do Lobisomem e certamente tem raízes portuguesas. Também devemos considerar os mitos asiáticos das Cabeças Voadoras, crenças milenares daquele continente.

Entre os Caxinauás, índios Panos, do rio Iboaçu, afluente do Muru, no território do Acre, J. Capistrano de Abreu recolheu o mito da origem da Lua. O tema da Cabeça Errante e falante aí aparece como centro etiológico. Trata-se da explicação do próprio astro celeste. Se assemelha ao mito do Maranhão ou Pará do Cumacanga ou Curacanga.

Na Europa e Ásia há a tradição das cabeças humanas que voam, destacadas do corpo, atravessando os ares, espalhando pavor. Na América do Sul, principalmente na Bolívia, há a Catecate, que aparece por cima dos tetos, queixando-se, iluminando o interior com seus olhos de fogo.

Era crença comum na Europa Medieval, entre os séculos X e XV, que os mortos-vivos, ou Zumbis, habitavam a terra juntamente com os vivos. Inúmeros são os relatos oficiais de tais aparições, assim também como do remédio adotado na época para resolver a questão. Acreditava-se que a cabeça do fantasma, ou morto, era o elo de ligação dele com o mundo físico. Assim, era prática comum, depois de identificado o morto que assombrava, com o consentimento das autoridades religiosas, fazer a exumação do seu corpo e o eventual corte de sua cabeça, como única forma de libertá-lo da maldição. Em seguida, era o defunto outra vez enterrado, agora com a cabeça decepada entre as pernas.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabe%C3%A7a_Sat%C3%A2nica

http://www.sitededicas.com.br/folclore-cabeca-satanica.htm

http://www.noitesinistra.com/2015/07/lenda-da-cabeca-satanica.html#.WwcpSTQvzcc

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