terça-feira, 1 de maio de 2018

O Livro dos Mortos.

O Ano era 2003/2004 não me lembro bem no final da Noite de Domingo/Madrugada de Segunda, a Globo iria passar (Ou Melhor Reprisar) mais um Blockbuster Norte-Americano. A Múmia foi o Filme naquele fim de noite. Tal Filme me fez ter uma certa fascinação com o Egito Antigo, e pesquisar em livros de história todas as informações relevantes sobre a Terra dos Faraós.

Digamos que o Filme da Múmia me inseriu de vez neste universo. Múmias, Tesouros escondidos, Múmias, Maldições, Múmias, Deuses, Múmias, Hieroglifos e Múmias.



Algo que chamou minha atenção no Filme foram além dos Hieroglifos, o Livro dos Mortos. Depois de  bastante tempo em busca de referências sobre o Livro do Mortos. Diferente de como Hollywood implementou, o Livro não é um mero livro sagrado composto de Ferro (Obsidiana, Bronze), com detalhes Dourados. São Papiros enrolados de forma simples (Não tão simples assim).

O Verdadeiro Livro dos Mortos, que no Original e chamado de Livro de Saída para a Luz do Dia, é a designação dada a uma coletânea de feitiços, fórmulas mágicas, orações, hinos e litanias do Antigo Egito, escritos em rolos de papiro e colocados nos túmulos junto das múmias. O objetivo destes textos era ajudar o morto em sua viagem para o outro mundo, afastando eventuais perigos que este poderia encontrar na viagem para o Além. O livro era posto sob a cabeça da múmia ou junto dela, ou então copiavam-se trechos dele na tumba.

A ideia central do Livro dos Mortos é o respeito à verdade e à justiça, mostrando o elevado ideal da sociedade egípcia. Era crença geral que diante da deusa Maat de nada valeriam as riquezas, nem a posição social do falecido, mas que apenas os atos seriam levados em conta. Foi justamente no Egito que esse enfoque de que a sorte dos mortos dependia do valor da conduta moral enquanto vivo ocorreu pela primeira vez na história ocidental, visto que entre os habitantes do Vale do Rio Indu já existiam as noções de Karma e Dharma, ações que resultariam numa reação nesta e em outras vidas . Mil anos mais tarde, — diz Kurt Lange - essa ideia altamente moral não se espalhara ainda por nenhum dos povos civilizados que conhecemos. Em Babilônia, como entre os hebreus, os bons e os maus eram vítimas no além, e sem discernimento, das mesmas vicissitudes.

Não resta dúvida de que o julgamento dos atos após a morte devia preocupar, e muito, a maioria dos egípcios, povo religiosos que eram. Para os egípcios esse conjunto de textos era considerado como obra do deus Thoth. As fórmulas contidas nesses escritos podiam garantir ao morto uma viagem tranquila para o paraíso e, como estavam grafadas sobre um material de baixo custo (Diferente da Gourmetização do Livro, no Filme de 1999), permitiam que qualquer pessoa tivesse acesso a uma terra bem-aventurada, o que antes só estava ao alcance do rei e da nobreza. Em verdade, essa compilação de textos era intitulada pelos egípcios de Capítulos do Sair à Luz ou Fórmulas para Voltar à Luz (Reu nu pert em hru), o que por si só já indica o espírito que presidia a reunião dos escritos, ainda que desordenados. Era objetivo desse compêndio, ensina o historiador Maurice Crouzet, fornecer ao defunto todas as indicações necessárias para triunfar das inúmeras armadilhas materiais ou espirituais que o esperavam na rota do "ocidente".

Livro dos Mortos do Filme A Múmia.
O Livro dos Mortos não era um "livro" no sentido coeso da palavra. A atual ideia de livro sugere a existência de um autor (ou autores) que propositadamente redige um texto com um princípio, meio e fim. Em vez disso, os textos que integram o que hoje se denomina por Livro dos Mortos não foram escritos por um único autor nem são todos da mesma época histórica. Um dos escritores mais conhecido por colaborar com uma parte desse livro foi Snefferus S. Karnak.

Os antigos egípcios denominavam a esta coletânea de textos como Prt m hru , o que pode ser traduzido como "A Manifestação do Dia" ou "A Manifestação da Luz". A atual designação é disputada entre duas origens. A primeira refere-se ao título dado aos textos pelo egiptólogo alemão Karl Richard Lepsius quando os publicou, em 1842 - Das Todtenbuch der Ägypter (Todtenbuch, Livro dos Mortos). Afirma-se igualmente que o título possa ser oriundo do nome que os profanadores dos túmulos davam aos papiros que encontravam junto às múmias - em árabe, Kitab al-Mayitun (Livro do Defunto).

O Papiro de Ani.

Dentre esses livros fúnebres o que mais se destaca é o Papiro de Ani. O Livro dos Mortos presentes no filmes das Múmia e outras Mídias são profundamente influenciados por essa liturgia fúnebre. O responsável por essa Egiptologia até os dias de hoje foi Sir Ernest Alfred Thompson Wallis Budge. Para outros o cidadão da Cornualha foi um dos maiores saqueadores, um ladrão de relíquias da história da Arqueologia

Diretor de antiguidades egípcias e asiáticas do Museu Britânico, escritor de mais de 100 livros, alguns com erros depois descobertos, parece-nos que ele não media esforços e meios, escusos ou não, para obter todos os artefatos antigos valiosos nos quais pudesse colocar as mãos, segundo se pode perceber das informações trazidas no documentário O Livro dos Mortos, do History Channel, produzido por Tim Evans e dirigido por Petra Hafner.

No mesmo documentário, Stuart Tyson Smith, Phd, Professor da Univeristy of California Santa Barbara diz que “Ele praticamente pilhava e saqueava, comprando o que via...”. Já James Wasserman, escritor e ocultista, contemporiza dizendo que “As pessoas fazem julgamentos totalmente extemporâneos. Comprar objetos culturais naquele tempo era normal.”

Esta é a mesma linha de pensamento de Carol A. R. Andrews, autora de vários livros sobre o Egito. No documentário ela declarou que “Não devemos olhá-lo como mero ladrão de culturas. Não se pensava assim...”, o que difere um pouco do pensamento de Zahi Hawass, à época do documentário Chefe do Conselho Supremo de Antiguidades: “Para mim era ladrão...”

Foi graças a essa forma alternativa de Arqueologia que Budge obteve um dos maiores e melhores textos sobre o além tumulo. O Papiro De Ani.

Wallis Budge o comprou ainda com o selo intacto e, ao abri-lo, deparou-se com 24 metros de magníficas ilustrações coloridas e escrita excelente. O Papiro de Ani possui 65 orações e encantamentos e cerca de 150 ilustrações coloridas. Contudo, o achado foi tomado por ordem do diretor do Departamento de Antiguidades Egípcias da época, o francês Eugène Grébaut, que apreendeu diversos artefatos e os trancou sob guarda.

Segundo o documentário do History dá a entender, Wallis Budge teria pago a um dono de hotel vizinho ao depósito para escavar um túnel até o quarto onde os objetos estavam e roubá-los. Para que a operação não fosse ouvida pelos guardas ele providenciou uma refeição batizada, os fazendo dormir profundamente enquanto "recuperava" os tesouros.

Rumo Ao Paraíso.

Alçar o Paraíso e o objetivo de todos os viventes quando chegam no outro lado. Cada Religião tem a sua versão de Paraíso. Afinal todos quando morrem querem está bem no outro mundo.

O Zoroastrismo pregava que os mortos serão devorados pelo terror e purificados para viver num mundo material perfeito no fim dos tempos.

O texto pálavi Dadestan-i Denig ("Decisões Religiosas"), datado de cerca de 900 AD, descreve o julgamento particular da alma três dias após a morte, sendo cada alma enviada para o paraíso, inferno ou para um lugar neutro (hamistagan) para aguardar pelo Juízo Final.

Na Odisseia, Homero refere-se aos mortos como "espectros consumidos". Uma ultravida de eterna bem-aventurança existe nos Campos Elísios, mas está reservada para os descendentes mortais de Zeus.

Em seu Mito de Er, Platão descreve almas sendo julgadas imediatamente após a morte e sendo enviadas ou para o céu como recompensa ou para o submundo como punição. Depois que seus respectivos julgamentos tenham sido devidamente gozados ou sofridos, as almas reencarnam.

O deus grego Hades é conhecido na mitologia grega como rei do submundo, um lugar gélido entre o local de tormento e o local de descanso, onde a maior parte das almas residem após a morte. É permitido que alguns heróis das lendas gregas visitem o submundo. Os romanos tinham um sistema de crenças similar quanto a vida após a morte, com Hades sendo denominado Plutão. O príncipe troiano Enéas, que fundou a nação que se tornaria Roma, visitou o submundo de acordo com o poema épico Eneida.

Na Religião Nórdica, os Eddas em verso e em prosa, as mais antigas fontes de informação sobre o conceito nórdico de vida após a morte, variam em sua descrição dos vários reinos que são descritos como fazendo parte deste tópico. Os mais conhecidos são:

  • Valhala: (literalmente, "Salão dos Assassinados", isto é, "os Escolhidos"). Esta moradia celestial, de alguma forma semelhante aos Campos Elísios gregos, está reservado aos guerreiros valorosos que morreram heroicamente em batalha.
  • Helheim: (literalmente, "O Salão Coberto"). Esta moradia assemelha-se ao Hades da religião grega, com um local semelhante ao "Campo de Asfódelos", onde as pessoas que não se destacaram, seja por boas ou más ações, podem esperar residir após a morte e onde se reúnem com seus entes queridos.
  • Niflheim: (literalmente, "O Escuro" ou "Hel Nevoento"). Este reino é grosso modo similar ao Tártaro grego. Está situado num nível inferior ao do Helheim, e aqueles que quebram juramentos, raptam e estupram mulheres, e praticam outros atos vis, serão enviados para lá com outros do seu tipo, para sofrer punições severas.

Na mitologia egípcia, temos o Aaru ou Sekhet-Aaru (em egípcio "campos de junco"), representa o paraíso e morada dos que transpuseram o juízo de Osíris.

Ka e Ba de Ani
A vida após a morte desempenhava um importante papel na antiga religião egípcia, e seu sistema de crenças é um dos mais antigos conhecidos. Quando o corpo morria, partes de sua alma conhecidos como ka (corpo duplo) e ba (personalidade) iam para o Reino dos Mortos. Enquanto a alma residia nos Campos de Aaru, Osíris exigia pagamento pela proteção que ele propiciava. Estátuas eram colocadas nas tumbas para servir como substitutos do falecido

Obter a recompensa no outro mundo era uma verdadeira provação, exigindo um coração livre de pecados e a capacidade de recitar encantamentos, senhas e fórmulas do Livro dos Mortos.

Ani era escriba, uma espécie de contador do Templo de Osíris, que viveu, provavelmente, durante o reinado de Seti I ou de seu filho, Ramsés II. Vivendo em Tebas e convivendo diretamente com o cotidiano de um dos pólos centrais da religião, Ani preocupava-se ainda mais com a vida após a morte.

É de se imaginar que seus contatos estreitos com os sacerdotes lhe rendiam informações privilegiadas sobre todos os aspectos da vida espiritual conforme a entendiam os religiosos de seu tempo. A elevada posição social de que era detentor como escriba, aliada à sua função de recebedor das doações e tributos pagos ao templo, lhe garantiu recursos suficientes para encomendar um dos mais bem feitos e completos exemplares do Livro dos Mortos já encontrado.

Neste Livro (Sua Cópia Personalizada) e contado a aventura de Ani e sua Esposa Tutu em uma jornada espiritual entre os tr~es mundos em que os egípcios acreditavam (Ta, o mundo terreno; Duat, o mundo intermediário - purgatório; e Nut, o mundo superior - paraíso). Tudo isso representava a jornada de uma alma pelo ciclo das vidas até a junção final com os seres perfeitos que não precisam mais reencarnar.

Funeral de Ani.
O falecido entra no Amentet ("Local onde o Sol se põe". É a entrada da terra dos mortos, região de Duat) com um papiro em suas mãos, escrito por ele com passagens de toda sua vida, e com uma espécie de mapa, oferecido por sacerdotes, que o guiaria pelo outro mundo. Uma tradição diz que Tehuty (Thoth, Tot, o grego Hermes) queimava tal papiro e pesava, na mesma balança da justiça, suas cinzas com as cinzas de seu próprio livro da verdade. Caso o peso fosse igual, a alma rumaria aos céus (fonte: Seleem, 2005).

Imagine que a Jornada para a bem aventurança seja um jogo de níveis, da quais você tem quem passar, sem perder a vida. A cada nível o desafio fica difícil, mais não pode vacilar. O objetivo maior e chegar aos campos de Juncos e vivem plenamente por toda eternidade. Para isso tem que provar que é merecedor desta eternidade, pois o caminho do além está cheio de armadilhas e qualquer erro pode ser fatal. Mais do que ser devorado por criaturas ou seres divinos, o maior castigo é cair no esquecimento.

Anúbis, deus dos mumificadores, será o guia nesta jornada. Apenas isso, Anúbis não e o Coringa do Baralho, o Exodia do Yu-Gi-Oh (Mangá/Anime que recebeu bastante influência egípcia). Um Mestre dos Magos que unicamente observa, está lá para garantir que o julgamento seja justo. O Papiro de Ani e tão completo que até feitiços simples de sentidos estão contidos nele. Nesta nova vida, Anúbis destrava todos os 5 sentidos trancados durante a Mumificação.

Após chegar na ilha de fogo Neserser, a alma do falecido adentrará no Salão Duplo, o Salão da Verdade e da Lei. Nesse salão é que ocorrerá seu juízo que definirá seu destino.

Capítulos das Negações.

Os 42 Portões.

Até a Sala do Julgamento, Ani precisou passar por 42 Portões, protegidos por 42 Deuses. em cada Portão existe um gigante escorpião pronto para devora-lo. Curiosamente nestes Portões quem dita o Julgamento não são os Deuses e sim o próprio morto expondo tudo o que fez e o que não fez em vida. Principalmente, tudo o que não fez: As 42 confissões negativas:

1. Eu não cometi pecados.

2. Eu não assaltei.

3. Eu não roubei (Êxodo 20:15 Não deves furtar (Não roubaras).

4. Eu não agi com violência.

5. Eu não matei seres humanos (Êxodo 20:13 Não deves assassinar (Não mataras).

6. Eu não roubei oferendas (Êxodo 20:15 Não deves furtar (Não roubaras).

7. Eu não causei destruição.

8. Eu não pilhei a propriedade divina do templo.

9. Eu não cometi falsidade.

10. Eu não sequestrei grãos.

11. Eu não amaldiçoei (Êxodo 20:16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo).

12. Eu não transgredi.

13. Eu não abati o rebanho divino do templo.

14. Eu não fiz o mal.

15. Eu não saqueei a terra cultivada (Êxodo 20:17 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.).

16. Eu não agi com luxuria (Êxodo 20:14 Não Adulterarás.).

17. Eu não amaldiçoei ninguém.

18. Eu não fiquei irado sem causa justa.

19. Eu não dormi com o marido de nenhuma mulher (Êxodo 20:14 Não Adulterarás.).

20. Eu não polui a mim mesmo.

21. Eu não aterrorizei nenhum homem.

22. Eu não pilhei Êxodo (Êxodo 20:15 Não deves furtar (Não roubaras).

23. Eu não agi com raiva.

24. Eu não me fiz de surdo ao ouvir palavras de justiça e verdade.

25. Eu não aticei brigas (Êxodo 20:16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo).

26. Eu não fiz ninguém chorar.

27. Eu não forniquei (Êxodo 20:14 Não Adulterarás.).

28. Eu não destruí meu coração.

29. Eu não amaldiçoei ninguém (Êxodo 20:16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo).

30. Eu não exagerei.

31. Eu não realizei julgamentos precipitados (Êxodo 20:16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo).

32. Eu não cortei a pele e pelos de animais divinos.

33. Eu não elevei minha voz em conversas.

34. Eu não cometi pecados e não procedi mal.

35. Eu não amaldiçoei a realeza.

36. Eu não desperdicei água.

37. Eu não agi com arrogância.

38. Eu não amaldiçoei divindades (Êxodo 20:7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.).

39. Eu não agi com falso orgulho.

40. Eu não agi com desdém.

41. Eu não aumentei minhas riquezas, exceto por meio de meus próprios recursos (Êxodo 20:15 Não deves furtar (Não roubaras).

42. Eu não desprezei o principio de minha cidade.

A cada Hesitação, os Escorpiões que guardam os portões se agitavam ameaçando com suas pinças e caudas, passada por cada Provação, era a Hora de enfrentar a Balança da Justiça.

A Balança da Justiça.


Curiosidades sobre os principais elementos desse quadro:

Na parte superior aparecem 12 divindades sentadas em dez postos. São elas, da direita para a esquerda: Harmachis (outra acepção de Hórus-Rá), Atum, Chu, Tefnut, Geb, Nut, Isis e Néftis (juntas), Hórus, Hator, Hu e Sa (juntos). Elas representam as 12 maiores leis, das 42 leis naturais.

Abaixo, de branco, estão Ani e sua esposa Tutu, prostrados em referência. Já na cena da balança, as duas mulheres juntas são deusas do nascimento Meskhenet e Renenet, testemunhas da vida de Ani. Mais acima delas se encontra uma ave com cabeça humana. Se chama Ba e significa literalmente "alma", simbolizando as almas de Ani e sua esposa.

A direita de Ba temos uma espécie de caixa com uma cabeça protuberante, chamada Mesxen, que Wallis Budge supunha ser "algo relacionado com o local de nascimento dos falecidos" - pois a raiz do nome se assemelha a deusa do nascimento Meskhenet. E logo abaixo, uma figura humana que representa o destino, o resultado daquele julgamento, seu nome é Shai (literalmente: Sorte).

Em cima da balança vemos um pequeno macaquinho com cabeça de cachorro. Este ser mitológico é chamado Cinocéfalo, em grego, ou Aani, em egípcio, que tem o nome pessoal de Astenus. Está diretamente ligado a Tehuty/Thoth - aquele homem escriba com cabeça de íbis à direita sendo assim seu averiguador da justiça (como se verificasse que a balança não foi adulterada).

Abaixo da balança, no lado direito, Anúbis. É ele que efetuará o julgamento do coração da alma com a pena de Maat. Já que estamos falando da pena, um detalhe: Certas tradições apontam a pena como sendo do deus do vento e dos ares Chu, sendo a pluma um atributo de sua leveza (e assim somente a balança seria de Maat).

Por fim, temos duas figuras, o já citado Tehuty/Thoth, que ali desempenha um papel de uma espécie de escrivão, retratando com fidelidade tudo o que ocorre, e um monstro híbrido de crocodilo, felino e hipopótamo chamado Ammut/Ammit/Amemet, literalmente "o devorador de mortos" que representa a destruição do corpo mortal daquela alma, pois é notório que os egípcios acreditavam que sua vida eterna seria junto ao seu corpo terreno.

Do trecho da placa III originalmente traduzido por Wallis Budge. A voz do texto é de Tehuty/Thoth, que narra os acontecimentos para o deus do submundo (Duat) Osíris.

"Oh Osíris, o escriba Ani disse: "Meu coração, coração de minha mãe. Meu coração, coração de minha mãe, coração de minha existência! Possa nenhuma resistência incorrer sobre mim em meu julgamento.

Possa nenhuma repulsão originar-se contra mim por parte dos juízes divinos (Tchatcha). Possas tu não estar separado de mim na presença daquele que opera a balança da justiça. Tu és meu Ka em meu corpo, o que me forma e fortalece meus membros.

Que sigas adiante ao lugar da felicidade onde residirei nos anos vindouros. Que possam os Shenit (classe de deuses) não se enojarem de meu nome, e que mentiras não possam ser ditas contra mim na presença de deus".

"Bom é isto de se ouvir". Thoth, o correto juiz da grande companhia de deuses que estão na presença do deus Osíris disse: "Ouça agora este julgamento. O coração de Ani na verdade foi pesado e sua alma foi testemunha dele; Foi encontrada no contrapeso verdades sobre suas experiências. Lá não foi encontrada nenhuma perversidade. Ele não deixou de ofertar nos templos; Não causou dano em suas ações; Não causou nenhum mal enquanto vivo na face da Terra".

O conjunto de deuses responde à chamada de Thoth: "Aquilo que saiu de sua boca vale como lei. Oh Escriba"...

Ani, e sua esposa Tutu, apresentam uma mesa de oferendas a Hórus. Ao que parece Ani venceu a tortuosa estrada rumo ao Campo dos Juncos.
Aqui, subitamente, o texto se encerra. Faltam trechos do papiro. Todavia, em outros capítulos se percebe que Ani, triunfante, é agora sagrado, pois não pecou nem cometeu maldades que valessem contra ele. Não foi dado ao devorador Ammut/Ammit/Amemet. E ofertas de comida e boas vindas foram oferecidas na presença do deus Osíris, que lhe garantiu moradia eterna no Campos dos Juncos, junto aos seguidores de Hórus.

Não se sabe como ou quando Ani morreu, mas sua caríssima aquisição (24 metros de Papiro, com dezenas de orações e ilustrações detalhadas, deve ter custado um bom dinheiro) foi com ele para o túmulo e, supostamente, o ajudou a fazer a caminhada no Além rumo ao Campo dos Juncos.

Wallis Budge acreditava que o papiro se perderia se fosse levado ao museu do Cairo. Mesmo fazendo algo questionável nos dias de Hoje, ele afanou o Papiro, levando consigo para o Museu Britânico, com o Intuito de preservar e estudar o Documento. Recortado o mesmo e colando em placas de Madeiras.

Ani deve ter cometido alguns dos pecados nos Campo dos Juncos ao saber do que ocorreu com seu Manual.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Livro_dos_Mortos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro_de_Ani

https://en.wikipedia.org/wiki/E._A._Wallis_Budge

https://pt.wikipedia.org/wiki/A_M%C3%BAmia_(1999)

https://hav120151.wordpress.com/2015/10/02/grupo-7-os-mitos-que-a-grande-midia-criou-acerca-do-egito-antigo/

http://pt-br.saintseiya.wikia.com/wiki/Balan%C3%A7a_da_Maldi%C3%A7%C3%A3o

http://reino-de-clio.blogspot.com.br/2016/12/o-livro-dos-mortos-egipcio-iv-papiro-de.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aaru

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vida_ap%C3%B3s_a_morte

http://antigoegito.org/mumificacao-rituais/

https://livralivro.com.br/books/show/379419?recommender=I2I

http://obviousmag.org/archives/2012/02/do_coracao_ao_paraiso_o_guia_egipcio_da_eternidade_1.html

http://arqueologiaegipcia.com.br/

http://arqueologiaegipcia.com.br/tag/vendas-de-artefatos-arqueologicos/

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