Barney e Betty Hill, segurando jornal com reportagem sobre o caso. Créditos: Portal Fenomenum. |
A 1° Vez que ouvi falar deste caso (Lá para 2008, quando iniciei com profundidade os estudos sobre Ufologia) eu cogitei que o casal Hill serviu de inspiração para outro famoso casal; estes dos Desenhos animados, Barney e Betty Rubble, de The Flintstones. Mas pesquisado meses depois estava cogitando bastante já que o Desenho em questão estreou 1 ano antes do caso (Só uma curiosidade quando ouvi o nome do casal mesmo).
O CASO.
Barney e Betty são protagonistas do primeiro caso de abdução estudado e divulgado nos Estados Unidos, e o primeiro a ser divulgado a nível mundial. Muito se fala sobre o caso, mas pouco se fala sobre os personagens principais desta história, sobre como encararam os fatos por eles narrados, sobre seus conceitos pessoais ou mesmo sua formação e cultura.
Barney Hill nasceu em 20 de julho de 1922, em Newport New, Virgínia, tornando-se um ávido ativista social. Barney deixou a escola para trabalhar como estoquista de loja na Philadelphia, onde trabalhou pouco tempo. Ao completar 18 anos alistou-se no exército, alguns meses antes da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Durante o serviço militar ele conheceu sua primeira esposa, Ruby com a qual teve um filho. Com a entrada do Estados Unidos na Guerra, ele serviu como atirador e motorista. Ele foi ferido por uma granada, perdendo vários dentes. Foi evacuado e precisou usar dentaduras a partir deste momento. Ele foi dispensado do serviço militar em julho de 1944, quando então passou a trabalhar no U. S. Post Office. Quatro anos depois nasceu seu segundo filho. Por todos era tido como um pai dedicado e exemplar. Participou do movimento escotista na Piladelphia, onde morava.
Betty Hill nasceu em 28 de junho de 1919, em Newton, New Hampshire, Estados Unidos. Eunice Elizabeth Barret, seu nome original, era a mais velha entre os cinco irmãos. Graduou-se na Sanborn Seminary, em 1937, e trabalhou na Universidade de New Hampshire (UNH), em Durham, por dois anos. Ela deixou os estudos para casar com Robert Stewart, em 7 de junho de 1941. O casamento durou 14 anos. Depois do divórcio, Betty retomou seus estudos na UNH, formando-se em 1958 em serviço social, exercendo a função por vários anos.
Barney e Betty Hill, na época do caso. Créditos: Portal Fenomenum. |
Antes da abdução Barney Hill era absolutamente cético a respeito dos OVNIs. Do contato, as lembranças iniciais eram de uma simples observação inicialmente a longa distância, depois à curta distância, seguido estranhos sons ao redor de seu veículo, e finalmente uma espécie de despertar, em outro local, com o carro em movimento e um estranho lapso de tempo. Barney não soube explicar o que havia acontecido e preferia não comentar o episódio com ninguém. Foi pela insistência de Betty que o caso chegou ao conhecimento dos ufólogos e a pesquisa do caso teve início com a concordância, embora ainda tenha permanecido um tanto hesitante em comentar o assunto.
- Os Pesquisadores
Walter Webb. Créditos: Portal Fenomenum. |
No início de sua carreira, ele trabalhou para o Dr. J. Allen Hynek, no Projeto Blue Book, no Observatório Astrofísico Smithsonian em Cambridge, Massachusetts, onde trabalhou no Programa de Rastreio de Satélites como assistente geral. Depois do lançamento do Sputnik II, Webb atuou operador de câmera no topo do Monte Haleakala, em Maui, Hawaii. Embora Webb tenha investigado OVNIs desde 1952, foi através sua associação com Hynek que ele desenvolveu uma intensa curiosidade sobre a análise científica dos dados a que Hynek teve acesso.
Isto levou Webb a filiar-se à NICAP e a desenvolver uma estreita amizade com o Diretor Adjunto Interino Richard Hall. Mais tarde, Webb atuou como diretor assistente do Planetário Hayden Charles, em Boston e como consultor de astronomia para NICAP, APRO, e mais tarde, para a Mutual UFO Network. Em 1994, o Center for UFO Studies o nomeou como seu associado de pesquisa sênior. Ele trabalhou por 32 anos no Hayden Charles Planetarium.
Benjamin Simon.
Benjamin Simon. Créditos: Portal Fenomenum. |
Marjorie Fish. Créditos: Portal Fenomenum. |
Após deixar o exército, o Dr. Simon abriu um consultório particular em neuropsiquiatria, além de lecionar nas Universidades de Harvard e Yale, além de desenvolver atividades em Hospitais Psiquiátricos em vários estados americanos.
Marjorie Fish.
Katheen Marden. Créditos: Portal Fenomenum. |
Ao tomar conhecimento do caso Hill desenvolveu um estudo sobre o mapa visto por Betty a bordo do aparelho e conseguindo identificar as estrelas envolvidas. O modelo tridimensional por ela desenvolvido para este estudo é ainda hoje utilizado pelo Departamento de Astronomia da Universidade Estadual de Ohio.
Kathleen Marden.
Stanton Friedman, P.hD. Créditos: Portal Fenomenum. |
Stanton Friedman.
John Fuller. Créditos: Portal Fenomenum. |
John Fuller.
Nascido em 1913, o americano John Fuller é autor de vários livros sobre Ufologia e fenômenos paranormais. Ele manteve durante algum tempo uma coluna regular no saturday Review Magazine, chamada Trade Winds. Entre os seus livros mais famosos estão: A Viagem Interrompida, sobre o Caso Hill; Incidente em Exeter e The Ghost of Flight 401, sobre um acidente de avião associado à fenômenos paranormais. Fuller morreu em 1990, vitima de câncer.
- Abdução.
A noite de 19 de setembro de 1961 estava muito calma, limpa e estrelada. O casal Barney e Betty Hill trafegava pela U. S. Interestate Higway 93, seguindo para Portsmouth, com chegada prevista para as 3 horas da manhã. A bordo do veículo estavam Barney, na direção, Betty, ao lado no banco do passageiro e a cadelinha Delsey, da raça Dachshund. Betty olhava para o céu estrelado quando viu um pequeno objeto luminoso, algo semelhante à estrela, que cruzava o céu rapidamente, em sentido descendente, a sudoeste. A princípio ela pensou tratar-se de um satélite, que na época eram muito mais raros de se ver do que hoje em dia. Repentinamente, tal objeto alterou seu curso, nas proximidades da Lua, deixando Betty intrigada. Ela comentou o fato com Barney e pediu que ele encostasse o veículo no acostamento para que ele também pudesse dar uma olhada. Ao parar no acostamento, ambos puderam observar o estranho objeto através de binóculos, confirmando que o mesmo mudava constantemente de curso e altitude.
Barney, cético, tentou explicar o avistamento como sendo o de uma aeronave comercial em rota para o Canadá. Eles seguiram viagem, mas Betty continuava perplexa com o avistamento. O estranho objeto luminoso ainda continuava com seus estranhos movimentos, e até mesmo Barney ficou intrigado, pois o objeto aparentemente acompanhava a trajetória do veículo. De tempos em tempos, Barney reduzia ou parava o veículo para confirmar estas impressões. Pouco depois, ao passar por Indian Head, o casal surpreendeu-se com a aproximação do objeto, que posicionou-se a 30 metros do solo, flutuando silenciosamente.
Barney saiu do veículo com o binóculo na mão para dar uma olhada no aparelho que subitamente desloca-se e posiciona-se sobre alguns pinheiros. Ele sacou uma pequena pistola de propriedade de Betty e caminhou em direção ao aparelho. Foi então que ele percebeu a existência de uma dupla fileira de janelas retangulares através do objeto. Nas laterais havia algo como que protuberâncias, uma de cada lado, com uma luz avermelhada na ponta. Com o auxílio de binóculo ele percebeu a presença de tripulantes no aparelho, que ele descreveu posteriormente como tendo a rigidez e disciplina de alemães. O aparelho inclinou-se na direção de Barney e lentamente começou a aproximar-se do assustado motorista. Um dos tripulantes olhou fixamente para Barney, que sentiu que seria levado a bordo do aparelho. Ele correu, em pânico, para o carro, gritando para Betty que eles teriam que sair rapidamente dali ou seriam levados pelos tripulantes do objeto.
Ele arrancou com o veículo em direção à rodovia, numa tentativa de escapar do local. Foi então que começaram a surgir estranhos ruídos ao redor do veículo, acompanhados de uma sensação de vibração penetrante. Eles dirigiram pela estrada durante algum tempo até ouvirem novamente outra série de ruídos acompanhado da mesma vibração penetrante. O que aconteceu a seguir foi um pouco confuso. Ambos tinham lembranças de algum tipo de luz alaranjada, de formato circular, além de algum tipo de obstáculo na rodovia, além de uma certa preocupação com um contato futuro. Pouco depois, eles procuraram por algum restaurante aberto para fazer algum lanche, mas não encontraram nenhum. Todos já estavam fechados. Eles seguiram então até a localidade de Concord, próximo à Rota 4 e em seguida seguiram para Portsmouth, com chegada prevista para as 3 horas da manhã. Ao chegar a Portsmouth ambos ficaram surpresos ao constatar que já amanhecia. A viajem havia demorado horas a mais do que o previsto e nenhum deles sabia explicar o motivo de tanto atraso. "Nós entramos em nossa casa, acendemos as luzes, e fomos para a janela e olhamos para o céu", declarou Betty Hill, em seus escritos.
Naquela manhã, após chegar de viagem Barney sentia-se pegajoso e foi tomar um banho. Depois dele, foi a vez de Betty. Enquanto ela estava no chuveiro, Barney foi até o veículo, um Chevy Bel Air, modelo 1957, retirar a bagagem do porta malas. Em seguida o casal foi descansar. Mais tarde acordaram e resolveram comparar as lembranças. Cada um faria desenhos do que viu, em salas separadas e depois comparando-as para traçar similaridades. Barney sugeriu que o episódio deveria ficar apenas entre eles e que ninguém mais deveria tomar conhecimento do fato. Betty discordou. Até este momento, o casal sentia-se intrigado, mas calmo, quando rememoravam os fatos vivenciados na noite anterior. Ainda na tarde daquele dia, a tranqüilidade de Betty deu lugar à uma inquietação. Ela telefonou para Janet Miller, sua irmã, que era no momento a única pessoa com quem poderia conversar sobre o caso.
Janet Miller ouviu atentamente o relato de Betty e fez algumas sugestões. Ela sugeriu que Barney e Betty relatassem o incidente à Base Aérea de Pease e que realizasse um simples teste com bússola ao redor e na superfície metálica do veículo.
"Eu peguei a bússola e fui até o carro. Barney se recusou a ir, dizendo que ele estava tentando esquecer o que aconteceu. Ainda estava chovendo, mas eu podia ver meu carro claramente sob a luz da rua em frente da minha casa. Eu andei ao redor dele, segurando a bússola e não sabia o que eu estava procurando. Quando eu passei por ele, vi muitos pontos altamente polidos, do tamanho de um meio dólar, ou dólar de prata. O carro estava molhado da chuva, mas estas marcas eram perfeitamente visíveis. Eu me perguntava o que seriam. Coloquei a Bússola sobre eles e começou a girar e girar. Eu pensei que devia ser devido à forma como eu estava balançando a bússola, então eu coloquei-o no carro e tirei a minha mão. A bússola estava realmente girando e continuou a girar. Como eu estava vendo isso eu fui acometida de um terror profundo. Eu estava ali, em pé na chuva, sob a luz da rua, dizendo para mim mesma: 'Não grite, mantenha a calma e não tenha medo, está tudo certo'."
Barney e vizinhos próximos ao casal refizeram o teste da bússola pouco depois obtendo os mesmos resultados. Espantados com o fato, eles resolveram contatar a Base Aérea de Pease para relatar o fato. Naquele ocasião formava-se sobre a costa americana a tempestade tropical Esther, que afetou toda a costa de New Hampshire e do estado vizinho Maine. Após a passagem da tempestade, a irmã de Betty veio visitá-la e ver com seus próprios olhos as estranhas marcas com propriedades magnéticas presentes no carro do casal. Ao chegar ela estranhou o fato da mudança de humor em Barney que antes era brincalhão, fazendo truques mágicos, promovendo jogos e contando piadas. Agora era uma pessoa calada, introspectiva.
Vista Aérea do local onde ocorreu a abdução. Créditos: Kathleen Marden/Portal Fenomenum. |
Janet Miller e outros familiares testemunharam o teste do compasso e constataram o giro descontrolado da bússola ao se aproximar das estranhas marcas. Nesse momento surgiu a suspeita de que tais marcas fossem radioativas, o que levou a todos a se afastar do veículo e a voltar para dentro da casa. Estes não foram os únicos detalhes estranhos. Os dois relógios de pulso do casal estavam parados e com o visor quebrado. O vestido que Betty usava na noite do avistamento estava danificado na parte superior. A barra da calça de Barney tinha restos de plantas na parte inferior e seu sapato estava raspado na parte superior. A correia do binóculos estava partida e havia ainda um estranho ferimento nas costas de Barney.
Tal conjunto de fatos anômalos foi um dos motivos principais para que os Hills buscassem ajuda externa na tentativa de explicar os mistérios associados à viagem. Inicialmente eles relataram a experiência para a Força Aérea Americana (USAF), na Base Aérea de Pease. Foi a partir daí que a investigação formal teve início.
- Os Pesadelos de Betty Hill
Um dos detalhes mais interessantes do Caso Hill refere-se aos pesadelos de Betty que começaram pouco tempo após a experiência. Durante estas noites, Betty sonhava com o episódio em que viam o estranho objeto voador luminoso que os acompanhou durante a viagem. Não apenas isso, mas também cenas em que ela e seu marido eram capturados por estranhos homens que os levavam para dentro do objeto onde eram submetidos à exames físicos. Os sonhos eram repetitivos e demonstravam ser peças de um mesmo quebra-cabeças, estando muitas vezes relacionados entre eles.
Devido à intensidade e frequencia com que aconteciam, e à realidade que transmitiam, Betty começou a anotar seus sonhos em uma caderneta pessoal. Mais tarde, com a hipnose regressiva, confirmou-se que os pesadelos de Betty eram lembranças afloradas de forma involuntária por Betty. O conteúdo das sessões de hipnose com o casal é quase sempre concordante e complementar ao conteúdo dos sonhos de Betty. Em alguns casos, o sonho revela detalhe adicionais aos descritos pela hipnose. Em outros, a descrição é menos detalhada, mais ainda assim correspondente. A seguir transcrevemos alguns trechos dos diários de Betty Hill, escritos em datas diversas, mas condensados de uma forma aparentemente cronológica.
"No início, eu não contei à ninguém sobre isso, eles eram tão estranhos. Eu sonho que Barney e eu estávamos em algum lugar que não era a nossa casa, mas estávamos de férias ou algo assim. Eu podia olhar para fora da janela e haviam ondas e ondas de OVNIs aproximando-se; não apenas um. O céu podia estar todo iluminado com eles. Eu dizia: "Oh Barneu, venha, vamos sair. Eles voltaram. Vamos sair e vê-los". Então eles começavam a fazer alguma coisa. Eu não sei se eles estavam lançando bombas, ou o que, mas o mundo inteiro parecia estar em chamas. Estava tudo em chamas, como um atentado a bomba, eu suponho, nunca tinha visto um. E então, eu fico muito assustada e ele disse que eles queriam nos destruir ou nos capturar, algo assim.
Estávamos andando juntos e eu pude ver esse objeto atravessando o céu com luzes nele e eu estava toda excitada. Eu disse ao Barney: "Eles estão aí". Você sabe, Nós estávamos finalmente indo encontrá-los. Eles pousaram e nós vimos eles pousando e nós estávamos excitados quanto a isso. E então eu os vi na estrada. Antes disso, eu não tinha medo. Eu estou olhando para ver que povo era aquele. Mas no momento eu vi eles na estrada e eu estou gritando no meu sono, dizendo para mim mesma: "Oh meu Deus, Eles não são o que eu esperava". Eles não parecem com nada do que eu esperava. Eles parecem pessoas, mas eles são algo grotesco. Eu fico assustada.
Nos chegamos a uma pequena clareira na floresta. Diante de nós estava um disco quase tão grande como a minha casa. Estava escuro, mas parecia ser metálico. Nenhuma luz ou janela era visível e eu tive a impressão de que estávamos nos aproximando por trás daquilo. Nós andamos um ou dois passos na rampa que nos levou à uma porta. Neste ponto, eu fiquei assustada novamente e me recusei a andar. O líder falou com firmeza, mas de uma forma gentil, ressaltando que eu não tinha razão para ter medo. Mas quanto mais atrazo eu causasse mais longe eu estaria do carro. Eu dei de ombros e concordeu que poderia acabar com isso, mas eu percebi que não havia muita escolha nessa situação.
Estou lutando para acordar, eu estou no fundo de um poço profundo e eu preciso sair. Tudo é escuro. Estou lutando para ficar consciente. Lenta e gradualmente comecei a ficar consciente. Luto para abrir meus olhos por um momento e depois fecho novamente. Eu continuo lutando. Estou confusa e não tenho muitas sensações. Então eu venço a batalha e meus olhos estão abertos! Fico surpresa.
Eu sugeri que era necessário uma prova absoluta de que isso tivesse acontecido, talvez ele poderia me dar alguma coisa para levar de volta comigo. Ele concordou e perguntou o que eu gostaria. Olhei ao redor do quarto e encontrei um grande livro. perguntei se eu poderia levar isso comigo e ele concordou. Eu estava tão feliz e lhe agradeci. Abri o livro e encontrei simbolos descritos em colunas estreitas. Perguntou brincando se eu achava que eu pudesse lê-lo e eu disse que isso era impossível pois eu nunca tinha visto algo assim. Eu não estava lavando isso para fins de leitura, mas esta foi minha prova absoluta da experiência e eu poderia lembrar por muito tempo o que eu vivi. Depois eu perguntei de onde ele era e ele me perguntou se eu sabia tudo sobre o Universo. Eu disse não, mas gostaria de aprender. Ele foi para a parede e puxou um mapa".
O tipo de pesadelo que afligiu Betty Hill segue o mesmo padrão verificado em veteranos de guerra e testemunhas de grandes desastres. De um modo geral estes tipos de pesadelo surgem quando existem traumas ou experiências demasiadamente impressionantes ou assustadoras e se repetem continuamente se não houver um tratamento psicológico ou psiquiátrico adequado.
- A Investigação
Em 21 de setembro de 1961, Betty telefonou para o 100° Esquadrão de Bombardeiros, da Base Aérea de Pease, em Newington, New Hampshire. Eles responderam todas as perguntas do oficial, mas Barney omitiu a fato de ter visto os tripulantes no aparelho. Naquele mesmo dia, o Major Paul W. Henderson telefonou ao casal e os interrogou novamente de forma extensiva. Betty notou que ele ficou muito interessado nos detalhes das estruturas laterais observadas no objeto. Novos contatos telefônicos entre o oficial e o casal ocorreram nos dias seguintes. Estas ligações foram gravadas com o consentimento do casal.
Naquela época, a Força Aérea Americana investigava oficialmente o fenômeno OVNI através do projeto Blue Book. O avistamento do casal Hill foi registrado no formulário 112, N° 100-1-61. No minucioso formulário, constam variados detalhes reportados pelo casal. Ali consta também uma informação que passa desapercebida da grande maioria das abordagens do caso. Na mesa noite em que ocorreu o avistamento e posterior abdução do casal, dois militares, o Major Gardiner D. Reynolds e o Capitão Robert O' Daughaday, ambos da Base Aérea de Pease, avistaram um OVNI na mesma região relatada pelo casal. Além de avistarem o objeto, houve captação por radar. As descrições dos militares coincidem com o relato efetuado pelo casal Hill.
Apesar do conteúdo do formulário estar de acordo com o relato do casal Hill, a pesquisa da Força Aérea Americana foi inconsistente e procurou atribuir uma hipotética inversão climática aos avistamentos. Antes do resultado das investigações do Blue Book serem divulgadas, Betty procurou informações na literatura especializada em Ufologia. No dia 23 de setembro ela foi até a biblioteca da cidade de Portsmouth onde ela encontrou o livro do major Donald Keyhoe, The Flying Saucer Conspiracy, que foi o seu primeiro contato com o tema até então. No livro havia endereço para contato com a National Investigations Committee on Aerial Phenomena (NICAP), uma das mais conceituadas instituições de pesquisa ufológica nos Estados Unidos. Ela escreveu à NICAP contando suas experiências, incluindo o avistamento de Barney a respeito dos tripulantes do objeto.
Poucos dias depois começaram os pesadelos de Betty Hill. Geralmente eles apresentavam uma cena diferente do que ela lembrava conscientemente. No sonho, após a primeira sequencia de sons, o casal é capturado pelos tripulantes do objeto e levado a bordo do aparelho. Os sonhos são tão vívidos e estarrecedores que Betty acordava e escrevia avidamente para aliviar a pressão. Os sonhos repetiram-se continuamente nas semanas seguintes. Em novembro, ela comparou diversas anotações e percebeu que havia uma sequencia lógica neles.
A 17 de outubro, o casal recebeu uma carta da NICAP acusando recebimento do relato e informando que o pesquisador Walter Webb investigaria o caso. Dias depois, em 21 de outubro, Walter Webb esteve na residência Hill onde entrevistou o casal por aproximadamente 6 horas. Webb coletou todos os detalhes recordados do avistamento do casal, mas as investigações não pararam por aí. Com a crescente divulgação do caso outros investigadores apareceram.
Robert Hofmann e C. D. Jackson, na época funcionários da empresa IBM, escreveram ao casal Hill, em 3 de novembro de 1961, se apresentando e solicitando uma entrevista pessoal. De início eles estavam interessados em identificar a origem do estranho aparelho. A entrevista ocorreu a 25 de novembro na residência dos Hills que, a princípio, imaginaram estar diante de representantes do governo que teriam respostas para os pontos obscuros do caso. Tal entrevista resultou em mais dúvidas do que respostas. Betty Hill escreveu em seu diário: "Eles nos questionaram em áreas específicas. Quantas milhas de distância de Colebrook para Portsmouth? Qual a duração estimada da viagem? Por que nós viajamos entre 25 a 30 milhas por hora em uma noite límpida sem tráfego numa rodovia de alta velocidade? O que aconteceu durante as duas séries de beeps? Algum de nossos pertences estava sumido? Como Delsey, a cadelinha, se comportou durante o episódio? Ocorreram eventos estranhos depois disso? Foi descoberto traços de nitratos no carro? Eles estimularam nossas mentes e fomos capazes de vislumbrar áreas específicas em determinados momentos".
Betty Hill no local onde ocorreu a abdução. Créditos: Portal Fenomenum. |
Essa entrevista despertou o interesse do casal em descobrir maiores detalhes a respeito do aparente "missing time", tempo perdido, decorrido entre as duas séries de beeps, ocorridos durante o avistamento. Nos dias seguintes eles procuraram reconstituir a sequencia de eventos decorridos entre o início do avistamento e a chegada em Portsmouth. Entretanto, apesar dos esforços, um período de aproximadamente 2 horas ainda permanecia em mistério. Soma-se à isso a misteriosa doença que se abateu sobre a cadela Delsey dias após o contato. Ela desenvolveu uma infecção epidérmica que foi tratada por um veterinário. Além da infecção ela apresentou problemas respiratórios logo após o contato. Delsey estava com o casal apenas a 6 meses e infelizmente não existia um histórico de saúde prévio para comparação. Betty também notou uma alteração no comportamento do animal após a noite de 19 para 20 de setembro de 1961. Após aquela noite, Delsey choramingava, agitava a perna e movimentava a perna como se estivesse correndo, durante o sono.
Estes detalhes, grandes e pequenos, motivaram ainda mais a busca por respostas. Barney e Betty, com muita frequencia, refizeram o trajeto de Indian Head para Portsmouth, procurando identificar locais específicos do avistamento, procurando reorganizar ou relembrar detalhes do avistamento. Curiosamente, algumas situações vividas durante estas viagens resultaram em situações de muito medo, sem motivo aparente. Nas primeiras horas da manhã de 17 de janeiro de 1962, o casal trafegava próximo ao South Postal Anex, em Boston, quando viu um grande objeto arredondado de coloração avermelhada, cruzando lentamente o céu. Em outra ocasião, Barney, sozinho, seguia pela estrada, já a caminho de casa, durante à noite, quando encontrou a rodovia paralisada para obras. Na ocasião ele sentiu um medo paralisante ao ver os operários trabalhando na rodovia. Em outra ocasião, repentinamente, o carro foi rodeado por adolescentes às margens da rodovia. Diante dessa situação, Betty entrou em pânico e tentou fugir do carro a todo custo. Esta reações de pânico, aliados aos sonhos assustadores repetitivos, levaram o casal à buscar ajuda psiquiátrica.
Barney Hill aponta para os pais de Betty o local de pouso do objeto, no início da abdução do casal. Créditos: Portal Fenomenum. |
Em 12 de março de 1962, eles escreveram ao psiquiatra Patrick Quirk, de Georgetown, Massachussetts, solicitando uma consulta para o sábado pela manhã. Eles tinham intenção de submeter-se à hipnose regressiva para recuperar suas lembranças e obter detalhes que possibilitassem um estudo científico do caso, de maneira discreta, evitando exposição. Dr. Patrick decidiu não utilizar hipnose e sugeriu que os Hill procurassem buscar recuperar suas lembranças de forma natural.
Seguindo a recomendação, o casal procurou recuperar suas lembranças através das viagens regulares aos locais dos fatos, ordenando os detalhes numa seqüência lógica e conversando com alguns ufólogos que acompanhavam seu caso. Entretanto, este processo era lento e gerava ainda mais ansiedade ao casal. Somente no final de dezembro de 1963, o casal pôde explorar de forma satisfatória suas experiências e recuperar as lembranças da noite de 19 de setembro de 1961.
Em 14 de dezembro de 1963, o casal realizou a primeira consulta com o psiquiatra Benjamin Simon. Inicialmente cético com relação aos OVNIs e uma possível manifestação extraterrestre em nosso planeta, o Dr. Simon aceitou ajudar o casal com o intuito de reduzir os problemas de natureza psicológica e ansiedade que surgiram após a experiência pelas quais o casal passou. A área de atuação deste psiquiatra era justamente tratar traumas emocionais adquiridos em situações extremas, como desastres naturais e combates, tendo atendido numerosos veteranos da Segunda Guerra Mundial.
- As Hipnoses Regressivas
Em 14 de dezembro de 1963, na primeira consulta de Barney e Betty Hill com o Dr. Simon, este explicou o que era a hipnose, ressaltando que ela não era uma ferramenta mágica para recuperação de lembranças, nem passo indispensável para se obter a verdade, mas que se tratava de uma ferramenta útil no processo. Ele realizou uma demonstração inicial para o casal que interessou-se pela possibilidade de enfim recuperar as lembranças perdidas. As três semanas seguintes, o Dr. Simon realizou um procedimento de condicionamento com o casal, visando facilitar a entrada em estágios de transe profundo no futuro. Nenhum meio químico foi utilizado durante os procedimentos.
Barney e Betty Hill se submeteram à hipnose regressiva com o Dr. Benjamin Simon. Créditos: Portal Fenomenum. |
Nos meses seguintes foram realizadas as sessões de hipnose regressiva com foco na experiência de setembro de 1961. O Dr. Simon hipnotizou cada um separadamente, ordenando que esquecessem novamente o conteúdo recuperado sob hipnose. Essa técnica tinha dois objetivos. Primeiro servir como uma blindagem emocional para que o casal pudesse suportar o peso das informações recuperadas. Em segundo lugar, impedir que o casal trocasse informações sobre suas lembranças, possibilitando aferição às informações. Cada uma da sessões foi registrada em áudio para controle. Após concluída as sessões de hipnose regressiva, o Dr. Simon apresentou o conteúdo das fitas para o casal e permitiu que eles relembrassem os fatos ocorridos durante a abdução em setembro, reconstruindo a seqüência de eventos daquela noite.
Ao longo destas sessões, a própria visão do Dr. Simon, a respeito do caso, alterou-se em face das informações recuperadas. No início do tratamento, o psiquiatra testou continuamente sua hipótese de que Barney havia absorvido o conteúdo dos sonhos de Betty, tendo produzido novas fantasias para preencher aquele período de tempo perdido. Ele, de fato, usou sugestão e persuasão para tentar convencer o casal de que suas lembranças não eram necessariamente reais. Mesmo ao término da série de sessões, o casal permaneceu inabalável em suas lembranças.
A Hipnose em Barney Hill.
Barney relatou sob hipnose detalhes da viagem de ida à Montreal e à Niagara Falls, e o começo da viagem de volta até proximidades de Lancaster, onde houve a primeira observação do estranho objeto voador. Pouco tempo depois do começo da observação, Barney começou a ficar preocupado com a presença do estranho objeto.
"Eu estou começando a me sentir alarmado e espero encontrar algum tráfego... algum carro... ou ver a Polícia Estadual chegando e dizer: "olhe aquilo... está nos seguindo". Mas ninguém se aproximou e eu me senti muito desconfortável".
Representação dos momentos iniciais do caso Hill. Créditos: Portal Fenomenum. |
Barney descreveu detalhadamente os movimentos realizados pelo objeto e a seqüência de paradas realizadas durante esta fase da experiência. Seis milhas ao sul de Cannon Mountain, Barney parou novamente seu veículo para observar o objeto, constatando que as árvores no local bloqueariam qualquer observação. Seguiu mais 13 milhas para o sul, chegando próximo à Indian Head. Esta região era familiar à Barney e oferecia um ótimo campo de visão. Barney inicialmente relata a presença da nave e solicita ao Dr. Simon permissão para acordar e sair do transe hipnótico. O psiquiatra nega autorização e pede que ele continue o relato assegurando que não haverá problemas em continuar. Barney então descreve, em tom nervoso:
"Ele está sobre a minha direita. Deus, o que é isso? Eu tento manter o controle, mas não posso dizer para Betty que eu estou assustado. Deus, eu estou assustado".
Novamente o Dr. Simon tenta aliviar a tensão de Barney assegurando-o de que recuperar estas memórias não será prejudicial à ele. Barney interrompeu o psiquiatra aos gritos, em um evidente descontrole emocional. Até este momento, Barney apresentava-se muito calmo, e preocupado apenas em encontrar algum lugar para passar a noite. Um lugar que não o rejeitasse por ele ser negro e que aceitasse receber também Delsey, a cadelinha de estimação do casal. Como não encontraram nada disponível seguiram viagem. Mais tarde, a preocupação de Barney, já durante a observação do OVNI, era estar em local movimentado, pois isso lhe dava sensação de segurança. Agora, em evidente descontrole emocional, Barney relatava a ultima fase do avistamento recordada pelo casal. O que viria a ser lembrado a seguir seria inteiramente novo para todos.
Esta ultima fase corresponde ao momento em que Barney aproxima-se do aparelho, observa os tripulantes através das janelas e assustado tenta fugir do local. Na sequencia vieram os estranhos bip-bips, a sensação de topor e um novo bip-bip.
"Isto é ridículo! Oh, isso é grande" Oh meu Deus. Oh meu Deus. Eu posso vê-lo. Ele está ali. E tem luzes! Oh Jesus, Eu não acredito nisso! Eu não acredito nisso! Eu não acredito nisso! É grande e tem pessoas lá e eles estão olhando para mim. Oh meu Deus, ajude-me! se existe um Deus, ajude-me! Chegando perto, Eu estou chegando perto. Tem um homem lá encima e ele não vai me deixar ir embora!
Representação dos momentos iniciais do caso Hill. Créditos: Portal Fenomenum. |
Oh! Oh! Isto é grande... 80 pés (24 Metros). Olhe para isso! Oh, olhe para isso... duas luzes vermelhas. Elas estão nos lados disso. Isso parece como uma panqueca... Isso parece... Eu não vou dizer isso. Eu não acredito que discos voadores são... [reais]. Eu não vou dizer isso. Eu nunca mais vou querer dizer isso de novo".
Barney, em seguida, descreveu como fugiu apressadamente para o carro e em seguida saindo pela rodovia para encontrar o objeto novamente pouco depois. Antes da hipnose, o casal lembrava-se de ter passado pelo o Clarks Trading Post e pouco depois ter começado os estranhos sons no veículo seguido de uma ligeira perda de consciência por parte dos dois protagonistas. Depois disso, suas lembranças eram meio vagas. Houve um novo bip-bip, alguns pontos de referência que foram lembrados pelo casal e após isso a consciência voltando ao normal. Betty procurou avistar novamente o OVNI que desta vez se afastava. Com a hipnose, eles perceberam que a experiência era muito mais profunda e assustadora do que esperavam.
Sob hipnose, ambos lembraram que após o primeiro bip-bip e a perda de consciência subseqüente, Barney saiu da rodovia 3 e entrou em uma estrada lateral até chegar à uma ponte ferroviária onde havia o que parecia ser um bloqueio na estrada. Num campo nas proximidades havia o que parecia ser uma lua cheia avermelhada, pousada no solo. Algumas pessoas sinalizavam para que parassem o veículo e descessem do carro. Tais seres, que tinham o aspecto baixo, porém forma humanoide (semelhante à humana), se aproximaram do carro do casal. Dr. Simon, inicialmente cético. Eles se dividiram em dois grupos e aproximaram-se do veículo do casal que ficaram assustados.
Barney descreveu que dois seres ajudaram-no a sair do carro. Ele sentiu dois olhos aproximaram-se dos seus e em seguida sua mente ficou em branco. Ele não conseguiu reagir e dois seres o ampararam para que não caísse. Eles foram escoltados para dentro do aparelho pousado no campo. Barney tentou reagir contra seus captores, mas parou em seguida devido à algum tipo de controle externo, ao qual não pôde resistir.
"Eu estou fora do carro e eu estou saindo da rodovia e entrando no bosque. Existe um brilho alaranjado. Existe alguma coisa lá... Oh! Oh! Se apenas eu tivesse minha arma. O que eles querem? Esses olhos malucos estão em mim. Eles estão comigo. Nós subimos a rampa. Meus pés apenas tocam e eu estou em um corredor. Eu não quero ir e não sei onde Betty está. Os olhos estão me dizendo para ficar calmo. Eu irei me acalmar. Eu irei me acalmar. Se eu não for prejudicado eu não irei atacá-los, mas se me prejudicarem de alguma forma eu atacarei. Estou entorpecido. Estou entorpecido. Eu não estou sentindo meus dedos. Minhas pernas estão entorpecidas.
Eles estavam do meu lado e eu tive um sentimento engraçado porque eu sabia que eles estavam me segurando, mas eu não conseguia senti-los. Senti-me flutuar... suspenso. Eu só percebi que eu não conseguia sentí-los quanto estávamos indo para cima em um plano inclinado e, em seguida, senti que eu não poderia sentí-los. Contudo, meus braços estavam apoiados. Meus cotovelos estava para fora e eu estava em movimento, mas eu não estava andando".
Representação do momento em que o casal é levado à bordo do UFO. Créditos: Portal Fenomenum. |
"Eu fui levado para uma sala e eu fui colocado em uma mesa e eu estava com medo, mas de alguma forma não o suficiente para correr. Eu achei que poderia acabar logo se eles não me fizerem mal. Parecia com uma mesa de operações... ou de exames médicos. Eu não sei. Eu apenas sei que ela me suporta inteiramente e que é muito limpa... nada elaborado... apenas que eu posso ficar nela, e meus pés ficam para fora, na parte inferior dela.
Eu sinto meus sapatos serem removidos e minhas calças serem abertas. E eu posso ouvir um ruído do que eles podem estar fazendo. Eles puxam minhas calças através das minhas pernas. Eu pude sentir eles me virando e inserindo algo no meu reto. Era um tubo. Não foi doloroso. Eu pensei que era apenas um pouco maior que um lápis. Eu sinto isso entrando com facilidade e também quando é retirado. Eles olharam minhas costas e pude senti-los tocando com os dedos meu corpo como se estivessem contando a minha coluna vertebral. Senti algo tocando-me na base da espinha, como um dedo pressionando. Um único dedo. Eu só podia ouvir isto: mum... mum... mum... mum, mum, mum. Depois fui virado novamente. Minha boca foi aberta e pude sentir dois dedos puxando para trás. Então eu pude ouvir o som de mais homens chegando e eu pude ouvir eles sussurrando entre eles do lado esquerdo da mesa onde eu estava e, alguma coisa ferindo meu braço, algo como uma vareta. E estes homens saíram e eu fiquei com os três homens... Os dois que me trouxeram e outro que parecia acompanhá-los. Eu posso dizer que havia mais de uma pessoa na sala. Mas um só homem parecia estar movimentando-se em torno do meu corpo o tempo todo".
Barney acrescentou ao longo das hipnoses que houve um exame em suas orelhas e que eles tinham um grande interesse em sua estrutura óssea. Em seguida houve um exame em seus órgãos genitais. Barney declarou que algum tipo de solução foi colocado sobre seu pênis e em seguida ele sentiu algo como um puxão, ou algum tipo de pressão, mas sem qualquer sensação de ereção ou ejaculação, ou mesmo de prazer associado ao processo. Embora não houvesse uma certeza da parte da Barney, ele acredita que nesse momento foram coletadas amostras de sêmea.
Os depoimentos de Barney e Betty Hill são absolutamente coincidentes, divergindo apenas na descrição do tratamento recebido por parte dos abdutores. Betty Hill teve um tratamento até certo ponto amigável e hospitaleiro por parte dos tripulantes, havendo inclusive conversação, enquanto que Barney, na maioria das vezes esteve subjugado, sendo apenas analisado biologicamente. Possivelmente esse tratamento se deve pela postura adotada por cada um nos momentos iniciais da abdução. Betty foi mais colaborativa, enquanto Barney procurou reagir à captura. Em função disso, em alguns momentos, Barney estava inconsciente e mesmo sob hipnose, não foi possível recuperar lembranças destes momentos.
A Hipnose em Betty Hill.
A Hipnose em Betty ocorreu de maneira similar à de Barney. Ela relatou os eventos anteriores à abdução, de forma clara e objetiva. Ela descreveu, a partir do seu ponto de vista os momentos iniciais do avistamento, até o momento em que ouviu o estranho bip-bip, seguido pela sonolência e letargia, recordados naturalmente. Ela descreveu o momento em que Barney saiu do carro, penetrou na escuridão para observar o estranho objeto, o momento em que voltou, visivelmente apavorado e o momento em que o carro entrou na rodovia lateral até o local onde a abdução ocorreu.
Representação dos momentos iniciais do caso Hill. Créditos: Don Wi Shanks/Portal Fenomenum. |
"Eu estou pensando que estou dormindo e tenho que acordar. Eu tenho que acordar. Eu não quero dormir. Eu continuo tentando. Eu tenho que despertar. Eu não quero dormir. Eu tento e volto novamente. Eu continuo tentando. Eu fico tentando acordar".
Neste trecho da hipnose, Betty altera seu tom de voz:
"Então eu consigo! Eu abro os olhos e eu estou andando por entre as árvores. Apenas abri rapidamente os olhos e então fecheio-os novamente. Mesmo que eu esteja dormindo, nós estamos andando".
Na sequencia desta sessão, ela relata como foi escoltada por entre as árvores, até uma nave pousada no campo. Haviam dois homens a sua frente e um terceiro logo atrás dela. Em dado momento ela olha para trás e vê seu marido, Barney, ser amparado por dois dos tripulantes em direção ao objeto. Barney aparentemente estava inconsciente, pois seus olhos estavam fechados. Nesse momento ela ficou irritada com o tratamento dado ao marido e tentou falar com ele, em vão:
Representação dos momentos iniciais do caso Hill. Créditos: Portal Fenomenum. |
"Barney, acorde!"
Um dos seres que vinha logo atrás exclamou em inglês:
"Oh - o nome dele é Barney?"
Betty, furiosa apenas falou:
"Isso não é da sua conta!"Diante da reação de Betty ele falou para que ela não tinha motivos para ter medo, pois eles apenas queriam fazer alguns testes, e assim que eles terminassem o casal seria levado de volta ao veículo.
"Nós continuamos pela floresta... para a nave no solo. Era de metal, oval ou algo assim. Você sabe, não era brilhante. Era noite de muito luar. Não era tão claro quanto o dia, mas eu podia ver. Ele estava no solo... Havia uma rampa que descia. Era grande. Havia uma clareira na floresta com árvores ao redor... Eu pensei que iria fazer um inferno lá fora se pudesse. Eu não conseguia. Este homem estava ao meu lado. Tudo o que eu podia dizer era 'Barney! Barney!, Acorda!'."
Betty Hill também foi submetida à exames médicos a bordo da nave.
"Nós subimos a rampa e entramos e havia um corredor. E havia uma porta e havia uma luz lá dentro... e havia uma sala, e havia uma luz dentro desta sala. Era uma luz azulada. E eu queria que eles colocassem Barney e eu na mesma sala. Quando eu subia a rampa e entrei no corredor, Barney estava atrás de mim, e eu comecei a entrar na sala... e eu apenas comecei... e eles levaram Barney. Havia dois homens... os primeiros dois, e então, havia dois homens na minha frente e dois de cada lado da porta. O homem que estava ao meu lado mostrou-me a porta e eu passei, e ele veio atrás de mim e os outros homem ficaram com Barney.
Nós entramos nessa sala e alguns dos homens vieram junto com esse homem que falava em inglês pararam por um minuto. Eu não sei quem eles eram. Eu acho que eles eram tripulantes, mas apenas ficaram pouco tempo. O homem que falava inglês estava lá e outro homem aproximou-se e eu não o tinha visto antes. Eu acho que ele era um doutor. Existe um banco... branco... é branco? Eu não sei se é branco ou cromado. Existe um banco e eles me colocam no banco. Existe um pequeno suporte. Minha cabeça está apoiada no suporte.
Retrato falado do Lider, feita sob hipnose por Betty. Créditos: Portal Fenomenum. |
Eu tinha um vestido azul e eles levantam a manga do meu vestido e eles olham para o meu braço aqui, e eles olham para o meu braço. eles viram me braço e olham para ele. Eles têm uma máquina. Eu não sei o que é. Eles trazem a máquina e colocam isso. Eu não que tipo de máquina é. É algo como um microscópio, apenas como um microscópio com lentes grandes. E puseram em... eu não sei. Eu tenho a ideia de que eles estavam obtendo fotografias da minha pele. E eles olharam através desta máquina aqui e aqui, e então eles falam. Eu não sei... eu não conseguia entender o que eles estavam dizendo. Então eles pegam algo como um abridor de cartas, mas não era. Eles rasparam meu braço aqui...Eles rasparam e viram algo parecido com pele... você sabe, como quando sua pele fica seca e escamosa, às vezes, com pequenos pedaços de pele? Eles colocaram algo como um pequeno pedaço de celofane plástico.
Algo parecido. E eles colocaram o que saiu no plástico. O examinador abriu meus olhos e examinou-os com uma luz. E ele abriu minha boca e olhou minha garganta e meus dentes e ele olhou minhas orelhas. E depois ele colocou algo como um cotonete e colocou na minha orelha esquerda. Ele colocou isso em outro pedaço de material. O líder pega isso, enrola e coloca-o em uma gaveta. Ah, então ele sente meus cabelos e depois a parte detrás do meu pescoço. Eles tiram fios de cabelos, puxando-os para fora e o entregam para o chefe que os envolve e coloca na primeira gaveta. Então, ele pega algo como que parecia uma tesoura. Eu não sei o que é e em seguida cortam um pedaço do meu cabelo aqui. Eles cortam um pedaço dele e o entregam a ele. E então ele sente meu pescoço e através dos meus ombros ao redor da minha clavícula. E então tiram os sapatos e eles olham para os meus pés e minhas mãos.
Eles olham para minhas mãos e ele traz... Ah... a luz é muito brilhante e de alguma forma... eu não sei... meus olhos não estão abertos. Eu ainda estou um pouco assustada, demais. Eu não estou particularmente interessada em olhar para eles. Assim, eu tento manter meus olhos fechados e, em seguida, eu os abro... você sabe, não a toda hora. Fico um pouco aliviada ao não olhar para eles. Fechei os olhos e ele pega alguma coisa e passa por debaixo da minha unha. E então ele pega alguma coisa... eu não sei, provavelmente uma tesoura de manicure, ou algo assim e ele corta um pedaço da minha unha. Eles olham para os meus pés todo. Eu não acho que eles significam qualquer coisa para eles. Eles apenas sentes os dedos dos pés e tudo mais".
Esta foi a primeira fase de testes à que Betty foi submetida. Aparentemente, esse teste inicial tinha por objetivo mapear as diferenças entre os sistemas nervosos de Barney e Betty. Finalizado essa etapa os abdutores pediram que Betty tirasse seu vestido. Antes mesmo que ela pudesse fazer isso, um dos tripulantes puxou o guia do zíper do vestido e o puxou para baixo da cintura. Nesse momento ela ficou apenas de sutiã e calcinha. O examinador ordenou que ela deitasse em uma mesa de exame. Ela deitou-se de costas e o examinador aproximou-se com um conjunto de agulhas. Em cada uma destas agulhas havia um dispositivo fino. Com estas agulhas, o examinador tocou ao longo da coluna vertebral de Betty, logo atrás das orelhas, em diversas áreas da sua cabeça, braços, pernas, abdômen e axilas. Esse exame era totalmente indolor. Em seguida, o examinador inseriu uma agulha no umbigo de Betty, num aparente exame de laparoscopia, técnica que não existia à época do caso. Durante o momento em que Betty revivia essa situação sob hipnose, ela demonstrou grande agitação. O Dr. Simon decidiu então encerrar a seção de hipnose e tirá-la do transe hipnótico.
Representação do momento em que Betty é submetida à um exame médico por parte dos tripulantes. Créditos: Portal Fenomenum. |
"Era uma agulha longa. Eu poderia dizer que que a agulha tinha de 10 a 15 centímetros de comprimento, talvez mais. Havia um tubo anexado a ele que não o deixava muito longo".
Betty declarou, posteriormente, que a dor sentida era muito mais intensa do que a produzida pela inserção de uma agulha. Parecia como se ela fosse esfaqueada com uma faca. Betty relata, ainda que diante de tanta dor, o Líder, que se fazia presente o tempo todo, passou a mão em sua testa e a dor simplesmente sumiu.
Após as análises médicas, o examinador saiu da sala e ele ficou em companhia do Líder, com o qual conversou, em inglês. Este explicou à Betty que apenas alguns tipos de exames poderiam ser realizados pois havia apenas um único fisiologista a bordo. Betty pediu ao Líder alguma coisa que servisse de prova para seu relato. O Líder disse para que se ela olhasse em volta talvez encontrasse algo que pudesse levar. Ela encontrou um livro escrito com caracteres estranhos e o Líder consentiu que ela o leva-se consigo como prova de sua experiência. Pouco depois, Betty perguntou ao Líder de onde eles vinham:
Desenho de Betty Hill representando estranhos caracteres observados por ela a bordo do objeto. Créditos: Portal Fenomenum. |
"E assim eu disse que... Eu perguntei de onde ele era. Eu sabia que ele não era da Terra e eu queria sabe como ele chegou aqui? Ele me perguntou se eu sabia alguma coisa sobre o Universo e eu disse-lhe que não, que não sei praticamente nada, mas quando eu estava na escola fomos ensinados de que o Sol era o centro do Universo e que existiam nove planetas. E depois, mais tarde, claro, nós fizemos avanços...".
Após isso, o Líder atravessou a sala e puxou um mapa de uma abertura na parede e perguntou à Betty se ela já havia visto um mapa semelhante. Ela foi até o mapa e inclinou-se para observar melhor. Tratava-se um mapa alongado, com vários pontos, de tamanho variado, espalhados pela tela. Entre estes pontos haviam linhas retas e curvas unindo-os aqui e ali. Betty então perguntou onde estava seu lar. Em resposta o Líder perguntou à Betty onde estava seu lar no map. Betty riu e disse que não sabia. O Líder respondeu:
"Se você não sabe onde você está, então não há motivo para dizer de onde eu sou!".
Feito isso ele recolocou o mapa em sua posição original na parede. Em dado momento da conversa, o examinado e outros tripulantes do aparelho entraram na sala, em vívida excitação.
"De repente, há um barulho no corredor e alguns dos homens entram e com eles está o examinador, todos parecendo muito animados. Então pergunto ao Líder: 'Qual o problema? Aconteceu alguma coisa com Barney? O que é isso? É algo a ver com Barney?' O examinador abre minha boca e começa a verificar os meus dentes e fica puxando eles para fora. Eu lhes pergunto: 'O que estão tentando fazer?' E o examinador disse [Betty rindo muito]... Ele disse que não conseguia entender porque os dentes de Barney saem para fora e os meus não".
Betty, então, explicou que quando pessoas adquirem uma certa idade seus dentes são refeitos a partir de próteses e dentaduras, acrescentando que a dentadura de Barney fez-se necessária por ferimentos (adquiridos durante combates na Segunda Guerra Mundial). Ao falar sobre pessoas de idade avançada, Betty despertou a curiosidade dos tripulantes do objeto que a questionaram sobre o processo de envelhecimento e a contagem de tempo na Terra.
Líder: "O que é uma idade avançada?"
Mapa estelar de Betty Hill, desenhado sob hipnose. Créditos: Portal Fenomenum. |
Betty: "Bom isso varia, mas quando uma pessoa se torna velha ocorrem mudanças, principalmente físicas".
Líder: "Bom, o que é a idade? O que se entende por idade?".
Betty: "É o período de vida que a pessoa vive."
Líder: "Quanto tempo é isso?"
Betty: "Eu acho que o espaço de tempo pode ser de 100 anos, mas pessoas podem morrer antes disso, a maioria de doenças ou acidentes, este tipo de coisa. Assim, eu acho que a idade está próximo de 65 ou 70 anos.
Então o Líder explicou para Betty que ele não compreendia a contagem de tempo, ou o processo de envelhecimento. Betty explicou que o processo tinha algo a ver com a rotação da Terra, a posição dos planetas e as estações do ano, mas que não poderia fazê-lo entender.
A Volta Para O Carro.
Após o exame físico do casal e da rápida conversação de Betty com o Líder, eles foram levados de volta ao veículo. Antes de Betty ser levada ao veículo, um dos tripulantes tomou o livro que ela tinha intenção de trazer como prova de sua experiência. Tal fato a deixou furiosa. Ela então foi informada que suas memórias seriam apagadas. Betty furiosa declarou:
"Você pode pegar o livro, mas você nunca, nunca, nunca pode me fazer esquecer isso, porque eu irei me lembrar disso mesmo que seja a ultima coisa que eu faça".
Em resposta, o líder riu e declarou:
"Talvez você lembre. Eu não sei. Eu espero que não, mas talvez você lembre. Mas não fará nenhum bem se você o fizer, porque Barney não quer. Barney não quer se lembrar de nada. E não é só isso, se ele lembrar de alguma coisa, ele vai lembrar de forma diferente de você, e tudo o que vocês declararam soará confuso e não saberão o que estará certo. Seria melhor esquecer isso".
Desenho de Betty Hill representando estranhos caracteres observados por ela a bordo do objeto. Créditos: Portal Fenomenum. |
Após as ultimas conversações, os tripulantes do objeto escoltaram o casal de volta para o carro. Barney foi levado antes, sendo escoltado por vários tripulantes, ao passo que Betty foi escoltada apenas pelo Líder. Barney foi levado semi inconsciente até o carro. Lembra-se de ter sido amparado por dois tripulantes, caminhado algum tmepo até o carro onde foi deixado. Pouco depois lembra-se de ter visto Betty aproximando-se do carro, em companhia do Líder.
Os tripulantes afastaram-se do veículo onde estava o casal e pouco depois observaram o aparelho decolando, emitindo intensa luz de cor alaranjada. Barney ligou o carro e dirigiu até a rodovia retomando a viagem e finalizando o período de amnésia recém restaurado.
Livros:
- FRIEDMAN, Stanton e MARDEN, Katheleen. CAPTURED: The Betty and Barney Hill UFO Experience. New Jersei: New Page Books, 2007.
- DURRANT, Henry. Primeiras investigações sobre os humanóides extraterrestres. Tradução de Luzia D. Mendonça. São Paulo: Ed. Hemus,1980.
- MISTÉRIOS DO DESCONHECIDO. Contactos Alienígenas. Rio de janeiro: Time-Life Livros,1993.
- MISTÉRIOS DO DESCONHECIDO. O Fenômeno OVNI. Rio de janeiro: Time-Life Livros,1993.
- NOBILE, Peter. UFO, Triângulo das Bermudas e Atlântida - O que há de verdade. Tradução de Gilson Cesar Cardoso de Souza. Melhoramentos: 1979.
- HYNEK, J. A. Ufologia, Uma Pesquisa Científica. Uma apreciação crítica do problema dos UFOs/OVNIs pela mais alta autoridade no assunto.Tradução de Wilma Freitas Ronald de Carvalho. Rio de Janeiro: Editora Nórdica, 1972.
- B23 Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores - Edição 26-27
- B46 Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores - Edição 90-93
- B63 - Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores - Edição 1975
- B64 - PEREIRA, Jader. Tipologia dos humanóides extraterrestres. Coleção Biblioteca UFO, nº 1, Março 1991.
Artigos de Revistas:
- SBEDV. Contatos com extraterrestres no Brasil. Revista UFO, Campo Grande, nº 6, p.20-2, nov/dez 1988.
- LAUDA, Jaime. O Caso Villas-Boas revisado. Ufologia Nacional e Internacional, Campo Grande, nº 3, p. 13-15, julho/agosto 1985.
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http://www.ufos-aliens.co.uk/cosmichills.html
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https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Flintstones
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