quinta-feira, 22 de março de 2018

Enciclopédia das Lendas Urbanas e dos Mitos e Lendas do Brasil: O Homem do Saco.

Histórias infantis costumam ter muitas versões e variações sobre o mesmo tema. Com “O Homem do Saco” não é diferente. O Velho do Saco ou O Homem do Saco é uma personagem popular das historietas infantis, utilizada por adultos para amedrontar crianças e forçar-lhes a obedecer a suas ordens e se comportar.

Na modernidade, as histórias envolvendo o Homem do Saco ganharam outras conotações, geralmente atribuídas a tráfico humano. Nesta Dobradinha de Enciclopédia das Lendas Urbanas/Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil, esse mitológico ser que é uma lenda do nosso folclore, que ao mesmo tempo e um mito das lendas urbanas.

O Homem do saco pertence a tríade dos chamados Terrores Infantis, da qual compõe o lendário Bicho-Papão é o Boi da Cara-Preta.

Conta a lenda que todo menino peralta devia se preocupar com um senhor de idade já bem avançada que andava por aí com um enorme saco nas costas, era o chamado, velho do saco, a lenda não lhe dá nome e nem é bem clara em suas características, só dizia ser um velho de roupas rasgadas, dentes pretos e ralos, dizia também ser corcunda. 

Contavam que o velho do saco pegava meninos malcriados e que faziam travessuras, meninos que desrespeitavam os pais e bagunçavam nas escolas, colocava dentro do saco e levava para a casa dele. 

Também não diziam o que acontecia com os meninos capturados pelo velho e nem citavam como exemplo algum dos que tinha sido vítima do saco. 

Segundo a lenda, as crianças do saco que o velho carrega eram aquelas que estavam sem nenhum adulto por perto, em frente às suas casas ou brincando na rua. O velho pegaria a criança caso ela saísse sem ninguém de dentro de casa. Em versões alternativas da lenda, em vez de um velho, o elemento que levava as crianças era um cigano e, em versões remotas, esse velho ou o cigano levava as crianças para sua casa e fazia com elas sabonetes e botões. (Tai o medo dos pequenos encapetados em serem transformado em Sabonetes e Botões).

No início do surgimento da lenda do Velho do Saco, os pais amarravam uma fita vermelha na perna da cama da criança indesejada e o velho do saco passava a noite de casa em casa, se houvesse uma fita vermelha na perna da cama o velho do saco poderia levar embora a criança em questão. Essa história era a versão original da lenda do velho do saco, os pais a usavam para assustar as crianças ou para forçarem as crianças a serem obedientes.

O mito do velho que carrega um saco das costas e derivada de duas fontes, contudo não há evidências exatas de quando se deu o início das lendas, mas há uma estimativa histórica de que teria sido com a chegada dos Sintos e dos Rom no Brasil.

A 1° seria dos mendigos que permeiam todas as cidades, essa lenda é usada pelas mães para assustar os meninos malcriados que saem para brincar sozinhos na rua. e como os mendigos são os seres marginalizados da Sociedade, não seria estranho da-lhes esse epíteto jocoso

A 2° menciona a migração do povo Cigano para as Américas se deu no fim do Século XIX. Sem Pátria, num mundo onde tudo se transforma com uma velocidade cada vez maior, o povo cigano viveu durante muito tempo marginalizado da sociedade e desenvolveu-se uma aversão da população a esse povo, tachando-os de ladrões, sequestradores e vadios.

Uma Parábola Moderna. 

O Mito perfeito para explicar algo que ocorria no passado, e que ainda ocorre no mundo: Exploração Infantil e Pedofilia.

Hoje, com a globalização, a questão é mais complexa. No cenário internacional, o Brasil figura como um dos maiores “fornecedores” de homens, mulheres e principalmente crianças submetidos ao tráfico sexual no país e no exterior, assim como para trabalho forçado no próprio país. A Polícia Federal registra índices mais altos de prostituição infantil no Nordeste brasileiro.

Em grau menor, o Brasil é destino e trânsito de homens, mulheres e crianças usados no trabalho forçado e no tráfico sexual.

Um grande número de mulheres brasileiras é encontrado no tráfico sexual no exterior, quase sempre em países europeus, como Espanha, Itália, Portugal, Reino Unido, Holanda, Suíça, França e Alemanha, também nos Estados Unidos e em destinos mais distantes como o Japão. Algumas mulheres e crianças brasileiras também são submetidas ao tráfico sexual em países vizinhos, como Suriname, Guiana Francesa, Guiana e Venezuela.

Em menor escala, algumas mulheres de países vizinhos são exploradas pelo tráfico sexual no Brasil. Alguns transgêneros brasileiros são forçados à prostituição no país, e alguns homens e transgêneros brasileiros são explorados pelo tráfico sexual na Espanha e na Itália.

A pedofilia, na forma de turismo sexual infantil, continua sendo um problema grave, em especial nas cidades litorâneas e em complexos turísticos do Nordeste do Brasil. Turistas em busca de sexo com crianças normalmente vêm da Europa e, em menor escala, dos Estados Unidos.

Em menor escala, o Brasil é destino de homens, mulheres e crianças, provenientes da Bolívia, do Paraguai, do Peru e da China, para trabalho escravo em confecções de roupas e tecelagens clandestinas em grandes centros metropolitanos, principalmente em São Paulo. Algumas dessas fábricas clandestinas são subcontratadas por grandes empresas, várias delas internacionais.

Como vemos, “o homem do saco” continua ativo e presente em pleno terceiro milênio, convivendo com a tecnologia moderna e até se servindo dela para fazer o “seu surrão” cantar.

No mito um certo refrão se faz presente em todas as versões do mesmo: “Canta, canta meu surrão, que eu te dou um beliscão!”.

“Surrão” era o saco onde o homem colocava crianças desobedientes que eram levadas (sequestro) de suas casas. O homem percorria aldeias e cidades, recolhendo dinheiro das pessoas que pagavam para ver “o surrão cantar” (tráfico humano, exploração de trabalho infantil e escravidão).

O Homem do Saco não e simplesmente um mito para assombrar crianças mal-criadas, mais sim para mostrar o quão perigoso e complexo é o ser humano. Apenas troque os termos "transformar em sabão e botões" e Velho mal trapilho, para outros e entenderemos o quão perigoso pode ser o Homem do Saco.


Fontes.

https://maringapost.com.br/ahduvido/50-lendas-urbanas/


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