Dom Bosco, Mama Margarida e o cão Grigio (pintura da casa-mãe dos Salesianos, Turim, Itália). Créditos: Cleofas.com.br |
A história dos Santos costuma-se a somar com diversas lendas ao seu redor. Dentre as chamadas Lendas Urbanas e comum relacionar mitos de cachorros diabolicos com certas personalidades. Nesta um protagonista e um cachorro. Muita gente conhece o italiano João Melchior Bosco, o padre que ajudava crianças pobres da cidade de Turim. Aqui o Brasil, existe a obra dos Salesianos, onde existem várias instituições escolares, Oratórios e igrejas, onde se contam as história de lutas e vitórias do educador.
Com relação à lendas, conta-se de um sonho que Dom Bosco teve, e deste sonho surgiu a história da construção de Brasília, onde ele é o padroeiro, e várias e várias lendas e mitos a cerca do assunto.
Mas não é sobre isso que iremos relatar agora. O assunto igualmente lendário, mas pouco conhecido, é o episódio do cão Grigio, episódio este confirmado pelo testemunho do próprio santo: Dom Bosco era protegido por um cão misterioso, que a quem chamava de Grigio (Cinzento ou Cinza, em italiano), um suposto fantasma que auxilou-o a se safar de vários casos, cuja intervenção divina se fez através deste particular espectro peludo de quatro patas.
O sacerdote italiano, canonizado como “Pai e Mestre da Juventude”, frequentemente andava à noite em zonas perigosas da cidade de Turim, o que o expunha a ataques de ladrões. Também o seu trabalho pelo resgate dos meninos de rua despertava o ódio de muita gente que vivia da exploração desses meninos, especialmente de suas atividades criminosas. Por conta disso, ele sofreu diversos atentados à sua vida.
Durante os primeiros dias de seu ministério ele correu perigo tanto por causa de bandidos, que pensavam que ele tinha dinheiro, como por parte de comerciantes e funcionários públicos da cidade, que se ressentiam de suas tentativas de organizar e educar sua futura mão-de-obra barata. Ao longo dos anos, Dom Bosco sobreviveu a diversos atentados contra sua vida. Eles poderiam ter sido bem-sucedidos não fosse pelas repetidas – e quase inexplicáveis – intervenções do enorme Grigio. Quando Bosco estava em perigo, o grande cachorro aparecia do nada para perseguir seus atacantes. Assim que a ordem era restabelecida, ele simplesmente se virava e ia embora.
Com o passar dos anos, a reputação de Bosco cresceu e nem ladrões nem funcionários locais ousavam tocá-lo. O poderoso Grigio, que sempre era atraído pelos problemas, simplesmente desapareceu, sem nunca mais ser visto.
Em certa ocasião, numa noite de 1852, voltando sozinho para casa, o Santo percebeu que um bandido o seguia a poucos passos de distância, pronto a agredi-lo. Dom Bosco pôs-se a correr, mas, pouco adiante, deparou-se numa esquina com o resto do bando que lhe barrava o caminho. Parou de improviso e fincou o cotovelo no peito do primeiro agressor, que caiu por terra gritando: “Vou morrer! Vou morrer!”
O bom êxito da manobra o salvou de um perseguidor, mas os outros avançaram ameaçadores. Nesse instante surgiu o cão providencial. Saltava de um lado para outro, dando latidos aterradores com tamanha fúria que os malfeitores tiveram de pedir a São João Bosco para acalmá-lo e mantê-lo junto de si, enquanto eles tratavam de fugir. A imagem do cão era tão ameaçadora que não tinha bandido que não se colocava a correr diante de tamanha ferocidade.
“Uma noite escura eu voltava para casa sozinho, não sem um pouco de pavor, quando vejo ao meu lado um cão alto que à primeira vista me causou medo; mas, fazendo faceirices como se eu fosse o seu dono, logo ficamos bons amigos e acompanhou-me até o oratório. Isto aconteceu muitas outras vezes. Posso dizer que o Grigio me prestou importantes serviços. Vou expor o que é pura verdade.
Em fins de novembro de 1854, numa noite chuvosa e coberta de neblina, eu vinha sozinho da cidade. A certa altura percebo que dois homens caminhavam a pouca distância, na minha frente. Apertavam ou reduziam o passo, conforme eu acelerasse ou diminuísse o meu andar. Tentei voltar atrás, mas era muito tarde: com dois saltos, em silêncio, lançaram-me um manto na cabeça. Procurei evitar que me enrolassem, queria gritar, mas não consegui. Naquele momento apareceu o Grigio. Uivando, lançou-se com as patas sobre o rosto de um e logo ferrou os dentes em outro.(…) O Grigio continuava uivando feito um lobo enraivecido. Foram-se embora bem depressinha e o Grigio, permanecendo ao meu lado, acompanhou-me até em casa.”A primeira vez em que Mamma Margarida – a mãe de Dom Bosco – viu Grigio, tomou um susto tão grande que chorou. Mas logo se afeiçoou a ele (conforme Teresio Bosco conta em seu livro "Mamma Margaret: Mother of Don Bosco"). Grigio foi visto numerosas vezes também pelos jovens a quem Dom Bosco educava, como Giuseppe Buzzetti e Carlos Tomatis.
O beato Miguel Rúa, jovem do oratório que sucedeu Dom Bosco na liderança dos salesianos, também testemunhou sobre a existência de Grigio, especialmente numa ocasião em que o cão pareceu prever uma emboscada e impediu o santo de sair de casa.
Segundo testemunhos, o cão defendeu Dom Bosco dos ataques de malfeitores por três vezes. Ele aparecia misteriosamente do nada e indicava o caminho correto quando Dom Bosco estava perdido.
E o mais incrível de toda esta história é que Grigio defendeu o santo em vida e continuou protegendo-o depois que Dom Bosco morreu, como conta o Sr. Renato Celato, motorista confiável e discreto de quatro reitores salesianos. Em uma entrevista, ele fala detalhadamente sobre este fato bastante curioso:
“Era 5 ou 6 de maio de 1959. Depois da inauguração do grande templo de Cinecittà, estávamos voltando de Roma com a urna de Dom Bosco. A urna ficou em Roma durante vários dias. Até o Papa João XXIII tinha ido honrá-lo.
A urna de Dom Bosco permaneceu dois dias em São Pedro, enquanto estavam fazendo os trâmites para a viagem de volta a Turim. Deixamos Roma à tarde. Estava escurecendo.
Tínhamos que chegar a La Spezia às quatro horas da manhã, mas estávamos cansados, e Dom Giraudi nos aconselhou a parar algumas horas em Livorno, com os salesianos.
O sacristão abriu as portas da igreja às quatro e meia e viu um cão que estava encostado na porta. O cachorro estava esperando a chegada da urna.
Quando chegamos, levamos a urna até a igreja e a apoiamos sobre uns bancos de madeira. O cachorro acompanhou tudo e se acomodou debaixo dela. Ninguém conseguia tirá-lo de lá.
Depois, quando as pessoas começaram a chegar para a Missa, o diretor estava preocupado e pediu à polícia: ‘Tirem este cachorro que está debaixo da mesa’. Mas eles não conseguiram. O cão mostrava os dentes e estava nervoso. Ele permaneceu no local até o meio-dia. Naquele momento, a igreja foi fechada. O cachorro saiu e começou a vagar entre as crianças, no pátio.
As crianças estavam naturalmente felizes por terem um cachorro entre elas (…). Eu me juntei a elas e ao cão. Disse muitas vezes que pude tocar e acariciar este misterioso animal”.
Fontes.
https://maringapost.com.br/ahduvido/50-lendas-urbanas/
https://ocatequista.com.br/catequese-sem-sono/vidas-de-santos/item/18166-cao-grigio-o-anjo-da-guarda-de-dom-bosco
https://pt.aleteia.org/2018/04/17/grigio-o-cachorro-que-era-o-anjo-da-guarda-de-dom-bosco/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Bosco#Sonhos_de_Jo%C3%A3o_Bosco
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