quinta-feira, 5 de julho de 2018

Enciclopédia dos Mitos e Lendas do Brasil (Bestiário): Caboclo-d'água

Créditos: Camaleão
Caboclo-d'Água, também referido como nego d'água, é um ser mítico, presente no mito sobrenatural brasileiro, defensor do Rio São Francisco, de aparência monstruosa conhecido por atormentar pescadores e barqueiros que cruzarem o seu caminho, chegando mesmo a virar e afundar embarcações.

Pessoas ribeirinhas o descrevem como sendo uma criatura musculosa, troncuda, com pele cor de bronze, baixa estatura e com somente um olho localizado no meio da testa.

Apesar de seu tipo físico, o Caboclo-d'Água consegue se locomover rapidamente. Pode viver fora da água, mas nunca se afasta das margens do rio São Francisco.

É descrito ainda como sendo uma entidade ágil e poderosa, que consegue estar em vários lugares ao mesmo tempo e com a capacidade de se manifestar com aparência de algum animal.

Não existem relatos da origem do caboclo d'água. No entanto sabe-se que ele assombra pescadores há muitos anos. Dizem que a criatura possui um temperamento forte e quando nervoso seu ruído é escutado a grandes distâncias, causando desespero nos habitantes da região.

Quando vai atacar os pescadores, agarra o fundo das canoas e barcos movimentando-as até que elas possam virar ou faz de tudo para que o barco ou a canoa encalhe. Além de assombrar os pescadores, o caboclo d'água também faz de tudo para afugentar os peixes, prejudicando ainda mais a vida da população local.

Apesar de todo terrorismo que o caboclo d'água é capaz de fazer, pessoas ribeirinhas dizem acalmar o monstro, oferecendo um pedaço de fumo que o deixa bem contente e o faz desaparecer por um tempo. Outro recurso utilizado pelos pescadores para afugentar o caboclo é pintar no casco da embarcação uma estrela branca, que serve como proteção contra a entidade.

O caboclo é muito conhecido na região do Rio São Francisco, onde existem diversos relatos de experiências diretas com este personagem do folclore brasileiro. Os pescadores da região além de todas as técnicas para afastar ou se proteger do caboclo, esculpem na proa de seus barcos imagens com feições monstruosas, as chamadas carrancas. Também cravam facas no fundo das canoas, por acreditarem que o aço é um importante assessório para afastar as manifestações de seres sobrenaturais. Assim podem realizar a pesca tranquilamente, pois sabem que a entidade mítica não irá atormentá-los.

Acredita-se que o caboclo d'água vive em uma gruta profunda rodeada de ouro. Devido a esta crença muitas pessoas já falecerem na tentativa de descobri a morada da entidade e pegarem todo o seu ouro. Os mais radicais dizem que só de pensarem nisso já é motivo suficiente para este ser curioso os atacarem nas noites.

A lenda do caboclo d'água ainda esta viva em várias regiões ribeirinhas de todo o Brasil. A criançada local não ousa em sair de suas casas no período da noite para o conforto das mães que não precisam se preocupar sabendo que seus filhos estão seguros em casa.

Há relatos de que ele também pode aparecer sob a forma de outros animais. Um pescador conta ter visto um animal morto boiando no rio; ao se aproximar com a canoa, notou que se tratava de um cavalo, mas, ao tentar se aproximar, para ver a marca e comunicar o fato ao dono, o animal rapidamente afundou. Em seguida, o barco começou a se mexer, ao virar-se para o lado, notou o Caboclo-d'Água agarrado à beirada, tentando virar o barco. Então o pescador, lembrando-se de que trazia fumo em sua sacola, atirou-o às águas, e o Caboclo-d'Água saiu dando cambalhotas, mergulhando rio-abaixo.

Segundo o folclorista Carlos Felipe Horta “Cada um vê o caboclo do jeito que quer”. O especialista explicou que a figura se modifica ao longo da história e dependendo da região, havendo relatos em todo o Brasil e no exterior. Resumindo, é um ser da água, como as sereias e o boto, mito tradicional entre populações ribeirinhas e de áreas litorâneas. Ele destaca ainda os dois maiores cursos d’água do país, de onde exala esoterismo, os rios Amazonas e São Francisco.

E é no Norte de Minas, em Januária, que o caboclo se assemelha a um homem negro e alto, com cabeça em formato de cabaça, cuja diversão é assustar pescadores usando uma faca. Ainda no Norte do estado e no Jequitinhonha, ele também é encarado como o próprio diabo em disfarce para “aprontar” com os humanos.

Mas o caboclo também é uma figura benfazeja para alguns, sempre ajudando na pescaria. Para tal, basta lhe entregar um presente – fumo é o preferido – quando pedido. A recusa termina em um banho de rio.

Horta ressalta ainda que uma característica predomina: ele é um homem-peixe ou peixe-homem. Afinal, as pessoas deram origem ao Caboclo d’Água. “A criação de personagens é sempre humana. Depende dos nossos temores, das nossas crenças”.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Caboclo-d%27%C3%A1gua

http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2013/05/cacadores-preparam-isca-humana-para-atrair-caboclo-dagua.html

https://noamazonaseassim.com.br/a-lenda-do-caboclo-dagua/

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