quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

A Polêmica de Só Surubinha de Leve.

Funk, um gênero bastante controverso, principalmente aqui no Brasil aonde ele recebe críticas de todos os outros nichos musicais, não é incomum encontrarem uma rixa entre Rockeiros VS Funkeiros argumentado por que seu ritmo e bom e dos seu "Adversário Musical" e um lixo.

E nessa Treta acaba de ganhar mais um novo capítulo, da qual reforça mais uma vez que o Funk Brasileiro faz apologia a prostituição, consumo de drogas e sexo desenfreado.


Antes de tacamos pedra sem sabemos o que iremos atingir de fato, vamos mencionar alguns fatos importantes: Muitos que criticam o Funk (Só para lembrar não curto tal ritmo) esquecem. Assim como outras vertentes, o Funk em si também tem as suas vertentes.

Funk Melody: Com o surgimento do freestyle e o sucesso que estava obtendo nos Estados Unidos, esse gênero musical chegou ao Brasil por volta de 1988. Em terras brasileiras, esse gênero era chamado de funk melody, e, somente anos mais tarde, foi feita a diferenciação na qual artistas internacionais são chamados "artistas de freestyle" enquanto que os brasileiros são chamados "artistas de funk melody". O gênero partiu de um contexto diferente do funk carioca, cena influenciada por outro estilo musical, o miami bass, que apostava em um conteúdo explícito ou de duplo sentido, enquanto o funk melody partia de composições mais românticas ou sobre curtir a noite.

Funk Vida Real (Ou Político): É uma tentativa de chamar a atenção da população para o que está acontecendo nas periferias, e relatar alguns dos problemas sociais que estão presentes na sociedade e que são despercebidos por todos. Ele e bastante similar ao Rap, e  algumas de suas vertentes, como o Political Rap é o Gangsta Rap.

Funk Ostentação: Considerado como uma vertente do funk paulista, o gênero desenvolveu-se primeiramente na Região Metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista,  ano de 2008 antes de alcançar proporções nacionais a partir de 2011. Viveu seu auge entre 2012 e 2015, no qual o lírico das canções abordava bens materiais e dinheiro.

Funk Ousado: Surgido por volta do ano de 2013 na cidade de São Paulo, o Ousadia, ou Picante é um ritmo polêmico, muito criticado, mas na balada, grande parte canta e dança. Sua lírica baseia-se em canções relacionadas a erotismo, com conotação sexual e trocadilhos em forma de humor. O gênero tem sido referido por diversas mídias como o substituto do funk ostentação, que perdeu a popularidade ao final daquele ano. A presença do humor nas canções diferencia este gênero das canções de Mr. Catra e MC Magrinho, que possuem um apelo sexual mais claro e evidente.

Elas se assemelham em muito ao chamado forró de Duplo Sentido

Funk Proibidão: Da qual e utilizado de argumento para julgar todas as vertentes, jogados dentro do mesmo balaio de gato. Surgido durante a década de 1990, é comercializados de forma clandestina, os funks proibidões tratam da realidade das comunidades onde ocorre o tráfico de drogas. Embora frequentemente considerado como um subgênero que exalta a violência e o tráfico de drogas, sendo pouco divulgado fora das favelas, artistas, como MV Bill, afirmam que o proibidão apenas retrata a realidade violenta da favela. A temática é muito similar à dos rappers americanos do chamado gangsta rap.

Algumas composições destacam os feitos dos traficantes contra a polícia e defende a eliminação da mesma. São expoentes desse estilo MC Daleste, MC Smith, entre outros. Muitos dos artistas que gravam proibidão também gravam canções lançadas comercialmente. Entre estes está MC Colibri. Algumas composições também exaltam as façanhas de determinadas facções do crime, como: Comando Vermelho, Terceiro Comando, Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos, todos do Rio de Janeiro (sobretudo da cidade do Rio de Janeiro) e ainda o PCC (Primeiro Comando da Capital), da cidade de São Paulo.

Funk Gospel: Criado com a intenção de atrair o público jovem, o funk gospel levam mensagens que transmitem paz, e falam de como Deus pode transformar a vida das pessoas.

Agora com essa introdução de como podem existir diversas vertentes, e como apenas uma pode julgar as demais, vamos a noticia que vem remexendo a Internet nesses últimos dias, que mais uma vez reacendeu a briga (Principalmente na Internet) do Funk com outras vertentes e na sociedade brasileira como um todo.

O funkeiro MC Diguinho vem sendo alvo de críticas em redes sociais por causa da música "Só surubinha de leve". Por cantar versos como "Taca bebida, depois taca pica e abandona na rua", ele é acusado de fazer apologia do estupro. O clipe vai ser lançado às 21:00 desta quarta (17).

Um post de MC Diguinho no Instagram sobre o vídeo recebeu comentários como "Lixo humano", "Machista" e "respeita sua mãe que deve ser uma batalhadora e que passou várias noites de sono pra que tu fosse um ser humano, não uma vergonha alheia". O post foi excluído na tarde desta quarta.

Mas a música já tem algum tempo:

  • MC Diguinho lançou uma versão de "Só surubinha de leve" no Soundcloud em 6 de setembro de 2017, que conta até agora com 886 mil reproduções;
  • No YouTube do funkeiro, há dois vídeos com o áudio de "Só surubinha de leve", ambos publicados em 11 de dezembro de 2017. Um deles tem 169 visualizações; o outro, mil;
  • Em 14 de dezembro, o áudio foi divulgado no canal Legenda Funk no YouTube, onde soma mais de 14 milhões de visualizações;
  • Em 15 de janeiro deste ano, MC Diguinho anunciou no Twitter que estava gravando o clipe e postou vídeo dos bastidores, dançando em uma escada acompanhado de um grupo mulheres. No dia seguinte, publicou uma foto em que elas vestem roupas íntimas;
  • Nesta terça-feira (16), ele fez um post no Instagram para anuncar que o clipe de "Só surubinha de leve" sairia no dia seguinte. "Tá chegando o grande momento", escreveu;
  • Além de comentários críticos no próprio post de Diguinho, houve outras manifestações condenando os versos da música e pedindo ao Spotify que exclua a faixa do serviço;
  • Nesta quarta-feira (17), "Só surubinha de leve" aparece em primeiro lugar na lista "Brazil Viral 50", do Spotify, à frente de "Joga bunda", de Aretuza Lovi, Pabllo Vittar e Gloria Groove, e "Que tiro foi esse", de Jojo Todynho.

O clipe da música Só Surubinha de Leve, está previsto para ser lançado às 21h desta quarta-feira, 17. No entanto, após apontarem que a letra faz apologia ao estupro, o vídeo no qual o áudio da música estava disponível no YouTube foi excluído do canal oficial da produtora. Mas não impediu de ser reproduzido em canais menores.

O hit era o mais ouvido na plataforma de streaming, Spotify. Contudo, usuários do mesmo denunciaram o conteúdo e a empresa entrou em contato com a produtora do funk. que de fato acabou sendo excluída nesta tarde. A plataforma de streaming justificou ainda que o surgimento da música no topo da lista “Viral 50” se deve ao alto número de reproduções nos últimos dias.

“O catálogo do Spotify é abastecido por centenas de milhares de gravadoras, artistas e distribuidoras em todo o mundo. Eles são devidamente avisados sobre nossas diretrizes e são responsáveis pelo conteúdo que entregam. Desta forma, informamos que contatamos a distribuidora da música “Só surubinha de leve” a respeito do ocorrido, e fomos informados que a faixa será retirada da plataforma nas próximas horas, uma vez que o tema foi trazido à nossa atenção”, disse a nota oficial.

No perfil de um fórum no Twitter, um post cita que "Só surubinha de leve" é "um atentado ao bom senso e uma propaganda do estupro".

Na segunda-feira (15), a estudante universitária Yasmin Formiga escreveu no Facebook: "Se sua música é baixa ao ponto de me tornar um objeto despejado na rua ela não me serve, não me representa". O post teve mais de 30 mil curtidas e foi compartilhado mais de 120 mil vezes.

Em entrevista ao G1, ela questionou: "Como é que as pessoas vão ouvir uma coisa dessa e não fazer nada? Só vai ajudar com que cresça mais [a violência contra as mulheres]".

No Twitter, foi reproduzido um vídeo em que duas jovens cantam uma música que foi entendida como "resposta" a "Só surubinha de leve". Os versos são: "Abusar a mulher é crime, estupro é violência, tira as mãos de cima dela e coloca na consciência; (...) Só um recadinho de leve pra quem fala o que quer, não calo a minha voz pra defender uma mulher".

Agora que vem a outra parte da discussão, defensores da Liberdade de Expressão vs Censores de Internet. A liberdade de expressão é uma questão que sempre está em pauta ao redor do mundo, seja através da perspectiva do humor, da música, do cinema ou, até mesmo, da política e das opiniões dadas por pessoas com imagem pública de todos os tipos. No caso de Só Surubinha de Leve também.

Printagem do Cifraclub mostrado as opiniões.
Até aonde uma denuncia que se tornou notória, atravessar o campo da censura, eu não sei responder. Eu vi e li a letra, da qual se assemelha aos funks proibidões, não considerei como ousado pois o sentido da música em si é explicito. Não foi a toa que causou forte reação nas redes sociais por sugerir, no verso principal da música, embriagar intencionalmente uma mulher para depois estuprá-la. Está lá, seja nos canais menores do Youtube ou a letra transcrita no Cifraclub.

E os debates na parte de comentários do G1 retrata também essa polarização. Se no ano passado um projeto de lei que visava criminalizar o Funk, pelos motivos que foi citado no começo deste post, foi rejeitado, nada impede que ela seja clamada novamente, pois vivemos tempos de extrema polarização.

Nada impede que algo seja feito, baseado em um viral do Spotify que causou polêmica.

Fontes.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Funk

https://pt.wikipedia.org/wiki/Funk_carioca

https://pt.wikipedia.org/wiki/Funk_carioca_em_S%C3%A3o_Paulo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Funk_melody

https://pt.wikipedia.org/wiki/Funk_ostenta%C3%A7%C3%A3o

https://pt.wikipedia.org/wiki/Funk_ousadia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Forr%C3%B3_de_duplo_sentido

https://pt.wikipedia.org/wiki/Funk_proibid%C3%A3o

https://astentacao.wordpress.com/2014/04/07/o-funk-e-suas-vertentes/

https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/so-surubinha-de-leve-de-mc-diguinho-e-criticada-por-fazer-apologia-do-estupro.ghtml

https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/dar-um-basta-diz-paraibana-que-viralizou-protesto-contra-funk-so-surubinha-de-leve.ghtml

https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/so-surubinha-de-leve-de-mc-diguinho-sera-excluida-do-spotify-apos-ser-acusada-de-fazer-apologia-do-estupro.ghtml

https://extra.globo.com/tv-e-lazer/musica/spotify-diz-que-so-surubinha-de-leve-de-mc-diguinho-sera-retirada-da-plataforma-22297102.html

https://www.cifraclub.com.br/mc-diguinho/so-surubinha-de-leve/letra/

http://www.cifraclubnews.com.br/noticias/133898-surubinha-de-leve-ganha-resposta-funkeira-aprova-letra-original.html

http://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,youtube-deleta-funk-com-apologia-ao-estupro-clipe-oficial-e-previsto-para-hoje,70002154666

https://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2018/01/17/acusado-de-incitar-o-estupro-funk-e-excluido-das-plataformas-digitais.htm

http://direitosbrasil.com/liberdade-de-expressao-ate-onde-vai-esse-direito/

https://veja.abril.com.br/entretenimento/criminalizacao-do-funk-e-rejeitada-no-senado/

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