segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Hiroshima e Nagasaki, 3° Parte. Mohenjo Daro.

“Gurkha voando em seu rápido e poderoso Vimana, disparou contra as três cidades dos Vrishis e Andhakas um único projétil carregado com todo o poder do universo. Uma enorme coluna incandescente de fumaça e fogo, tão brilhante quanto dez mil sóis, subiu em todo o seu esplendor. Era uma arma desconhecida, um raio de ferro, um gigantesco mensageiro  da morte, que reduziu a cinzas toda a raça dos Vrishnis e Andhakas e suas cidades”.
Passagem do Mahabharata.
A nuvem de cogumelo sobre Hiroshima (esquerda) após a queda da Little Boy
e sobre Nagasaki, após o lançamento de Fat Man. Créditos: Wikipédia
A 2° Guerra Mundial foi um cenário de imensas atrocidades ordenadas por líderes militares e governamentais de ambos os lados em conflito. Além das dezenas de milhões de mortos, decorrentes dos combates e bombardeamentos, e dos mais de seis milhões de vítimas do holocausto perpetrado pelos nazistas, houve ainda a única utilização na história de bombas atômicas em guerras.

O bombardeamento das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, a mais de 70 anos, pode ser considerado o maior atentado terrorista da história da humanidade, já que o objetivo do governo e do exército dos Estados Unidos era aterrorizar a população japonesa e, assim, evitar uma invasão ao país para por fim à guerra.

Apesar da vitória sobre os alemães em maio de 1945, a guerra no Pacífico ainda continuou por dois meses. Os estadunidenses haviam virado o conflito contra o Japão a seu favor, desde as batalhas do Mar de Coral e de Midway, em 1942. Em fevereiro de 1945, os estadunidenses passaram a avançar sobre o território japonês, conquistando a ilha de Iwo Jima. A resistência japonesa se dava principalmente com a utilização dos kamikazes, pilotos que utilizavam de forma suicida seus aviões abarrotados de bombas contra os navios da marinha dos EUA.

Em agosto de 1945, o Projeto Manhattan dos Aliados tinha testado com sucesso um artefato atômico e produzido armas com base em dois projetos alternativos.

A bomba atômica de urânio (Little Boy) foi lançada sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945, seguido por uma explosão de uma bomba nuclear de plutônio (Fat Man) sobre a cidade de Nagasaki em 9 de agosto. Dentro dos primeiros 2-4 meses após os ataques atômicos, os efeitos agudos das explosões mataram entre 90 mil e 166 mil pessoas em Hiroshima e 60 mil e 80 mil seres humanos em Nagasaki; cerca de metade das mortes em cada cidade ocorreu no primeiro dia.

Em 15 de agosto, poucos dias depois do bombardeio de Nagasaki e da declaração de guerra da União Soviética, o Japão anunciou sua rendição aos Aliados. Em 2 de setembro, o governo japonês assinou o acordo de rendição, encerrando a Segunda Guerra Mundial. O papel dos bombardeios na rendição do Japão e a sua justificação ética ainda é motivo para debates.

Aviões do 509º Grupo Composto, que participou do bombardeio de Hiroshima. Da esquerda para a direita: The Great Artiste e Enola Gay. Créditos: Wikipédia.
Preparação.
  • Organização e treinamento
O 509º Grupo Composto foi constituído em 9 de dezembro de 1944 e ativado em 17 de dezembro de 1944, na Base Aérea de Wendover, em Utah, comandado pelo coronel Paul Tibbets. Tibbets foi designado para organizar e comandar um grupo de combate para o desenvolvimento do meios para lançar uma arma atômica contra alvos no Japão e na Alemanha. Visto que os esquadrões aéreos do grupo consistiam em bombardeiro e transporte aéreo, o grupo era designado como "composto", em vez de uma unidade de bombardeio.
Trabalhando com o Projeto Manhattan, em Los Alamos, Tibbets selecionou Wendover como sua base de treinamento sobre Great Bend, Kansas, e Mountain Home, Idaho, por causa de seu afastamento.

Os "Joint Chiefs Tinian": o capitão William S. Parsons (à esquerda),
o contra-almirante William R. Purnell (centro) e brigadeiro-general
Thomas F. Farrell (à direita). Créditos: Wikipédia.
O 509º Grupo Composto tinha uma força autorizada de 225 oficiais e 1.542 praças, quase todos os quais, eventualmente, implantados em Tinian. Além de sua força autorizada, o 509º Grupo tinha 51 civis e militares do Projeto Alberta, conhecido como o 1º Destacamento Técnico. O 393º Esquadrão de Bombardeio do 509º Grupo era equipado com 15 aviões B-29 Silverplate. Essas aeronaves tinham sido especialmente adaptadas para transportar armas nucleares e eram equipadas com motores de injeção eletrônica, reversores de empuxo Curtiss Electric, atuadores pneumáticos para abertura e fechamento rápidos das portas do compartimento de bombas, além de outras melhorias.

O escalão de apoio em terra do 509º Grupo Composto movia-se por via ferroviária em 26 de abril de 1945, ao seu porto de embarque em Seattle, Washington. Em 6 de maio os elementos de apoio embarcaram no SS Cape Victory para a Marianas, enquanto o grupo de equipamentos foi enviado no SS Emile Berliner. O Cape Victory fez escalas breves em Honolulu e Enewetak mas os passageiros não foram autorizados a deixar a área do cais. Um grupo avançado do escalão aéreo, constituído por 29 oficiais e 61 praças, voou em aviões C-54 de North Field em Tinian, entre 15 e 22 de maio.

Havia também dois representantes de Washington, DC, o brigadeiro-general Thomas Farrell, vice-comandante do Projeto Manhattan, e o contra-almirante William R. Purnell, do Comitê de Política Militar, que decidiam questões de política mais elevadas no local. Juntos com o capitão William S. Parsons e o comandante do Projeto Alberta, eles tornaram-se conhecidos como os "Joint Chiefs Tinian".
  • Escolha dos Alvos.
Em abril de 1945, Marshall perguntou a Groves nomes específicos como alvos do bombardeio nuclear para aprovação final pelo próprio e Stimson. Groves formou um Comitê do Alvo presidido por ele próprio, que incluía Farrell, major John A. Derry, coronel William P. Fisher, Joyce C. Stearns e David M. Dennison das USAAF; além dos cientistas John von Neumann, Robert R. Wilson e William Penney, do Projeto Manhattan. O Comitê do Alvo foi para Washington em 27 de abril; para Los Alamos em 10 de maio, onde conversou com os cientistas e técnicos de lá; e, finalmente, novamente para Washington em 28 de maio, onde foi formado por Tibbets, Frederick Ashworth, o comandante do Projeto Alberta, e Richard C. Tolman, o conselheiro científico do Projeto Manhattan.

A missão foi colocada em prática nos dias 6 e 9 de agosto (a meta inicial era 9 de agosto).
No mapa, as cidades de Hiroshima, Nagasaki e Kokura em destaque.Créditos: Wikipédia.
O Comitê do Alvo indicou cinco alvos: Kokura, o local de uma das maiores fábricas de munições do Japão; Hiroshima, um porto marítimo e um centro industrial que era a sede de um grande quartel-general militar; Yokohama, um centro urbano para a fabricação de aviões, máquinas-ferramentas, docas, equipamentos elétricos e refinarias de petróleo; Niigata, um porto com instalações industriais, incluindo fábricas de aço e alumínio e uma refinaria de petróleo; e Kyoto, um importante centro industrial. A seleção de alvos foi submetida aos seguintes critérios:
  1. O alvo teria que ser maior do que 4,8 km de diâmetro e ser um alvo importante em uma grande área urbana;
  2. A explosão teria que criar dano efetivo;
  3. O alvo teria que ser um local improvável de sofrer ataques em agosto de 1945.
Essas cidades foram praticamente intocadas durante os bombardeios noturnos e as Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos concordaram em deixá-las fora da lista-alvo para que uma avaliação precisa da arma pudesse ser feita. Hiroshima foi descrita como "um importante entreposto do exército e porto de embarque no meio de uma área industrial urbana. Ela é um alvo bom para radar e tem um tamanho tal que uma grande parte da cidade poderia ser amplamente danificada. Há colinas adjacentes que são susceptíveis a produzir um efeito de focagem que iria aumentar consideravelmente os danos explosão. Devido aos seus rios, não é um bom alvo para ataques incendiários."

O Comitê do Alvo afirmou que "Acordou-se que os fatores psicológicos na seleção de alvos eram de grande importância. Dois aspectos deste são:
  1. Obter o maior efeito psicológico contra o Japão e;
  2. Fazer com que o uso inicial fosse suficientemente espetacular para a importância da arma a ser reconhecida internacionalmente quando a publicidade sobre ela for liberada. 
Kyoto tinha a vantagem de ser um importante centro para a indústria militar, bem como um centro intelectual e, portanto, uma população mais capaz de compreender o significado da arma. O palácio do imperador em Tóquio tem uma fama maior do que qualquer outro destino, mas é de menor valor estratégico."
  • Distribuição de Folhetos.
Este tipo de folheto era lançado sobre o Japão, mostrando os nomes de 12 cidades japonesas alvo de destruição por bombas incendiárias. O texto contido do outro lado dizia que "não podemos prometer que só estas cidades estarão entre aquelas atacadas..."Créditos: Wikipédia.
Durante vários meses, os Estados Unidos despejarem mais de 63 milhões de folhetos em todo o Japão advertindo os civis sobre os ataques aéreos. Muitas cidades japonesas sofreram danos terríveis de bombardeios aéreos, sendo que algumas chegarem a ter 97% de seu território destruído. LeMay pensava que isso iria aumentar o impacto psicológico do bombardeio e reduzir o estigma do bombardeio aéreo de cidades. Mesmo com os avisos, a oposição japonesa à guerra permaneceu ineficaz. Em geral, os japoneses consideravam as mensagens nos folhetos como verdadeiras, mas qualquer um que fosse pego em posse de um deles era preso. Os textos dos folhetos foram preparados pelos mais recentes prisioneiros de guerra japoneses, porque acreditava-se que fossem a melhor escolha "para apelar aos seus compatriotas".

Na preparação para lançar uma bomba atômica sobre Hiroshima, os líderes militares norte-americanos decidiram contra uma bomba de demonstração e contra a distribuição de um folheto de aviso especial, em ambos os casos por causa da incerteza de uma detonação bem sucedida e pelo desejo de aumentar o choque psicológico na população. Nenhum aviso foi dado a Hiroshima que uma nova e muito mais destrutiva bomba ia ser lançada. Várias fontes dão informações conflitantes sobre quando os últimos panfletos foram lançados sobre Hiroshima antes da bomba atômica. Robert Jay Lifton escreve que era 27 de julho e Theodore H. McNelly que era 3 de julho. A história das USAAF registra que onze cidades foram alvo de folhetos em 27 de julho, mas Hiroshima não era uma delas e não houve saídas de folhetos em 30 de julho. Folhetos sortidos foram lançados entre 1 e 4 de agosto e é muito provável que Hiroshima recebeu tais avisos no final de julho ou início de agosto, de acordo com relatos de sobreviventes sobre uma entrega de folhetos alguns dias antes a bomba atômica ser lançada. Um dos folhetos enumerava doze cidades-alvo de bombardeios: Otaru, Akita, Hachinohe, Fukushima, Urawa, Takayama, Iwakuni, Tottori, Imabari, Yawata, Miyakonojo e Saga. A cidade de Hiroshima não estava na lista.
  • Declaração de Potsdam.
Em 26 de julho, os líderes aliados redigiram a Declaração de Potsdam, que delineava os termos da rendição do Japão. Ela foi apresentada como um ultimato e afirmava que, sem uma rendição, os Aliados iriam atacar o Japão, resultando "na destruição inevitável e completa das forças armadas japonesas e na igualmente inevitável devastação da pátria japonesa". A bomba atômica não foi mencionada no comunicado. Em 28 de julho, jornais japoneses noticiavam que a declaração havia sido rejeitada pelo governo japonês. Naquela tarde, o primeiro-ministro Kantaro Suzuki declarou numa conferência de imprensa que a Declaração de Potsdam não era mais que uma repetição (yakinaoshi) da Declaração do Cairo e que o governo pretendia ignorá-la (mokusatsu, "matar pelo silêncio"). A declaração foi feita por jornais japoneses e estrangeiros como uma clara rejeição da declaração. O Imperador Hirohito, que estava esperando por uma resposta soviética, não fez nenhum movimento para mudar a posição do governo.
Declaração de Potsdam. 
Proclamação Definindo os Termos para a Renúncia Japonesa. Emitida, em Potsdam, 26 de julho de 1945
  1. Nós, o Presidente dos Estados Unidos, o Presidente do Governo Nacional da República da China, e o Primeiro Ministro da Grã-Bretanha, representando as centenas de milhões de nossos compatriotas, conferimos e concordamos que o Japão terá a oportunidade de acabar com esta guerra.
  2. As prodigiosas forças terrestres, marítimas e aéreas dos Estados Unidos, do Império Britânico e da China, muitas vezes reforçadas por seus exércitos e frotas aéreas do oeste, estão prestes a atacar o Japão. Esse poder militar é sustentado e inspirado pela determinação de todas as nações aliadas em processar a guerra contra o Japão até que ela deixe de resistir.
  3. O resultado da resistência alemã fútil e sem sentido ao poder dos povos livres despertados do mundo se destaca em terrível clareza como um exemplo para o povo do Japão. O poder que agora converge para o Japão é imensamente maior do que aquele que, quando aplicado aos nazistas resistentes, necessariamente devastava as terras, a indústria e o método de vida de todo o povo alemão. A plena aplicação do nosso poder militar, apoiado pela nossa determinação, significará a destruição inevitável e completa das forças armadas japonesas e, inevitavelmente, a devastação total da pátria japonesa.
  4. Chegou a hora de o Japão decidir se continuará a ser controlado por aqueles conselheiros militaristas obstinados, cujos cálculos pouco inteligentes levaram o Império do Japão ao limiar da aniquilação, ou se ela seguirá o caminho da razão.
  5. A seguir estão os nossos termos. Nós não nos desviaremos deles. Não há alternativas. Nós não toleraremos nenhum atraso.
  6. Deve ser eliminado por todo o tempo a autoridade e influência daqueles que enganaram e enganaram o povo do Japão a embarcar na conquista do mundo, pois insistimos que uma nova ordem de paz, segurança e justiça será impossível até que o militarismo irresponsável seja expulso. o mundo.
  7. Até que uma nova ordem seja estabelecida e até que haja provas convincentes de que o poder de guerra do Japão é destruído, os pontos em território japonês a serem designados pelos Aliados serão ocupados para assegurar a realização dos objetivos básicos que estamos apresentando aqui.
  8. Os termos da Declaração do Cairo devem ser cumpridos e a soberania japonesa deve limitar-se às ilhas de Honshu, Hokkaido, Kyushu, Shikoku e ilhas menores como determinamos.
  9. As forças militares japonesas, após serem completamente desarmadas, terão permissão para retornar às suas casas com a oportunidade de levar uma vida pacífica e produtiva.
  10. Não pretendemos que os japoneses sejam escravizados como uma raça ou destruídos como nação, mas a severa justiça será imposta a todos os criminosos de guerra, incluindo aqueles que têm visitado crueldades contra nossos prisioneiros. O governo japonês deve remover todos os obstáculos para o renascimento e fortalecimento das tendências democráticas entre o povo japonês. A liberdade de expressão, de religião e de pensamento, bem como o respeito pelos direitos humanos fundamentais devem ser estabelecidos.
  11. O Japão terá a permissão de manter as indústrias que sustentarão sua economia e permitirão a reparação de apenas reparações em espécie, mas não aquelas que permitam que ela se arme novamente para a guerra. Para este efeito, será permitido o acesso, diferenciado do controlo de matérias-primas. Eventual participação japonesa nas relações comerciais mundiais será permitida.
  12. As forças de ocupação dos Aliados serão retiradas do Japão assim que estes objetivos tiverem sido cumpridos e tenha sido estabelecido, de acordo com a vontade livremente expressa do povo japonês, um governo pacificamente inclinado e responsável.
  13. Convocamos o governo do Japão a proclamar agora a rendição incondicional de todas as forças armadas japonesas e a fornecer garantias adequadas e adequadas de sua boa fé em tal ação. A alternativa para o Japão é a destruição imediata e total.
(O Ministério de Relações Exteriores "Nihon Gaiko Nenpyo Narabini Shuyo Bunsho: 1840-1945" vol.2, 1966)
Nos termos do Acordo de Quebec, feito em 1943 com o Reino Unido, os Estados Unidos haviam concordado que as armas nucleares não seriam usadas contra outro país sem consentimento mútuo. Em junho de 1945, o chefe da Missão Conjunta da equipe britânica, o Marechal Sir Henry Maitland Wilson, concordou que o uso de armas nucleares contra o Japão seria oficialmente registrado como uma decisão do Comitê de Política Conjunta. Em Potsdam, Truman concordou em um pedido de Winston Churchill para que o Reino Unido fosse representado quando a bomba atômica fosse lançada. William Penney e o capitão Leonard Cheshire foram enviados para Tinian, mas descobriram que LeMay não iria deixá-los acompanhar a missão. Tudo o que podiam fazer era enviar um sinal contundente de volta para Wilson.
  • Bombas.
Réplica da Little Boy.Créditos: Wikipédia.
A bomba Little Boy, com exceção da carga de urânio, estava pronta no início de maio de 1945. O projétil de urânio-235 foi concluído em 15 de junho e o alvo em 24 de julho. O destino e a bomba pré-montada (bombas parcialmente montadas sem os componentes físseis) deixou o Hunters Point Naval Shipyard, na Califórnia, em 16 de julho, a bordo do cruzador USS Indianapolis, chegando em 26 de julho. As inserções aos alvo seguiram pelo ar em 30 de julho.

O primeiro núcleo de plutônio, juntamente com o iniciador de nêutrons modulados de polônio-berílio, foi transportado sob a custódia de Raemer Schreiber, do Projeto Alberta, em um campo de magnésio concebido para o feito por Philip Morrison. O magnésio foi escolhido porque não age como refletor de nêutrons. O núcleo partiu da Base Aérea de Kirtland em um avião de transporte C-54 do 320º Esquadrão do 509º Grupo Composto em 26 de julho e chegou a North Field em 28 de julho. Três explosivos pré-montados da Fat Man, designados como F31, F32 e F33, foram apanhados em Kirtland em 28 de julho por três B-29 do 393º Esquadrão de Bombardeio, além de um da 216ª Base Aérea da Força Aérea do Exército, e foram transportados para North Field, chegando em 2 de agosto.

Hiroshima.

Hiroshima ou Hiroxima (広島市, Hiroshima-shi?) (Loudspeaker.svg? pronúncia) é a capital da prefeitura de Hiroshima, no Japão. É cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um castelo feudal do século XVI. Recebeu o estatuto de cidade em 1589. Serviu de quartel-general durante a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-95)

História:
  • Período Sengoku.
A cidade de Hiroshima foi fundada na costa do Mar Interior em 1589 pelo poderoso guerreiro Mōri Terumoto, que fez dela a sua capital após deixar o Castelo Koriyama na Província de Aki. O Castelo de Hiroshima foi rapidamente construído e Terumoto mudou-se para ele em 1593. Terumoto estava do lado perdedor na batalha de Sekigahara. O vencedor, Tokugawa Ieyasu, destituiu Mōri Terumoto da maioria de seus feudos, incluindo Hiroshima e cedeu a província de Aki para Fukushima Masanori, um daimyo que havia apoiado Tokugawa.
  • Período Tokugawa.
O castelo passou para Asano Nagaakira em 1619, e Asano foi nomeado o daimyo da área. Sob o governo Asano, a cidade prosperou, desenvolveu e expandiu, com poucos conflitos militares ou distúrbios. Os descendentes de Asano continuram a governar até a Restauração Meiji, em 1868. Hiroshima serviu como capital do Domínio de Hiroshima durante o período Tokugawa.
  • Período Imperial.
Após o han (domínio) ser abolido em 1871, a cidade se tornou a capital da prefeitura de Hiroshima. Hiroshima tornou-se um centro urbano importante durante o período imperial, quando a economia japonesa passou de essencialmente rural para uma economia de indústrias urbanas.

Durante a década de 1870, uma das sete escolas de Inglês patrocinadas pelo governo se instalou em Hiroshima. O porto de Ujina foi construído graças aos esforços do governador de Hiroshima, Sadaaki Senda, na década de 1880, permitindo a Hiroshima se tornar uma importante cidade portuária.

A Ferrovia Sanyo (San'yō Railway) foi ampliada até Hiroshima em 1894, e uma linha da estação principal para o porto foi construída para o transporte de militares durante a Primeira Guerra Sino-Japonesa. Durante esta guerra, o governo japonês se mudou temporariamente para Hiroshima, e o imperador Mutsuhito manteve a sua sede no Castelo de Hiroshima de 15 de setembro de 1894 a 27 de abril de 1895. A importância de Hiroshima para o governo japonês reside no fato de que a primeira rodada de conversações entre representantes chineses e japoneses para por fim à Guerra Sino-Japonesa foi realizada em Hiroshima de 1 de fevereiro a 4 de fevereiro de 1895. Novos parques industriais, incluindo fábricas de algodão, foram estabelecidas em Hiroshima no final do século XIX. Mais industrialização em Hiroshima foi estimulada durante a guerra russo-japonesa em 1904, que exigiu o desenvolvimento e produção de suprimentos militares. O "Salão Comercial da Prefeitura de Hiroshima" foi construído em 1915 como um centro de comércio e exposição de novos produtos. Mais tarde, seu nome foi mudado para "Salão de Produtos da Prefeitura de Hiroshima", e novamente para "Salão de Promoção Industrial da Prefeitura de Hiroshima".

Hiroshima Durante a Segunda Guerra Mundial.
O Museu Comercial de Hiroshima em 1915, atualmente o
Memorial da Paz de Hiroshima. Créditos: Wikipédia.

Na época do seu bombardeamento, Hiroshima era uma importante cidade industrial e militar. Algumas unidades militares estavam localizadas nas proximidades, a mais importante das quais era a sede do Segundo Exército Geral do Marechal Shunroku Hata (que comandava a defesa de todo o sul do Japão) e que estava localizada no Castelo de Hiroshima. O comando de Hata consistia em cerca de 400 mil homens, muitos dos quais estavam em Kyushu, onde uma invasão aliada foi corretamente prevista. Também presente em Hiroshima estava a sede do 59º Exército, da 5ª Divisão e da 224ª Divisão, uma unidade móvel recém-formada. A cidade era defendida por cinco baterias antiaéreas da 3ª Divisão antiaérea. No total, mais de 40 mil militares estavam estacionados na cidade.

Hiroshima era uma base de suprimentos e de logística de menor importância para os militares japoneses, mas também tinha grandes estoques de suprimentos militares. A cidade era um centro de comunicações, um porto-chave para o transporte marítimo e uma área de reunião para tropas. Era também a segunda maior cidade do Japão depois de Kyoto, que ainda não havia sido danificada por ataques aéreos, devido ao fato de que não dispunha de indústria de fabricação de aviões, que era o alvo prioritário o do XXI Comando de Bombardeio.

O centro da cidade continha vários edifícios de concreto armado e estruturas mais leves. Fora do centro, a área estava congestionada por um denso aglomerado de oficinas de madeira, construídas entre as casas japonesas. Algumas plantas industriais maiores ficavam perto da periferia da cidade. As casas eram construídas de madeira com telhados de telha e muitos dos edifícios industriais também eram construídos em torno de estruturas de madeira. A cidade como um todo, era extremamente susceptível a danos por fogo.


O Enola Gay e a sua tripulação, que lançou a bomba atômica
"Little Boy" sobre Hiroshima.
Créditos: Wikipédia.
A população de Hiroshima tinha atingido um máximo de mais de 381 mil habitantes no início da guerra, mas antes do bombardeio atômico, a população tinha diminuído de forma constante devido a uma evacuação sistemática ordenada pelo governo japonês. No momento do ataque, a população era de aproximadamente 340-350 mil pessoas. Os moradores se perguntavam por que Hiroshima havia sido poupada da destruição pelos bombardeios aliados. Alguns especulavam que a cidade estava para ser salva para se tornar a sede da ocupação norte-americana, outros que talvez seus parentes no Havaí e na Califórnia tinham apelado ao governo dos Estados Unidos para evitar o bombardeio de Hiroshima. As autoridades da cidade, mais realistas, tinham ordenado a derrubada de edifícios para criar longas retas de aceiros a partir de 1944. Os aceiros continuaram a ser ampliados até a manhã de 6 de agosto de 1945.

O Bombardeamento.

Hiroshima era o alvo principal da primeira missão de bombardeio nuclear em 6 de agosto, sendo Kokura e Nagasaki como alvos alternativos. O B-29 Enola Gay, do 393º Esquadrão de Bombardeio, pilotado por Tibbets, decolou de North Field, em Tinian, há cerca de seis horas de voo do Japão. O Enola Gay (em homenagem a mãe de Tibbets) foi acompanhado por outros dois B-29. The Great Artiste, comandado pelo Major Charles Sweeney e carregando instrumentos, e um avião então sem nome (mais tarde chamado de Necessary Evil), comandado pelo capitão George Marquardt, serviu como a aeronave de fotografia.

Imagem da nuvem atômica de Hiroshima, que se acredita ter sido formada cerca de 30 minutos após a detonação a cerca de 10 km a leste do hipocentro. Créditos:Wikipédia.
Depois de deixar Tinian a aeronave fez o seu caminho separado para Iwo Jima, para o encontro com Sweeney e Marquardt às 05:55 a 9.200 pés (2.800 metros) e percurso definido para o Japão. A aeronave chegou em cima do alvo com visibilidade clara a 31.060 pés (9.470 metros). Parsons, que estava no comando da missão, armou a bomba durante o voo para minimizar os riscos durante a decolagem. Ele tinha testemunhado quatro aviões B-29 baterem e queimarem na decolagem e temia que uma explosão nuclear poderia ocorrer se um B-29 caísse com uma Little Boy armada a bordo. Seu assistente, o tenente Morris R. Jeppson, retirou os dispositivos de segurança 30 minutos antes de atingir a área do alvo.


Durante a noite entre 5 e 6 de agosto, alertas de radares japoneses detectaram a aproximação de inúmeros aviões norte-americanos se dirigindo para o sul do Japão. O radar detectou 65 bombardeiros em direção a cidade de Saga, 102 com destino a Maebashi, 261 a caminho de Nishinomiya, 111 para Ube e 66 com destino a Imabari. Um alerta foi dado e a radiodifusão foi suspensa em várias cidades, entre elas Hiroshima. O alerta de evacuação soou em Hiroshima às 00:05. Cerca de uma hora antes do bombardeio, o alerta de ataque aéreo soou novamente, quando Straight Flush sobrevoou a cidade. O alerta soou sobre Hiroshima novamente às 07:09.


Imagem encontrada na Escola Fundamental de Honkawa 
em 2013 da nuvem atômica. Créditos:Wikipédia.
Às 08:09 Tibbets começou a armar as bombas e entregou o controle do seu bombardeiro para o major Thomas Ferebee. O lançamento às 08:15 (horário de Hiroshima) correu como planejado e a Little Boy, com cerca de 64 kg de urânio-235, levou 44,4 segundo para cair do avião voando a cerca de 31.000 pés (9.400 metros) a uma altura de detonação de cerca de 1.900 pés (580 metros) acima da cidade O Enola Gay viajou 11,5 km (18,5 km) antes de ser atingido pelas ondas de choque da explosão.

Devido ao vento cruzado, a bomba errou o ponto de alvo, a Ponte Aioi, por cerca de 800 pés (240 metros) e detonou diretamente sobre o Hospital Shima. Isto criou uma explosão equivalente a 16 quilotons de TNT (67 TJ), ± 2 kt. A arma foi considerado muito ineficiente, com apenas 1,7% de sua fissão material. O raio de destruição total foi de cerca de 1,6 quilômetro, com incêndios subsequentes em 11 quilômetros quadrados.

Pessoas na área relataram ter visto um clarão brilhante seguido de um estrondo alto. Entre 70-80 mil pessoas, das quais 20 mil eram soldados, ou cerca de 30% da população de Hiroshima, foram mortos pela explosão e os consequentes incêndios e outras 70 mil ficaram feridos.

Acontecimentos em Terra.

Alguns dos edifícios de concreto armado em Hiroshima tinha sido muito fortemente construído por causa do perigo de terremotos no Japão e sua estrutura não entrou em colapso, embora eles estivessem localizados bem perto do centro da explosão. Uma vez que a bomba foi detonada no ar, a explosão foi dirigida mais para baixo do que para os lados, o que foi o grande responsável pela sobrevivência do Museu Comercial de Hiroshima, agora conhecida como Memorial da Paz de Hiroshima. Este edifício foi projetado e construído pelo arquiteto tcheco Jan Letzel e estava a apenas 150 metros do ponto zero da explosão nuclear. A ruína foi considerada um Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1996, apesar das objeções de Estados Unidos e China, que expressaram reservas sobre o fundamento de que outros países asiáticos sofreram perdas materiais e de vidas maior e que um foco sobre o Japão não tinha perspectiva histórica.


Hiroshima após a explosão nuclear.  Créditos:Wikipédia.

Os norte-americanos estimam que 12 quilômetros quadrados da cidade foram destruídos. As autoridades japonesas determinaram que 69% das construções de Hiroshima foram destruídas e outras 6-7% danificadas. O bombardeio iniciou incêndios que se espalham rapidamente pelas casas feitas de madeira e papel. Como em outras cidades japonesas, os aceiros se mostraram ineficazes.

Eizo Nomura foi o sobrevivente mais próximo do hipocentro. Ele estava no porão de um edifício de concreto armado (que se manteve como o casa de descanso depois da guerra, apenas a 170 metros) do centro da explosão no momento do ataque. Ele viveu até os seus 80 anos. Akiko Takakura estava entre os sobreviventes mais próximas do hipocentro da explosão. Ela tinha estado no sólido edifício do Banco de Hiroshima, a apenas 300 metros do centro do ataque.

Ordem de ataque para o bombardeio de
Hiroshima publicada em 5 de
agosto de 1945. 
Créditos:Wikipédia.
Mais de 90% dos médicos e 93% dos enfermeiros de Hiroshima foram mortos ou feridos, a maioria estava no centro da cidade, que foi o mais danificado. Os hospitais foram destruídos ou seriamente danificados. Apenas um médico, Terufumi Sasaki, permaneceu de plantão no Hospital da Cruz Vermelha. No entanto, no início da tarde, a polícia e os voluntários tinham estabelecido centros de evacuação em hospitais, escolas e estações de bondes e um necrotério foi estabelecido na biblioteca Asano.

A maioria dos soldados na sede do 2º Exército geral estava em treinamento físico no Castelo de Hiroshima, apenas 820 metros a partir do hipocentro. O ataque matou 3.243 soldados no chão. A sala de comunicações da sede do Distrito Militar Chugoku, que era responsável pela emissão e levantamento de avisos de ataques aéreos, estava em uma semi-caverna no castelo. Yoshie Oka (1931-2017), uma estudante da Escola Feminina de Ensino Médio Hijiyama, que tinha sido mobilizada para servir como uma oficial de comunicações tinha acabado de enviar uma mensagem de que o alarme havia sido emitido para Hiroshima e Yamaguchi, quando a bomba explodiu. Ela usou um telefone especial para informar a sede de Fukuyama que "Hiroshima foi atacada por um novo tipo de bomba. A cidade está em um estado de destruição quase total".

Vários civis gravemente feridos. Créditos:Wikipédia.
O prefeito da cidade, Senkichi Awaya, foi morto enquanto comia com seu filho e neta na residência oficial, o marechal Hata, que foi apenas ligeiramente ferido, assumiu a administração da cidade e coordenou os esforços de resgate. Muitos de sua equipe haviam sido mortos ou fatalmente feridos, incluindo um príncipe coreano da Dinastia Joseon, Yi Wu, que estava servindo como tenente-coronel do Exército Imperial Japonês. Um oficial sobrevivente de Hata, o coronel Kumao Imoto, atuou como seu chefe de gabinete. o porto de Hiroshima foi danificado e os soldados de lá usaram barcos suicidas destinados a repelir a invasão norte-americana para resgatar os feridos e levá-los pelos rios para o hospital militar de Ujina. Caminhões e trens trouxeram suprimentos de emergência e evacuaram os sobreviventes da cidade.

O Domo do Genbaku depois do
bombardeamento. 
Créditos:Wikipédia.
Doze pilotos norte-americanos que foram presos na sede da Polícia Militar de Chugoku, localizados cerca de 400 metros do hipocentro da explosão. A maioria morreu instantaneamente, embora tenha sido relatado que dois deles foram executados por seus captores e dois presos gravemente feridos pelo bombardeio foram deixados ao lado da Ponte Aioi pelo Kempeitai, onde foram apedrejados até a morte.

Percepção Japonesa do Bombardeamento.

O conhecimento por parte de Tóquio do que realmente tinha causado o desastre veio do anúncio público da Casa Branca, em Washington, dezesseis horas após o ataque nuclear a Hiroshima.

O operador de controle da Japanese Broadcasting Corporation, em Tóquio, reparou que a estação de Hiroshima tinha saído do ar. Ele tentou restabelecer o seu programa usando outra linha telefónica, mas esta também falhou. Cerca de 20 minutos mais tarde, o centro telegráfico de Tóquio verificou que a principal linha telegráfica tinha deixado de funcionar logo ao norte de Hiroshima. De algumas pequenas estações de ferroviárias a menos de 16 km da cidade chegaram notícias não oficiais e confusas de uma terrível explosão em Hiroshima. Todas estas notícias foram transmitidas para o Quartel General do Estado-Maior japonês.

As partes escuras mostram as marcas deixadas
pelas roupas que esta vítima usava durante o
clarão que causou queimaduras na pele. 

Créditos:Wikipédia.
Bases militares tentaram repetidamente chamar a Estação de Controle do Exército em Hiroshima. O silêncio completo daquela cidade confundiu os homens do Quartel-General; eles não sabiam sobre a ocorrência de qualquer grande ataque inimigo e que não havia uma grande quantidade de explosivos em Hiroshima naquele momento. Um jovem oficial do Estado-Maior japonês foi instruído para que voasse imediatamente a Hiroshima para aterrar, observar os danos, regressar a Tóquio e apresentar ao Estado-Maior informações fiáveis. A opinião mais ou menos geral, no Quartel-General, era de que nada de importante ocorrera, que tudo não passava de um terrível rumor deflagrado por algumas centelhas de verdade.

Os oficiais dirigiram-se ao aeroporto e decolaram em direção a sudoeste. Após voar durante aproximadamente três horas, ainda a uma distância de 160 km de Hiroshima, eles e o piloto viram uma imensa nuvem de cogumelo formada pela explosão da bomba. Na tarde ensolarada, os restos de Hiroshima ardiam. O avião em breve chegou à cidade, em volta da qual ambos faziam círculos sem acreditar no que viam. Uma grande cicatriz no solo ainda queimava, coberta por uma pesada nuvem de fumaça, era tudo o que restava. Aterraram a sul da cidade e o oficial, após contactar Tóquio, começou imediatamente a organizar medidas de socorro.

O envenenamento por radiação e/ou necrose causou doenças e morte após o bombardeamento em cerca de 1% dos que sobreviveram à explosão inicial. Até ao final de 1945, mais alguns milhares de pessoas morreram devido ao envenenamento por radiação, aumentando o número de mortos para cerca de 90 mil seres humanos. Desde então, cerca de mais 10 mil pessoas morreram devido a causas relacionadas à radiação. De acordo com a cidade de Hiroshima, em 6 de agosto de 2005, o número total de mortos entre as vítimas do bombardeamento era de 242.437. Este número inclui todas as pessoas que estavam na cidade no momento em que a bomba explodiu, ou que foram, mais tarde, expostas à cinza nuclear e, consequentemente, morreram.

Segue o depoimento Sumie Kuramoto, que presenciou o ataque aos dezesseis anos de idade:
“Nunca esquecerei esse momento. Pouco depois das 8 da manhã, houve um estrondo, uma explosão reverberante e, no mesmo instante, um clarão de luz amarelo-alaranjado entrou pelo vidro do telhado. Ficou tudo tão escuro como noite. Um golpe de vento atirou-me no ar e a seguir no chão, contra as pedras. A dor estava apenas brotando quando o prédio começou a ruir em torno de mim. 
Aos poucos o ar se aclarou e eu consegui sair dos destroços. No caminho para um dos centros de emergência vi muita confusão. As ruas estavam tão quentes que queimavam meus pés. Casas ardiam, os trilhos de bonde irradiavam uma luz sinistra e no local de um templo pessoas se amontoavam. Algumas respiravam, a maioria estava imóvel. No pronto-socorro chegava gente correndo, as roupas rasgadas, chorando, gritando. Alguns tinham o rosto ensanguentado e inchado, outros tinham a pele queimada caindo aos frangalhos de seus braços e pernas. Em um bonde vi fileiras de esqueletos brancos. Havia também os ossos de pessoas que tentaram fugir. Hiroshima tinha se tornado num verdadeiro inferno."

Eventos de 7 a 9 de Agosto.

Após o bombardeamento a Hiroshima, o Presidente Truman anunciou: "Se eles não aceitam os nossos termos, podem esperar uma chuva de fogo vinda do ar nunca antes vista na Terra." Em 8 de agosto de 1945, panfletos foram jogados e avisos foram dados por intermédio da Rádio Saipan. A campanha de panfletos já durava cerca de um mês quando estes foram lançados sobre Nagasaki, em 10 de agosto. 

O governo japonês não reagiu. O Imperador Hirohito, o governo e o conselho de guerra consideraram quatro condições para a rendição: a preservação do kokutai (instituição imperial e da política nacional), pressuposto pela responsabilidade imperial para o desarmamento e a desmobilização, nenhuma ocupação do arquipélago japonês, da Coreia ou de Formosa, e que a delegação da punição dos criminosos de guerra ficasse com o governo japonês.

O ministro do exterior soviético, Vyacheslav Molotov, informou Tóquio sobre a revogação unilateral do pacto nipônico-soviético no dia 5 de agosto. Aos dois minutos depois da meia-noite em 9 de agosto, horário de Tóquio, infantaria, blindados e forças aéreas soviéticas haviam lançado a Ofensiva Estratégica na Manchúria. Quatro horas mais tarde, chegou a Tóquio a notícia sobre a declaração de guerra oficial da União Soviética. A liderança sênior do exército japonês começou então os preparativos para impor a lei marcial no país, com o apoio do Ministro da Guerra, Korechika Anami, a fim de impedir que alguém tentasse fazer um acordo de paz.

Em 7 de agosto, um dia depois de Hiroshima ter sido destruída, Dr. Yoshio Nishina e outros físicos atômicos chegaram à cidade e examinaram cuidadosamente os danos. Então, quando voltaram para Tóquio, disseram ao governo que Hiroshima havia sido de fato destruída por uma bomba atômica. O almirante Soemu Toyoda, o Chefe do Estado-Maior Naval, estimou que havia mais de uma ou duas bombas adicionais que poderiam ser preparadas assim que decidiu apoiar os ataques restantes, reconhecendo que "não haveria mais destruição, mas a guerra continuaria." Os decifradores norte-americanos Magic interceptaram mensagens dos japoneses.


Purnell, Parsons, Tibbets, Spaatz e LeMay reuniram-se em Guam, no mesmo dia, para discutir o que devia ser feito em seguida. Uma vez que não havia nenhuma indicação de que o Japão se renderia, decidiram então avançar com o lançamento de outro artefato nuclear. Parsons disse que o Projeto Alberta iria tê-la pronta até 11 de agosto, mas Tibbets apontou para analisar os relatórios que indicavam condições de voo ruins nesse dia devido a uma tempestade e perguntou se a bomba poderia ser preparada para 9 de agosto. Parsons concordou em tentar fazê-lo.

Fontes.

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