terça-feira, 7 de agosto de 2018

Os Hipopótamos de Pablo Escobar.

Pablo Escobar deixou para a Colômbia um legado que tanto fascina, quanto causa preocupação: os hipopótamos de estimação criados pelo barão da cocaína há mais de 20 anos. Tudo começou com 4, 1 Macho e 3 Fêmeas. Viviam no zoológico particular do falecido narcotraficante colombiano Pablo Escobar, conhecido por Hacienda Nápoles, juntamente com outros animais.

Pablo...

Pablo Emilio Escobar Gaviria (Rionegro, 1 de dezembro de 1949 – Medellín, 2 de dezembro de 1993) foi um narcotraficante colombiano que conquistou fama mundial como "o senhor da droga colombiano", tornando-se um dos homens mais ricos do mundo graças ao tráfico de cocaína nos Estados Unidos e outros países. Membros dos governos norte-americano e colombiano, repórteres de jornais e o público em geral o consideram o mais brutal, impiedoso, ambicioso e poderoso traficante da história.

No auge de seu império, a revista Forbes estimou Pablo Escobar como o sétimo homem mais rico do mundo, com o Cartel de Medellín controlando 80% do mercado mundial de cocaína. Sua organização tinha aviões, lanchas e veículos caros. Vastas propriedades e terras também eram controladas por Escobar durante esse período, quando ele ganhava uma soma de dinheiro quase incalculável. Estima-se que o Cartel de Medellín chegou a faturar cerca de 30 bilhões de dólares por ano.

Enquanto era considerado um inimigo dos governos dos Estados Unidos e da Colômbia, Escobar era um herói para muitos em Medellín. Ele tinha bons relacionamentos e trabalhou para melhorar as condições de vida da população pobre da cidade. Fã de esportes, é creditada a ele a construção de estádios de futebol e o financiamento de times na cidade. Escobar sempre se esforçou para cultivar uma imagem de Robin Hood e frequentemente distribuía dinheiro aos pobres. A população de Medellín costumava ajudar Escobar, escondendo informações das autoridades ou fazendo o que quer que fosse para protegê-lo.

Em 1992, Escobar voltou-se para o governo colombiano para evitar sua extradição para os Estados Unidos ou seu assassinato pelo cartel rival. Escobar foi "preso" em sua luxuosa prisão particular, La Catedral, que ele próprio construiu. Ele negociou um acordo com o governo colombiano segundo o qual ele seria preso por uma sentença de cinco anos e a garantia de sua não-extradição para os Estados Unidos. Entretanto, sua "prisão" parecia muito mais um clube particular ultrasseguro e ele não se importou muito com sua sentença, sendo visto várias vezes fora da prisão fazendo compras em Medellín, em festas, jogos de futebol e outros lugares públicos. Após a divulgação de fotos de seus passeios e de acusações de que ele teria matado muitos de seus parceiros de negócios quando eles iam visitá-lo em La Catedral, a opinião pública forçou o governo a agir. Quando um oficial do governo tentou transferir Escobar para uma outra prisão em 22 de julho de 1992, ele escapou com medo de ser extraditado para os Estados Unidos.

A guerra contra Pablo Escobar acabou em 2 de dezembro de 1993, em meio a mais uma tentativa de iludir o Bloco de Busca, a unidade operações especiais da Polícia Nacional da Colômbia. Usando a tecnologia de triangulação de rádio, uma equipe colombiana de vigilância eletrônica, conduzida pelo brigadeiro Hugo Martínez, encontrou-o escondido em um bairro de classe média em Medellín. Com as autoridades cercando, um tiroteio com Escobar e seu guarda-costas, Álvaro de Jesús Agudelo (conhecido como "El Limón"), se seguiu. Os dois tentaram fugir correndo pelos telhados de casas adjacentes para chegar a uma rua atrás, mas ambos foram baleados e mortos pelas forças policiais colombianas.

Escobar foi atingido por dois tiros na perna, no dorso e por um tiro fatal através da orelha. Nunca foi provado quem realmente disparou o tiro fatal na cabeça de Escobar ou determinado se este tiro foi feito durante a troca de tiros ou como parte de uma possível execução, sendo que ainda há uma grande especulação sobre o assunto. Alguns dos membros da família do traficante acreditam que Escobar poderia ter cometido suicídio. Seus dois irmãos, Roberto Escobar e Fernando Sánchez Arellano, acreditam que ele atirou em si mesmo: "Ele cometeu suicídio, ele não foi morto. Durante todos os anos que fui atrás dele, ele me dizia todos os dias que se realmente ficasse encurralado, sem uma saída, ele iria atirar em si mesmo através dos ouvidos."

Após a morte de Escobar e a fragmentação do Cartel de Medellín, o mercado de cocaína logo tornou-se dominado pela rival Cartel de Cali até meados dos anos 1990, quando seus líderes também foram mortos ou capturados pelo governo colombiano. A imagem de Robin Hood que Escobar havia cultivado continuou a ter influência duradoura na cidade de Medellín. Parte da população, especialmente entre os mais pobres, foi auxiliada por ele enquanto estava vivo e lamentou a sua morte. Cerca de 25 mil pessoas estiveram presentes em seu sepultamento.

E Seus Hipopótamos.

O hipopótamo-comum (Hippopotamus amphibius) ou hipopótamo-do-nilo é um mamífero herbívoro de grande porte da África subsariana e uma das duas únicas espécies não extintas da família Hippopotamidae, sendo a outra o hipopótamo-pigmeu (Choeropsis liberiensis ou Hexaprotodon liberiensis). O seu nome provém do grego antigo, significando "cavalo do rio" (ἱπποπόταμος). Apesar das suas semelhanças físicas com os porcos e outros ungulados artiodátilos (sendo por isso designado de animal porcino), os seus parentes vivos mais próximos são os cetáceos (baleias, os golfinhos, etc.) dos quais divergiram há cerca de 55 milhões de anos. O antepassado comum das baleias e dos hipopótamos demarcou-se dos outros artiodátilos há cerca de 60 milhões de anos atrás. O fóssil mais antigo conhecido de hipopótamo, pertencente ao género Kenyapotamus da África, data de cerca de 16 milhões de anos atrás. Já foi designado como cavalo-marinho e peixe-cavalo.

Como seres provenientes da África foram parar na Colômbia?

No auge de seu reinado no mundo das drogas, nos finais da década de 1980, Pablo montou um zoológico particular em uma fazenda, a Hacienda Nápoles, 100 km a leste de Medellín na Colômbia,

David Echeverri, biólogo de Cornare, uma corporação regional de proteção ambiental que dispõe de fundos provenientes de bens confiscados de narcotraficantes, conta que "entre 1982 e 1984 quatro hipopótamos foram comprados de um zoológico da Califórnia" por Escobar. A Hacienda Nápoles chegou a abrigar elefantes, todos levados até lá de forma ilegal.

Fazenda de Pablo Escobar vira 'parque' de hipopótamos na Colômbia. Créditos: G1
Porém, quando o império de Escobar entrou em colapso, flamingos, girafas, zebras, cangurus, leões e girafas foram transferidos para outros locais, em segurança. Mas com os hipopótamos a história foi outra. Deixados à sua sorte, depois da morte do barão da droga, em 1993, os outrora gigantes de estimação multiplicaram-se. E assim, os herbívoros de 1,8 Toneladas converteram-se na maior população da espécie fora do continente africano.

Sem controle, os quatro hipopótamos originais reproduziram-se e hoje estima-se que já sejam mais de 60 (Em 2007, os animais tinham-se multiplicado para 16 e começaram a espalhar-se pela região em busca de alimento, nomeadamente junto ao Rio Magdalena, nas proximidades. No início de 2014, havia registo de 40 hipopótamos em Puerto Triunfo, Antioquia, com origem nos 4 hipopótamos de Escobar. E em 2016 foram calculados 35 hipopótamos em Doradal). Contudo, ao certo, ninguém sabe. O impacto da proliferação desses animais no ecossistema é tão grande que já se fizeram estudos para avaliar as mudanças que entretanto ocorreram. Jonathan Shurin, professor da Divisão de Ciências Biológicas da University California San Diego, nos Estados Unidos, é um dos investigadores que colabora com os cientistas colombianos na área da ecologia aquática. “Foi uma ótima oportunidade para estudar algo que nunca havia sido estudado antes”, disse.

A quatro horas a leste da segunda maior cidade da Colômbia, Medellín, no município de Puerto Triunfo, os hipopótamos, que podem medir até três metros de comprimento e dois de altura, tornaram-se uma atração turística. Nos últimos dois anos, Shurin tem observado que a presença de hipopótamos está alterarando os lagos próximos do rio Magdalena. As autoridades estão preocupadas. Além do perigo de ataques a pessoas, os animais representam um risco para a biodiversidade local, deslocando a fauna nativa, como o peixe-boi, que já está em vias de extinção, ou a lontra, porque ocupam o mesmo espaço. Depois, são portadores de doenças que se podem revelar fatais para o gado. E, ainda, são um incomodo para a pesca e poluem os rios porque defecam na água.

Os hipopótamos são classificados como “engenheiros do ecossistema” porque movem os nutrientes essenciais de um ecossistema para outro. “Os hipopótamos fertilizam os lagos comendo erva de dia e defecando na água à noite.” E isso “Afetar o ecossistema, desde os micro-organismos aos sapos e morcegos.”

As autoridades do país estão a estudar formas de conter a reprodução dos hipopótamos, que podem viver 60 anos. Esterilizá-los ou enviá-los para o habitat natural em África está fora de questão por causa dos elevados custos. A construção de uma área cercada só para os animais de grande porte parece a solução mais consensual, até para impedir que invadam o espaço das populações.

Tal preocupação vem do fato de que os animais podem se deslocar pelas águas e chegar aos rios colombianos. A mais famosa “escapada” foi em 2009, quando o macho Pepe, nascido na fazenda, foi encontrado no Magdalena, maior rio navegável do país, com outras fêmeas. A tentativa de levá-lo de volta ao parque fracassou, e o Exército o sacrificou. Sua morte gerou comoção e revolta entre colombianos. O administrador da Hacienda conta que não é possível dizer quantos hipopótamos estão fora da fazenda hoje. Segundo ele, o principal motivo das “fugas” é a disputa de poder entre os machos da manada. Quando isso acontece, o macho mais jovem costuma sair para formar seu próprio grupo. “Foi isso que aconteceu a Pepe”, conta o administrador do parque.

Ele acredita que atualmente não existam hipopótamos no Rio Magdalena. Mas diz que existem alguns em represas de fazendas vizinhas e que pode haver uma fêmea e um filhote no Rio San Bartolo, na altura do município de Puerto Berrioe, em Antioquia.

“O que aconteceu é que, depois da morte de Pepe, os moradores das fazendas deixaram de reportar a presença dos animais, temendo que eles fossem mortos”, conta.

Oberdan não esconde que se preocupa com isso. Os hipopótamos são territoriais, e a água é o seu território. “Se eles chegam a rios frequentados por humanos e que tenham embarcações, podem atacá-las e causar graves acidentes”, comenta.

Pensando nisso, a fazenda começou um processo de esterilização dos animais, e o trabalho para condicioná-los ao habitat, oferecendo comida, por exemplo. “Como última alternativa, teríamos que devolvê-los para a África, mas isso não é viável”, destaca.

O líder da manada é o hipopótamo chamado de “Viejo”. Quando Escobar o trouxe de San Diego, o animal tinha 8 anos. Agora, tem mais de 35 anos. Ele só pode ser distinguido porque é o maior e o mais gordo dentre os animais.

Sou o Hipopótamos de Pablo Escobar se respeita...
Quantos Hipopótamos Vivem Hoje na Colômbia? Até onde eles se dispersaram?

No lago da Hacienda Napoles há entre 26 e 28 hipopótamos. No local, eles encontram comida, água e tranquilidade. Também há evidências de que pequenos grupos de hipopótamos ou indivíduos solitários tenham migrado pelo Rio Magdalena para outras áreas, incluindo Puerto Berrío e Boyacá. Algumas estimativas jogam em torno de 60 Hipopótamos. Em 10 anos, este número pode chegar a quase 100 se não forem administrados.

Embora não tenham conhecimento de nenhum ferido, é uma possibilidade. Eles já causaram estragos em fazendas e foram vistos em cidades. Outro problema é que, apesar da aparência sossegada e pacata, os hipopótamos são, na verdade, animais perigosos e agressivos. Algumas pessoas já foram atacadas, mas ainda assim a população adora os animais, e não quer de forma alguma executá-los. Na África, é comum o relato de mortes de pescadores provocadas por ataques aos barcos. Se os alimentos começarem a ficar escassos na região de Doradal, teme-se que os Hipopótamos colombianos fiquem agressivos.

Esterilizar os hipopótamos de Escobar é uma solução caríssima, devolve-los para o continente africano de onde seus ascendentes vieram é caro e perigoso, e os animais podem levar com eles doenças e parasitas perigosos para outros animais africanos, e assim o dilema permanece.

Uma solução possível é a transferência dos animais para algum parque ou zoológico, mas não se trata também de uma solução simples, nem barata. Os imensos animais permanecem como um símbolo vivo do poder que Escobar teve no passado, do invasivo e devastador efeito de tal império sobre o país, e do quanto tal sombrio passado ainda interfere na realidade colombiana de hoje. Quem irá receber os hipopótamos de Pablo Escobar permanece um dilema nacional – assim como a sombra do poderoso passado do cartel de tráficos de drogas que reinou na Colômbia por décadas.

Fontes.

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2016/07/hipopotamos-o-curioso-legado-de-pablo-escobar-para-colombia.html

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/08/fazenda-de-pablo-escobar-vira-parque-de-hipopotamos-na-colombia.html

https://www.noticiasmagazine.pt/2018/praga-dos-hipopotamos-pablo-escobar/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Escobar

https://veja.abril.com.br/mundo/fora-de-controle-hipopotamos-de-pablo-escobar-ameacam-colombia/

https://www.nationalgeographicbrasil.com/video/tv/hipopotamos-traficante-pablo-escobar-colombia-fazenda-ameaca-africa-selvagem-cocaina-trafico-bogota

https://www.vix.com/pt/bbr/ciencia/5744/entenda-por-que-os-hipopotamos-de-pablo-escobar-sao-uma-preocupacao-na-colombia

https://www.hypeness.com.br/2018/07/o-dilema-ambiental-causado-pelos-hipopotamos-de-pablo-escobar-25-anos-apos-sua-morte/

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